sábado, 31 de julho de 2021

Exame dos Pensamentos - Santo Inácio de Loyola

Exame Geral de Consciência para se purificar e para melhor se confessar: Pensamentos. 

Há duas maneiras de merecer no mau pensamento que vem de fora:

A primeira, vem, por exemplo, um pensamento de cometer um pecado mortal. Resisto-lhe prontamente, e fica vencido.
A segunda maneira de merecer é quando me vem aquele mesmo mau pensamento e eu lhe resisto, e torna-me a vir, uma e outra vez, e eu resisto sempre, até que o pensamento se vai vencido. Esta segunda maneira é de mais merecimento que a primeira.

Peca-se venialmente, quando vem o mesmo pensamento de pecar mortalmente, e a pessoa lhe dá atenção, demorando-se um pouco nele, ou recebendo alguma deleitação sensual, ou havendo alguma negligência em rejeitar o tal pensamento.

duas maneiras de pecar mortalmente:

A primeira é quando se dá consentimento ao mau pensamento, para o pôr logo em prática conforme consentiu, ou para o executar se pudesse.
A segunda maneira de pecar mortalmente é quando se põe em acto aquele pecado; e é maior por três razões: a primeira, pelo maior espaço de tempo; a segunda, pela maior intensidade; a terceira, pelo maior dano das duas pessoas.


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Dia de Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas

Santo Inácio foi uma conversão tardia, como acontece hoje a tantas pessoas, mas entregou o resto da sua vida pela Igreja. Podemos ver algumas das exortações que fazia frequentemente aos outros jesuítas nesta carta de 1555:

Parece-me que deveríeis decidir-vos a fazer calmamente o que podeis. Não vos inquieteis com o resto, mas deixai nas mãos da divina Providência o que não podeis cumprir por vós mesmos. São agradáveis a Deus a solicitude e o cuidado que, com razoabilidade, pomos nas tarefas que nos competem, para conseguirmos concretizá-las da melhor maneira. 

Não Lhe são agradáveis a ansiedade e a inquietação do espírito: o Senhor quer que os nossos limites e fraquezas encontrem apoio na sua fortaleza e omnipotência, quer que tenhamos confiança em que a sua bondade suprirá a imperfeição dos nossos meios. 

Os que se ocupam com muitos assuntos, mesmo que o façam com boas intenções, devem resolver-se a fazer apenas o que está ao seu alcance. Se tivermos de deixar de lado certas coisas, há que ter paciência, e não pensar que Deus espera de nós o que não podemos fazer. 

Ele não quer que o homem se atormente com as próprias limitações; não é preciso cansarmo-nos excessivamente. Quando de facto nos esforçámos por dar o melhor de nós, podemos deixar o resto nas mãos daquele que tem o poder de realizar tudo o que quer. 

Que a bondade divina nos comunique sempre a luz da sabedoria, para que possamos ver com clareza e realizar a sua vontade com profunda convicção, em nós e nos outros […], para que das suas mãos aceitemos o que nos envia, considerando o que é de maior importância: a paciência, a humildade, a obediência e a caridade.

Carta de 17/11/1555


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sexta-feira, 30 de julho de 2021

Missa e Memória - Martin Mosebach

Em Traditionis Custodes, o Papa Francisco deu uma ordem. Fá-lo numa altura em que a autoridade papal está a desmantelar-se como nunca antes. A Igreja há muito que avançou para uma fase ingovernável. Mas o papa continua a batalhar. Abandona os seus mais caros princípios – " escuta", "ternura", "misericórdia"  – que  recusam julgar ou dar ordens. O Papa Francisco é agitado por algo que o perturba: a tradição da Igreja.
 
O limitado espaço de respiração que os antecessores do Papa concederam à tradição litúrgica já não é ocupado apenas por nostálgicos senis. A Missa Tradicional Latina também atrai jovens, que descobriram e aprenderam a amar o "tesouro enterrado no campo", como o Papa Bento XVI chamou à antiga liturgia. Aos olhos do Papa Francisco, isto é tão grave que tem de ser suprimido.
 
A veemência da linguagem do motu proprio sugere que esta directiva chegou tarde demais. Os círculos que aderem à tradição litúrgica mudaram, de facto, drasticamente nas últimas décadas. A Missa Tridentina já não é frequentada apenas por aqueles que sentem falta da liturgia da sua infância, mas também por pessoas que descobriram de novo a liturgia e estão fascinadas por ela –  incluindo muitos convertidos, muitos que há muito se encontravam afastados da Igreja. A liturgia é a sua paixão e conhecem-na em todos os seus detalhes. Há muitas vocações sacerdotais entre eles. 

Estes jovens não frequentam apenas os seminários mantidos pelas fraternidades sacerdotais da tradição. Muitos deles seguem a formação habitual para o sacerdócio, e estão no entanto convencidos de que a sua vocação é reforçada precisamente pelo conhecimento do rito tradicional. A curiosidade sobre a suprimida Tradição católica cresceu, apesar de muitos terem retratado esta tradição como obsoleta e sem consistência. Aldous Huxley ilustrou este tipo de assombro no Admirável Mundo Novo, no qual um jovem da elite moderna, sem sentido da história, descobre as riquezas transbordantes da cultura pré-moderna e fica encantado por elas.
 
A intervenção do papa pode impedir o crescimento da recuperação litúrgica da Tradição durante algum tempo. Mas ele só poderá detê-la durante o resto do seu pontificado. Porque este movimento tradicional não é uma moda superficial. Demonstrou nas décadas da sua repressão anterior ao motu proprio Summorum Pontificum de Bento XVI que subsiste  uma devoção séria e entusiástica em relação à inteira plenitude do catolicismo. A proibição do Papa Francisco irá suscitar resistência naqueles que ainda têm as suas vidas pela frente e não permitirão que o seu futuro seja obscurecido por ideologias obsoletas. Não foi bom, mas também não foi sensato, sujeitar a autoridade papal a este teste.
 
