quarta-feira, 29 de junho de 2022

Festa de São Pedro e São Paulo

Hoje é Dia de São Pedro e de São Paulo. É uma festa celebrada pela Igreja em honra do martírio, em Roma, dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.  A celebração tem origem muito antiga e dá-se no dia 29 de Junho pois é a data do aniversário da morte e da transladação das relíquias dos santos.

A solenidade dos apóstolos romanos já era celebrada pela Depositio Martyrum do ano 354, quando São Paulo era festejado no seu túmulo na via Ostiense; e São Pedro na catacumba da via Ápia (porque a Basílica vaticana estava em construção).

No século VII, a solenidade, que no tempo de Santo Ambrósio era repartida nas três estações com uma Missa de vigília, dividiu-se em Roma em dois dias, porque a comemoração de São Paulo fora deslocada para o dia seguinte (30 de Junho). Permanecendo, ainda assim, incluída nas Missas de 29 de Junho. Esta festa dupla difundiu-se tanto no Ocidente como no Oriente.

Segundo o testemunho mais antigo de Tertuliano (século II): Pedro de Betsaida (povoação próxima do lago de Genezaré), cujo nome judaico era Simeão, depois chamado Cefas (pedra), morreu crucificado; e, segundo Orígenes, de cabeça para baixo (conforme o uso romano de crucificar os escravos). As recentes escavações confirmam que o chefe dos apóstolos foi martirizado (cerca do ano 67) na colina do Vaticano, onde foi construída a Basílica constantiniana.

Paulo de Tarso (povoação na Cilícia), cujo nome era Saulo, fariseu convertido (cerca do ano 31/32), depois da segunda prisão em Roma, foi decapitado por volta do ano 67 (como atesta ainda Tertuliano, segundo uma tradição constante). Isto aconteceu na via Ostiense (Ad Aquas Salvias, “Perto das Águas Sálvias”, a 5 km de Roma), não muito distante da grande basílica construída no lugar da primeira transladação (e confiada aos monges já no século VI).

in Pale Ideas


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terça-feira, 28 de junho de 2022

Fátima e a acção libertadora da Confissão

No Jardim das Oliveiras, Jesus fez o exame de consciência da humanidade. Todos os pecados dos homens de todos os tempos, toda a fealdade, a vergonha, os horrores e os sofrimentos, as dores e as tristezas, para pagar pelos crimes da humanidade: este foi o exame de consciência do género humano, sofrido por Jesus com tamanha angústia mortal que o fez suar sangue até banhar-lhe o corpo e a terra.

Contemplando Jesus a suar sangue no Jardim das Oliveiras, deveríamos abrir os nossos olhos para a realidade do pecado, para nos horrorizarmos e chorar lágrimas de sangue, como as que chorava São Francisco de Assis.

Recordemos o clamor materno de Nossa Senhora em Fátima: "Não ofendam mais o Senhor nosso Deus!". O pecado é o sofrimento de Jesus. Os seus tormentos e as suas gotas de sangue são todos os nossos pecados. Se pensássemos seriamente sobre isto, não ficaríamos tão indiferentes nem nos tornaríamos tão facilmente escravos do pecado.

Uma vez, olhando para um crucifixo, a pequena Jacinta de Fátima perguntou a Lúcia:
- Porque é que Nosso Senhor está assim, pregado numa cruz?
- Porque ele morreu por nós.
- Então conta-me como foi.

E Lúcia contou a Jacinta toda a Paixão e Morte de Jesus. “Ao ouvir narrar os sofrimentos do Senhor, a pequenina comoveu-se e chorou... Chorou amargamente e dizia: ‘Pobre Jesus! Eu não vou cometer nenhum pecado! Eu não quero que ele sofra mais!’”.

A dor e o propósito de Jacinta são o fruto de um verdadeiro exame de consciência. A dor sincera leva a não cometer mais pecados para não ferir Jesus e não o fazer sofrer.

Por outro lado, o pecado é também a causa de muitos castigos e problemas que afligem a humanidade. Lembremo-nos do que Jesus disse ao paralítico depois de curá-lo: "Vai e não peques mais, para que não te suceda coisa pior" (Jo 5,14).

Na segunda aparição, Lúcia pediu a Maria pela cura de uma pessoa doente, e Nossa Senhora disse: "Se ela se converter, ficará curada ainda este ano". Faltas e pecados são a causa dos nossos males e castigos. Na terceira aparição, Nossa Senhora também disse: "Se os homens não pararem de ofender a Deus, explodirá uma nova e mais terrível guerra... Deus... punirá o mundo pelos seus crimes com a guerra, com a fome, com a perseguição contra a Igreja e contra o Santo Padre".

Os pecados são a perdição do mundo. Se amamos a humanidade, paremos de pecar. Nós temos que lutar contra todo o pecado, em especial através da penitência, e da penitência sacramental, isto é, a confissão.

A confissão é o sacramento do perdão, que destrói os nossos pecados. Quem odeia o pecado, ama a confissão, porque bem sabe que a confissão apaga a própria sombra do pecado na alma. Mais: sabe que a confissão torna a alma pura e resplandecente e muito querida a Jesus.

Na vida de Santo António de Pádua, lemos que um dia foi até ele um grande pecador que se queria confessar. O arrependimento sincero, no entanto, fazia chorar o pecador tão irrefreavelmente que ele nem sequer podia contar os seus pecados. O santo disse-lhe então: "Veja: vá escrever os seus pecados e volte para os ler". O penitente obedeceu e foi escrever os seus pecados numa folha de papel. Voltou até ao santo, ajoelhou-se aos seus pés e começou a ler a lista de pecados. E qual não foi a sua surpresa ao perceber que, terminada a leitura e recebida a absolvição sacramental, a folha em que tinha escrito os pecados tinha-se tornado toda branca!

