quarta-feira, 14 de maio de 2025

Missão Vicentina publica 14 factos interessantes sobre o Papa Leão XIV

1. Cresceu no South Side de Chicago, numa família operária. Antes de vestir de branco, usava um parka vermelha. Na paróquia da sua infância havia jantares de peixe frito, festas de bairro e o tipo de comunidade que moldou a sua profunda compaixão.

2. Trabalhou como professor do ensino secundário antes de entrar no seminário. Ensinou História e foi treinador de basquetebol. Os seus alunos dizem que era exigente, justo e que reparava sempre no aluno que almoçava sozinho.

3. Percorreu a pé 800 quilómetros ao longo da fronteira entre os Estados Unidos e o México. Quando celebrou 30 anos de vida, fez um ano sabático para viajar a pé com emigrantes e gente que tinha feito o pedido de asilo. Isto mudou a sua visão do papel da Igreja no mundo.

4. Fala seis línguas, incluindo a linguagem gestual. Aprendeu linguagem gestual na sua primeira paróquia para melhor servir os membros surdos da comunidade e continuou a usá-la desde então.

5. É apreciador de jazz e toca um pouco de trompete. Diz que o jazz lhe ensinou a escutar com atenção, a improvisar com humildade e a deixar o silêncio falar.

6. Jejuou durante 40 dias num Mosteiro, sem acesso à internet nem electricidade. Não para provar nada, apenas para escutar. Descreveu este período como o mais solitário e o mais cheio de graça da sua vida.

7. Recusou por duas vezes ser nomeado Bispo. Em ambas as ocasiões, disse não porque ainda não tinha terminado de “ser o pároco que cozinha esparguete para funerais e chora nos baptismos”.

8. A primeira chamada que recebeu após se tornar Papa foi do seu melhor amigo de infância. Disse-lhe apenas: “Nunca vais acreditar no que acabou de acontecer.” O amigo pensou que estava a brincar.

9. Escolheu o nome Leão em homenagem ao Papa Leão XIII, que escreveu a encíclica Rerum Novarum, sobre a Doutrina Social da Igreja.

10. Nunca teve carro próprio. Mesmo quando era Cardeal, insistia em andar a pé, de bicicleta ou em transportes públicos.

11. O seu livro preferido não é um texto teológico, mas sim “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry. Citou-o em homilias, cartas e uma vez durante um retiro privado no Vaticano. “O essencial é invisível aos olhos”, dizia frequentemente.

12. Nunca usa smartphone. Traz consigo um telemóvel de tampa e usa uma agenda em papel escrita à mão. Diz que isso o impede de “desaparecer no ruído”.

13. Há mais de 20 anos que fala com uma uma freira de 92 anos. Ela disse-lhe uma vez: “Tem coragem de ser pequeno.” Ele escreveu isto no seu breviário.

14. Guarda um crucifixo esculpido em madeira de um barco de migrantes naufragado. Foi-lhe oferecido por um pescador siciliano que resgatou 18 sobreviventes do mar.

in gloria.tv


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segunda-feira, 12 de maio de 2025

Terço e Reparação ao Imaculado Coração de Maria

Qual é a importância de rezar o Terço com a intenção de fazer Reparação ao Imaculado Coração de Maria?

A primeira vez que a palavra Reparação foi mencionada na Mensagem de Fátima, foi pelo Anjo de Portugal, aos Três Pastorinhos, na sua 2ª aparição, no Verão de 1916. Então, o Anjo de Portugal dá a entender que a Paz em Portugal depende dos nossos sacrifícios oferecidos em acto de Reparação pelos pecados com que Deus é ofendido e de súplica pela conversação dos pecadores. Na sua primeira Aparição aos Pastorinhos, na Primavera de 1916, este Anjo chamara-se a si próprio o Anjo da Paz.

Mas hoje nós ainda precisamos de Paz?

Santo Agostinho define a Paz como a ‘tranquilidade na ordem’. E tranquilidade é o que mais falta nos nossos dias... vive-se num contínuo alvoroço, numa constante correria, sem tranquilidade nenhuma sobre o nosso presente e o nosso futuro e os dos nossos filhos, em muitos âmbitos da vida...

O Anjo de Portugal e da Paz insiste na sua 3ª aparição, em fins de Setembro de 1916:
“Santíssima Trindade, (...), ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido (…).”

E continua mais à frente:
- “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.”