O Papa Francisco proíbe as missas no rito antigo em igrejas paroquiais; exige aos padres que obtenham permissão para celebrar a missa antiga ; exige mesmo aos padres que ainda não celebraram no rito antigo que obtenham essa permissão não do seu bispo, mas do Vaticano; e exige um exame de consciência dos participantes na missa antiga. Mas o motu proprio Summorum Pontificum de Bento XVI raciocina num plano totalmente diferente. 

O Papa Bento XVI não "permitiu" a "Missa antiga", e não concedeu qualquer privilégio para a celebrar. Numa palavra, não tomou uma medida disciplinar que um sucessor possa revogar. O que foi novo e surpreendente no Summorum Pontificum foi o facto de declarar que a celebração da Missa antiga não necessita de qualquer permissão. Nunca havia sido proibida porque nunca poderia ser proibida.
 
Poder-se-ia concluir que aqui encontramos um limite fixo e insuperável para a autoridade de um Papa. A Tradição está acima do Papa. A antiga Missa, enraizada nas profundezas do primeiro milénio cristão, está, por princípio, para além da autoridade pontifícia de proibir. Muitas disposições do motu proprio do Papa Bento XVI podem ser postas de lado ou modificadas, mas esta decisão magisterial não pode ser tão facilmente abolida. O Papa Francisco não tenta fazê-lo - ignora-a. Ela ainda se mantém depois de 16 de Julho de 2021, reconhecendo a autoridade da Tradição que todo o padre tem o direito moral de celebrar o rito antigo, nunca proibido.
 
A maioria dos católicos do mundo não se interessará de todo pela Traditionis Custodes. Tendo em conta o pequeno número de comunidades tradicionalistas, a maioria dificilmente compreenderá o que se está a passar. De facto, temos de nos perguntar se o Papa não tinha tarefas mais urgentes  – no meio da crise dos abusos sexuais, dos escândalos financeiros da Igreja, dos movimentos cismáticos como o caminho sinodal alemão, e da situação desesperada dos católicos chineses  –  do que suprimir esta pequena e devota comunidade.
 
Mas os adeptos da Tradição devem conceder isto ao Papa: Ele leva a Missa tradicional, que data pelo menos da época de Gregório Magno, tão a sério como eles. Ele, contudo, julga-a perigosa. Ele escreve que os papas, no passado, criaram repetidas vezes novas liturgias e aboliram as antigas. Mas o oposto é verdade. Em vez disso, o Concílio de Trento prescreveu o antigo missal dos papas romanos – que tinha surgido na Antiguidade tardia –  para uso geral, porque este era o único que não tinha sido desvirtuado pela Reforma.
 
Talvez a Missa não seja o que mais preocupa o Papa. Francisco parece simpatizar com a "hermenêutica da ruptura" – essa escola teológica que afirma que, com o Concílio Vaticano II, a Igreja rompeu com a sua tradição. Se isso for verdade, então, de facto, qualquer celebração da liturgia tradicional deve ser impedida. Enquanto a antiga Missa latina for celebrada em qualquer garagem, a memória dos dois mil anos anteriores não terá sido extinta.
 
Esta memória, contudo, não pode ser erradicada pelo exercício tosco do positivismo jurídico papal. Ela voltará uma e outra vez, e será o critério pelo qual a Igreja do futuro terá de se medir a si própria.

Publicado em: First Things
(Tradução: Maria Armanda de Saint-Maurice)


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quinta-feira, 29 de julho de 2021

Os abusos litúrgicos que a Autoridade da Igreja nunca combateu



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Santo Ambrósio fala sobre Marta e Maria

A virtude não tem apenas um rosto. O exemplo de Marta e de Maria mostram-nos a devoção activa nas obras de uma, e a atenção religiosa do coração à palavra de Deus na outra. Se a tal atenção estiver unida uma fé profunda, ela é preferível às obras: «Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada». 

Esforcemo-nos portanto, também nós, por possuir aquilo que ninguém nos poderá tirar, escutando com ouvido atento e não distraído; porque por vezes acontece que o grão da palavra vinda do céu é tirado, se for semeado à beira do caminho (Lc 8, 5.12).

Anima-te pois pelo desejo de sabedoria, como Maria: essa é uma obra maior, mais perfeita. Que as preocupações com o serviço não te impeçam de acolher a palavra vinda do céu. Não critiques nem tenhas por ociosos os que vires ocupados em adquirir a sabedoria, pois Salomão, esse homem de paz, convidou-a para sua casa para que ficasse com ele (Sb 9,10). 

Não se trata, porém, de reprovar a Marta os seus bons serviços: Maria tem preferência porque escolheu uma parte melhor. Jesus tem múltiplas riquezas, e distribui-as com prodigalidade; a mulher mais sábia reconheceu e escolheu o que é mais importante. 

Também os apóstolos entenderam que era preferível não abandonar a palavra de Deus para servir às mesas (Act 6,2). Mas ambas as coisas são obras de sabedoria: Estêvão foi escolhido como servo, como diácono, e estava cheio de sabedoria (Act 6,5.8). 

Com efeito, o corpo da Igreja é um, e se os seus membros são diversos, têm necessidade uns dos outros: «Não pode o olho dizer à mão: «não tenho necessidade de ti», nem tão-pouco a cabeça dizer aos pés: «não tenho necessidade de vós» (1Cor 12,21). Se alguns membros são mais importantes, os outros são todavia necessários. A sabedoria reside na cabeça; a actividade, nas mãos.

in Comentário ao Evangelho de São Lucas, 7, 85-86; SC 52


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quarta-feira, 28 de julho de 2021

A importância e obrigatoriedade do hábito religioso - Irmã Lúcia

Comentário da Irmã Lúcia à aparição de Nossa Senhora do Carmo no dia 13 de Outubro de 1917, no momento do milagre do Sol:

A aparição de Nossa Senhora do Carmo tem, a meu ver, o significado de uma plena consagração a Deus. Mostrando-Se revestida de um hábito religioso, Ela quis representar todos os outros hábitos pelos quais se distinguem as pessoas inteiramente consagradas a Deus, dos simples cristãos seculares.

