Há 54 anos atrás, no dia 20 de Junho de 1966, morria o
Pe. Georges Lemaître. Mas quem foi este sacerdote belga?
Todos conhecem a Teoria do Big Bang. No entanto poucos
sabem quem a inventou. Isto é estranho, dado que ninguém ignora quem é o pai da
teoria do Evolucionismo ou o inventor da teoria da Relatividade. Se Darwin e
Einstein ficaram tão famosos pelas suas teorias científicas, porque é que não
ficou também o inventor da teoria do Big Bang?
É uma pergunta com uma resposta que não é simples. No
entanto, é difícil de negar que um dos principais motivos foi o facto de ser um
sacerdote Católico. Muitos ousam servir-se da ciência para atacar o
Cristianismo. Dizem que existe um grande conflito entre ambos. Como a história
de Lemaître não ajuda essa tese, não podia ser divulgada.
A juventude de Lemaître, passada no seminário, foi uma
era de ouro para a Física moderna: estavam a nascer a Mecânica Quântica e a
Teoria da Relatividade. Cientes das suas capacidades intelectuais, os
superiores de Lemaître permitiram que ele aprofundasse os estudos em Física,
depois de ser ordenado sacerdote.
No seu Doutoramento passou por universidades como a
Universidade de Cambridge, em Inglaterra, o MIT e o Observatório Astronómico de
Harvard, em Boston.
Einstein tinha acabado de inventar as famosas equações
que descreviam o universo a escalas cosmológicas, mas não se tinha percebido de
algumas das consequências destas equações. Avançando nos estudos que outros
físicos faziam sobre as equações de Einstein, Lemaître concluiu em 1927 que o
universo estava a expandir-se. E disse ainda que por isso era suposto
observar-se galáxias longínquas a afastar-se da nossa. Esta descoberta foi
feita dois anos depois por Edwin Hubble, que na altura nem percebeu bem a
importância da sua descoberta. Mas a lei da expansão do universo ficou
conhecida por Lei de Hubble e só recentemente é que se começou a atribuir o
mérito devido ao Pe. Lemaître.
Einstein não tinha ficado satisfeito com a ideia da
expansão do universo e decidiu repetir as contas que Lemaître fizera a partir
das suas próprias equações. Só que os resultados bateram todos certos. Era
então preciso dizer que as equações não estavam bem desde o início. Para
impedir que o universo se expandisse, Einstein acrescentou às suas equações um
novo termo, hoje conhecido como constante cosmológica. Desta forma, as equações
passavam a prever um universo estacionário.
Mas Lemaître não desistiu da ideia. Com os seus
conhecimentos de Química a complementarem a sua formação em Física, desenvolveu
uma teoria sobre a origem dos elementos do universo. Chamou-lhe "Teoria do
Átomo Primordial". Só que Fred Hoyle, um dos físicos mais famosos do
século XX, achou a ideia tão ridícula que em sentido de troça chamou-lhe
"Teoria do Big Bang".
Pe. Georges Lemaître com Albert Einstein e Robert Millikan, Nóbel da Física (determinou a carga do electrão). |
A teoria do Big Bang
parecia apoiar a ideia Cristã da Criação. No entanto não tinham sido essas as
motivações de Lemaître. Quem conhece os seus escritos sabe que Lemaître foi um
campeão no diálogo entre a fé e a ciência, tendo insistido sempre na sua distinção.
Dizia que se a astronomia fosse importante para ir para o Céu, estaria
explicada na Bíblia, mas não era o caso. E quando o Papa Pio XII quis usar a
teoria do Big Bang para falar da Criação, foi fortemente desaconselhado por
Lemaître, acabando por não o fazer.
Durante anos muitos
físicos não acreditaram na teoria do Big Bang. Apesar de Lemaître não a ter
desenvolvido por ser Cristão, a maior parte destes físicos, como Hoyle, eram
ateus. No entanto, a natureza impôs-se a si mesma. Nos anos 60 detectou-se no
espaço uma radiação proveniente das origens do universo - a Radiação Cósmica de
Fundo. Em 1965 já não havia dúvidas - esta Radiação provava a já famosa do
teoria do Big Bang. Um ano depois de ver a sua teoria confirmada, morria o Pe.
Lemaître.
Einstein, muito
antes, também já tinha dado razão a Lemaître e voltara a pôr as suas equações
na forma original.
