quarta-feira, 31 de agosto de 2022

terça-feira, 30 de agosto de 2022

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Beato Giacomo Alberione reza Santa Missa em Roma (1954)



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Degolação de São João Baptista

Execução de João Baptista «Na verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara. Porque João dizia a Herodes: ‘Não te é lícito ter contigo a mulher do teu irmão.’ Herodíade tinha-lhe rancor e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes temia João e, sabendo que era homem justo e santo, protegia-o; quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas escutava-o com agrado. Mas chegou o dia oportuno, quando Herodes, pelo seu aniversário, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e aos principais da Galileia.

Tendo entrado e dançado, a filha de Herodíade agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: ‘Pede-me o que quiseres e eu to darei.’ E acrescentou, jurando: ‘Dar-te-ei tudo o que me pedires, nem que seja metade do meu reino.’

Ela saiu e perguntou à mãe: ‘Que hei-de pedir?’ A mãe respondeu: ‘A cabeça de João Baptista.’ Voltando a entrar apressadamente, fez o seu pedido ao rei, dizendo: ‘Quero que me dês imediatamente, num prato, a cabeça de João Baptista.’ O rei ficou desolado; mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar. Sem demora, mandou um guarda com a ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi e decapitou-o na prisão; depois, trouxe a cabeça num prato e entregou-a à jovem, que a deu à mãe. Tendo conhecimento disto, os discípulos de João foram buscar o seu corpo e depositaram-no num sepulcro.» Mc 6, 17-29

A pintura divide-se, se assim nos podemos expressar, em duas cenas, uma de exterior e outra de interior, representando dois momentos diferentes da história – um, em que os soldados cortam a cabeça a S. João Baptista, tendo como pano de fundo um casario; o outro, em que Salomé, junto à mesa na qual se sentam Herodíade e Herodes, ostenta entre as mãos uma bandeja com a cabeça do santo, tendo como pano de fundo uma tapeçaria ou um guadameci.

O que une as duas cenas e nos dá a entender que se trata de uma mesma «história» é o facto de o pavimento do exterior (soldados e S. João Baptista) e a do interior (Salomé, Herodíade e Herodes), pousarem sobre um mesmo pavimento, quadriculado e a preto e branco.

in patrimonio.pt


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domingo, 28 de agosto de 2022

A Humildade de Jesus Cristo

Veio até nós um médico para nos restituir a saúde: Nosso Senhor, Jesus Cristo. Vendo a cegueira do nosso coração, prometeu-nos a luz que «os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu» (1Cor 2,9).
 
A humildade de Jesus Cristo é o remédio para o nosso orgulho. Não duvides nunca de quem te traz a cura e sê humilde, tu por quem Deus Se fez humilde. Com efeito, Ele bem sabia que o remédio da humildade seria a tua cura, porque conhece muito bem a enfermidade e sabe como se cura. Uma vez que não podias ser tu a visitar o Médico, foi o Médico que veio visitar-te. Veio ver-te e veio em teu socorro porque sabe muito bem de que necessitas.
 
Deus veio na sua humildade para que o homem O pudesse imitar, pois se tivesse permanecido inacessível, como poderíamos nós imitá-l'O? E, sem O imitar, como poderíamos ser curados? Veio na humildade porque sabia muito bem qual o remédio que devia receitar: um pouco amargo, por certo, mas salutar. E tu? Continuas a duvidar d'Ele, de quem te oferece a sua taça, e murmuras: «Mas que Deus é este, Senhor? Nasceu, sofreu, foi coberto de escarros, coroado de espinhos, cravado numa cruz!» Miserável alma, que vês a humildade do Médico mas não o cancro do teu orgulho! E é por isso que a humildade não te agrada.
 
Por vezes acontece aos doentes mentais baterem nos médicos; neste caso, porém, o Médico, que é misericordioso, não só não fica indignado com quem Lhe bate, como ainda cuida de o tratar. [...] O nosso Médico não teme ser atacado por pacientes dementes. Ele fez da sua morte o remédio para eles. Com efeito, Ele morreu e ressuscitou.

Santo Agostinho in Sermão Delbeau 61, 14-18


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Santo Agostinho de Hipona, Doutor da Igreja

Origens

O seu nome era Aurélio Agostinho. Nasceu em Tagaste, uma cidade do Norte da África dominada pelos romanos (na região onde hoje fica a Argélia) no dia 13 de Novembro do ano 354. Filho primogénito, o seu pai, Patrício, era pagão e pequeno proprietário de terras. A sua mãe, pelo contrário, era cristã fervorosa, tanto que se tornou santa. Santa Mónica sempre tentou educar o filho na fé cristã. Agostinho, porém, por causa do exemplo do pai, não se importava com a fé.

Infância

Santa Mónica queria que seu filho se tornasse cristão, mas percebia que a hora de Deus ainda não tinha chegado. Tanto que adiou o seu baptismo, com receio de que ele profanasse o Sacramento. Aos 11 anos, Agostinho foi enviado para estudar em Madauro, perto de Tagaste. Lá, estudou literatura latina e algo que o distanciaria da fé cristã: as práticas e crenças do paganismo local e romano.
Juventude conturbada

Com 17 anos foi para Cartago estudar retórica. Embora tenha recebido formação cristã passou a seguir a doutrina maniqueísta, negada veementemente pelos cristãos. Além disso, tornou-se hedonista, ou seja, seguidor da filosofia que tem o prazer como fim absoluto da vida. Dois anos depois, passou a viver com uma mulher cartaginense, com a qual teve um filho chamado Adeodato. O relacionamento dos dois durou 13 anos. Durante todo esse tempo, Santa Mónica rezava pela conversão do filho.

Passagem por várias doutrinas

Agostinho tornou-se um professor de retórica reconhecido. Chegou a abrir uma escola em Roma e conseguiu o posto de professor na corte imperial situada em Milão. Decepcionado com as incoerências do maniqueísmo, aproximou-se do cepticismo. A sua mãe mudou-se para Milão e exerceu certa influência sobre o seu comportamento. Nesse tempo, também decepcionado com o cepticismo, Agostinho aproximou-se do Bispo de Milão (Santo Ambrósio). A princípio, queria apenas ouvir a retórica excelente do Bispo. Antes de se converter, Agostinho separou-se da sua companheira e ainda se envolveu com outras mulheres. Depois, foi-se convencendo da verdade sobre Jesus Cristo pelas pregações de Santo Ambrósio. A sua mãe, ao mesmo tempo, não cessava de orar por ele.