Maravilhoso o fato de Deus querer precisar de cada um de nós para O consolar, fazendo Reparação pelos pecados, indiferenças e crimes cometidos contra Ele pelos homens, incluindo por nós próprios, com certeza. Grande mistério! Deus que não precisa de nada, vem mendigar por Amor o nosso amor reparador! Agradeçamos por Ele querer incluir-nos no Seu plano salvador da humanidade!
E querer ser consolado por nós, fazendo desse o meio de o Seu Santíssimo Coração ficar ’reparado’ das ‘feridas’ que os espinhos dos pecados Lhe cravam. 

Quando Deus quis enviar no ano seguinte, 1917, a Sua Santíssima Mãe à Cova da Iria, transferiu o pedido de Reparação para o Coração de Maria. A Lúcia descreve o que se passou no final da aparição de 13 de Junho: “À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação.”

Em 1917, Deus põe frases muito fortes na boca de Nossa Senhora, que nos mostram que Deus quer ser agora amado e consolado, através do amor e consolação que expressarmos ao Coração de Sua Mãe Querida, Fiel, Imaculada.

Em 13 de Junho, Nossa Senhora diz à Lúcia: “Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono.”

Como não querer ser uma dessas flores postas por Nossa Senhora a adornar o trono de Deus?!

Por isso, abraçamos com todo o Amor a devoção que Jesus nos pede ao Coração de Maria, concretizada em dois dos pedidos mais insistentes e fortes da Mensagem: a oração do terço diário e a reparação ao Imaculado Coração de Maria.

Assim, vale a pena agarrar com todas as forças esta iniciativa do Terço Reparador por Portugal. E rezá-lo unidos ao Anjo da nossa Pátria, que é o Anjo da Paz...

Terço Reparador por Portugalhttps://tporportugal.wixsite.com/website


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sábado, 10 de maio de 2025

Homilia da primeira Missa do Papa Leão XIV

«Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (Mt 16, 16)
 
Com estas palavras, Pedro, interrogado juntamente com os outros discípulos pelo Mestre, sobre a sua fé n’Ele, expressa em síntese o tesouro que a Igreja, através da sucessão apostólica, guarda, aprofunda e transmite há dois mil anos. Jesus é o Messias, o Filho do Deus vivo, ou seja, o único Salvador, que revela o rosto do Pai.

N’Ele, para se tornar próximo e acessível aos homens, Deus revelou-se nos olhos confiantes de uma criança, na mente viva de um jovem, na fisionomia madura de um homem, até aparecer aos seus, após a Ressurreição, com o seu corpo glorioso. Mostrou-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar, juntamente com a promessa de um destino eterno, que ultrapassa todos os nossos limites e capacidades. Na sua resposta, Pedro compreende ambas as coisas: o dom de Deus e o caminho a percorrer para se deixar transformar, dimensões inseparáveis da salvação, confiadas à Igreja para que as anuncie a bem da Humanidade.

Confiadas a nós, escolhidos por Ele antes de sermos formados no ventre materno, regenerados na água do Baptismo e, apesar dos nossos limites e sem mérito nosso, conduzidos até aqui e daqui enviados, para que o Evangelho seja anunciado a toda a criatura. E Deus, de modo particular, chamando-me através do vosso voto a suceder ao Primeiro dos Apóstolos, confia-me este tesouro para que, com a sua ajuda, eu seja seu fiel administrador em benefício de todo o Corpo Místico da Igreja; para que ela seja cada vez mais cidade colocada sobre o monte, arca de salvação que navega sobre as ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo.

E isto não tanto pela magnificência das suas estruturas ou pela grandiosidade dos seus edifícios – como estes monumentos em que nos encontramos – mas pela santidade dos seus membros, do povo que Deus adquiriu, a fim de proclamar as maravilhas daquele que o chamou das trevas para a sua luz admirável.

No entanto, antes do diálogo em que Pedro faz a sua profissão de fé, há uma outra pergunta: «Quem dizem os homens», interpela Jesus «que é o Filho do Homem?». Não se trata de uma pergunta banal, diz antes respeito a um aspecto importante do nosso ministério: a realidade em que vivemos, com os seus limites e potencialidades, as suas interrogações e convicções.

«Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Pensando nesta cena, reflectindo sobre ela, poderíamos encontrar duas possíveis respostas a esta pergunta e traçar outras tantas atitudes.