Os hábitos são o distintivo de uma consagração, um resguardo do decoro e da modéstia cristã, uma defesa da pessoa consagrada. São para as pessoas consagradas o mesmo que a farda é para os soldados, e os galões para um graduado: distingue-os e mostra o que são e o lugar que ocupam, obrigando-os também a um comportamento digno da respectiva condição. 

Por isso, deixar o hábito religioso é retroceder; é confundir-se com aqueles que não foram chamados nem escolhidos para mais; é despojar-se de uma insígnia que os distingue e eleva; é descer a um nível inferior, para poder viver como aqueles que não são tanto. 

in Irmã Lúcia, Apelos da Mensagem de Fátima


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Comunicado da Una Voce Portugal sobre o último Motu Proprio do Papa Francisco


Comunicado Oficial
UNA VOCE PORTUGAL
 
1. A Una Voce Portugal acolheu com tristeza, no passado dia 16 de julho, Festa de Nossa Senhora do Carmo, o Motu Proprio “Traditionis Custodes”, do Santo Padre, o Papa Francisco. Subscrevemos integralmente o comunicado da Fœderatio Internationalis Una Voce, Federação da qual a Una Voce Portugal é associada[1].

2. A Una Voce Portugal tem desenvolvido um esforço, em particular no último ano, de articulação com os Bispos portugueses no sentido do estabelecimento formal de novos grupos de fiéis ou a consolidação de outros já existentes, em diversas dioceses, para que possam ter acesso pacífico e regular ao usus antiquior do Rito Romano, sempre num espírito filial e de união. Este esforço baseia-se no interesse de muitos fiéis que já haviam manifestado esse ensejo, e tem tido o propósito de formalizar o estabelecimento de novos grupos, seja absolutamente novos, seja além de algum queporventura já exista formalmente.


3. Neste sentido, não ficámos surpreendidos com as novas normas que fazem recair sobre os Bispos responsabilidades acrescidas. Com efeito, na prática é o que já estava a acontecer em Portugal, uma vez que, nos últimos tempos, com alguma eventual excepção, nunca houve verdadeira aplicação prática das normas que se encontravam vertidas no Motu Proprio “Summorum Pontificum”, do Papa Bento XVI, que eram particularmente respeitadoras tanto da capacidade de discernimento in loco dos párocos como dos direitos dos fiéis, tal como se encontram recebidos no Código de Direito Canónico vigente, nomeadamente no cânone 214.


4. Por este motivo, lamentamos que o ensejo pela aplicação estrita do mais recente Motu Proprio não se houvesse já verificado aquando e após a publicação do Motu Proprio “Summorum Pontificum”, desatendido e desobedecido de forma continuada e ostensiva ao longo dos últimos 14 anos, em tantas paróquias e dioceses e, em Portugal, na maioria delas, sempre que a solicitação era legitimamente apresentada pelos leigos ou por quem os representasse, mesmo que todos os requisitos da lei papal e universal se encontrassem preenchidos.


5. Rejeitamos terminantemente a acusação relativa a uma eventual rejeição ou negação do Concílio Vaticano II e seus documentos. Recordamos, aliás, que a Una Voce é uma associação de fiéis leigos que, vivendo no seu tempo, mantêmsempre o propósito de estar unidos à Santa Madre Igreja e ao seu Magistério. Neste sentido, importa também recordar o que diz a constituição conciliar “Sacrosanctum Concilium” sobre a sagrada liturgia, por exemplo, em relação ao uso do latim e  do Gregoriano nos sacros ritos[2].

6. Não existe unidade sem verdade, e, na Igreja, a unidade só pode assentar nela, segundo a Fé católica integral e o respeito pela tradição. Fora da verdade, não existe obediência capaz de vincular. A única possibilidade que resta é a da resistência, defendendo a verdade através da acção litúrgica, e não abdicando de uma liturgia que a tradição confirmou e em nada faz decrescer a completa e reverente expressão e transmissão da verdade da fé. Da mesma forma que Roma falou duas vezes, nada impede que, no futuro, fale uma terceira. A Missa tradicional - cuja antiguidade imemorial está mais que provada - permanecerá,nunc et semper!Foi essa mesma antiguidade que São Pio V conseguiu compreender, detectando-lhe a catolicidade da tradição em que assentava, e por isso respeitando até ritos mais recentes, desde que perdurassem há mais de 200 anos. Ao contrário de nós, Deus não envelhece e não abandona nem a sua obra, nem quem Lhe presta preito de louvor em “odor de suavidade”, segundo a tradição da Igreja, sem nada que se lhe aponte de desrespeito do sagrado, da fé e do reverente culto devido a Deus.


7. Consideramos alarmante e ficamos apreensivos com a atitude de culpabilização e descrédito movida contra os fiéis católicos que amam a liturgia antiga, alegando que forçaram o Papa a tomar estas medidas. Sendo a união o objectivo, é estranho que as medidas aplicadas sejam de exclusão e de fomento de divisão.


8. A Una Voce Portugal não deixa de se regozijar com muitas notícias que tem recebido, de todo o mundo, sobre a continuação da celebração da Missa tradicional em paróquias, apostolados e locais de culto de inúmeras dioceses e sobre tantos Bispos que mostraram uma atitude de verdadeira unidade, acolhendo paternalmente os fiéis na sua diversidade, por contraste a tantos que, noutras dioceses, se vêem relegados a uma inflexível e irracionalmarginalização. Da mesma forma, alegramo-nos com as notícias do aumento do número de fiéis na assistência a essas mesmas Missas. Não deixamos de lamentar, é claro, as notícias também chegadas sobre proibições de Missas em algumas partes do mundo e as consequências que isso trará a tantas almas.


9. A Una Voce Portugal não esquece todos os sacerdotes, seminaristas e consagrados que dependem dos institutos e sociedades tradicionais e que agora podem estar apreensivos sobre o seu futuro, ao verem comprometido o futuro de tantas iniciativas em torno da Missa segundo o usus antiquior, apesar de as mesmas estarem claramente a contribuir grandemente para a “nova evangelização”, a apreensão de quantos têm no coração o zelo pelas almas e que vêem tristemente cerceado um instrumento de verdade, louvor, fiel e profunda espiritualidade e beleza que tão grandes resultados tem trazido para as almas. Referimo-nosnomeadamente à Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, ao Instituto Cristo-Rei Sumo Sacerdote e ao Instituto do Bom Pastor, os quais contam já com tantos seminaristas portugueses: a todos eles manifestamos e sublinhamos publicamente todo o nosso apoio e a garantia de que poderão sempre contar com aUna Voce Portugal.