Este é o resultado da confissão sincera dos pecados: a alma é lavada pelo Sangue divino de Jesus e fica iluminada pela graça. Por esta razão, São Francisco de Assis confessava-se três vezes por semana, e muitos outros santos se confessavam até diariamente.

Nós, além da confissão no primeiro Sábado de cada mês, não nos devemos esquecer da confissão todas as semanas, de acordo com a mais sadia e sábia norma da verdadeira vida cristã. Sem a confissão frequente, semanal, nunca amadurecerá em nós a dor do pecado e o crescimento do amor puro diante do sofrimento de Jesus e do Coração Imaculado de Maria circundado de espinhos.

Virtudes a praticar: a dor do pecado.

Pe. Stefano Manelli

O Pe. Stefano Manelli, fundador da ordem religiosa dos Frades Franciscanos da Imaculada, é um dos autores católicos que mais livros venderam. Os seus escritos foram impressos em milhões de cópias, e vários foram traduzidos para diversos idiomas. Entre os de maior circulação, "A devoção a Nossa Senhora", "Jesus Eucarístico Amor" e "Maio, Mês de Maria".

in Zenit



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A humildade do Verbo de Deus - Santo Ireneu

O Verbo de Deus se fez homem. O Filho de Deus tornou-se Filho do homem para que o homem, unido ao Verbo de Deus, recebesse a adopção e se tornasse filho de Deus.

Nunca poderíamos obter a incorrupção e a imortalidade a não ser unindo-nos à incorrupção e à imortalidade. Mas como poderíamos realizar esta união sem que antes a incorrupção e a imortalidade se tornassem aquilo que somos, a fim de que o corruptível fosse absorvido pela incorrupção e o mortal pela imortalidade e, deste modo, pudéssemos receber a adopção de filhos?

O Filho de Deus, nosso Senhor, Verbo do Pai, tornou-se Filho do homem. Filho do Homem porque pertencia ao género humano, tendo nascido de Maria, que era filha de pais humanos e ela mesma uma criatura humana.

O próprio Senhor nos deu um sinal que se estende do mais profundo da terra ao mais alto dos céus. Um sinal que não foi pedido pelo homem, pois nem sequer ele poderia pensar que uma virgem, permanecendo virgem, pudesse conceber e dar à luz um filho. Nem mesmo supor que este filho, Deus-connosco, descesse ao mais baixo da terra, em busca da ovelha perdida – que ele próprio criara – e subisse às alturas para oferecer ao Pai aquele mesmo homem que viera encontrar, realizando, deste modo, em si próprio, as primícias de ressurreição do homem. 

De facto, assim como a cabeça ressuscitou dos mortos, assim todo o corpo (dos homens que participam de sua vida, passado o tempo do castigo da desobediência) ressuscitará, unido pelas suas junturas e articulações, firme no crescimento em Deus, possuindo cada membro sua posição adequada. São muitas as mansões na casa do Pai porque muitos são os membros do corpo.

Tendo falhado o homem, Deus foi magnânimo, pois previu a vitória que pelo Verbo lhe seria restituída. Porque a força se perfez na fraqueza, revelou-se então a benignidade de Deus e o seu esplêndido poder.

in Tratado contra as Heresias


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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Fogos do Sagrado Coração no Tirol

Os Fogos do Sagrado Coração de Jesus estão ligados a uma tradição que nasceu em 1796 e ainda hoje, todos os anos, iluminam as montanhas do Trentino em meados de Junho.

Em 1796, Napoleão Bonaparte conduzia a sua campanha em Itália. Tendo derrotado o Reino de Piemonte, o Armistício de Cherasco abriu as portas da Lombardia, na época sob o domínio dos Habsburgos. Depois de Milão, o seguinte objetivo era o Principado de Trento e o condado do Tirol, que também eram possessões dos Habsburgos.

A Dieta do Tirol reuniu-se em Bolzano, de 30 de Maio a 3 de Junho de 1796, para encontrar uma possível solução para uma situação complicada para Trentino. O tiroleses, um exército de camponeses com pouca experiência e ferramentas agrícolas como armas, iria enfrentar o poderoso exército de Napoleão.

A conselho do Abade de Stams, Sebastian Stöckl, imploraram a ajuda de Deus, confiando o Tirol ao Sagrado Coração de Jesus, jurando que todos os anos acenderiam fogueiras em honra do Senhor se Ele os ajudasse naquele momento de grave perigo.

A promessa foi mantida por Andreas Hofer, lembrado como o campeão da liberdade tirolesa, em 1809, quando, tendo vencido a batalha de Berg-Isel contra as tropas franco-bavaras, organizou uma grande festa para agradecer a ajuda divina.

A ignição dos Fogos do Sagrado Coração de Jesus, também conhecido como Herz-Jesu-Feuer, tornou-se numa verdadeira tradição, como se fosse um aniversário religioso.

Todos os anos, no primeiro ou segundo Domingo após a festa de Corpus Domini, em meados de Junho, as montanhas de Trentino acendem-se com fogo em forma de coração ou recriam o sagrado nome de Jesus: INRI ou IHS.

Enquanto isso, as janelas são iluminadas por lanternas e imagens luminosas, alumiando a escuridão da noite.