Em primeiro lugar, há a resposta do mundo. Mateus sublinha que o diálogo entre Jesus e os seus sobre a identidade d’Ele tem lugar na belíssima cidade de Cesareia de Filipe, cheia de palácios luxuosos, inserida numa paisagem natural encantadora, no sopé do Hermon, mas também sede de círculos de poder cruéis e palco de traições e infidelidades. Esta imagem fala-nos de um mundo que considera Jesus uma pessoa totalmente desprovida de importância, quando muito uma personagem curiosa, capaz de suscitar admiração com a sua maneira invulgar de falar e agir.

Por isso, quando a sua presença se tornará incómoda, devido aos pedidos de honestidade e às exigências morais que invoca, este “mundo” não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo.

Depois, há uma outra possível resposta à pergunta de Jesus: a das pessoas comuns. Para elas, o Nazareno não é um “charlatão”: é um homem justo, corajoso, que fala bem e que diz coisas certas, como outros grandes profetas da história de Israel. Por isso, seguem-no, pelo menos enquanto podem fazê-lo sem demasiados riscos ou inconvenientes. Porém, porque essas pessoas o consideram apenas um homem, no momento do perigo, durante a Paixão, também elas o abandonam e vão embora, desiludidas.

Impressiona a actualidade destas duas atitudes. Com efeito, elas encarnam ideias que poderíamos facilmente reencontrar – talvez expressas com uma linguagem diferente, mas essencialmente idênticas – nos lábios de muitos homens e mulheres do nosso tempo. Ainda hoje não faltam contextos em que a fé cristã é considerada uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos em que em vez dela se preferem outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer.

São ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena.

No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação – sob as mais dramáticas formas – da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.

Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos baptizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático. Este é o mundo que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador. Por isso, também para nós, é essencial repetir: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».

É essencial fazê-lo, primeiramente, na nossa relação pessoal com Ele, no empenho em percorrer um caminho quotidiano de conversão. Mas depois também, como Igreja, vivendo juntos a nossa pertença ao Senhor e levando a todos a sua Boa Nova. Digo isto, em primeiro lugar, para mim mesmo, como Sucessor de Pedro, ao iniciar a minha missão de Bispo da Igreja que está em Roma, chamada a presidir na caridade à Igreja universal, segundo a célebre expressão de Santo Inácio de Antioquia.

Ele, enquanto era conduzido como prisioneiro a esta cidade, lugar do seu iminente sacrifício, escrevia aos cristãos que aqui se encontravam: «Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo». Referia-se ao ser devorado pelas feras no circo – como aconteceu –; porém, as suas palavras recordam, num sentido mais amplo, um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado, gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar.

Que Deus me dê esta graça, hoje e sempre, com a ajuda da terna intercessão de Maria, Mãe da Igreja.


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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Habemus Papam!

Este é o documento que demonstra a aceitação do novo Papa e a escolha do nome: Leão XIV!

In nomine Domini. Amen.

Ego Didacus Ioannes Ravelli, Archiepiscopus tit. Recinetensis,
Celebrationum Liturgicarum Pontificalium Magister,
munere notarii fungens, attestor et notum facio
Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum
Dominum Robertum Franciscum titulo Ecc. Sub. Albanensis
Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinalem Prevost
acceptasse electionem canonice de Se factam in Summum Pontificem Sibique nomen imposuisse

Leonem XIV

ut de hoc publica quæcumque instrumenta confici possint.
Acta sunt hæc in Conclavi in Palatio Apostolico Vaticano post obitum felicis recordationis
Papæ Francisci, hac die VIII mensis Maii Anno Sancto MMXXV
testibus adhibitis atque rogatis Excellentissimo Domino Ilson de Jesus Montanari,
Archiepiscopo tit. Capitis Cillensis et Cardinalium Collegii Secretario,
atque Reverendissimis Dominis Marco Agostini et Maximiliano Matthæo Boiardi,
viris a Cæremoniis Pontificalibus.


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quinta-feira, 8 de maio de 2025

À espera do fumo branco

Enquanto aguardamos que saia fumo branco da chaminé da Capela Sistina, não podemos deixar de nos perguntar: quais serão as primeiras palavras que o novo Papa dirá da loggia da Basílica de São Pedro? «Irmãos e irmãs, boa noite», como disse o Papa Francisco, ou «Louvado seja Jesus Cristo», como disse João Paulo II? 

Ou ainda uma fórmula como a de Bento XVI, que, após afirmar: «Depois do grande Papa João Paulo II, os cardeais elegeram-me a mim, um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor», acrescentou: «Na alegria do Senhor ressuscitado, confiantes na sua ajuda em todos os momentos, sigamos em frente; contamos com a ajuda do Senhor e teremos Maria, sua Mãe Santíssima, ao nosso lado»?