10. Não esquecemos também todos os sacerdotes e seminaristas diocesanos que celebram, estão a aprender ou desejam aprender a celebrar no usus antiquior; animamos a todos a perseverarem nos seus esforços e no apostolado que fazem, que será sempre frutífero. Estamos sempre disponíveis para ajudar em tudo o que pudermos ser úteis.


11. A Una Voce Portugal compromete-se, por último, a ser incansável na defesa e promoção da Tradição da Santa Igreja Católica e dos Seus ritos e liturgia em Portugal e da liberdade que assiste a todos os fiéis de se unirem para viver deste modo a sua Fé, apoiando as paróquias e grupos que já existem, bem como todos os demais que se queiram constituir, e assim prosseguindo aqueles que são os objectivos da Federação Internacional Una Voce desde a sua constituição formal, em 1967.

                              “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.”

UNA VOCE PORTUGAL
www.unavoce.pt

[1] Publicado no dia 19 de Julho, disponível em: http://www.fiuv.org/2021/07/oficial-statement-of-fderatio.html
[2]Cfr. ponto 36. § 1.” Deve conservar-se o uso do latim nos ritos latinos, salvo o direito particular” e ponto 116 “A Igreja reconhece como canto próprio da liturgia romana o canto gregoriano; terá este, por isso, na acção litúrgica, em igualdade de circunstâncias, o primeiro lugar”.



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terça-feira, 27 de julho de 2021

Nesta cidade não há divórcios, por que será?

A cidade de Siroki Brijeg (na Bósnia e Herzegovina), tem uma maravilhosa particularidade: ninguém se lembra que tenha existido um só divórcio, entre os seus milhares de habitantes, nem alguma família que tenha deixado a Fé católica. A população é quase toda composta por croatas, que são católicos fervorosos.

O segredo é simples: os habitantes croatas têm mantido a sua fé católica, suportando por causa disso a perseguição dos turcos durante séculos, e depois dos comunistas. A sua Fé está fortemente arraigada no conhecimento do poder salvador da Cruz de Jesus Cristo.

Esse povo possui uma grande sabedoria, que vem sabendo aplicar ao Matrimónio e à Família. Eles sabem de que o Matrimónio está indissoluvelmente ligado à Cruz de Cristo. O sacerdote diz-lhes: “Encontraste a tua cruz. É uma cruz para amar, levá-la contigo, uma cruz que não se tira, mas que se guarda, enterra-se na tua alma”. Quando um casal se prepara para contrair Matrimónio, não lhes dizem que encontraram a “pessoa perfeita”. Não! A Cruz representa o Amor Maior e o Crucifixo é o tesouro da casa. Quando os noivos vão à Igreja, levam o Crucifixo com eles. O sacerdote benze o Crucifixo.

Quando chega o momento de afirmar os seus votos, a noiva põe a sua mão direita sobre o crucifixo e o noivo põe a sua mão sobre a dela, de maneira que as duas mãos estão unidas à cruz. O sacerdote cobre as mãos deles com a sua estola, enquanto proclamam as suas promessas segundo o rito da Igreja: de serem fiéis um ao outro, nas alegrias e nas penas, na saúde e na enfermidade, até a morte.

Depois, os noivos não se beijam, mas ambos beijam a cruz. Se um dos dois abandona o outro, abandona a Cristo na Cruz. Depois da cerimónia, os recém-casados levam o crucifixo para casa, onde é posto num lugar de honra. Será para sempre o ponto de referência e o lugar de oração familiar.

Em tempo de dificuldades não vão ao advogado, nem ao psiquiatra, mas vão juntos diante da cruz em busca da ajuda de Jesus. Chorarão e abrirão os seus corações, pedindo perdão ao Senhor e um ao outro. E irão dormir em paz porque no seu coração receberam o consolo e o perdão do Único que tem o poder para salvar.

Ensinarão os filhos a beijar a cruz cada dia, e a não irem dormir como os pagãos sem dar graças primeiro a Jesus. Sabem que Jesus os tem nos Seus braços e não há nada a temer.

in catholic.net


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Maria ganhou por humildade o que Lúcifer perdeu por orgulho

O que Lúcifer perdeu por orgulho, ganhou-o Maria pela sua humildade; o que Eva condenou e perdeu pela desobediência, salvou-o Maria obedecendo. Eva, ao obedecer à serpente, perdeu consigo todos os seus filhos e entregou-os ao demónio. Maria, tendo sido perfeitamente fiel a Deus, salvou juntamente consigo todos os Seus filhos e servos, e consagrou-os à Divina Majestade.

São Luís Maria Grignion de Monfort in 'Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem'


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segunda-feira, 26 de julho de 2021

Uma Missa ecuménica? O Concílio Vaticano II, uma história nunca escrita

Quando, a 5 de Novembro [ndr: na primeira sessão do Concílio], foram retomados os debates conciliares, um dos vinte e quatro oradores que tomaram a palavra foi Mons. Duschak[1], bispo titular de Abida e vigário apostólico de Calapan, nas Filipinas, mas alemão de nascimento, que defendeu a necessidade de uma “Missa ecumênica” decalcada na Última Ceia[2].

Cristo celebrou a primeira Missa diante dos Apóstolos — voltado para o povo, seguindo o costume então vigente durante as ceias. Cristo  falou em voz alta, de maneira que todos, por assim dizer, ouvissem o Cânone desta primeira Missa. Cristo serviu-se da língua falada, para que todos O compreendessem sem qualquer dificuldade, a Ele e às palavras que disse. Nas palavras “fazei isto”, de acordo com o seu significado completo, parece estar contido o preceito de celebrar a Missa como uma ceia, de frente, ou pelo menos em voz alta, e numa língua que os comensais compreendam.”