Numa tentativa de dar
o valor devido ao Pe. Georges Lemaître, a ESA (European Space Agency)
deu o nome de Lemaître a um dos satélites que enviou à Estação Espacial
Internacional, em 2014. Mas muito mais é preciso ser feito. Lemaître não só
desenvolveu a teoria do Big Bang, como foi o primeiro a descobrir a Expansão do
Universo.
Para saber mais sobre o assunto, recomendo a leitura do paper "Who discovered the Expanding Universe?" de Helge Kragh e Robert Smith. Têm saído vários artigos sobre o facto de Lemaître não ter recebido o mérito devido pela expansão do universo, veja-se por exemplo o artigo de Mario Livio na Nature: Lost in translation: Mystery of the missing text solved.
A primeira grande biografia de Lemaître já existe e foi escrita por Dominique Lambert: Un atome d'univers : La vie et l'oeuvre de Georges Lemaître.
4 comentários:
Se a Igreja sempre primou pela descoberta da VERDADE, e sempre deu o seu contributo SÉRIO, através de grandes colaboradores, cientistas, porquê, neste tempo de pandemia, fecha os olhos e os ouvidos, àqueles que TENTAM desmistificar -- OS VERDADEIROS CIENTISTAS -- toda esta onda exagerada de confusão e de pânico?! E se submete aos pareceres daqueles que, sorrateiramente, querem semear o afastamento das pessoas umas das outras, fragilizar a Economia, para depois nos escravizar e, sobretudo, DESTRUIR A FÉ e a CONFIANÇA EM DEUS, com a ABOLIÇÃO DOS SACRAMENTOS!
Não que o perigo não exista, mas, para além da Fé VIVA, uma mais valia, que continua a ser, TOTALMENTE, DESCONSIDERADA, pelos que se dizem Crentes, todos vamos sabendo pelos sites da dissidência, que tudo isto é um PROJECTO muito bem arquitectado, precisamente, para TIRAR DEUS, da vida do HOMEM!
E toda a tramóia, que construíram em volta desse Senhor Padre, só PROVA, mais uma vez, o que a Sociedade laica pretende fazer à Igreja! Só é pena, que ELA CONTINUE de olhos fechados e, cada vez mais subserviente, BOICOTE, até, a AJUDA DE DEUS!
Tem razão. Eu creio ter ouvido vagamente.
Mas isso era no tempo em que a Igreja conseguia angariar gente das ciências. Agora é só História Eclesiástica e Filosofia jesuita de dois tostões.
E olhe que este é o grande fracasso da Igreja. Há um ou outro, se é que há, mas onde estão os físicos, os químicos, os biólogos? Médicos ainda há alguns, mas leigos.
Ficaram entregues ao clericalismo, à "filosofia", aos silogismos e agora queixam-se.
Verdade seja que as seitas protestantes conseguem ser pior.
Foi em 1927 que Fr. Lemaitre começou a promover a hipótese do Big Bang: o supercondensado ovo cósmico teria explodido há cerca de 13,8 biliões de anos numa "singularidade" para formar o universo que como resultado se continua a expandir. Foram 4 as razões que levaram os católicos a abraçar esta ficção. A primeira era por ser o menor de dois males pois parecia proporcionar uma alternativa "científica" aceitável à então dominante teoria ateia e materialista de um universo eterno, sem princípio nem fim. Em segundo lugar parecia exigir o Deus deísta pois teria de se perguntar donde teria vindo o ovo cósmico e quem tinha ligado os fusíveis, em terceiro lugar, aparentava propor uma espécie de princípio acomodável com Gen. 1:1 e, como última e mais disparatada razão, porque tinha sido um padre católico a propor a ideia. Ninguém parou para pensar que a razão dos biliões de anos de prehistória era uma acomodação com a implausível teoria da evolução. O que acontece é que muitos católicos já então pensavam que a evolução era boa e intelectualmente respeitável e queriam ser aceites pela comunidade científica que Samuel Langley, famoso astrónomo, descrevia, em 1889, da seguinte forma "uma matilha...onde os que gritam mais alto levam muitos a segui-los por caminhos errados e também certos..."
Diga-se,em abono da verdade, que muitas observações dos últimos anos contradisseram claramente as hipóteses e previsões do Big Bang.
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