Caros amigos, preciso de partilhar convosco a minha dor, o meu
sofrimento, que me impedem de viver em júbilo estes dias: a suspensão das
celebrações dominicais, por causa da pandemia. Eu não estou a minimizar a
gravidade da pandemia e eu próprio estou confinado à minha residência,
obedecendo às orientações da DGS e às ordens do governo.
Não me escandaliza o facto de o governo ter proibido as
celebrações, tarefa que lhe foi facilitada pela antecipação dos bispos,
dispensando os fiéis do preceito dominical. Deus quer que todos celebrem o dia
que a Ele pertence, que Ele fez, como cantamos durante esta semana pascal e que
se repete semanalmente ao domingo, dia do Senhor. Ao dispensar assim os fiéis
deste mandamento divino, os bispos ultrapassaram os limites das suas
competências. Ninguém pode dispensar ninguém de cumprir os Mandamentos da Lei
de Deus. Ao fazerem isto, os bispos cometeram um grande pecado, de
consequências inimagináveis. Como Adão, vão descobrir agora que estão nus, que
perderam toda a sua autoridade.
Foi feita a consagração de Portugal ao Coração de Jesus e ao
Imaculado Coração de Maria no dia 25 de Março. Mas dizem-me que o mesmo bispo
que presidiu à consagração já declarou a suspensão das celebrações do 13 de
Maio… Minha Nossa Senhora, valei-me! Então Nossa Senhora não tem poder para
proteger os peregrinos que a ela recorrem? Então para que serviu a consagração?
Estamos a viver uma profunda crise de fé ao nível da mais alta hierarquia da
Igreja.
Talvez agora é que se cumpre a mensagem de Fátima: o Anjo e Nossa
Senhora mostraram aos Pastorinhos a profunda «tristeza de Deus». Como Deus deve
estar triste hoje! Porquê? Por causa da coronavírus? Por causa dos doentes com
cancro? Por causa de outros males que nos afectam? Não, com certeza! Por causa
da falta de fé; por causa dos pecados que «bradam aos céus»: sobretudo o
homicídio voluntário, o aborto, que atinge proporções nunca vistas de
calamidade mundial! O clamor do sangue das crianças que não deixam nascer sobe
da terra aos céus, como o sangue do justo Abel.
Por isso, mais do que triste, Deus deve estar indignado, zangado,
tendo chegado ao limite da Sua divina paciência! Ao suspenderem as missas
dominicais, contra o preceito divino, os bispos aparentemente tomaram uma
decisão corajosa, mas comprometeram irremediavelmente a sua autoridade. Logo o
governo «proibiu» todas as celebrações, não só as dominicais, e agora será o
governo quem há-de decidir quando elas serão permitidas e em que condições,
porque paira sempre no ar um perigo, real ou potencial, para a saúde pública.
Em nome da nossa segurança, tiram-nos a liberdade. E tudo para o nosso bem,
porque estamos todos no mesmo barco, até Deus, como disse o Papa na mensagem
antes da bênção «Urbi et Orbi», e a nova versão da missa votiva em tempo de
calamidade, recentemente aprovada pela Congregação dos ritos e dos sacramentos.
Meu Deus, perdoai-lhes, porque não sabem o que dizem nem o que fazem!
Nas circunstâncias actuais, tomo muito a sério aquela frase que li
em Luisa Piccaretta e que já vos referi: «Quando permito que as Igrejas sejam
abandonadas, os ministros dispersos, as missas reduzidas, significa que os
sacrifícios são ofensivos para mim. As orações, insultos; as adorações,
irreverência; as confissões sem fruto. Portanto, não mais encontrando a Minha
glória, mas somente ofensas nem bem nelas, não Me servindo mais, Eu mesmo os
removo». Então não foram nem os bispos que suspenderam as missas; nem o governo
que as proibiu; foi o próprio Senhor que está cansado de tanta indiferença, falta
de respeito, como naquela vez em que amaldiçoou a figueira, porque estava seca,
sem fruto. E isso diz-nos a todos respeito, tanto aos padres como aos leigos,
porque deixámos de ter o respeito devido ao Santíssimo Sacramento, com
terríveis profanações e sacrilégios.