As palavras e os gestos com que o futuro Papa inaugurar o seu pontificado serão indubitavelmente reveladoras de uma certa tendência, proporcionando um primeiro elemento de discernimento ao sensus fidei do povo católico. Independentemente do nome que assumir, quererá o pontífice eleito pelo Colégio dos Cardeais colocar-se na esteira de Francisco ou em descontinuidade com o seu pontificado, que foi, na opinião de muitos, uma catástrofe para a Igreja?

A este respeito, a candidatura do Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Papa Francisco, levanta graves problemas. De facto, na modernidade – e à excepção de Pio XII –, nunca um secretário de Estado foi eleito papa, porque, de uma maneira geral, os cardeais eleitores pretendem sublinhar, com a sua escolha, que cada pontificado é diferente do anterior. Por outro lado, a assunção da mitra pontifícia pelo ex-secretário de Estado assinala o maior elemento possível de continuidade entre o antigo e o novo Papa, porque há inevitavelmente uma certa osmose entre o sumo pontífice e o seu colaborador mais directo. Se isso acontecer, o conclave será breve; se, pelo contrário, a candidatura do Cardeal Parolin, apoiada pelos grandes meios de comunicação social, se esfumar, é de prever um conclave prolongado, no qual se manifestem abertamente as diferentes tendências actualmente existentes na Igreja.

Como reagiriam os meios de comunicação social a um conclave que durasse cinquenta dias, como o que elegeu Gregório XVI, ou três meses e meio, como o que elegeu Pio VIII? Um conclave de apenas trinta e seis dias, como o da eleição de Pio VII, ou mesmo de vinte e seis dias, como aquando da eleição de Leão XII, seria provavelmente suficiente para suscitar pressões e interferências mediáticas no próprio interior da Capela Sistina. Mas o Espírito Santo, que é o Espírito da Verdade, não apressa os cardeais eleitores.

Seja quem for o novo Papa, a primeira questão fundamental que terá de abordar é a questão da justiça. De facto, a ênfase dada à misericórdia no pontificado do Papa Francisco levou a uma diluição não só do significado da justiça, mas também do seu exercício prático dentro da Igreja.

A Igreja é uma realidade social, que exige e postula normas externas, dotadas das características que são próprias do direito. O conjunto das diversas leis e normas vigentes na Igreja Católica constitui o direito canónico, que nada tem que ver, evidentemente, com o direito que vigora nas ordens democráticas, dado que tanto o seu fundamento como o seu exercício são diferentes dos que regem as democracias.

Ao direito opõe-se a arbitrariedade, que é uma consequência do abandono do carácter jurídico da Igreja. Nos anos conciliares e pós-conciliares, alguns teólogos, que pretendiam opôr a caridade ao direito, travaram uma batalha antijurídica. Acontece que, privada do baluarte objectivo do direito, a «Igreja da caridade» corre o risco de se transformar numa estrutura na qual prevalece o mais forte. É exemplo disto o que aconteceu, durante o pontificado de Francisco, a muitas comunidades religiosas: à inspecção seguiu-se muitas vezes um decreto de supressão ou de completa reforma do instituto – sem uma fundamentação adequada –, na chamada «forma específica», ou seja, com aprovação pontifícia e sem possibilidade de recurso.

O instrumento mais frequentemente utilizado contra sacerdotes individuais também não tem sido o processo judicial, mas o processo penal administrativo introduzido pelo novo código de 1983; em consequência, temos assistido a uma prática justicialista, em que o direito, que deveria ser um instrumento de verdade, se tornou um instrumento de poder por parte de quem governa. Daí a acusação de o Papa Francisco ter exercido o poder de forma arbitrária.

O problema da justiça também diz respeito à actuação do Papa no difícil cenário da ordem internacional. Perante a guerra, a voz dos papas sempre se ergueu para invocar a paz; mas, para se alcançar uma paz verdadeira, ensinava Pio XII, a vida nacional e internacional «deve partir de Cristo, como seu fundamento indispensável, ser actuada pela justiça e coroada pela caridade» (encíclica Summi pontificatus, 20 de Outubro de 1939). Não basta deplorar genericamente a guerra e fazer apelos abstractos à paz; como recordava, uma vez mais, Pio XII, na sua mensagem radiofónica ao mundo de 24 de Dezembro de 1948, a «paz a qualquer custo» promove a segurança daqueles que preparam a agressão. O Magistério da Igreja ensina que as causas profundas e verdadeiras da guerra são espirituais e morais, e resultam da violação da ordem natural e cristã, ou seja, do abandono da lei de Deus. Só o respeito pela lei natural e a conversão a Cristo podem restabelecer a paz ao mundo e a glória da Igreja.

«Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo» (Mt 6, 31-33): estas palavras do evangelho são todo um programa de vida para qualquer pessoa, e podem sê-lo também para um pontificado. A justiça divina é uma ordem das coisas da Terra e do Céu pela qual tudo é referido e ordenado a Deus. É certo que Deus não é apenas infinitamente justo, é também infinitamente misericordioso; e não há julgamento divino que seja desprovido de misericórdia, assim como não há expressão da misericórdia divina que seja desprovida de profundíssima justiça. 

O mais belo exemplo deste abraço entre justiça e misericórdia é talvez aquele que nos é dado no sacramento da Penitência, no qual o pecador é julgado e absolvido. A maior preocupação do pontificado do Papa Francisco, expressa na exortação Amoris lætitia, parece ter sido a de atrair o maior número possível de pessoas ao sacramento da Eucaristia; agora, é necessário explicar a importância do sacramento da Penitência, que pressupõe o arrependimento dos pecados, sem o qual ninguém pode aproximar-se da mesa eucarística.

Aquilo que mais precisamos de pedir ao próximo papa é santidade, que é uma nota intrínseca da Igreja. Em tempos de mal-estar e de desorientação geral, escreve o Padre Garrigou-Lagrange na sua obra-prima, As Três Idades da Vida Interior, cada um de nós deve concentrar-se na única coisa que é necessária, e pedir ao Senhor santos que vivam apenas deste pensamento e que sejam os grandes animadores de que o mundo precisa. D. Prosper Guéranger vai no mesmo sentido quando escreve, em Le Sens de l'Histoire, que, na sua infinita justiça e misericórdia, Deus cumula de santos algumas épocas e decide não os conceder a outras, de modo que é o termómetro da santidade que nos permite avaliar o estado de normalidade de uma época ou de uma sociedade. Contudo, a santidade de um papa está ligada ao exercício do seu governo; neste sentido, Celestino V foi um santo, mas não foi um papa santo, ao contrário de São Pio V, São Pio X e tantos outros papas, que conduziram com virtude heroica o rebanho universal que lhes foi confiado.

Precisamos de um Papa firme, íntegro em matérias doutrinais e de costumes, e que seja capaz de governar a Igreja com firmeza e espírito sobrenatural. Esperemos que o termómetro da santidade, entendido no sentido atrás referido, atinja uma temperatura elevada dentro da Capela Sistina. Mas bastaria um papa plenamente católico. Caso contrário, os problemas explodirão, logo a partir das primeiras palavras que o novo Papa pronunciar na loggia das bênçãos.

Professor Roberto de Mattei publicado em atrevimentos.pt


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quarta-feira, 7 de maio de 2025

Padre John Hunwicke, RIP

Há um ano, Nosso Senhor chamou à Sua presença o Padre John Hunwicke. Sempre tinha sido um anglicano “às direitas”, até que, a dado ponto, seguiu o caminho natural (e sobrenatural): converteu-se ao Catolicismo. Esta fotografia foi tirada pouco depois de ter sido ordenado sacerdote católico, já com as marcas do tempo no rosto.

Foi um intrépido defensor da Missa Tradicional. Ainda como anglicano, já era membro honorário da Latin Mass Society.

Conheci o Padre Hunwicke através do seu blog, que recomendo muito: liturgicalnotes.blogspot.com. Os textos foram escritos com um humor refinado mas, especialmente, com uma sabedoria que é raro encontrar hoje em dia. Aprende-se muito ao ler as prosas que engendrou.

Comecei a encontrá-lo pessoalmente, todos os anos, em Gardone. Aproveitei ao máximo as nossas conversas, tentando sempre que me contasse “segredos” do sacerdócio. Tenho bem presentes os valiosos conselhos que me deu sobre como ser um bom confessor.

O Padre John Hunwicke foi sem dúvida um servo bom e fiel. Que o Bom Deus lhe dê o eterno descanso.

Padre João Silveira


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terça-feira, 6 de maio de 2025

Martírio de São João na Porta Latina

No dia 6 de Maio celebra-se a festa do Martírio de São João na Porta Latina. Segundo atestam variados autores da Antiguidade, o Discípulo Amado foi condenado à morte pelo Imperador Domiciano e colocado num caldeirão com óleo a ferver.
 
