sábado, 16 de setembro de 2023

São Cornélio e São Cipriano, Mártires

A Igreja celebra hoje, 16 de Setembro, São Cornélio e São Cipriano, que por amor a Deus e zelo pela fé em Jesus Cristo sofreram o martírio no século III. Os testemunhos dos dois santos ajudam na compreensão de que o cristão, quando está firme no amor esponsal por Cristo e a Sua Igreja, não rejeita a fé, ainda que padeça duras incompreensões, até ao martírio de sangue.

São Cornélio, Papa e Mártir

Cornélio nasceu em Roma. Foi eleito para o pontificado depois de um período vago na cátedra de São Pedro, devido à violenta perseguição imposta pelo imperador Décio. O Papa Cornélio foi eleito quase por unanimidade, menos por Novaciano, que esperava ser o novo Papa. Novaciano consagrou-se Bispo e proclamou-se Papa, isto é, antipapa. Com isso criou-se o primeiro cisma da Igreja.

A Igreja debatia, internamente, para tentar uma solução definitiva quanto à conduta a ser adoptada em relação a um dos seus maiores problemas da época: os “lapsi”, nome dado aos sacerdotes e fiéis que tinham renegado a fé, separando-se da Igreja durante as perseguições por parte dos Imperadores romanos, mas que depois queriam voltar à Igreja.

Segundo os partidários de Novaciano, Cornélio teria adoptado um discurso e uma postura muito indulgente, boa e compreensiva para com os desertores da fé católica. Atitudes que lhe valeram grandes atribulações e incompreensões. Mas contou sempre com o apoio incondicional e fiel do bispo Cipriano de Cartago, Argélia, norte da África.

Entretanto o imperador Décio morreu em combate, sendo sucedido por Galo, que voltou com as perseguições. Assim, o Papa Cornélio acabou preso e exilado para um lugar que hoje se chama Civitavecchia, perto Roma.

No exílio, o Papa Cornélio passou os últimos dias da sua vida. Encontrava um pouco de alegria nas cartas que recebia do Bispo Cipriano, seu admirador e amigo, muito preocupado em mandar-lhe algumas palavras de consolo.

Morreu em Junho de 253, sendo sentenciado ao martírio por ordem do Imperador, por não aceitar prestar culto aos deuses pagãos. Foi sepultado no Cemitério de São Calixto.

São Cipriano, Bispo e Mártir

Cipriano de Cartago, Bispo e Mártir, não deve ser confundido com outro Santo de mesmo nome que foi feiticeiro e é festejado com Santa Justina. 

Thascius Cecilianus Cyprianus nasceu em África em torno do ano de 200. Sendo pagão tornou-se advogado, professor e muito conhecido pela sua eloquência em defender os seus pontos de vista nos tribunais. Foi convertido para o cristianismo no ano 246 por Caecilius, um velho sacerdote, e tronou-se um renomado especialista em textos bíblicos.

Em 248, Cipriano tornou-se bispo de Cartago, hoje moderna Tunísia, mas teve que fugir logo depois para escapar a perseguição aos cristãos. Cipriano conseguiu reunir um Concílio em Cartago em 251, para discutir a questão dos "lapsi", e aí foi lido o seu grande trabalho chamado “De Catholicae Ecclesiase Unitate”.

Quando Cartago foi atingida pela praga, em 252, Cipriano trabalhou para ajudar as vítimas mas ele e os cristãos foram culpados pela epidemia e odiados pela população. Cipriano escreveu “De Mortalite” para consolar os cristãos naquele tempo de duros reveses. Pouco tempo depois, opôs-se à política de não necessidade de baptismo dos hereges defendida pelo Papa Estêvão I (254-257).

Entretanto, um decreto do Imperador Valeriano (253-260), proibindo aos cristãos de se reunirem, deu início a mais uma perseguição. Cipriano foi preso e foi-lhe dito que participasse das cerimonias religiosas pagãs oficias do Estado. Como se recusasse foi exilado numa cidade a 75 km de Cartago.

Em 258, Cipriano foi julgado por Calerius Maximus, um procônsul que ordenou que ele fosse decapitado no dia 14 de Setembro. Os ‘Actos do Martírio” não têm todos os detalhes da execução.

Ele foi pioneiro da literatura latino-cristã e teve um papel importante na Igreja Católica ocidental. Os seus escritos apresentam um zelo pastoral muito lúcido e contém inteligentes decisões. O seus tratados incluem “De Catholicae Ecclesiase Unitate”, sobre a natureza da unidade da Igreja , o “De Lapsis” sobre as condições em que esses cristãos poderiam retornar a Igreja e á fé, e “Ad Quirinam” uma compilação de textos bíblicos.

Uma das suas máximas era: “Não pode ter Deus por pai quem não tem a Igreja por mãe”.

São Cipriano, assim como São Cornélio são mencionados e invocados no Cânone Romano. Na arte litúrgica da Igreja aparece como um Bispo que segura uma palma e uma espada.


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1 comentário:

Maria José Martins disse...

E, nos tempos que correm, esta máxima vem mesmo a propósito: "Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe..."
Etal como Jesus falou: "Quem tiver ouvidos para ouvir que oiça!"