Mons. Duschak convidava pois: a uma colaboração entre os especialistas de todos os ritos e das Igrejas que conservam a fé na eucaristia; para se compor uma Missa que se possa chamar verdadeiramente ecumênica ou “Missa do mundo”, e com ela a tão desejada unidade, pelo menos na memória eucarística do Senhor. O povo de Deus gozaria assim da participação perfeita e íntima de que gozaram os Apostolos na Última Ceia.”[3]

À tarde, Mons. Duschak explicou a sua intervenção aos jornalistas, salientando que a sua ideia consistia em “introduzir uma Missa ecumênica, despojada, na medida do possível, das superestruturas históricas, baseadas na essência do Santo Sacrifício e firmemente radicada na Sagrada Escritura”[4]. 

O Prelado chegava ao ponto de pretender alterar as palavras tradicionais do Cânone: “Se os homens dos séculos passados puderam escolher e inventar os ritos da Missa, por que não pode o maior de todos os concílios  fazer a mesma coisa? Por que não havemos de decretar a elaboração de uma fórmula da Missa, adaptada ao homem moderno, para corresponder, com toda a reverência, aos desejos deste?”[5] Toda a Missa, insistia Duschak, devia ser celebrada em voz alta, em língua vernácula, e voltada para o povo. Estas propostas, que na altura pareceram radicais, seriam postas em prática ainda antes do encerramento do Concílio.

Mas as réplicas não faltaram. Ao Cardeal Döpfner, que tinha afirmado que era necessário introduzir as línguas vernáculas também porque os candidatos ao sacerdócio, formados nas escolas públicas, já não sabiam latim, respondeu Mons. Carli salientando que os referidos candidatos também não conheciam a filosofia e a teologia cristã e ninguém se lembrava de os ordenar antes de terem completado os seus estudos nestas matérias[6].

Estava-se em presença de um confronto entre a Cúria Romana e algumas conferências episcopais, sobretudo a francesa e a alemã, apoiadas por determinados bispos dos países do Terceiro Mundo, como Mons.D’Souza que, nas suas intervenções de 27 de Outubro e 7 de Novembro de 1962[7], solicitou que se atribuísse às conferências episcopais o direito de escolherem a língua em que queriam fazer o rito, mas também o direito “de adaptarem a liturgia dos Sacramentos”[8]; e Mons. Bekkers[9], que afirmou que apenas “o núcleo sacramental fundamental de todos os sacramentos” tinha de ser “universal”, “mas que, para uma celebração mais evoluída e mais ampla deste núcleo sacramental, seja concedida uma amplíssima liberdade, de cujos limites apenas a conferência de bispos de cada povo pode julgar adequada, contanto que os actos sejam aprovados pela Santa Sé”[10].

Para o partido anti-romano, o latim era o instrumento de que a Cúria se servia para exercer o seu poder. Enquanto o latim fosse a única língua da Igreja, Roma teria competência para controlar e verificar os ritos; se, porém, se introduzissem na liturgia centenas de línguas e costumes e línguas locais, a Cúria perderia automaticamente as suas prerrogativas e as conferências episcopais passariam a ser os juízes desta matéria. “Era precisamente neste ponto que insistia a maioria que começava a perfilar-se, e que pretendia que as conferências episcopais fossem autorizadas a tomar determinadas decisões importantes em matéria de usos litúrgicos”, sublinha Wiltgen[11].

A aliança progressista recebeu na aula o apoio de um numeroso grupo de bispos da América Latina, chefiados pelo Cardeal Silva Henriquez, arcebispo de Santiago do Chile; estes Padres, recorda ainda Wiltgen, manifestavam o seu reconhecimento pelas importantes ajudas financeiras que tinham recebido durante os últimos anos do Cardeal Frings de Colónia, através das Associações Misereor e Adveniat: “Um número significativo daqueles aproveitaram a ocasião do Concílio para fazer uma visita ao Cardeal Frings, e agradecer-lhe pessoalmente, vieram a encontrar-se envolvidos na aliança.”[12]

Roberto de Mattei in O Concílio Vaticano II – Uma história nunca escrita (Ed. Caminhos Romanos, 2012, p. 214-216)

[1] Wilhelm Josef Duschak (1903-1997), alemão, da Sociedade do Verbo Divino, ordenado em 1930, bispo de Abida (1951) e vigário apostólico em Calapan (Filipinas) entre 1951 e 1973.
[2] AS, I/1, pp. 109-112.
[3] Ibid, pp. 111-112.
[4] WILTGEN, P. 37.
[5] Ibid, p. 38.
[6]  AS, I/2, PP. 398-399.
[7] AS I/2, pp. 497-499 e AS, I/2, pp. 317-319.
[8] AS I/2, p. 318. “Seria óptimo que o poder se alargasse a todo o rito e ao uso da língua falada. É isto que esperamos do Concílio porque é realmente necessário a sua actuação” (ibid.).
[9] Wilhelm Marinus Bekkers (1908-1966), holandês, ordenado em 1933, bispo coadjutor em 1956 e depois bispo de Bois-le-Duc até a morte. O seu funeral foi uma espécie de manifestação pública da corrente ultraprogressista holandesa (Actes et Acteurs, p. 372).
[10] AS I/1, pp. 313-314.
[11] WILTGEN, p. 42.
[12] Ibid., p. 53


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domingo, 25 de julho de 2021

O valor da Santa Missa



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Santiago Matamouros, modelo dos hérois cruzados

As proporções que a devoção a Santiago de Compostela tomou em toda a Espanha medieval apenas podem ser entendidas no contexto da invasão muçulmana. 

Tudo começou pelo ano de 813, quanto um eremita de nome Pelayo acompanhado por alguns pastores, se deparou com uma estranha luminosidade que se espalhava sobre um pequeno bosque nas proximidades de um monte do interior da Galiza chamado Libredón. A paisagem, em certos momentos, ficava tão clara que parecia um campo estrelado (Campus Stellae = Compostela).