Conversão

Depois das buscas incessantes pela verdade e de vários casos amorosos, Agostinho finalmente rendeu-se à coerência da mensagem de Jesus Cristo. Encontrou em Jesus o que não encontrara em nenhuma outra filosofia, em nenhum outro mestre. Assim, ele e seu filho Adeodato, então com 15 anos, foram baptizados em Milão por Santo Ambrósio, durante uma vigília Pascal. A partir de então, passou a escrever contra o maniqueísmo, que ele conhecia muito bem. Escreveu obras tão importantes que fizeram com que fosse declarado Doutor da Igreja.

Sofrimentos

Agostinho dedicava grande atenção a Adeodato formando-o na fé e nas ciências humanas. De repente, porém, o seu filho veio a falecer. Foi um grande choque. Por causa disso, decidiu voltar para Tagaste. No caminho de volta a sua mãe também faleceu. Agostinho menciona nas suas “Confissões” a maravilha e o alimento espiritual que eram os diálogos que ele tinha com sua a mãe sobre a pessoa de Jesus Cristo e a beleza da fé cristã. Esses diálogos foram decisivos para a sua formação. 

De volta à terra natal

Depois de sepultar a sua mãe continuou decidido a voltar para a terra natal. Ele chegou a Tagaste no ano 288. Lá, optou pela vida religiosa. Junto com alguns amigos na fé, deu início a uma comunidade monástica cujas regras foram escritas por ele mesmo. Deste embrião nasceram várias ordens e congregações religiosas masculinas e femininas, todas seguindo as regras e a inspiração “Agostiniana”.

Não se coloca uma lâmpada debaixo da mesa

O Bispo de Hipona, ao perceber a forte inspiração que Deus colocara na alma de Agostinho, convidou-o para ir juntamente com ele nas missões e pregações. O Bispo, já idoso e enfraquecido, vendo confirmada a sabedoria de Agostinho, ordenou-o como sacerdote, o que foi aceite com grande alegria pelos fiéis. E, depois, em 397, logo após a morte do bispo, o povo, em uma só voz, aclamou Santo Agostinho como Bispo de Hipona. Ele ocupou o cargo durante 34 anos, derramando toda a sua sabedoria nas pregações, nos livros, na caridade para com os pobres, na espiritualidade profunda. Combateu heresias, tornou-se um dos mais importantes teólogos e filósofos da Igreja, influenciando pensadores até o presente. Foi aclamado Doutor da Igreja e um dos “Padres da Igreja” por causa do seu ministério iluminador. Entre os livros de maior destaque nas suas obras, estão “Confissões” e “Cidade de Deus”.

Morte

Santo Agostinho faleceu feliz pela força da Igreja de Hipona, mas, ao mesmo tempo, triste, por causa da invasão bárbara em Hipona, motivo de grandes perseguições contra os fiéis. A sua morte ocorreu a 28 de Agosto do ano 430. Mais tarde, no ano 725, os seus restos mortais foram exumados e trasladados para a cidade de Pavia, em Itália, onde são venerados na igreja de São Pedro do Céu de Ouro. A igreja fica perto do local onde ocorreu a sua conversão.

Oração a Santo Agostinho

Gloriosíssimo Pai Santo Agostinho, que por divina providência fostes chamado das trevas da gentilidade e dos caminhos do erro e da culpa a admirável luz do Evangelho e aos rectíssimos caminhos da graça e da justificação para ser ante os homens vaso de predilecção divina e brilhar em dias calamitosos para a Igreja, como estrela da manhã entre as trevas da noite: alcançai-nos do Deus de toda consolação e misericórdia o sermos chamados e predestinados, como Vós o fostes, a vida da graça e a graça da eterna vida, onde juntamente convosco cantemos as misericórdias do Senhor e gozemos a sorte dos eleitos pelos séculos dos séculos. Amém.

in cruzterrasanta.com.br


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sábado, 27 de agosto de 2022

Shia Leboeuf, actor convertido ao Catolicismo, fala sobre a Missa Tradicional



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Quem pode distribuir a Sagrada Comunhão?

S. Tomás de Aquino explica que só o sacerdote pode distribuir a Sagrada Comunhão:

Ao sacerdote pertence a dispen­sação do corpo de Cristo, por três razões: 

Pri­meiro, porque, como dissemos, ele consagra em nome de Cristo. Ora, o próprio Cristo, assim como consagrou o seu corpo na Ceia, assim o deu a to­mar aos outros. Por onde, assim como ao sacer­dote pertence a consagração do corpo de Cristo, assim também lhe cabe dispensá-lo. 

Segundo, porque o sacerdote é constituído medianeiro entre Deus e o povo. Portanto, assim como lhe cabe oferecer a Deus os dons do povo, assim também lhe pertence dispensar ao povo os dons santifi­cados por Deus. 

Terceiro, porque a reve­rência devida a este sacramento requer que não seja tocado senão pelo que é consagrado; por isso é consagrado o corporal e o cálice e consa­gradas são as mãos do sacerdote, para tocá-lo. E ninguém o pode tocar senão em caso de neces­sidade; por exemplo, se caísse no chão ou em outro caso semelhante.

in Suma Teológica, IIIa, q.82 a.3


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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Sacerdote irlandês queixa-se que os seminaristas são demasiado conservadores

Fr. Brendan Hoban continua a ser um dos sacerdotes mais influentes da Igreja Católica na Irlanda. Nesta entrevista o sacerdote diz que os maiores problemas que enfrentam neste momento é que há muito poucas vocações e as que há são seminaristas que "querem vestir-se de preto, querem usar batinas. Querem falar sobre o pecado às pessoas. Querem a Missa em latim. Querem os paramentos litúrgicos. Como as pessoas faziam há 60 ou 70 anos."

Por isto tudo diz que "desespera com os novos sacerdotes". E que preferia que não os tivessem, se é para serem assim.