Flaminia la Malga in Vaghis


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Educação sexual nas escolas: Carta aberta aos pais portugueses

William Coulson é investigador em Etnopsicologia. Durante 17 anos foi consultor para as questões das Dimensões Humanas do Programa de Educação Médica da Universidade de Georgetown, nos EUA. Com doutoramentos em Filosofia e em Aconselhamento Psicológico, Coulson foi investigador associado de Carl Rogers. 

Em conjunto escreveram 17 volumes sobre psicologia e educação humanística. Neste artigo, Coulson conta que as suas teorias e de Rogers ganharam adeptos entre os técnicos de educação da SIECUS, um grupo que desenvolve os currículos de educação sexual enviados às delegações nacionais da IPPF (órgão internacional que reúne as associações de planeamento para a família).

Coulson dedica hoje o seu tempo a falar a católicos e protestantes sobre os efeitos nefastos das suas teorias. Esteve em Portugal em Novembro de 2004, alertando para os materiais 
portugueses de educação sexual  que diz serem baseados nas filosofias que agora rejeita.

O meu nome é William Coulson. Doutorei-me em Psicologia e Filosofia e, nos anos 60 e 70, fui colaborador muito próximo de Carl Rogers, o psicólogo americano de fama mundial. É conhecido que nós os dois coordenámos a edição de uma série de 17 livros promovendo uma nova técnica da psicologia chamada «Clarificação de Valores». O nosso objectivo era aumentar o bem-estar e a auto-estima das crianças, mas o que realmente aconteceu foi algo completamente diferente. A dada altura, desenvolvemos um currículo de educação sexual baseado nos jogos de clarificação de valores, o que incluía actividades em que as crianças eram convidadas a falar abertamente sobre sentimentos e desejos de natureza sexual.

Experimentámos esta nova técnica nas escolas dirigidas pela ordem do Imaculado Coração, na Califórnia. No início da experiência, a ordem tinha 58 escolas e 600 freiras. Em 2002, a BBC exibiu um documentário sobre a nossa experiência e o balanço que fazia era este: «O efeito da experiência foi um verdadeiro cataclismo. Em menos de um ano, 300 freiras - metade do convento - pediram ao Vaticano para serem dispensadas dos seus votos e, seis meses depois, o convento fechou as portas. Tudo o que restou foi um pequeno grupo de freiras… que se tornaram lésbicas radicais».

Se o efeito sobre adultos é este, qualquer pessoa pode imaginar qual o efeito sobre crianças. Eu poderia dar-lhes muitos dados e contar-lhes muitas histórias. A título de exemplo, conto a história da Carolyn (não é o seu verdadeiro nome), uma aluna que no sexto ano seguiu um programa de clarificação de valores. Carolyn aprendeu a tomar decisões autónomas sobre todo o tipo de coisas, incluindo algumas matérias sobre as quais ela não devia sequer pensar e muito menos ter a possibilidade de experimentar. 


Tal como os outros alunos dos programas de clarificação de valores, ela aprendeu a fazer escolhas autónomas e sinceras no seu quadro próprio de valores. Como disse um dos seus colegas no funeral, Carolyn acabou por se convencer que só poderia estar segura de que as suas decisões eram autónomas caso fizesse aquilo que os adultos lhe diziam para não fazer. Acabou por achar que o maior prazer da vida era fazer o que as pessoas proíbem. Como resultado disso, num certo dia de Março, saiu da escola num intervalo com um colega e o seu tio passador de droga. Nas margens de um rio, tomou droga, foi violada e depois lançada ao rio. O corpo da criança encantadora e inteligente (ela era a chefe de turma) só apareceu três semanas depois.

Para nós, desde a experiência nas escolas das freiras, era evidente que a nossa técnica psicológica não era boa nem para as crianças nem para os adultos. Ficou claro que tínhamos desenvolvido um instrumento perigoso para a saúde dos jovens, que em vez de os enriquecer os destruía. Essa não era a nossa intenção, mas foi o que aconteceu. Infelizme
nte, as nossas teorias (ou uma versão delas, ainda mais extrema, promovida por Louis Raths) tornaram-se muito populares entre os técnicos de educação sexual da SIECUS, um grupo americano que desenvolve currículos de educação sexual que depois são espalhados pelo mundo inteiro pelas delegações nacionais de uma organização chamada IPPF.

Em 1983, num dos seus livros, Carl Rogers descreveu as nossas experiências como um «padrão de fracasso». Contudo, depois da sua morte, o editor (que publica livros para professores e alunos de ciências da educação) reeditou o livro removendo todas as referências ao «padrão de fracasso».

Parte deste padrão é o muro de silêncio que se constrói em torno dos seus resultados trágicos. Ainda assim, tanto hoje como então (embora não tão frequentemente quanto deveria), a realidade por vezes vem à tona. Em 1998, o «The New York Times» publicou um artigo intitulado «EUA acordam para uma epidemia de doenças sexuais». Nesse artigo, a dr.ª Judith Wasserheit, especialista em doenças sexualmente transmissíveis (DST) e ex-directora da Divisão de Prevenção de DST do US Center for Disease Control, disse ao «Times» que aquilo que se está a passar nos EUA é um «desastre nacional». Disse ainda que «a maioria dos americanos nem sequer tem consciência de que está perante uma epidemia».

Na realidade, lentamente vai crescendo a consciência relativamente a esse facto. E talvez, bem mais cedo do que podem pensar, os portugueses descubram que algo de semelhante se está a passar com os seus filhos. 

Em Novembro de 2004, estive em Portugal a estudar os materiais de educação sexual enviados para as escolas em 2000. Fiquei aterrado. Talvez não haja em todo o mundo um currículo mais influenciado pelas ideias que eu e Carl Rogers testámos nos anos 60. 