Teodomiro, o Bispo local, informado do estranho fenómeno, soube que a luz focara no chão uma antiga arca de mármore. Ela conteria os restos humanos atribuídos ao Apostolo Santiago (isto é, São Iago, São Jacó, o filho de Zebedeu, irmão de João Evangelista).

Uma história antiga que corria de boca em boca entre os cristãos ibéricos dizia que o Apóstolo andara, séculos antes, em missão pela Espanha determinado a evangelizá-la. Mas tendo voltado à Palestina foi decapitado pelo rei Herodes Agripa, no ano 44.

O corpo dele, acomodado num sepulcro de mármore, foi subido a bordo de um barco no porto de Jaffa e lançado ao mar. Sem tripulação, sem leme nem nada, movida apenas pelo vento, a nau teria aportado nas costas da Galiza, região da Espanha que os romanos chamavam então de Finis Mundi.

A arca foi colhida na praia e foi enterrada num “compostum”, quer dizer um cemitério romano-galego daquele tempo. Durante os séculos seguintes, ninguém tomou conhecimento dela, até que começaram a ocorrer aquelas iluminações esplêndidas que o bispo Teodomiro consagrou.

Santiago Matamouros

O sensacional e miraculoso achado, que logo atraiu o rei astur-leonês Afonso, o casto (789-842) e a sua corte para lá, fez com que lá fixassem a pedra da primeira igreja dedicada ao Apóstolo.

Não demorou para a boa-nova, comunicada por Afonso ao próprio Carlos Magno, circulasse como um raio pelo Império do Ocidente, abrindo caminho para que se dessem os milagres. As peregrinações não mais cessaram, e num curto espaço de tempo, o santuário de Compostela adquiriu a mesma importância para os cristãos das romarias dirigidas à Roma.

Na batalha de Clavijo, em 834, o rei Ramiro I, de Aragão, no momento mais difícil do combate, viu-se ajudado por um desconhecido ginete montado num cavalo branco que dava espadagadas na mourama.

Sentiu que tinha a seu lado o Apóstolo, desde então transformado em Santiago Matamouros, aparição fundamental na vitória contra o emir Abderraban II. Outras dessas repentinas acções milagrosas do santo ocorreram na longa batalha movida pelos reis espanhóis contra o Califado de Córdoba ou contra os ditos reinos dos Taifas, que mais tarde o sucederam.

Percebendo a importância simbólica do sepulcro de Compostela para o ânimo dos cristãos, Almanzor (El-Mansur), o Seyd, ministro do califa de Córdoba, realizou no ano de 997 uma irrupção relâmpago na região da Galícia. Não só saqueou e destruiu o santuário com a primeira basílica, como levou consigo o sino e as portas dela, transportadas até Córdoba no sul, aos ombros de cristãos escravizados.

São Fernando III, rei de Castela, quando recuperou Sevilha, obrigou os mouros a fazerem o caminho inverso carregando os mesmos sinos e portas. O santo tornou-se o maior ícone dos cristãos na sua oposição desesperada à presença dos adeptos de Maomé na Espanha.

O seu sepulcro se tornou factor de atracção permanente para os peregrinos vindos de todos os lugares da Europa, percorrendo os Caminhos de Santiago. Para lhes dar protecção surgiram duas ordens militares: a de Calatrava (1158) e a de Santiago (1173).

O êxito da campanha da Reconquista, que culminou bem mais tarde com a ocupação do Reino Nasarí de Granada em 1492, foi largamente atribuído pelos cristãos aos feitos impressionantes, assombrosos, de Santiago Matamouros.

Este, por sua vez, desde a aparição em Cravijos, foi promovido por Ramiro I a protector oficial da luta contra os mouros, a quem toda Espanha devia obrigações:

“... ordenamos e fizemos voto que se há de guardar por todas as partes da Espanha, para que Deus conceda livrar-nos dos sarracenos pela intercessão do Apóstolo Santiago, o pagamento perpetuo todo ano, a maneira de primícias sobre cada jeira de terra uma medida da melhor colheita, o mesmo de vinho, para a manutenção dos padres que residem na igreja do bem aventurado Santiago e para os ministros da mesma igreja...”

Luis Dufaur in heroismedievais.blogspot.com

Referências bibliográficas

Braunschvig, Marcel - Notre Littérature étudiée dans les textes, Paris, Librairie Armand Colin, 1948
Brissaud, Alain - Islão e Cristandade, Lisboa, Pluma Editora, 1993
Dozy, R.-P. - Historia de los musulmanes de España, - 2 v., Barcelona, Editorial Iberia, 1954.
Köhler, Erich - L´aventure chevaleresque: ideál et réalité dans les romans courtois, Paris, Éditions Gallimard, 1956
Nájera, Rúben E. - La invención de Rolán - in CABALLERIAS Y MORERIAS:
Oliveira Martins- História da Civilização Ibérica, Lisboa, Guimarães & c. Editores, 1972


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sábado, 24 de julho de 2021

Grandeza do verdadeiro Cristão resumida em poema

Ter o olhar voltado para as claras estrelas
Não temer as duras batalhas, mas querê-las.

Águia fitando o sol, viver para as alturas,
desprezando as coisas baixas, vis e obscuras.

Amar só os horizontes vastos e azuis.
Odiar os negros charcos e os mortos pauis.

Ter a alma sem medo, covardias, tremores,
valente e forte como o rufar dos tambores.

Ter na alma claras notas de clarins de prata,
e nos lábios um canto ardente que arrebata.

Ser impelido pelos ventos da epopeia,
longe das calmarias podres de vida ateia.

Entre nuvens de fumo, de ódio e de poeira,
ousada e desafiante, desfraldar bandeira.

Qual falcão atacar, desprezando o perigo,
tendo olhos só para Deus e para o inimigo.

Não temer jamais nem as armas, nem as vaias,
nem o combate franco, nem as vis tocaias.

E, não fugindo nem da arena, nem do sorriso,
ver, na morte e cruz, as portas do Paraíso.

Jamais calcular o número do inimigo.
Mas contar só com Deus, com Santiago e consigo.

Por justo combater, mesmo que solitário,
sem ver o número, enfrentar o adversário.