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Lição do Papa Bento XVI sobre São Bartolomeu, Apóstolo

Na série dos Apóstolos chamados por Jesus durante a sua vida terrena, hoje quem atrai a nossa atenção é o apóstolo Bartolomeu. Nos antigos elencos dos Doze ele é sempre colocado antes de Mateus, enquanto varia o nome daquele que o precede e que pode ser Filipe (cf. Mt 10, 3; Mc 3, 18; Lc 6, 14) ou Tomé (cf. Act 1, 13). O seu nome é claramente um patronímico, porque é formulado com uma referência explícita ao nome do pai. De facto, trata-se de um nome provavelmente com uma marca aramaica, Bar Talmay, que significa precisamente "filho de Talmay".
 
Não temos notícias de relevo acerca de Bartolomeu; com efeito, o seu nome recorre sempre e apenas no âmbito dos elencos dos Doze acima citados e, por conseguinte, nunca está no centro de narração alguma. Mas, tradicionalmente ele é identificado com Natanael:  um nome que significa "Deus deu". Este Natanael provinha de Caná (cf. Jo 21, 2), e portanto é possível que tenha sido testemunha do grande "sinal" realizado por Jesus naquele lugar (cf. Jo 2, 1-11). 

A identificação das duas personagens provavelmente é motivada pelo facto que este Natanael, no episódio de vocação narrada pelo Evangelho de João, é colocado ao lado de Filipe, isto é, no lugar que Bartolomeu ocupa nos elencos dos Apóstolos narrados pelos outros Evangelhos. Filipe tinha comunicado a este Natanael que encontrara "aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas:  Jesus, filho de José de Nazaré" (Jo 1, 45). Como sabemos, Natanael atribuiu-lhe um preconceito bastante pesado:  "De Nazaré pode vir alguma coisa boa?" (Jo 1, 46a). Esta espécie de contestação é, à sua maneira, importante para nós. De facto, ela mostra-nos que segundo as expectativas judaicas, o Messias não podia provir de uma aldeia tanto obscura como era precisamente Nazaré (veja também Jo 7, 42). 
Mas, ao mesmo tempo realça a liberdade de Deus, que surpreende as nossas expectativas fazendo-se encontrar precisamente onde não o esperávamos. Por outro lado, sabemos que Jesus na realidade não era exclusivamente "de Nazaré", pois tinha nascido em Belém (cf. Mt 2, 1; Lc 2, 4) e que por fim provinha do céu, do Pai que está no céu.
 
Outra reflexão sugere-nos a vicissitude de Natanael:  na nossa relação com Jesus não devemos contentar-nos unicamente com as palavras. Filipe, na sua resposta, faz um convite significativo:  "Vem e verás!" (Jo 1, 46b). O nosso conhecimento de Jesus precisa sobretudo de uma experiência viva:  o testemunho de outrem é certamente importante, porque normalmente toda a nossa vida cristã começa com o anúncio que chega até nós por obra de uma ou de várias testemunhas. Mas depois devemos ser nós próprios a deixar-nos envolver pessoalmente numa relação íntima e profunda com Jesus; de maneira análoga os Samaritanos, depois de terem ouvido o testemunho da sua concidadã que Jesus tinha encontrado ao lado do poço de Jacob, quiseram falar directamente com Ele e, depois deste colóquio, disseram à mulher:  "Já não é pelas tuas palavras que acreditamos, nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo" (Jo 4, 42).
 
Voltando ao cenário de vocação, o evangelista refere-nos que, quando Jesus vê Natanael aproximar-se exclama: "Aqui está um verdadeiro Israelita, em quem não há fingimento" (Jo 1, 47). Trata-se de um elogio que recorda o texto de um Salmo:  "Feliz o homem a quem Iahweh não atribui iniquidade" (Sl 32, 2), mas que suscita a curiosidade de Natanael, o qual responde com admiração:  "Como me conheces?" (Jo 1, 48a). A resposta de Jesus não é imediatamente compreensível. Ele diz:  "Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas sob a figueira" (Jo 1, 48b). 

Não sabemos o que aconteceu sob esta figueira. É evidente que se trata de um momento decisivo na vida de Natanael. Ele sente-se comovido com estas palavras de Jesus, sente-se compreendido e compreende:  este homem sabe tudo de mim, Ele sabe e conhece o caminho da vida, a este homem posso realmente confiar-me. E assim responde com uma confissão de fé límpida e bela, dizendo:  "Rabi, tu és o filho de Deus, tu és o Rei de Israel" (Jo 1, 49). Nela é dado um primeiro e importante passo no percurso de adesão a Jesus. As palavras de Natanael ressaltam um aspecto duplo e complementar da identidade de Jesus:  Ele é reconhecido quer na sua relação especial com Deus Pai, do qual é Filho unigénito, quer na relação com o povo de Israel, do qual é proclamado rei, qualificação própria do Messias esperado. 
Nunca devemos perder de vista nenhuma destas duas componentes, porque se proclamamos apenas a dimensão celeste de Jesus,  corremos  o  risco  de  o  transformar num ser sublime e evanescente, e se ao contrário reconhecemos apenas a sua colocação concreta na história, acabamos por descuidar a dimensão divina que propriamente o qualifica.
 
Da sucessiva actividade apostólica de Bartolomeu-Natanael não temos notícias claras. Segundo uma informação referida pelo historiador Eusébio do século IV, um certo Panteno teria encontrado até na Índia os sinais de uma presença de Bartolomeu (cf.Hist. eccl., V 10, 3). Na tradição posterior, a partir da Idade Média, impôs-se a narração da sua morte por esfolamento, que se tornou muito popular. Pense-se na conhecidíssima cena do Juízo Universal na Capela Sistina, na qual Michelangelo pintou São Bartolomeu que segura com a mão esquerda a sua pele, sobre a qual o artista deixou o seu auto-retrato. As suas relíquias são veneradas aqui em Roma na Igreja a ele dedicada na Ilha Tiberina, aonde teriam sido levadas pelo Imperador alemão Otão III no ano de 983. 

Para concluir, podemos dizer que a figura de São Bartolomeu, mesmo sendo escassas as informações acerca dele, permanece contudo diante de nós para nos dizer que a adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada também sem cumprir obras sensacionais. Extraordinário é e permanece o próprio Jesus, ao qual cada um de nós está chamado a consagrar a própria vida e a própria morte.
 