Miraculosamente, o Apóstolo e Evangelista saiu do banho quente como se nada fosse. Depois disso foi exilado na ilha de Patmos.

Este episódio aconteceu no final do primeiro século, em Roma, na Porta Latina (parte sul da Muralha Aureliana). Nesse local foi construída a capela de 'San Giovanni in Oleo'. No final do séc. V, o Papa Gelásio I mandou edificar a Basílica de 'San Giovanni a Porta Latina'.


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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Missa de São Pio V

A Missa Tradicional, também chamada Missa de São Pio V, santo do dia de hoje.



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Há 85 anos Pio XII proclamava S. Francisco e S. Catarina Padroeiros de Itália

São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena foram proclamados Padroeiros de Itália no dia 5 de Maio de 1940 pelo Papa Pio XII na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, em Roma. Nesta Basílica, entregue ao cuidado da Ordem dos Pregadores (Dominicanos), sob o altar-mor, está sepultada Santa Catarina de Sena.













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domingo, 4 de maio de 2025

Esta carta circula entre os Cardeais tendo em vista a eleição do próximo Papa

Esta carta passou pelas mãos dos Cardeais sem se saber quem a tinha escrito, em 2022. O seu autor, que assina com o nome de Demos, "povo" em grego, é desconhecido. O texto foi publicado por Sandro Magister no Settimo Cielo . Algum tempo mais tarde, já depois da morte do Cardeal George Pell, o vaticanista veio dizer que tinha sido esse Cardeal o autor da carta.

O VATICANO HOJE

Comentaristas de todas as escolas, embora por razões diferentes, com a possível excepção do padre Spadaro, SJ, concordam que este pontificado é um desastre sob muitos aspectos, uma catástrofe.

1. O sucessor de São Pedro é a rocha sobre a qual está edificada a Igreja, grande fonte e causa da unidade mundial. Historicamente, a partir de Santo Irineu, o Papa e a Igreja de Roma desempenharam um papel único na preservação da tradição apostólica, a regra da fé, em assegurar que as Igrejas continuassem a ensinar o que Cristo e os apóstolos tinham ensinado. Anteriormente o lema era: “Roma locuta. Causa finita est.” [Roma falou, a discussão acabou]. Hoje é: “Roma loquitur. Confusio augetur.” [Roma falou, a confusão aumentou].

(A) O sínodo alemão fala de homossexualidade, de mulheres sacerdotes, de comunhão para os divorciados e recasados. Mas o papado está em silêncio.

(B) O Cardeal Hollerich rejeita o ensino cristão sobre a sexualidade. E o papado está em silêncio. Isso é duplamente significativo, porque o Cardeal é explicitamente herético; não usa palavras em código ou alusões. Se o Cardeal continuar sem uma correção romana, isso representará outra profunda ruptura na disciplina, com pouco (ou nenhum?) precedente na História. A Congregação para a Doutrina da Fé deve agir e falar.

(C) O silêncio é ainda mais evidente, quando colide com a perseguição activa contra os mosteiros tradicionalistas e contemplativos

2. A centralidade de Cristo nos ensinamentos está enfraquecida; Cristo foi deslocado do centro. Às vezes, Roma parece até confusa sobre a importância de um monoteísmo rigoroso, aludindo a um certo conceito mais amplo de divindade; não precisamente panteísmo, mas como uma variante do panteísmo hindu.

(A) Pachamama é idolatria, embora talvez não tenha sido inicialmente entendida como tal.

(B) As freiras contemplativas são perseguidas e são feitas tentativas para mudar os ensinamentos dos carismas (das fundações religiosas).

(C) A herança cristocêntrica de São João Paulo II em matéria de fé e moral é objecto de ataques sistemáticos. Muitos professores do Instituto Romano para a Família foram demitidos; a maioria dos alunos foi embora. A 'Accademia per la Vita' está em séria desordem; por exemplo, alguns dos seus membros apoiaram recentemente o suicídio assistido. As Academias Pontifícias  têm membros e oradores convidados que apoiam o aborto.

3. A falta de respeito pela lei no Vaticano corre o risco de se tornar um escândalo internacional. Esses problemas tornaram-se claros no julgamento a decorrer, no Vaticano, de 10 réus acusados ​​de negligência financeira, mas o problema é mais antigo e mais amplo.

(A) O Papa mudou a lei 4 vezes durante o julgamento, para ajudar a acusação.

(B) O Cardeal Becciu não foi tratado com justiça porque foi destituído do cargo e destituído da sua dignidade de Cardeal sem qualquer prova. Ele não teve um julgamento justo. Todos têm direito a um julgamento justo.