Escrevo, pois, esta carta como um apelo. Eu sei o que vai acontecer às crianças de Portugal caso se apliquem nas escolas actividades baseadas nos jogos de clarificação de valores. Estou certo de que vocês gostam muito dos vossos filhos. Por isso (e se me é permitido falar com emoção): retirem das escolas esse modelo de educação sexual. Amanhã será tarde demais. Eu ajudei a criar o monstro. Por favor, ajudem-me a matá-lo.

William Coulson in Expresso, 28 de Maio de 2005


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domingo, 26 de junho de 2022

Nem os Demónios aguentam o pecado da Sodomia

Segundo revelação de Nosso Senhor a Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, nem os demónios suportam o depravado vício contrário à natureza, de tão hediondo que é:

"Desagrada-me esse último pecado, pois sou a pureza eterna. Esse pecado é-me tão abominável que por sua causa dele fiz desaparecer cinco cidades (cfr. Sab. 10, 6). A minha justiça não consegue mais suportá-lo.

Esse pecado, aliás, não desagrada somente a mim. É insuportável aos próprios demónios, que são tidos como patrões por aqueles infelizes ministros. Os demónios não toleram esse pecado. Não porque desejem a virtude; mas por causa da sua origem angélica recusam-se a ver tão hediondo vício. Eles atiram as flechas envenenadas de concupiscência, mas voltam-se no momento em que o pecado é cometido."

in 'O Diálogo' (Edições Paulinas, 1984, pp. 259-260)


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O que significa o Altar e como deve ser construído?

ALTAR é a mesa sobre a qual se faz o sacrifício da Missa. Pode ser fixo ou portátil. É fixo, se a mesa é uma só pedra, embora o suporte seja de alvenaria; é portátil, se sobre a mesa de alvenaria ou de madeira é colocada uma pedra chamada pedra d’ara, que é consagrada pelo Bispo e contém relíquias dum Santo Mártir numa cavidade coberta e cimentada. 

Para a celebração da Missa o altar há de estar coberto com três toalhas de linho, devendo a toalha superior tocar com as extremidades laterais no chão; há de ter um crucifixo bem visível no meio, com duas velas de cera em castiçais aos lados. Sobre o altar não se deve pôr coisa alguma que não seja precisa para o Sacrifício da Missa, ou que não sirva para ornato do mesmo altar. 

É uso colocar sobre a parte posterior do altar um degrau ou banqueta, na qual se põem os castiçais, o crucifixo e as flores; embora estas sejam permitidas como ornamento, não se deve esquecer que o melhor ornamento do altar é a limpeza, o asseio. 

O altar deve ter um supedâneo, isto é, deve haver junto ao altar um estrado do comprimento do mesmo, e bastante largo para o celebrante da Missa poder fazer a genuflexão sem pôr o pé fora. 

O altar em que se conserva o Santíssimo deve ser o mais ornamentado de todos, para que o mesmo, desta forma, excite a devoção e piedade dos fiéis (C. 1268). Não pode o crucifixo ser colocado diante da porta do sacrário, nem sobre o trono em que se costuma expor o Santíssimo na custódia (S. C. R.). É proibido colocar sobre o altar outro lume que não seja o de cera (S. C. R.)

Com consentimento do Bispo, pode colocar-se a imagem do Coração de Jesus por detrás do sacrário (S. C. R.), mas é preferível que fique ao lado, podendo ser. Sem licença do Bispo, não é permitido colocar de novo, na igreja, quaisquer altares, imagens de Santos, ou transferir de lugar, uns e outros, nem abrir nichos nas paredes, destinados a imagens de Santos (C. P.).

Padre José Lourenço in Dicionário da Doutrina Católica


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sábado, 25 de junho de 2022

Roe vs Wade: quase meio século de uma mentira

No dia 22 de Janeiro de 1973, há 49 anos, fez-se jurisprudência quando o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decidiu que uma mulher tinha direito a abortar apenas e só por sua vontade. O julgamento opôs uma jovem, de seu nome Norma McCorvey, a quem foi dado o pseudónimo Jane Roe, ao Estado do Texas. Norma McCorvey dizia que tinha ficado grávida depois de ter sido violada e exigia o direito a abortar.

O julgamento foi longo e Norma acabou por ter uma filha, que deu para adopção. Depois de vários recursos o Supremo Tribunal decidiu-se pelo direito à privacidade, por conseguinte qualquer mulher poderia abortar sem ter que justificar-se, até à viabilidade do feto, ou seja até conseguir sobreviver fora do ventre materno. Esta decisão alterou todas as leis federais nos Estados Unidos e viria a influenciar a forma como o mundo começou a olhar para o "direito ao aborto".

Em 1987, Norma McConey admitiu que foi persuadida pela sua advogada a dizer que tinha sido violada e que precisava de abortar. Sarah Weddington, a advogada, confirmou que tinha mentido e explicou-se desta forma: "A minha conduta pode não ter sido totalmente ética. Mas eu agi desta forma porque pensei que havia boas razões para o fazer.” Norma McConey percebeu que o aborto implica a morte de uma criança inocente e passou o resto dos seus dias na Terra, até ao dia 18 de Fevereiro de 2017, a lutar contra o aborto.

Nestes 49 anos foram feitos mais de 71 milhões de abortos nos Estados Unidos, o que corresponde mais de 71 milhões de bebés mortos. Tudo com base num julgamento que foi uma mentira. Esta mentira, foi finalmente, revogada pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos a 22 de Junho de 2022, dia do Sagrado Coração de Jesus.