Papa Bento XVI in Audiência Geral, 4 de Outubro de 2006


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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Primeira Regra da Ordem dos Frades Menores

- Todos os irmãos terão o cuidado de não caluniar ninguém, de evitar palavras de discussão. Pelo contrário, tentem guardar silêncio enquanto o Senhor lhes der a graça para isso. 

- Não discutirão entre si nem com outras pessoas mas esforçar-se-ão por responder humildemente: «Somos servos inúteis» (Lc 17,10). 

- Não se irritarão: «Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar 'imbecil' será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar 'louco' será réu da Geena do fogo». 

- Amar-se-ão uns aos outros, conforme a palavra do Senhor: «O que vos mando é que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15,12). 

- Por actos testemunharão o amor que devem ter uns pelos outros, conforme as palavras do apóstolo João: «Não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade» (1Jo 3,18). 

- Não ultrajarão ninguém; não difamarão, não denegrirão ninguém; porque está escrito que o Senhor odeia os «bisbilhoteiros e os maldizentes»; devem ser modestos, «mostrando sempre amabilidade para com todos os homens,» (Tt 3,2; Rm 1,29-30). 

- Não devem julgar nem condenar, como diz o Senhor (Lc 6,37). Não julgarão nem os mais pequenos pecados dos outros, mas reflectirão sobre os seus próprios pecados na amargura do seu coração (cf. Is 38,15). 

- Esforçar-se-ão por entrar pela «porta estreita», pois, diz o Senhor: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir» (Lc 13,24; Mt 7,13-14).

São Francisco de Assis


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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Ladainha ao Imaculado Coração de Maria

Senhor, tende piedade de nós 
Cristo, tende piedade de nós 
Senhor, tende piedade de nós
 
Cristo, olhai-nos. 
Cristo, escutai-nos
 
Pai do Céu, que sois Deus, tende misericórdia de nós. 
Filho Redentor do mundo, que sois Deus, tende misericórdia de nós. 
Espírito Santo, que sois Deus, tende misericórdia de nós. 
Santa Trindade que sois um só Deus, tende misericórdia de nós. 
 
Santa Maria, Coração Imaculado de Maria, rogai por nós 
Coração de Maria, cheio de graça, rogai por nós 
Coração de Maria, vaso do amor mais puro, rogai por nós 
Coração de Maria, consagrado íntegro a Deus, rogai por nós 
 
Coração de Maria, preservado de todo pecado, rogai por nós 
Coração de Maria, morada da Santíssima Trindade, rogai por nós 
Coração de Maria, delícia do Pai na Criação, rogai por nós 
Coração de Maria, instrumento do Filho na Redenção, rogai por nós 
 
Coração de Maria, a esposa do Espírito Santo, rogai por nós 
Coração de Maria, abismo e prodígio de humildade, rogai por nós 
Coração de Maria, medianeiro de todas as graças, rogai por nós 
Coração de Maria, batendo em uníssono com o Coração de Jesus, rogai por nós 
 
Coração de Maria, gozando sempre da visão beatífica, rogai por nós 
Coração de Maria, holocausto do amor divino, rogai por nós 
Coração de Maria, advogado ante a justiça divina, rogai por nós 
Coração de Maria, transpassado por uma espada, rogai por nós 
 
Coração de Maria, Coroado de espinhos por nossos pecados, rogai por nós 
Coração de Maria, agonizando na paixão de teu Filho, rogai por nós 
Coração de Maria, exultando na Ressurreição de teu Filho, rogai por nós 
Coração de Maria, triunfando eternamente com Jesus, rogai por nós 
 
Coração de Maria, fortaleza dos cristãos, rogai por nós 
Coração de Maria, refúgio dos perseguidos, rogai por nós 
Coração de Maria, esperança dos pecadores, rogai por nós 
Coração de Maria, consolo dos moribundos, rogai por nós 
 
Coração de Maria, alívio dos que sofrem, rogai por nós 
Coração de Maria, laço de união com Cristo, rogai por nós 
Coração de Maria, caminho seguro ao Céu, rogai por nós 
Coração de Maria, prenda de paz e santidade, rogai por nós 
 
Coração de Maria, vencedora das heresias, rogai por nós 
Coração de Maria, da Rainha dos Céus e Terra, rogai por nós 
Coração de Maria, da Mãe de Deus e da Igreja, rogai por nós 
Coração de Maria, que por fim triunfarás, rogai por nós 
 
Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, Perdoai-nos Senhor 
Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, Escutai-nos Senhor 
Cordeiro de Deus que tiras o pecado do mundo, Tem misericórdia de nós. 
 
V. Rogai por nós Santa Mãe de Deus 
R. Para que sejamos dignos de alcançar as promessas de Nosso Senhor Jesus Cristo
 
Oremos
Vós que nos tens preparado no Coração Imaculado de Maria uma digna morada do teu Filho Jesus Cristo, concedei-nos a graça de viver sempre conforme a sua vontade e de cumprir os seus desejos. 
Por Cristo teu Filho, Nosso Senhor.
Ámen



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A devoção ao Imaculado Coração de Maria

Hoje a Igreja celebra o dia do Imaculado Coração de Maria. A devoção ao Imaculado Coração de Maria consiste na veneração do Coração de Maria, Mãe de Jesus, e ganhou grande destaque com as Aparições de Fátima. Mas a origem deste culto pode ser encontrada nas palavras do Evangelista Lucas, onde o Coração de Maria aparece como uma arca de tesouros (Lc 2, 19) que guarda as mais santas lembranças. 
 
Entretanto foi aumentando, tendo-se desenvolvido por obra de grandes Santos como São Bernardo, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Sena e São João Eudes (1601-1680), que foi um grande promotor da festa litúrgica do Imaculado Coração de Maria e que, já em 1643, começou a celebrá-la com os religiosos de sua congregação. Em 1648, consegue do Bispo de Autun (França) a concessão da festa. Em 1668, a festa e os textos litúrgicos são aprovados pelo Cardeal delegado de toda a França, enquanto Roma se negava, por diversas vezes, a confirmar a festa. 
 
Foi apenas após a introdução da festa do Sagrado Coração de Jesus, em 1765, que será concedida, aqui e ali, a faculdade de celebrar a festa do Coração de Maria, tanto que o Missal Romano de 1814 a elenca ainda entre as festas “pro aliquibus locis”. São João Eudes, nos seus escritos, nunca separou os dois Corações de Jesus e de Maria, e enfatiza a união profunda da Mãe com o Filho de Deus encarnado, cuja vida pulsou por nove meses ritmicamente com aquela do Coração de Maria.
 