Viver abrasado de amor pela verdade,
encantado pela beleza e poesia,
mantendo no coração a fidelidade
aos ecos longínquos de uma canção bravia.

Escutar, escutar sempre os clarins de glória,
chamando ao combate, proclamando a vitória.

Amar a solidão do deserto ou do mar
ser fiel até a morte e jamais capitular.

Não temer ser desprezado e tido por nada,
não querer senão o triunfo da cruzada.

Ter uma alma agressiva que não retroceda.

Não ter no coração nem baixeza, nem lama,
mas de heroísmo, ser ardente labareda,
ser da verdade arauto, da pureza, chama.

Viver sempre enamorado pela proeza,
a alma sempre firme ancorada na certeza
sedenta de Deus, de infinito e de grandeza.

Orlando Fedeli (São Paulo, 1975)


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Jovens de todo o Mundo juntos em defesa da Missa Tradicional

Jovens da Alemanha, Áustria, Suíça, Itália, França, EUA, Nigéria, Austrália, Sri Lanka e outros países acabam de dirigir um apelo ao Papa e aos bispos para que não restrinjam a Missa Tradicional que eles tanto amam.

Vídeo: Young Catholics for Holy Mass
Legendas: Centro Dom Bosco


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sexta-feira, 23 de julho de 2021

A Cruz é o triunfo do bem sobre o mal

Muitos poderiam ser tentados a interrogar-se por que motivo nós, cristãos, celebramos um instrumento de tortura, um sinal de sofrimento, de derrota e de falência. É verdade que a cruz exprime todos estes significados. 

Todavia, por causa daquele que foi elevado sobre a cruz para a nossa salvação, ela representa o triunfo definitivo do amor de Deus sobre todos os males do mundo.

Papa Bento XVI, homilia na Igreja da Santa Cruz em Nicosia (5/VI/2010)


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quarta-feira, 21 de julho de 2021

Cardeal Ratzinger criticou com veemência a Reforma Litúrgica

Mons. Klaus Gamber foi um liturgista bastante considerado na Igreja. Há 2 anos, o Vatican News publicou um texto a elogiar a obra desse autor, que tinha morrido 20 anos antes. 

Em 1983 escreveu um livro intitulado 'A Reforma da Liturgia Romana'. Nessa obra, Mons. Gamber examina a História do Rito Romano e o Reforma Litúrgica de 1970. Segundo o autor, o novo Missal não corresponde ao Rito Romano mas a um rito diferente, promulgado pelo Papa Paulo VI. O prefácio desse livro foi escrito pelo Cardeal Ratzinger, que nele disse:

O que aconteceu depois do Concílio foi algo totalmente diferente: em vez da liturgia, como fruto do desenvolvimento, veio a liturgia fabricada. Abandonámos o processo orgânico e vivo de crescimento e desenvolvimento ao longo dos séculos e substituímo-lo - como acontece num processo de produção - por uma fabricação, um produto banal. 

Gamber, com a vigilância de um verdadeiro profeta e a coragem de uma verdadeira testemunha, opôs-se a esta falsificação e, infatigavelmente, ensinou-nos sobre a plenitude viva de uma verdadeira liturgia. 

O que é que este verdadeiro profeta tem a dizer sobre uma reforma que é, na realidade, uma revolução contínua? 

Os benefícios pastorais que tantos idealistas esperavam que a nova liturgia trouxesse não se materializaram. As nossas igrejas esvaziaram-se apesar da nova liturgia (ou por causa dela?), e os fiéis continuaram a afastar-se da Igreja em massa. 

No final, todos teremos que reconhecer que as novas formas litúrgicas, bem intencionadas que tenham sido no início no início, não forneceram ao povo pão, mas pedras.

O livro pode ser lido em português aqui: A Reforma da Liturgia Romana


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terça-feira, 20 de julho de 2021

Na autobiografia o Papa Bento XVI lamenta a "proibição" da Missa Antiga

O segundo grande acontecimento que ocorreu no começo dos meus anos de Ratisbona foi a publicação do "Missal", de Paulo VI, com a proibição quase total do "Missal" anterior, após uma fase de transição de cerca de seis meses. O facto de, após um período de experiências, que amiúde desfiguraram por completo a liturgia, se passar a ter um texto litúrgico vinculativo, era de saudar como algo seguramente positivo. 

Mas fiquei estupefacto com a proibição do "Missal" antigo, dado que nunca na história da liturgia se verificara uma situação semelhante. Quis-se passar a ideia de que era uma coisa normal. O "Missal" anterior tinha sido publicado por Pio V em 1570, na sequência do Concílio de Trento; era portanto normal que, passados quatrocentos anos e um novo Concílio, um novo papa publicasse um novo "Missal". 

Mas a verdade histórica é outra. Pio V limitara-se a reelaborar o "Missal" romano que se utilizava na época, coisa que aliás sempre acontecera ao longo dos séculos. Por seu lado, muitos dos seus sucessores reelaboraram ulteriormente este "Missal", sem nunca, porém, contraporem um "Missal" ao outro. Tratou-se sempre de um processo contínuo de crescimento e de purificação, em que, no entanto, a continuidade nunca era posta em causa. Um "Missal" de Pio V que tenha sido criado por ele, simplesmente nunca existiu. 

O que existe é a reelaboração que ele mandou fazer, como fase de um longo processo de crescimento histórico. A novidade, após o Concílio de Trento, foi de outra natureza: a invasão súbita da reforma protestante fizera-se sentir sobretudo na modalidade das reformas litúrgicas. Não havia simplesmente uma Igreja católica e uma Igreja protestante, postas uma ao lado da outra, a divisão da Igreja ocorreu quase imperceptivelmente e teve a sua manifestação mais visível e historicamente mais incisiva nas mudanças ao nível da liturgia. 

