Vida no ventre

O feto abre os olhos às 18 semanas de gestação, menos seis do que se julgava até agora, e esta é apenas uma das várias descobertas reveladas num documentário inédito sobre os primeiros nove meses de vida do homem.
"Vida no Ventre" é o nome do documentário realizado pelo National Geographic Channel, hoje apresentado na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, perante uma audiência de especialistas que passam os dias a trazer bebés ao mundo.
Trata-se de uma produção inédita que utilizou as mais recentes tecnologias de ultra-som e imagens em três dimensões geradas por computador.
O resultado é um "filme" que começa quando o espermatozóide vencedor alcança o óvulo, numa aventura que termina nove meses depois.
Através de imagens criadas por computador, é possível observar o percurso do blastocisto (pequeno embrião) desde a trompa de Falópio até ao útero, onde começa a tecer as primeiras células nervosas.
Com o rigor apenas conseguido graças às mais modernas ecografias(em três e quatro dimensões), é possível ver o desenvolvimento do feto e perceber que este tem uma actividade intensa no ventre da mãe.
O filme revela que, às seis semanas de gestação, o feto cabe numa noz, apesar de só adquirir esta designação (feto) duas semanas mais tarde.
Às 16 semanas, o feto tem uma intensa actividade, conseguindo torcer os dedos e desenvolver a percepção do espaço à sua volta.
É nesta altura que começa a "aperfeiçoar" a técnica de chuchar no dedo.
Às 18 semanas - e não às 24, como se julgava até agora - o feto abre os olhos.
Às 24 semanas, o futuro bebé abre e fecha os olhos, deita a língua de fora, mostra as suas primeiras expressões faciais e experimenta o seu primeiro ataque de soluções, o qual produz fortes contracções do diafragma.
O filme explica o desenvolvimento inicial do cérebro e da coluna vertebral do futuro bebé e revela o momento de formação do coração humano, como uma massa muscular que começa a bater de forma espontânea.
O documentário demonstra ainda a percepção do futuro bebé perante os sons exteriores, como sons musicais, e a sua reacção à voz da mãe.
O documentário não consegue desvendar o que espoleta o nascimento da criança, embora assegure que os pulmões e a placenta têm um papel determinante nesta hora.
Na sessão de hoje, apenas foram dados a conhecer 10 dos 90 minutos deste filme - que será transmitido no canal da National Geographic na segunda-feira -, mas o conteúdo revelado apaixonou a audiência.
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A directora regional da National Geographic, Sónia Jackson, elegeu o documentário "Vida no Ventre" como "uma das produções mais espectaculares" desta organização científica, considerando-a um exemplo de como as novas tecnologias podem ajudar o homem a conhecer-se melhor.

Lusa, 6 de Setembro de 2005