João Silveira


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Nascimento João Baptista descrito maravilhosamente por Santo Agostinho

A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente. Celebramos o de João, celebramos também o de Cristo: isto tem, sem dúvida, uma explicação. E se não a soubermos dar tão bem, como exige a importância desta solenidade, pelo menos meditemos nela mais frutuosa e profundamente. João nasce de uma anciã estéril; Cristo nasce de uma jovem virgem.

O pai de João não acredita que ele possa nascer e fica mudo; Maria acredita, e Cristo é concebido pela fé. Eis o assunto que quisemos meditar e prometemos tratar. E se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande mistério, por falta de aptidão ou de tempo, aquele que fala dentro de vós, mesmo em nossa ausência, vos ensinará melhor. Nele pensais com amor filial, a ele recebestes no coração, dele vos tornastes templos.

João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A lei e os profetas até João Batista (Lucas 16, 16). Ele representa o antigo e anuncia o novo. Porque representa o Antigo Testamento, nasce de pais idosos; porque anuncia o Novo Testamento, é declarado profeta ainda estando nas entranhas da mãe. Na verdade, antes mesmo de nascer, exultou de alegria no ventre materno, à chegada de Maria. Antes de nascer, já é designado; revela-se de quem seria o precursor, antes de ser visto por ele. 

Tudo isto são coisas divinas, que ultrapassam a limitação humana. Por fim, nasce. Recebe o nome e solta-se a língua do pai. Relacionemos o acontecido com o simbolismo de todos estes fatos.

Zacarias emudece e perde a voz até o nascimento de João, o precursor do Senhor; só então recupera a voz. Que significa o silêncio de Zacarias? Não seria o sentido da profecia que, antes da pregação de Cristo, estava, de certo modo, velado, oculto, fechado? Mas com a vinda daquele a quem elas se referiam, tudo se abre e torna-se claro. 

O facto de Zacarias recuperar a voz no nascimento de João tem o mesmo significado que o rasgar-se o véu do templo, quando Cristo morreu na cruz. Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se a língua, porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: “Quem és tu?” (João 1,19). E ele respondeu: “Eu sou a voz do que clama no deserto” (João 1,23). João é a voz; o Senhor, porém, no princípio era a Palavra (João 1,1). João é a voz no tempo; Cristo é, desde o princípio, a Palavra eterna.

Santo Agostinho in Sermão 293, 1


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sexta-feira, 24 de junho de 2022

Consagração do Género Humano ao Sagrado Coração de Jesus

Ó dulcíssimo Jesus, Redentor do género humano, lançai sobre nós, humildemente prostrados na Vossa presença, o Vosso olhar. Nós somos e queremos ser Vossos. E a fim de podermos viver mais intimamente unidos a Vós, cada um de nós se consagra, espontaneamente, neste dia, ao Vosso Sacratíssimo Coração.

Muitos há que nunca Vos conheceram; muitos, desprezando os Vossos mandamentos, Vos renegaram. Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros e trazei-os todos ao Vosso Sagrado Coração.

Senhor, sede Rei não somente dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei que estes retornem quanto antes à casa paterna, para não perecerem de miséria e de fome.

Sede Rei dos que vivem iludidos no erro ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só Pastor.

Senhor, conservai incólume a Vossa Igreja e dai-lhe uma liberdade segura e sem peias; concedei ordem e paz a todos os povos; fazei que de um polo ao outro do mundo ressoe uma só voz: louvado seja o Coração divino que nos trouxe a salvação, honra e glória a Ele por todos os séculos. Amen.

Papa Leão XIII


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Jesus pediu que fosse instituída a Festa do Seu Sagrado Coração

Estando, uma vez, diante do SS. Sacramento, num dia da sua oitava, recebi de Deus graças muito grandes do seu amor, e senti-me impelida do desejo de lhe corresponder de algum modo e de lhe pagar amor com amor; e Ele disse-me: 

«Não me podes corresponder melhor do que fazendo o que já tantas vezes te pedi. Eis aqui este Coração que tanto tem amado aos homens, que a nada se tem poupado até se esgotar e consumir para lhes testemunhar o seu amor; e em reconhecimento não recebo da maior parte deles senão ingratidões por meio das irreverências e sacrilégios, tibiezas e desdéns que usam para comigo neste Sacramento de amor. E o que mais me custa ainda, é serem corações a Mim consagrados os que assim me tratam. 

Por isso peço-te que a primeira Sexta-Feira depois da oitava do Corpo de Deus seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu Coração, comungando nesse dia, e dando-lhe a devida reparação por meio de um acto de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo que esteve exposto sobre os altares. 

E eu te prometo que o meu Coração se dilatará, para derramar com abundância as influências de seu divino amor sobre os que lhe tributarem esta honra, e procurarem que lha tributem.»

in Autobiografia de Santa Margarida-Maria Alacoque


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quarta-feira, 22 de junho de 2022

S. Tomás Moro, um mártir em defesa da Fé e do Casamento

I. No ano de 1534, em Inglaterra, foi exigido a todos os cidadãos que jurassem a Acta de Sucessão, pela qual se reconhecia como verdadeiro casamento a união de Henrique VIII com Ana Bolena. O Rei era proclamado Chefe supremo da Igreja na Inglaterra, negando-se ao Papa qualquer autoridade. João Fisher, bispo de Rochester, e Tomás Moro, Chanceler do Reino, recusaram-se a jurar a Acta, foram feitos prisioneiros em Abril de 1534 e decapitados no ano seguinte.