(C) Como chefe do Estado do Vaticano e fonte de toda autoridade legal, o Papa usou esse poder para interferir nos processos judiciais.

(D) Às vezes, se não frequentemente, o Papa governa com decretos pontifícios, motu proprio, que eliminam o direito de recurso por parte dos visados.

(E) Muitos funcionários, muitas vezes sacerdotes, foram demitidos às pressas da cúria vaticana, muitas vezes sem uma boa razão.

(F) As escutas telefónicas acontecem rotineiramente. Não sei quantas vezes isso terá sido autorizado.

(G) No julgamento em Inglaterra contra Torzi, o juiz criticou fortemente os promotores do Vaticano. Que são incompetentes e/ou condicionados, impedindo-os de fornecer o quadro completo.

(H) A invasão da gendarmaria do Vaticano sob o comando do Dr. Giani em 2017, no escritório do auditor Libero Milone em território italiano, foi provavelmente ilegal e, em qualquer caso, intimidadora e violenta. As provas contra Milone podem ter sido fabricadas.

4. (A) A situação financeira do Vaticano é terrível. Pelo menos nos últimos dez anos quase sempre houve déficits financeiros. Antes do COVID, estes défices rondavam os 20 milhões de euros por ano. Nos últimos três anos foram cerca de 30-35 milhões de euros por ano. Os problemas remontam a antes do Papa Francisco e do Papa Bento XVI.

(B) O Vaticano está com um grande déficit no seu fundo de pensões. Por volta de 2014, os especialistas da COSEA estimaram que até 2030 o déficit poderia chegar a 800 milhões de euros. Isso foi antes do COVID.

(C) Calcula-se que o Vaticano tenha perdido 217 milhões de euros no prédio da Sloane Avenue, em Londres. Na década de 1980, o Vaticano foi forçado a desembolsar 230 milhões de dólares após o escândalo do Banco Ambrosiano. Devido à ineficiência e corrupção, o Vaticano perdeu pelo menos mais 100 milhões de euros nos últimos 25-30 anos, e provavelmente vários mais, talvez 150-200 milhões.

(D) Apesar da recente decisão do Santo Padre, os processos de investimento não foram centralizados (como recomendado pelo COSEA em 2014 e tentado pelo Ministério da Economia em 2015-16) e continuam sem aconselhamento especializado. Durante décadas, o Vaticano teve que lidar com financeiros de má reputação, evitados por todos os banqueiros respeitados em Itália.

(E) O desempenho das 5261 propriedades do Vaticano permanece incrivelmente baixo. Em 2019, o retorno médio (antes do COVID) foi de quase 4500 dólares por casa por ano. Em 2020 foram 2900 euros por casa.

(F) A papel instável do Papa Francisco nas reformas financeiras (progressos incompletos mas substanciais na redução da criminalidade mas muito menos bem sucedidos, exceto no IOR, em termos de rentabilidade) é um mistério e um enigma.

Inicialmente, o Santo Padre apoiou fortemente as reformas. Depois impediu a centralização dos investimentos, opôs-se às reformas e à maioria das tentativas de expor a corrupção e apoiou (nessa altura) o arcebispo Becciu, no centro do estabelecimento financeiro do Vaticano. Então, em 2020, o Papa voltou-se contra Becciu e, por fim, 10 pessoas foram julgadas e acusadas. Ao longo dos anos, poucos processos criminais foram instaurados com base em relatórios de violações da FIA.

Os auditores Price Waterhouse and Cooper foram demitidos e o auditor geral Libero Milone foi forçado a renunciar em 2017 segundo acusações inventadas. Eles estavam chegando muito perto da corrupção na Secretaria de Estado.

5. A influência política do Papa Francisco e do Vaticano é insignificante. Intelectualmente, os escritos papais mostram um declínio dos níveis de São João Paulo II e do Papa Bento. As decisões e políticas são muitas vezes “politicamente correctas”, mas houve falhas graves na defesa dos direitos humanos na Venezuela, Hong Kong, China continental e agora na invasão russa.

Não houve apoio público aos fiéis católicos da China, que são perseguidos implacavelmente pela sua lealdade ao papado há mais de 70 anos. Não há apoio público do Vaticano à comunidade católica ucraniana, especialmente os católicos gregos.

Estas questões devem ser revistas pelo próximo Papa. O prestígio político do Vaticano está, neste momento, num nível baixo.