A festa foi instituída oficialmente em 1805, pelo Papa Pio VII. Cinquenta anos mais tarde, Pio IX aprovou a Missa e o Ofício próprios. O Papa Pio XII estendeu, em 1944, a toda a Igreja, em perene memória da Consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, realizada por ele em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial.
 
Em 1948, o Papa Pio XII convida a todos os Católicos a se consagrarem ao Imaculado Coração de Maria através da Encíclica Auspicia Quaedam, onde diz: 
 
“E como o nosso predecessor de imortal memória Leão XIII, nos albores do século XX, quis consagrar todo o género humano ao Sacratíssimo Coração de Jesus, também nós, como que representando a família humana por ele redimida, quisemos solenemente consagrá-la ao coração imaculado de Maria virgem. Desejamos que todos façam o mesmo, sempre que a oportunidade o aconselhar; e não só em cada diocese e cada paróquia, mas também em cada família. Assim esperamos que desta consagração particular e pública nasçam abundantes benefícios e favores celestiais. Seja presságio desses favores celestes e penhor de nossa benevolência paterna a bênção apostólica que damos com efusão de coração a cada um de vós, veneráveis irmãos, a todos aqueles que de boa mente corresponderem a esta nossa carta de exortação, e de um modo particular as caríssimas crianças.” (1 de Maio de 1948).
 
O culto do Imaculado Coração de Maria recebeu um forte impulso após as Aparições de Fátima, em 1917. Os Pastorinhos viram que Nossa Senhora tinha sobre a palma da mão direita um Coração cercado de espinhos que penetravam nele, fazendo-o sangrar horrivelmente. Era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, a pedir reparação...
 
A Irmã Lúcia, nas suas memórias, conta que depois da visão do inferno (13 de Julho de 1917), Nossa Senhora disse:
 
“(…) para salvar as almas (...) Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Imaculado Coração”. 
 
Deus escolheu o Imaculado Coração de Maria, sem mancha e sem pecado, para que, assim como a salvação do mundo veio por Ela na pessoa de Jesus Cristo, também é por meio d'Ela que nós haveremos de ser salvos. Nossa Senhora afirma: “Se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão a paz”.
 
A Liturgia da festa ressalta a intensa actividade espiritual do Coração da primeira discípula de Cristo, e apresenta Maria propensa, no íntimo do seu coração, à escuta e ao aprofundamento da palavra de Deus. Maria meditou no seu Coração os eventos em que foi envolvida juntamente com Jesus, enquanto procurava penetrar o mistério de tudo aquilo: guardar e meditar no seu Coração todas as coisas, fez com que descobrisse a vontade do Senhor. 
 
Com este seu modo de agir, Maria ensina-nos a viver em profunda união com o Verbo de Deus, a viver saciando-nos e abeirando-nos d'Ele, e também a encontrar Deus na meditação, na oração e no silêncio. Maria ensina-nos a reflectir sobre os acontecimentos da nossa vida quotidiana e a descobrir neles Deus que se revela, inserindo-Se na nossa história.
 
O objecto primário da festa do Coração Imaculado de Maria é a Sua pessoa. O objecto secundário é o Coração simbólico, isto é, o coração físico da Virgem, por ser o símbolo do seu amor e de toda sua vida íntima. Sendo a expressão de todos os seus sentimentos, afectos, e da sua ardentíssima caridade para com Deus, para com o Seu Filho e para com todos os homens, que lhe foram confiados solenemente por Jesus agonizante na Cruz.
 
Esta Festa do Imaculado Coração de Maria sugere o louvor e acção de graças ao Senhor por nos haver dado uma Mãe tão poderosa e misericordiosa, à qual nos podemos dirigir confiadamente em qualquer necessidade. Inspira também que conduzamos uma vida segundo o Coração de Deus, e que peçamos à Virgem Santa a chama de uma ardente caridade.
 
adaptado de 'Pale Ideas'


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domingo, 21 de agosto de 2022

O maior no Reino dos Céus

"Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céus. 
Quem, pois, se fizer humilde como este menino será o maior no Reino do Céus." Mt 18, 3-4


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sábado, 20 de agosto de 2022

Outros hábitos




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"Lembrai-Vos", a oração de São Bernardo a Nossa Senhora

Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria,
que nunca se ouviu dizer
que algum daqueles
que têm recorrido à vossa protecção,
implorado a vossa assistência,
e reclamado o vosso socorro,
fosse por Vós desamparado.

Animado eu, pois, de igual confiança, 
a Vós, Virgem entre todas singular,
como a Mãe recorro,
de Vós me valho e,
gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro aos Vossos pés.

Não desprezeis as minhas súplicas, 
ó Mãe do Filho de Deus humanado,
mas dignai-Vos
de as ouvir propícia
e de me alcançar o que Vos rogo. Ámen.


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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Até os animais reconhecem a vida intra-uterina



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Santa Beatriz da Silva, fundadora das Concepcionistas

Na Reconquista, uma das últimas vitórias sobre os árabes para o reino de Portugal foi Ceuta (1415). O capitão desta façanha, e primeiro governador da cidade conquistada, foi D. Pedro de Menezes, Conde de Vila Real e descendente dos reis de Castela. Na conquista de Ceuta, o cavaleiro D. Ruy Gomez de Silva havia participado com bravura e seu comportamento lhe mereceu o apreço do capitão a ponto de lhe dar a mão de sua filha Isabel.

Beatriz da Silva e Menezes nasceu no ano de 1424 em Celta, quando esta cidade pertencia a Portugal. Era a oitava filha de Ruy Gomes da Silva, Senhor de Campo Maior, e de Isabel de Menezes, filha de D. Pedro de Menezes. Por via materna, descendia também dos condes de Ourém e Barcelos. O casal teve 11 filhos, educados por franciscanos, que lhes inculcaram sólidos princípios cristãos e um especial amor à Imaculada Conceição. Dos 10 irmãos de Beatriz, é dever mencionar D. João de Menezes da Silva, o Beato Amadeu.