Num momento em que muitos se dobraram à vontade real, incluídos os bispos, o juramento desses homens teria passado despercebido e eles teriam conservado a vida, os bens e os cargos, como tantos outros. No entanto, ambos foram fiéis à fé até o martírio. Souberam dar a vida porque foram homens que viveram plenamente a sua vocação cristã, até as últimas consequências.

São Tomás Moro (leigo mártir, +1535) é uma figura muito próxima de nós, pois foi um cristão corrente, que soube compaginar bem a sua vocação de pai de família com a profissão de advogado e mais tarde com a responsabilidade de Chanceler do Reino, logo abaixo do Rei, numa perfeita unidade de vida. Desenvolvia-se no mundo como se estivesse na sua própria casa; amava todas as realidades humanas, que constituíam a trama da sua vida, onde Deus o quis. Ao mesmo tempo, viveu um desprendimento dos bens e um amor à Cruz tão grandes que se pode dizer que deles extraiu toda a sua fortaleza e coragem.

Tomás Moro tinha o costume de meditar todas as sextas-feiras nalguma passagem da Paixão de Nosso Senhor. Quando os filhos ou a esposa se queixavam das dificuldades e contrariedades do dia-a-dia, dizia-lhes que não podiam pretender “ir para o Céu num colchão de penas” e recordava-lhes os sofrimentos padecidos por Cristo, e que o servo não é maior do que o seu senhor. Além de aproveitar as contrariedades para identificar-se com a Cruz, More fazia outras penitências. Levava frequentemente à flor da pele, escondida, uma camisa de pêlo áspero. Foi fiel a esta prática durante a prisão na Torre de Londres, apesar de não serem pequeno incómodo o frio, a humidade da cela e as privações de todo o tipo que passou naqueles longos meses. Encontrou na Cruz a sua fortaleza.

Nós, que procuramos seguir Cristo de perto no meio do mundo e dar dEle um testemunho silencioso, encontramos forças e coragem no desprendimento, no sacrifício diário e na oração?

II. Quando Tomás Moro teve que pedir demissão do seu cargo de Lord-Chanceler, por não concordar em jurar a Acta, reuniu os familiares para expor-lhes o futuro que os aguardava e tomar medidas em relação à situação económica. “Vivi – disse-lhes, resumindo a sua carreira – em Oxford, na hospedaria da Chancelaria..., e também na Corte do Rei..., do mais baixo ao mais alto. Actualmente, disponho de pouco mais de cem libras por ano. Se vamos continuar juntos, todos devemos contribuir com a nossa parte; penso que o melhor para nós é não descermos de uma só vez até ao nível mais baixo”. 

E sugere-lhes uma acomodação gradual, recordando-lhes que se podia viver feliz em cada nível. E se nem sequer pudessem sustentar-se no nível mais baixo, aquele que vivera em Oxford, “então – disse-lhes com paz e bom humor – resta-nos a esperança de irmos juntos pedir esmola, com sacolas e bolsas, e confiar em que alguma boa pessoa sinta compaixão de nós [...]; mas mesmo então haveremos de manter-nos juntos, unidos e felizes”.

Nunca permitiu que nada quebrasse a unidade e a paz familiar, nem mesmo quando se ausentava ou quando foi preso. Viveu desprendido dos bens enquanto os teve, e alegre quando deixou de contar com o indispensável. Sempre soube estar à altura das circunstâncias. Sabia como celebrar um acontecimento, mesmo na prisão. Um biógrafo, seu contemporâneo, contou que, estando preso na Torre, costumava vestir-se com mais elegância nos dias de festa importantes, na medida em que o seu escasso vestuário lho permitia. Sempre manteve a alegria e o bom humor, mesmo no momento em que subia ao cadafalso, porque se apoiou firmemente na oração.

“Dai-me, meu bom Senhor, a graça de esforçar-me por conseguir as coisas que te peço na oração”, rezava. Não esperava que Deus fizesse por ele o que, com um pouco de esforço, podia conseguir por si mesmo. Trabalhou com empenho ao longo de toda a vida até chegar a  ser um advogado de prestígio antes de ser nomeado Chanceler, mas nunca esqueceu a necessidade da oração, ainda que muitas vezes não lhe fosse fácil, sobretudo nas circunstâncias tão dramáticas do processo e dos meses de absoluto isolamento na prisão, enquanto esperava o dia da execução. 

Nesses dias derradeiros, escreveu uma longa oração em que, entre muitas piedosas e comovedoras considerações de um homem ciente de que vai morrer, exclamava: “Dai-me, meu Senhor, um desejo ardente de estar convosco, não para evitar as calamidades deste pobre mundo, nem as penas do purgatório ou tampouco as do inferno, nem para alcançar as alegrias do Céu, nem por consideração do meu proveito, mas simplesmente por autêntico amor a Ti”.

São Tomás Moro apresenta-se sempre aos nossos olhos como um homem de oração; assim pôde ser fiel aos seus compromissos como cidadão e como fiel cristão em todas as circunstâncias, em perfeita unidade de vida. Assim devemos ser todos e cada um de nós. “Católico, sem oração?... É como um soldado sem armas”, dizia S. Josemaria Escrivá.