Por isso, porque também eu sou pecador e preciso da misericórdia
divina, porque estas palavras aceito-as como ditas, em primeiro lugar, para
mim, vivo estes dias em atitude penitencial própria da quaresma. Este tempo
festivo por excelência vivo-o como luto! S. Tomás tem uma frase que me consola
nesta desolação: «Deus não permitiria um mal, se dele não pudesse tirar um bem
maior». É esta esperança que me anima, porque Cristo Ressuscitou, venceu
Satanás, o pecado e a morte. A Ele toda a glória e o poder para sempre.
Padre José Jacinto Farias - Professor de Teologia Dogmática na Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Lisboa
6 comentários:
Bom dia.
Será que as Igrejas não podiam estar abertas, mais que não fosse, seguindo o critério adotado para tantas situações do dia-a-dia (entram x pessoas de cada vez a cada y minutos, com x e y ajustados de acordo com a Igreja)?
Cumprimentos.
Só para agradecer este lindíssimo e excelente texto e note-se a triste diferença de atitudes dos nossos governantes a apelar a todos nós para se celebrar o 1º de Maio - trabalhadores..? Quais, onde andam, em que situação estão? No mínimo, é revoltante. Descabido e triste - bastante e enfim..
Os bispos cometeram pecado, ao serem prudentes e tentarem seguir as orientações de saúde pública para evitar o alastramento da Covid 19? Eu acho que não. Acho que foram sensatos.Pode até ser que o autor do texto esteja a cometer pecado ao condenar dessa forma os bispos.
Que o Governo impeça as celebrações da Páscoa e agora abra as do 25 de Abril e 1 de Maio, acho mal. Deve haver coerência.
Para mim, com o devido respeito pelas outras celebrações, a Páscoa é a maior! A ressureição de Cristo, a sua vitória, o que Ele alcançou - perdão dos pecados dos que o aceitam, vida eterna... - é muito maior que tudo.
Ele é aliás o único Senhor e é pena que muitos continuem erradamente a chamar Senhora a Maria. Não, há um só Senhor, Jesus!
É um período difícil e triste, mas esperamos que Deus nos ajude a atravessá-lo e que as comunidades cristãs (e outras) possam voltar à normalidade, com liberdade total para congregação
https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT99164
Infelizmente, podemos dizer que os Srs. Bispos cometeram uma grande falha ao fecharem as Igrejas ao culto Divino. o que deveriam ter feito, foi o que agora se vai fazer... entradas limitadas com máscara e distanciamento.
Podemos dizer que houve uma atitude de subserviência a ateus, corruptos e assassinos/abortistas..., na sequência de outras. Historicamente, podemos confirmar que este não é o único período da nossa já longa História em que verificamos falta de Fé e de coragem por parte dos Bispos e subserviências a gente maligna, tal como aconteceu em 1910.
Honra ao Bispo, Dom António Barroso que foi Homem e Servo de Deus..., esteve de joelhos diante de Deus e de pé diante dos homens... e por isso, tem estado abafado pela hierarquia, que também tem mostrado ingratidão com governantes cristãos e que a defenderam quando necessário.
A minha paróquia e mais duas ou 3 que conheço, com todas as condições e cuidados sanitários, de distanciamento, etc., sempre estiveram abertas e disponibilizam a possibilidade de nos confessarmos e comungarmos, quando o pedimos, claro. Eu pude comungar desde o 1º dia, graças a Deus e ao nosso Pároco, muito jovem e santo! Até tivemos procissão no dia 12, com cantos, velas, lenços do adeus e muitos moradores nas varandas, encantados com esta sorte!
Penso que os interessados também têm que ir e pedir, ajudando assim os sacerdotes.
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