Beatriz da Silva era uma jovem de grande beleza, conforme testemunha um relato da época: "além de vir de sangue real, era mui graciosa donzela e excedia a todas em formosura e gentileza". Desde cedo Beatriz foi preparada para a vida na Corte. Além da formação humana, os primeiros 21 anos de sua vida ela os passou entregue à devoção e às obras de caridade. Visitava frequentemente Jesus Sacramentado na Igreja Matriz e desde pequenina Nossa Senhora era seu exemplo a seguir. Chamada ao Paço Real de Lisboa, Beatriz tornou-se dama da infanta Dona Isabel, quatro anos mais nova que ela, filha do infante D. João, o penúltimo dos filhos de D. João I de Portugal.

Em 1447, a infanta Dona Isabel contava dezenove anos. O seu tio, regente do reino, promoveu os seus esponsais com D. João II de Castela, que então se achava viúvo. Uma vez rainha, Isabel, ambiciosa, começou por afastar a influência do Condestável de Castela, D. Álvaro de Luna, e criou intrigas na corte, algumas das quais envolvendo a jovem Beatriz, cuja beleza não passara despercebida.

Beatriz atraía a atenção de toda a Corte por seu porte senhorial, por sua sensatez e beleza. A Rainha, despeitada, a perseguia e maltratava. Segundo a tradição, Isabel teria fechado Beatriz num estreito baú, onde eventualmente a falta de oxigénio acabaria por tirar-lhe a vida.

Após três dias, o tio de Beatriz, Dom João de Menezes, que também se encontrava na corte, estranhando a sua ausência perguntou à rainha onde estava a sobrinha. Ela conduziu-o ao baú onde a encarcerara, certa de encontrá-la morta. Desceram até os subterrâneos do Palácio de Tordesilhas, no Alcácer de Valladolid, e, para seu grande espanto, Beatriz tinha sobrevivido. Ela havia invocado a Virgem Maria que lhe aparecera e comunicara que a salvaria, e que ela deveria fundar uma Ordem religiosa que celebrasse o mistério da Imaculada Conceição.

Beatriz perdoou a rainha, que dera mostras de arrependimento, retirou-se da Corte e ingressou no Convento de São Domingos o Real, de Toledo. Ali viveu como monja, sem professar, preparando-se, e a um pequeno grupo de companheiras, para ingressar na nova Ordem que Nossa Senhora a designara fundar.

Como nos conta Sóror Catarina, Beatriz "florescia em todas as virtudes e comia parcamente; era tida por santa e obrava milagres, distinguiu-se sempre por sua humildade e obediência às superioras" do dito Convento de São Domingos o Real. A sua vida era verdadeiramente exemplar: dos bens que possuía reservava uma modesta parte para si, usando todo o resto em esmolas e outras obras de piedade.

Beatriz viveu naquele convento durante trinta anos. "Poucas vezes uma fundadora terá sido preparada tão profunda e prolongadamente para a sua missão".

No ano de 1484, a Virgem Santíssima julgou que, após longos anos vividos na obscuridade do claustro, ela estava pronta para executar a sua obra: deu-lhe a ordem longamente esperada e teve início um período de intensa actividade.

A Rainha Isabel, a Católica, que nutria grande admiração por Beatriz, concedeu-lhe os palácios de Galiana e o Mosteiro de Santa Fé. Foi neste mosteiro que Beatriz conseguiu enfim estabelecer, com mais doze religiosas, a Ordem da Imaculada Conceição, ou das Concepcionistas Franciscanas, um ramo da Ordem dos Frades Menores. As religiosas deviam usar o hábito azul e branco, as cores de Nossa Senhora da Conceição, e dedicar-se unicamente à vida contemplativa.

A 30 de Abril de 1489, o Papa Inocêncio VIII expediu a bula Inter Universa, que autorizava a constituição das Concepcionistas. A Bula foi levada solenemente da Catedral de Toledo até o Mosteiro de Santa Fé.

Santa Beatriz recomendava às suas religiosas grande pureza de coração, amor a Jesus e uma particular devoção a Imaculada Conceição: "Considerem as Irmãs atentamente que sobretudo devem desejar ter o Espírito do Senhor e a sua santa actuação, com pureza de coração e oração devota; purificar dos desejos terrenos e das vaidades do século a consciência; e tornar-se um só espírito com Cristo seu Esposo, pelo amor".

A festa da profissão de Beatriz e das suas doze companheiras já tinha sido marcada pelo Bispo de Toledo quando a Santíssima Virgem de novo lhe apareceu dizendo: "Dentro de dez dias virei buscar-te, porque não é vontade de meu Filho que gozes aqui na Terra o que tanto desejastes".

Beatriz cobria o seu belo rosto com um véu branco desde que saíra da Corte de Tordesilhas, a fim de ocultar a beleza que fora causa de tantos desgostos e dissabores. E assim viveu no Convento de São Domingos o Real e depois no seu Convento definitivo.

No momento de sua agonia, quando o véu foi erguido para que ela recebesse a Extrema Unção, admirados os presentes viram saírem raios de luz de seu rosto, iluminando todo o aposento: uma estrela luminosa se fixou em sua testa e ali permaneceu até seu último suspiro.

Antes de comparecer diante de Deus, Beatriz recebeu o hábito branco e azul, como Nossa Senhora lhe havia prometido, e fez a sua profissão religiosa nas mãos de um sacerdote franciscano, morrendo como uma verdadeira Concepcionista. A Fundadora faleceu dia 17 de agosto de 1490, aos 66 anos de idade, em Toledo, onde jazem as suas relíquias.

O povo já lhe prestava culto como Santa antes mesmo que a Santa Sé a canonizasse, e assim continuou por muito tempo, pois a Igreja Católica só a elevou aos altares em 28 de Julho de 1926. Pio XI beatificou-a e aprovou o culto que já lhe era dado há tantos séculos. A 3 de Outubro de 1976 foi canonizada por Paulo VI.

Em Espanha, a Ordem conta com mais de 90 conventos, e há cerca de 120 casas monásticas espalhadas pela Europa e América Latina.

Santa Beatriz da Silva destacou-se pela sua fé inquebrantável, pela sua pureza - que lhe permitiu ser Lírio Alvíssimo no Canteiro da Imaculada - e por todas as suas virtudes - paciência alicerçada na esperança, caridade, simplicidade, humildade, generosidade em oferecer um perdão sincero - indica-nos o caminho mais curto, fácil e seguro para chegar ao Coração de Jesus: Maria Santíssima.

in heroinasdacristandade.blogspot.pt


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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Assunção de Nossa Senhora aos Céus

Nosso Senhor quis subir aos Céus contemplado pelos homens. Mas quis também que a Assunção de Nossa Senhora ao Céu, depois da d'Ele, se desse diante do olhar humano. Por quê?

