O projecto para destruir o Cristianismo está em curso há
mais de três séculos, mas foi só nos últimos 50 anos que os anticristãos
descobriram a sua arma mais eficiente.
Este projecto teve o seu início cerca do ano 1700 com o
aparecimento do deísmo como alternativa ao Cristianismo. Surgiram umas quantas
variedades de deístas. Alguns (por exemplo Voltaire e Tom Paine) detestavam o
Cristianismo. Outros (como Jefferson e Kant), não odiavam o Cristianismo,
simplesmente consideravam-no um sistema de crenças inferior, um sistema que
contém alguns belos princípios morais, mas também algumas superstições
perniciosas. Voltaire tentou destruir o Cristianismo (apelando à eliminação “da
coisa infame” – Ecraszez l’infame) fazendo troça dele, como no seu Dicionário
Filosófico.
E como era um homem com grande sentido de humor, até teve
um certo sucesso. Jefferson tentou destruir o Cristianismo mostrando o quão
porreiro Jesus era, desde que a sua imagem pudesse ser libertada das muitas
superstições adicionais que os cristãos tinham afixado nele, como quem coloca
decorações numa árvore de Natal. Vejam, nesse sentido, “A Vida e Moral de Jesus
de Nazaré” que é, literalmente, uma edição de corta e cola do Novo Testamento.
Este tipo de ataque levou algumas pessoas a abandonar o
Cristianismo, mas não muitas. Para ser afectado por críticas destas era preciso
ler livros, e lê-los com alguma atenção. Por outras palavras, era preciso ser
intelectual ou semi-intelectual.
Na segunda meta do século XIX surgiu outro grande ataque
ao Cristianismo. Desta vez os anticristãos usaram a teoria de Darwin da
evolução das espécies, a filosofia do agnosticismo de Spencer e a história
crítica alemã da Bíblia para bater na velha religião. Mais uma vez, tratou-se
de um ataque bastante intelectual, que apelava a pessoas que liam livros e
artigos de revistas sérias. Contudo, devido ao grande crescimento da
prosperidade económica durante o século XIX, o mundo tinha muito mais
intelectuais e semi-intelectuais do que no século anterior. Por isso este ataque
produziu muito mais deserções do Cristianismo. Não obstante, o Cristianismo
continuaria, de longe, a ser o sistema de crenças dominante do mundo ocidental.
Um dos efeitos secundários deste ataque da era vitoriana
foi o protestantismo liberal, que acreditava estar a adaptar o Cristianismo
para o tornar mais apetecível ao homem moderno, mas que acabou por conduzir,
nos primeiros sessenta e tal anos do século XX, a um grande número de
deserções, algumas inconscientes, do protestantismo clássico. Um protestante
liberal podia abandonar um após outro os artigos do Credo tradicional, tal como
o nascimento virginal, a divindade de Cristo, a expiação e a Ressurreição,
enquanto se continuava a apelidar de cristão e acreditar, mais ou menos
honestamente, que o era. (Outro efeito secundário foi o Modernismo Católico,
porém esse foi morto à nascença por Pio X).
Mas o maior golpe contra o Cristianismo, o golpe que
parece ter sido em grande medida bem-sucedido no objectivo de reduzir o
Cristianismo a um estatuto minoritário no mundo ocidental, foi a revolução
sexual, que começou na década de 60. Não era preciso ser um intelectual ou um
semi-intelectual para se participar na revolução sexual. Não era preciso ler
livros ou artigos de revistas nem participar em conferências chiques.
Bastava cometer aquilo que o mundo cristão até então
tinha chamado um pecado sexual e ao mesmo tempo sentir que o que tinha feito,
longe de ser um pecado, era de facto um gesto bom. Nem sequer era preciso
cometer este pecado pessoalmente, bastava dar a sua aprovação ao pecado em
geral. A revolução foi só em parte uma alteração em grande escala do
comportamento sexual. Em maior medida constituiu uma mudança na avaliação moral
do comportamento sexual, transformando os sinais negativos em positivos.
Claro que o protestantismo liberal (a que se juntou,
depois do Vaticano II, o Catolicismo neomodernista que tinha recuperado do
golpe aparentemente mortal que lhe tinha sido infligido no início do século XX
por Pio X) fez aquilo que faz melhor e disse que se podia ser um cristão mesmo
enquanto se repudiava a moral sexual que remonta aos primórdios do
Cristianismo. Num acto incrível de auto-ilusão, muitos protestantes e católicos
conseguiram mesmo convencer-se de que isso é verdade. Mas este tipo de ilusão
tem pouco poder de permanência. É tão claramente ridículo que não é o género de
coisa que possamos passar a gerações futuras.
Vivemos numa era em que o Cristianismo, tal como o Gato
de Cheshire – de Alice no País das Maravilhas – está gradualmente a apagar-se
na maior parte dos países mais desenvolvidos do mundo. O Gato de Cheshire
deixou apenas o seu sorriso. O Cristianismo liberal, seja protestante ou
católico, também está a deixar para trás o que parece ser um sorriso, um
sorriso que diz, “sou um grande fã de Jesus, o tipo porreiro cuja mensagem
intemporal se resume às magníficas palavras, ‘não julgues para que não sejas
julgado’”.
David
Carlin in thecatholicthing.org (traduzido por 'Actualidade Religiosa')
7 comentários:
Bela análise, sem dúvida!
E o remate final encheu-me as medidas, não estejamos todos "cansados" dessa justificativa, para podermos passar ao lado, sem grandes "chatices", de toda a incoerência que, infelizmente, constatamos, nesse "novo cristianismo", até na Igreja!
Realmente, Jesus ensina-nos a que não devemos julgar, mas também nos diz que "pelos frutos se conhece a árvore."
Ora, "como contra factos não há argumentos", depressa podemos concluir que se as acções forem perversas é porque, infelizmente, não estão ligadas à VIDEIRA!
Então a maçonaria não entra neste filme? Qualquer análise do ataque ao catolicismo que não a mencione é muito superficial
Eduardo, a ironia posta na última parte do Artigo versa precisamente o conceito "porreiro", do actual Cristianismo, defendido pela maçonaria eclesiástica, segundo o que já li.
Um Cristianismo sem Cruz, relativista, onde cada um interpreta a Palavra de Deus-- que é IMUTÁVEL, porque PERFEITA-- como lhe apetece e interessa.
"Tanto a perseguição aos Jesuítas como a revolução francesa foram obras da maçonaria."
(Dom Vital)
" O Papa, seja ele qual for, nunca fará parte das sociedades secretas. Cabe a estas a iniciativa de irem para a Igreja, com o objectivo de conquistarem ambos. O trabalho que começamos não é trabalho de um dia, nem de um mês, nem de um ano. Pode durar muitos anos, talvez um século, mas nas nossas fileiras o soldado morre mas a luta continua" - Instrução Permanente da Alta Vendita (loja superior dos carbonários na Itália)
O declínio do cristianismo começou com a queda dos templários, teve o seu apogeu precisamente na idade média. Foi um ciclo dentro da idade actual Kali Yuga, do meu ponto de vista. O desenvolvimento tecnológico é o maior sintoma da queda de religiosidade que começou com o protestantismo. Um bom livro para se perceber o que está a acontecer é o "Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos" do René Guénon.
Diz Ploncard d'Assac que a maçonaria é filha dos templários e que a origem da corrupção destes está na Kabala.
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