Nasceu em Loyola,
na Espanha do Norte, em 1491. Oitavo filho duma família de 13, entrou o jovem
senhor de Loiola como pajem na corte de Fernando V. De natural ardente e
belicoso, deixou-se seduzir pela carreira das armas.
Tendo sido
gravemente ferido no cerco de Pamplona, deram-lhe na convalescença a ler, por
falta de romances de cavalaria, a vida de Jesus Cristo e dos Santos. A leitura
destes livros, que nunca lhe prendera os olhos, foi uma revelação para ele.
Compreendeu que também a Igreja devia possuir uma milícia para defender, às
ordens do representante de Jesus Cristo [o Papa], os interesses invioláveis do
Deus dos exércitos.
Colocou pois a
espada aos pés da Virgem na célebre abadia beneditina de Monserrate, e a sua
alma generosa que outrora se deixara empolgar pelas glórias do mundo, não
aspirou daí por diante senão por trabalhar o mais possível pela glória do Rei
dos Céus, a quem só iria doravante servir.
Na noite de 25 de
Março, que se celebra o mistério da Anunciação e Incarnação do Verbo, fez a sua
velada de armas e a Mãe de Deus armou-o cavaleiro de Cristo e da Igreja
militante, sua esposa.
Dentro de pouco
tempo, será o General dessa admirável Companhia de Jesus, suscitada por Deus
para combater o protestantismo, o jansenismo e o paganismo renascente. Os
filhos de S. Bento continuarão no alto da montanha a celebrar os louvores
divinos, prelúdio da liturgia do Céu, os quais o Santo recomendava com
insistência aos fiéis e a que nunca assistia sem chorar. E ele, sacrificando-se
à nova missão de que o Senhor o incumbiu, descerá cá abaixo ao campo para fazer
frente aos exércitos do inimigo, cujo embate o seu instituto é o primeiro
sempre a experimentar.
Para conservar
nos seus filhos aquela vida interior exigida pela actividade militante a que se
devotam, Santo Inácio dotou-os duma forte estrutura hierárquica e deixou-lhes,
como poderoso guia, um tratado magistral, recomendado altamente pela Santa
Igreja, os ‹‹Exercícios Espirituais››, com que se têm santificado milhares de
almas. Tem-se dito que foi no ‹‹Exercitatorum›› do abade beneditino Cisneros
(1050) de Monserrate que o Santo se inspirou. De qualquer modo que seja, o
certo é que os compôs em Manresa de maneira muito diferente e pessoal.
Santo Inácio arma
os seus filhos com o escudo do nome de Jesus, dá-lhes por couraça o amor de
Deus que o Salvador veio reacender na terra e por espada a palavra e a pena, o
apostolado sobre todas as formas. Aos pés da Virgem, na Abadia beneditina de
Monserrate, pegou Inácio a primeira vez nas suas novas armas, e em S. Dinis de
Paris, dos beneditinos também, na festa da Assunção de 1539, e mais tarde no
altar da Virgem da basílica de S. Paulo fora-dos-muros, servida pelos
beneditinos, funda a Companhia de Jesus.
Em 1814, Pio VII,
monge beneditino da abadia de Nossa Senhora de Cesena, restabelece a Companhia
com todos os seus direitos. Foi Deus quem uniu aos pés da Virgem estas duas
Ordens que tão poderosamente têm defendido a Igreja, porque Marta e Maria, a
acção e a contemplação, contribuem ambas por meios diferentes para a glória de
Deus. Por isso é que são tão semelhantes as divisas destas duas famílias
religiosas: U.I.O.G.D. ‹‹Que em tudo Deus seja glorificado››. A.M.D.G. ‹‹Para
maior glória de Deus››. Fazer tudo para glória de Deus e fazê-lo para a sua maior
glória é o acume da santidade.
É esta a
finalidade da criação e da elevação do homem ao estado sobrenatural e dos
conselhos evangélicos que arrastam do mundo as almas religiosas que se querem
consagrar de modo mais perfeito ao serviço de Deus. Bento encheu a Europa de
monges missionários, cujo múnus principal consiste na condigna celebração dos
louvores divinos; Inácio, com os seus sacerdotes apóstolos, manifestam a sua
vida interior na operosa actividade a que indefesamente se consagram. É a mesma
árvore do amor de Deus, produzindo os mesmos frutos em ramos diferentes.
Quando Santo
Inácio morreu em 31 de Julho de 1556, a Companhia contava já 12 províncias e
100 colégios. Peçamos a este grande Santo a graça de nos alcançar que os
mistérios sacrossantos da Missa, fonte de toda a santidade, nos santifiquem no
amor da verdade para que, combatendo na Terra a seu exemplo e com o
auxílio da sua intercessão, mereçamos ser com ele coroados no Céu.
in Missal
Quotidiano e Vesperal, Desclée de Brouwer, Bruges (1957)
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