Era preciso que a Ascensão fosse vista por homens que pudessem dar testemunho desse facto histórico duplo: não só de que Nosso Senhor ressuscitou, mas de que tendo ressuscitado Ele subiu aos Céus.

Subindo ao Céu, Ele abriu o caminho para as incontáveis almas que estavam no Limbo, à espera da Ascensão para poderem subir ao Padre Eterno. Antes de Nosso Senhor Jesus Cristo ninguém podia entrar no Céu. Apenas Anjos estavam lá. Como Redentor, Nosso Senhor abriu a porta dos Céus aos homens. Também era preciso que Ele, que sofreu todas as humilhações, tivesse todas as glorificações.

E glória maior e mais evidente não pode haver do que o subir aos Céus, porque significa ser elevado por cima de todas as coisas da Terra e unir-se com Deus Pai transcendendo este Mundo onde nós estamos para se unir eternamente com Deus no Céu Empíreo.

Jesus Cristo quis que Nossa Senhora tivesse a mesma forma de glória.

Assim como Ela tinha participado como ninguém do mistério da Cruz, que Ela participasse também da glorificação d'Ele. A glorificação d'Ela deu-se sendo levada aos céus. 

Foi uma Assunção e não uma ascensão. A ascensão foi a de Nosso Senhor ao Céu por Sua própria força e poder. A Assunção não é igual. Nossa Senhora não subiu ao Céu por um poder próprio, mas pelo ministério Aos anjos. Ela foi levada aos Céus pelos Anjos. Foi a grande glorificação d'Ela nesta Terra, prelúdio da glorificação d'Ela no Céu.

No momento em que entrou ao Céu, foi coroada como Filha dilecta do Pai Eterno, como Mãe admirável do Verbo Encarnado e como Esposa fidelíssima do Divino Espírito Santo.

A Assunção é um fenómeno gloriosíssimo!

Quando se quer glorificar alguém, põem-se nos seus melhores trajes; em casa exibem-se os melhores objectos, ornamenta-se com flores, tudo aquilo que há de mais nobre é exibido para glorificar a pessoa a quem se quer homenagear. 

Esta regra da ordem natural das coisas é seguida também no Céu. Então é claro que o maior brilho da natureza angélica, o fulgor mais estupendo da glória de Deus deve ter aparecido no momento em que Nossa Senhora subiu ao Céu. 

Muitas vezes na História, a presença dos Anjos faz-se sentir de um modo imponderável, embora não seja uma revelação deles. Mas nesta ocasião, deveriam estar rutilantíssimos, num esplendor invulgar. 

É natural também que o Sol tenha brilhado de um modo magnífico, que o Céu tenha ficado com cores variadas reflectindo a glória de Deus como numa verdadeira sinfonia. 

É natural que as almas das pessoas que estavam na Terra tenham sentido essa glória de um modo extraordinário, a verdadeira manifestação do esplendor de Deus em Nossa Senhora. 

Nenhum dos esplendores da natureza podia comparar-se com o esplendor pessoal de Nossa Senhora que subia ao Céu. À medida que Ela ia subindo, como num verdadeiro monte Tabor, a glória interior d'Ela ia transparecendo aos olhos dos homens. 

O Antigo Testamento diz: Omnis glória eius filia regis ab intus (Ps 44, 10) – Toda a glória da filha do Rei lhe vem de dentro. 

Com certeza essa glória interna manifestou-se do modo mais estupendo quando, já no alto da sua trajetória celeste, Ela olhou uma última vez para os homens, antes de deixar definitivamente este vale de lágrimas e ingressar na glória de Deus.

Foi o acontecimento mais esplendorosamente glorioso da História depois da Ascensão de Nosso Senhor. Comparável apenas com o dia do Juízo Final em que Nosso Senhor Jesus Cristo virá em grande pompa e majestade para julgar os vivos e os mortos. Junto com Ele, toda reluzente da glória d'Ele, aparecerá também Nossa Senhora. 

Devemos considerar a impressão que tiveram os apóstolos e os discípulos quando A viram subir ao Céu. Os Evangelhos narram que o apóstolo São Tomé duvidou da Ressurreição. Por isso foi convidado por Nosso Senhor a meter a mão na chaga sagrada do flanco d'Ele. Ele recebeu a Pentecostes e ficou confirmado em graça e um grande santo. 

Mas conta uma tradição venerável que, porque ele duvidou da Ascensão, na hora da morte e da Assunção de Nossa Senhora ele não estava presente. Quando ele chegou Nossa Senhora já estava a certa distância da Terra. Foi um castigo pungente e merecido por uma culpa tão reparada. Então, conta-se que Ela sorrindo, concedeu uma graça a ele que não concedeu a nenhum outro: 

Ela desatou o seu cinto e de lá de cima fez cair o cinto sobre ele, que ele recebeu – não como um perdão, porque ele já estava perdoado – mas como uma suprema graça, que era uma relíquia caída do alto dos Céus.

Assim faz Nossa Senhora quando tem algo a perdoar a algum filho muito dilecto. As vezes em que pune fá-lo com um sorriso tão bondoso, de um perdão tão completo e de uma graça tão grande que São Tomé poderia mostrar esse presente e dizer: “O felix culpa - Ó culpa feliz! Eu tive a desgraça de duvidar do meu Salvador, mas em compensação tive a felicidade de receber esta relíquia directa e celeste de minha Mãe Santíssima.”

Isto deve-nos encorajar. Não há nenhum de nós que não tenha falhas, não tenha algum perdão a pedir. Nós devemos pedir a Nossa Senhora na festa da Assunção que Ela olhe para nossas falhas, e nos dê um presente.

Se nós chegarmos atrasados, que Ela nos dê o favor especial, particularmente rico e suave, de maneira tal que quando surgirem os acontecimentos anunciados por Nossa Senhora em Fátima nós estejamos prontos. Em Fátima durante no Milagre do Sol, este manifestou-se de um modo esplêndido, num espectáculo de terribilidade.