III. Give me Thy Grace, good Lord, to set the world at nought... “Dai-me a vossa graça, meu bom Senhor, para que tenha o mundo em nada, para que a minha mente esteja bem unida a Vós e não dependa das variáveis opiniões alheias [...]; para que pense em Deus com alegria e  implore ternamente a Sua ajuda; para que me apoie na fortaleza de Deus e me esforce ansiosamente por amá-Lo...; para Lhe dar graças sem cessar pelos Seus benefícios; para redimir o tempo que perdi...” Assim escrevia o Santo nas margens do Livro das Horas que tinha na Torre de Londres. Eram os dias em que se consagrava a contemplar a Paixão, preparando assim a sua própria morte em união com Cristo na Cruz.

Mas São Tomás Moro não viveu de olhos postos em Deus somente naqueles momentos supremos. O seu amor a Deus manifestara-se diariamente no seu comportamento em casa, sempre simples e afável, no exercício da advocacia, e por fim no mais alto cargo público da Inglaterra, como Lord-Chanceler. Cumprindo à risca os seus deveres diários, umas vezes importantes, outras menos, santificou-se e ajudou os outros a encontrar a Deus.

Entre os muitos exemplos de um apostolado eficaz que nos deixou, destaca-se o que levou a cabo com o seu genro, que tinha caído na heresia luterana. “Tive paciência com o teu marido – dizia à sua filha Margaret – e argumentei e debati com ele sobre esses pontos da religião. Dei-lhe além disso o meu pobre conselho paterno, mas vejo que de nada serviu para que voltasse novamente ao redil. Por isso, Meg, não tornarei a discutir com ele, mas vou deixá-lo inteiramente nas mãos de Deus, e vou rezar por ele”. As palavras e as orações de Tomás Moro foram eficazes, e o marido da sua filha voltou à plenitude da fé, foi um cristão exemplar e sofreu muito por ter sido consequente com a fé católica.

São Tomás Moro está diante de nós como modelo vivo da nossa conduta de cristãos. É “semente fecunda de paz e de alegria, como o foi a sua passagem pela terra entre a sua família e amigos, no foro, na cátedra, na Corte, nas embaixadas, no Parlamento e no Governo. É também o padroeiro silencioso da Inglaterra, que derramou o seu sangue em defesa da unidade da Igreja e do poder espiritual do Vigário de Cristo. E como o sangue dos cristãos é semente que germina, o de Tomás More vai lentamente penetrando e impregnando as almas dos que dele se aproximam, atraídos pelo seu prestígio, doçura e fortaleza. More será o apóstolo silencioso do retorno à fé de todo um povo” (A. Vázquez de Prada).

Pedimos a João Fisher e a Tomás Moro que saibamos imitá-los na sua coerência cristã para sabermos viver em todas as circunstâncias da nossa vida como o Senhor espera que vivamos, nas coisas grandes e nas pequenas. Pedimos com palavras da liturgia da festa: Senhor, Vós que quisestes que o testemunho do martírio fosse expressão perfeita da fé, concedei-nos, Vos pedimos, que por intercessão de São João Fisher e de São Tomás More, ratifiquemos com uma vida santa a Fé que professamos com os lábios

in Meditação Diária


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Ser turiferário, o sonho de qualquer acólito




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terça-feira, 21 de junho de 2022

Carta de São Luís Gonzaga à sua Mãe antes de morrer

A graça e a consolação do Espírito Santo estejam sempre convosco. A vossa carta encontrou-me ainda vivo na região dos mortos; mas agora espero ir em breve louvar a Deus eternamente na região dos vivos. Pensava mesmo que a esta hora já teria dado esse passo.

Se a caridade, segundo São Paulo, ensina a chorar com os que choram e a alegrar-se com os que estão alegres, muito grande deve ser a alegria de Vossa Senhoria, pela graça que Deus Vos concede na minha pessoa, chamando-me à verdadeira alegria e dando-me a segurança de O não poder perder jamais.

Confesso-vos, ilustríssima Senhora, que me perco e arrebato na contemplação da divina bondade, mar sem praia e sem fundo, que me chama a um descanso eterno por um trabalho tão breve e pequeno; que me convida e chama ao Céu para aí me dar aquele soberano bem que tão negligentemente procurei, e que me promete o fruto daquelas lágrimas que tão parcamente derramei.

Por conseguinte, ilustríssima Senhora, considerai bem e ponde todo o cuidado em não ofender esta bondade de Deus, como certamente aconteceria se viésseis a chorar como morto aquele que vai viver na contemplação de Deus e que maiores serviços vos fará com as suas orações do que nesta terra vos prestava.

A nossa separação será breve; lá no Céu nos tornaremos a ver; lá seremos felizes e viveremos para sempre juntos, porque estaremos unidos ao nosso Redentor, louvando-O com todas as forças da nossa alma e cantando eternamente as suas misericórdias. Se Deus toma novamente o que nos tinha dado, não o faz senão para o colocar em lugar mais seguro e ao abrigo de qualquer perigo, e para nos dar aqueles bens que acima de tudo desejamos. 

Digo tudo isto para que Vós, Senhora minha Mãe, e toda a família, aceiteis a minha morte como um dom precioso da graça. A vossa bênção de mãe me assista e me ajude a alcançar com felicidade o porto dos meus desejos e esperanças. Escrevo-vos com tanto maior prazer quanto é certo que não me resta outra ocasião para vos testemunhar o respeito e o amor filial que vos devo.

Da Carta escrita por São Luís Gonzaga à sua mãe (Acta Sanctorum, Iuni, 5,578 - Séc.XVI)


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São Luís Gonzaga, o mortificado santo da pureza

Filho primogénito de um príncipe da Itália, mas educado santamente, foi baptizado apenas nascido, de maneira que parecia mais ter nascido no Céu do que na Terra. Essa primeira graça guardou-a tão constantemente que se acreditou tivesse sido confirmado. Desde o primeiro uso da razão, ofereceu-se a Deus, e levou uma vida cada vez mais santa. 