Estas mudanças resultaram de tal maneira diversificadas ao nível local, que o limite entre o que era e não era católico se tornou, amiúde, bem difícil de definir. Esta situação de confusão, criada pela ausência de uma normativa litúrgica unitária e pelo pluralismo litúrgico herdado da Idade Média, fez com que Pio V decidisse que o "Missale Romanum", o texto da liturgia da cidade de Roma, por ser seguramente católico, devia ser introduzido em todo o lado onde não houvesse uma liturgia com, pelo menos, duzentos anos de existência. Onde este critério se verificava, podia manter-se a liturgia anterior, dado que o seu carácter católico era considerado seguro. Não se pode, por isso, falar de uma proibição relativa aos "Missais" anteriores e até ao momento regularmente aprovados.

Agora, pelo contrário, a promulgação do impedimento do "Missal" que se tinha desenvolvido ao longo dos séculos, desde o tempo dos sacramentais da Igreja antiga, implicou uma ruptura na história da liturgia, cuja consequências não podiam deixar de ser trágicas. Tal como já tinha acontecido muitas vezes, era razoável e plenamente em linha com as disposições do Concílio que se fizesse uma revisão do "Missal", sobretudo, tendo em consideração a introdução das línguas nacionais. Mas nesse momento aconteceu algo mais: destruiu-se o edifício antigo e, embora utilizando o material e o projecto deste, construiu-se um novo.

Não há dúvida de que, em algumas partes, este novo "Missal" trouxe verdadeiros melhoramentos e um real enriquecimento. Contudo, o facto de ter sido apresentado como um edifício novo - contraposto ao que fora construído ao longo da história - que se proibisse este último e que, de certa maneira, se concebesse a liturgia já não como um processo vital, mas como um produto de erudição especializada e de competência jurídica, trouxe-nos danos extremamente graves. 

Com efeito, deste modo desenvolveu-se a ideia de que a liturgia se "faz", de que não é uma realidade que exista antes de nós, - algo de "dado" -, mas que depende das nossas decisões. Consequentemente, esta capacidade de decisão não é só reconhecida aos especialistas ou a uma autoridade central, mas também em definitivo a qualquer comunidade que queira ter uma liturgia própria. 

O problema é que, quando a liturgia é algo que cada qual pode fazer à sua maneira, ela deixa de nos poder dar aquela que é a sua verdadeira qualidade: o encontro com o mistério, que não é produto das nossas acções, mas a nossa origem e a fonte da nossa vida. Para a vida da Igreja, é dramaticamente urgente um renovamento da consciência litúrgica, uma reconciliação litúrgica, que volte a reconhecer a unidade da história da liturgia e compreenda o Vaticano II não como ruptura, mas como momento evolutivo. 

Estou convencido de que a crise eclesial em que actualmente nos encontramos depende, em grande parte, da decadência da liturgia, que, por vezes, é mesmo concebida "etsi Deus non daretur": "como se se já não interessasse se Deus está ou não presente nela", se Ele nos fala e ouve ou não. Mas se na liturgia já não aparece a comunhão da fé, a unidade universal da Igreja e da sua história, o mistério de Cristo vivo, de que modo é que a Igreja manifesta a sua substância espiritual? Nesse caso, a comunidade celebra-se apenas a si mesma, coisa que não tem qualquer valor.

Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) in 'A Minha Vida' (Livros do Brasil, 2010 - pág. 106 a 108)


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O verdadeiro Progresso

Todos nós queremos progresso. Mas progredir significa chegar mais perto do lugar onde desejamos estar. E se o caminho que escolhemos é o errado, então, ir em frente não nos levará mais perto. Se estamos no caminho errado, progredir significa dar meia-volta e regressar ao caminho certo; e, nesse caso, quem mais cedo o fizer mais será progressista.

C. S. Lewis in 'Mere Christianity'


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segunda-feira, 19 de julho de 2021

domingo, 18 de julho de 2021

15 conselhos de Madre Teresa para alcançar a humildade

Estes 15 conselhos foram dados por Madre Teresa de Calcutá às Irmãs da Caridade:

1. Falar de si tão pouco quanto for possível.

2. Ocupar-se dos seus próprios assuntos.

3. Evitar a ociosidade.

4. Não querer resolver os assuntos dos outros.

5. Aceitar as contradições com bom humor.

6. Passar por alto as falhas dos outros.

7. Aceitar a censura mesmo quando se está inocente.

8. Ceder à vontade dos outros.

9. Aceitar insultos e injúrias.

10. Aceitar ser desconsiderado, esquecido e desprezado.

11. Ser gentil e amável mesmo quando nos provocam.

12. Não procurar ser admirado e amado.

13. Não se escudar atrás da própria dignidade.

14. Ceder nas discussões mesmo quando se tem razão.

15. Escolher sempre o mais difícil


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sexta-feira, 16 de julho de 2021

A promessa de Nossa Senhora do Carmo

A ordem dos Carmelitas tem como modelo o profeta Elias e caracteriza-se por uma profunda devoção a Maria. A Sagrada Escritura fala da beleza do Monte Carmelo, onde o profeta Elias defendeu a fé do povo de Israel no Deus vivo e verdadeiro. Carmelo em hebraico significa "vinha do Senhor".

Ali Elias enfrentou os profetas de Baal. Segundo o Livro dos Reis, Elias teve uma visão em que a Virgem lhe apareceu sob a figura de uma pequena nuvem que saía da terra e se dirigia ao Carmelo.

Em 93, os monges construíram sobre o Monte Carmelo uma capela em honra à Virgem Maria. As gerações de monges sucederam-se através dos tempos. Em 1205, o patriarca de Jerusalém deu-lhe uma Regra baseada no trabalho, na meditação das Escrituras, na devoção a Nossa Senhora, na vida contemplativa e mística.

Entretanto, ainda no séc. XIII, os muçulmanos invadiram a Terra Santa. Os eremitas do Monte Carmelo fugiram para a Europa. Nesta época, tinham como superior geral São Simão Stock. Enquanto rezava, pedindo a Nossa Senhora que fosse a protectora da Ordem dos Carmelitas, recebeu das mãos de Nossa Senhora do Carmo o escapulário: «Eis o privilégio que te dou a ti e a todos os filhos do Carmelo: "todo o que for revestido desse hábito será salvo".

Clicar aqui para saber como receber e usar o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

in Evangelho Quotidiano


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