Na Assunção de Nossa Senhora podemo-nos ir preparando para os grandes momentos previstos em Fátima com a certeza de que Ela nos sorrirá com a maternidade com que tratou São Tomé.

Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 10.VIII.1968


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Proclamação do dogma da Assunção da Virgem Maria

O Papa Pio XII proclamou ex cathedra o dogma da Assunção da Virgem Maria aos Céus em corpo e alma, no dia 1 de Novembro de 1950, com a constituição Apostólica Munificentissimus Deus. Desde aí é uma das solenidades da Igreja Católica e dia santo de guarda.


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domingo, 14 de agosto de 2022

Milagre do Sol em Roma e o Dogma da Assunção de Nossa Senhora

Em 1950, a poucos dias da proclamação do Dogma da Assunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao Céu, Pio XII presenciou, no jardim do Vaticano, o mesmo fenómeno extraordinário que os peregrinos viram em Fátima, a 13 de Outubro de 1917, quando o sol dançou, mudou de cor e se podia olhar directamente sem ferir os olhos. 

Pio XII referiu aos seus colaboradores mais próximos o que tinha visto e o Cardeal Tedeschini contou-o durante uma homilia. Há alguns anos, descobriu-se a folha manuscrita pelo próprio Pio XII com a descrição do que aconteceu. Como costumava fazer, Pio XII escrevia em folhas de rascunho, utilizadas pelo outro lado.

Pelas 4 horas da tarde do dia 30 de Outubro, «quando dava a passeata habitual pelo jardim do Vaticano, lendo e estudando», ao sair da praceta onde está a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, levantou os olhos das folhas que lia. «Assisti a um fenómeno que nunca tinha visto. O sol, que ainda ia bastante alto, parecia um disco amarelado, circundado de uma auréola luminosa», que não feria os olhos. Havia uma pequenina nuvem diante. «O disco opaço movia-se ligeiramente na periferia ora girando, ora inclinando-se para a esquerda ou para a direita. Mas no interior do disco viam-se com toda a clareza uns movimentos fortíssimos, sem interrupção».

Pio XII voltou a assistir a este fenómeno no dia seguinte, 31 de Outubro, e novamente no dia a seguir, 1 de Novembro, no qual definiu, numa sessão solene em S. Pedro, o referido Dogma da Assunção de Nossa Senhora.

Nos dias seguintes, Pio XII tentou voltar a olhar para o Sol, para ver o mesmo fenómeno, mas só voltou a acontecer uma vez, no dia 8 de Novembro. Tentou várias vezes, mas nem sequer conseguia fixar directamente a luz solar sem ficar ofuscado.

O Cardeal Tedeschini, legado pontifício a Fátima, mencionou estes acontecimentos, apesar de o próprio Papa preferir não lhes dar muita publicidade. Pio XII compreendeu que a mensagem era principalmente para ele e não devia transformar-se numa distracção para o anúncio do Evangelho.

Quando teve notícia das aparições de Fátima, Pio XII compreendeu outro pequeno sinal do Céu. É que o Papa da época tinha-o ordenado bispo na capela Sistina, exactamente no 13 de Maio de 1917.

Segundo a «Agência Ecclesia», o Papa Pio XII ter-se-ia encontrado com a Irmã Lúcia e ordenou-lhe que transcrevesse as mensagens recebidas de Nossa Senhora. Não conseguimos confirmar esta notícia, mas é verdade que foi a autoridade eclesiástica que pediu à Irmã Lúcia que escrevesse em pormenor sobre as aparições e foi Pio XII o primeiro Papa que reconheceu a credibilidade das aparições.

José Maria C.S. André


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Aljubarrota, a independência de Portugal e a coragem do Santo Condestável

Neste dia, há 637 anos, os portugueses venceram os castelhanos na Batalha de Aljubarrota

Não desiste o Rei de Castela da conquista de Portugal, e invade-o novamente, procurando cercar Lisboa. Acorre o Condestável, junta suas forças com as de D. João I, e marcham ambos até Aljubarrota, onde esperam os castelhanos. Nuno Álvares manda de novo formar suas tropas em quadrado, e quando nasce o dia 14 de Agosto tudo está pronto. 

O sol refulge nas laminas e nos elmos. Nuno reza com fervor. O Arcebispo de Braga, com as vestes episcopais sobre a cota de armas, e a imagem da Virgem sobre o elmo, percorre as fileiras dando a absolvição e exortando todos a combaterem contra os sequazes do antipapa Clemente VII.

À tarde atacam os espanhóis; são trinta mil contra os sete mil lusos. O embate se dá terrível, rompe-se no começo o quadrado português, mas logo se fecha de novo sobre a cavalaria castelhana, que é acometida por D. João I e seus cavaleiros. O Arcebispo de Braga é ferido. D. Nuno, ileso, está em toda parte onde o perigo é maior. Por fim, vê-se oscilar o pendão de Castela e os portugueses põem-se a bradar: já fogem, já fogem. E, como diz o cronista da batalha: «Os castelãos por não fazer deles mentirosos, começaram cada vez a fugir mais».

É a vitória. O Rei e o Condestável, que estão em jejum por ser a véspera de Nossa Senhora de Agosto — como então se chamava a festa da Assunção — agradecem a Deus a derrota definitiva do invasor.

Em Outubro, D. Nuno invade, por sua vez, terras de Castela, e recebe e aceita um desafio de vários chefes castelhanos. Encontra-os perto de Valverde, onde, como de costume, forma suas forças em quadrado. Desta vez não espera o ataque, mas avança contra os adversários: As hostes destes são tão numerosas, que cercam o quadrado português e este estaca. Ferido no pé por uma flecha, o Condestável continua a lutar nos lugares mais perigosos. 

A batalha parece indecisa por um momento, e alguns cavaleiros procuram, preocupados, o santo capitão. Encontram-no a rezar profundamente. Querem tirá-lo dali, e ele responde: «Ainda não é tempo, aguardai um pouco e terminarei de rezar». E continua imerso na oração, para depois levantar-se e desbaratar os inimigos.

Com esta vitória estava praticamente terminada a luta pela independência de Portugal. A campanha continuou por algum tempo com combates de menor importância.

D. Luís de Orléans e Bragança in Catolicismo n° 121 (Janeiro de 1961)


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