Com nove anos, estando em Florença diante do altar da Santa Virgem, que honrava sempre como sua mãe, fez voto de castidade perpétua; e, por uma graça especial de Deus, conservou-a sem necessidade de se defender contra qualquer tentação do espírito ou da carne. Quanto às outras perturbações da alma, reprimiu-as tão fortemente desde a primeira idade, que não se ressentiu nem os seus primeiros movimentos.
 
Guardava tão bem os sentidos, em particular o da vista, que nunca olhou para o rosto da princesa Maria da Áustria, a quem saudou quase todos os dias durante vários anos, como pajem do Príncipe de Espanha. Chamaram-no com justeza homem sem carne ou anjo encarnado. À guarda dos sentidos, juntava as mortificações corporais. Jejuava três vezes por semana, mais frequentemente a pão e água. 

Pode dizer-se que o seu jejum era perpétuo, não passando o alimento de uma onça. Frequentemente, castigava-se até ao sangue três vezes por dia, com cordas e correntes; algumas vezes substituía as cordas por grossas correias e o cilício por esporas de cavaleiros. Tinha um leito macio, mas tornou-o duro colocando pedaços de madeira e isso também com o fito de acordar mais cedo para orar; porque empregava grande parte da noite na contemplação das coisas celestes, vestido somente com uma camisa, de joelhos sobre o pavimento ou prostrado de fraqueza.
 
De dia, ali permanecia três, quatro e cinco horas imóvel, até que tivesse passado ao menos uma sem distracção. O preço dessa constância foi tal estabilidade de espírito na oração que não se afastava jamais de Deus, permanecendo como que em perpétuo êxtase. Para unir-se apenas a Deus, após haver obtido a permissão de seu pai, depois de três anos de solicitações, transmitiu ao irmão o direito ao principado da família e entrou, em Roma, na Sociedade de Jesus, à qual uma voz celeste o havia chamado desde Madrid. 

No noviciado, revelou-se modelo de todas as virtudes. Observava com escrupulosa pontualidade as menores regras, mostrava grande desprezo do mundo e ódio de si mesmo. Mas um amor tão ardente, que o próprio corpo nele se consumia insensivelmente.
 
Abrasado de maravilhosa caridade para com o próximo, servia com amor nos hospitais, e contraiu uma doença contagiosa. Consumindo-se lentamente, emigrou ao Céu, no dia em que havia predicto, vinte e um de Junho de 1591, com a idade de vinte e quatro anos começados, após ter pedido para receber, pela última vez, a disciplina e morrer estendido sobre uma tábua. Bento XIII canonizou-o e deu-o à juventude cristã por patrono e modelo de inocência e castidade. A sua mãe vivia ainda quando foi beatificado, em 1621, e pôde invocá-lo sobre os altares.

Pe. René François Rohrbacher in 'Vidas dos Santos'


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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Início da Procissão de Corpus Christi na paróquia Trinità dei Pellegrini (Roma)



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Mais dois sacerdotes ordenados na Fraternidade Sacerdotal de São Pedro




















Bispo: Mons. Wolfgang Haas
Novos sacerdotes: Padre Daniel Bruckwilder (Alemanha) e Padre Gwilym Evans (País de Gales)

Fotografias: fsspwigratzbad.blogspot.com


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domingo, 19 de junho de 2022

Procissão Corpus Christi em Lyon (França)



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Quais são os 4 pecados que bradam aos Céus?

Os pecados que bradam aos Céus por vingança são: homicídio intencional, sodomia, opressão dos pobres, privar os trabalhadores do seu salário

Esta categoria de quatro pecados graves não é a classe dos pecados mais graves porque nenhum deles se opõe directamente a Deus. Mas são pecados que provocam a ira de Deus, de uma forma que não atribuímos a Sua Divina ira contra muitos outros pecados, e porque a Sagrada Escritura fala deles como uma classe à parte e como um clamor pela vingança de Deus.

Nos quatro pecados acima mencionados, a ofensa é directamente feita contra a natureza e contra os instintos naturais e, assim, contra a ordem que Deus teve tanto cuidado para estabelecer no mundo.

Deste modo, o homicídio intencional é directamente oposto à soberania de Deus, o único mestre da vida. A sodomia é uma perversão do verdadeiro instinto sexual, feito para perpetuar a raça. A opressão dos pobres extingue o arraigado sentimento de piedade no coração humano. Privar os trabalhadores dos seus salários é oposto ao instinto social que salvaguarda a propriedade dos membros do corpo político. 

É óbvio que este pecados levam à destruição da raça humana. Encontram-se claras advertências na Sagrada Escritura que colocam estes quatro pecados numa classe à parte e para serem considerados crimes hediondos. Por exemplo: “a voz do sangue do teu irmão clama por Mim da Terra”; “o clamor de Sodoma e de Gomorra é multiplicado e o pecado deles tornou-se excessivamente grave”; “Eu vi a aflição do meu povo no Egipto e ouvi o choro deles devido ao rigor dos seus exploradores”; “eis que os vossos trabalhadores, que ceifaram os vossos campos e que por fraude lhes foram tirados por vós, clamaram; e o clamor deles foi ouvido pelo Senhor dos Sabbaoth” (Gen. 4, 10; 18, 20; 19, 13; Exod. 3, 7; Deut. 24, 14; Tg. 5,4).

Henry Davis SJ in Moral e Teologia Pastoral


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