6. A um nível diferente, menor, a situação dos tradicionalistas tridentinos (católicos) deve ser regularizada.

A um nível ainda menor, as Missas “privadas” e com pequenos grupos devem ser novamente permitidas pela manhã na Basílica de São Pedro. Neste momento, esta grande Basílica de manhã parece um deserto.

A crise do COVID encobriu o declínio acentuado no número de peregrinos que frequentam as audiências e as Missas papais.

O Santo Padre tem pouco apoio entre os seminaristas e os jovens sacerdotes e há uma ampla desfiliação na cúria vaticana.

O próximo Conclave

1. O Colégio dos Cardeais foi enfraquecido por nomeações excêntricas e não se reuniu novamente desde a rejeição das posições do Cardeal Kasper no consistório de 2014. Muitos Cardeais são estranhos uns aos outros, acrescentando uma nova dimensão de imprevisibilidade ao próximo conclave.

2. Depois do Vaticano II, as autoridades católicas subestimaram muitas vezes o poder hostil da secularização, do mundo, da carne e do diabo, especialmente no mundo ocidental, e superestimaram a influência e a força da Igreja Católica.

Estamos mais fracos do que há 50 anos e há muitos factores que fogem ao nosso controle, pelo menos a curto prazo, por exemplo, a diminuição do número de fiéis, a frequência da Missa, o desaparecimento ou extinção de muitas Ordens Religiosas.

3. O Papa não precisa ser o melhor evangelizador do mundo, nem uma força política. O sucessor de Pedro, como chefe do colégio dos bispos, que são também os sucessores dos apóstolos, tem um papel fundamental na unidade e na doutrina. O novo Papa deve compreender que o segredo da vitalidade cristã e católica vem da fidelidade aos ensinamentos de Cristo e às práticas católicas. Não vem da adaptação ao mundo ou ao dinheiro.

4. As primeiras tarefas do novo Papa serão o restabelecimento da normalidade, o restabelecimento da clareza doutrinal na fé e na moral, o restabelecimento do devido respeito pela Lei e pela uma garantia de que o primeiro critério para a nomeação de Bispos é a aceitação da tradição apostólica. A competência e a cultura teológica são uma vantagem, não um obstáculo, para todos os Bispos e especialmente para os Arcebispos.

Estes são os fundamentos necessários para viver e pregar o Evangelho.

5. Se as reuniões sinodais continuarem, em todo o Mundo, consumirão muito tempo e dinheiro, provavelmente desviando energias da evangelização e do serviço em vez de se focar nessas actividades essenciais.

Se a autoridade doutrinal for dada a sínodos nacionais ou continentais, teremos um novo perigo para a unidade da Igreja mundial, pois, por exemplo, a Igreja alemã já tem posições doutrinais que não são compartilhadas por outras Igrejas e não são compatíveis com o tradição apostólica.

Se não houver a correcção romana a tais heresias, a Igreja ficará reduzida a uma frouxa federação de Igrejas locais, com visões diferentes, provavelmente mais próximas de um modelo anglicano ou protestante do que ortodoxo.

Uma das primeiras prioridades do próximo Papa deve ser eliminar e prevenir esse desenvolvimento tão perigoso, exigindo unidade no essencial e não permitindo diferenças doutrinais inaceitáveis. A moralidade da actividade homossexual será um desses pontos críticos.

6. Embora os jovens clérigos e seminaristas sejam quase todos ortodoxos, às vezes bastante conservadores, o novo Papa terá que estar ciente das mudanças substanciais que ocorreram na liderança da Igreja desde 2013, talvez especialmente na América do Sul e Centro. Há um novo salto no avanço dos protestantes "liberais" na Igreja Católica.

É improvável que um cisma venha da esquerda, onde muitas vezes não há drama sobre questões doutrinárias. É mais provável que um cisma venha da direita e é sempre possível que isso aconteça quando as tensões litúrgicas aumentam e não são desarmadas.

Unidade nas coisas essenciais. Diversidade nas não essenciais. Em tudo Caridade.

7. Apesar do seu perigoso declínio no Ocidente e da sua inerente fragilidade e instabilidade em muitos lugares, a viabilidade de uma visita apostólica à Ordem dos Jesuítas deve ser seriamente considerada. O seu declínio numérico é catastrófico, tendo passado de 36 mil membros durante o Concílio para menos de 16 mil em 2017 (com provavelmente 20-25% deles com mais de 75 anos). Em alguns lugares, há também um declínio moral catastrófico.

A Ordem é altamente centralizada, passível de ser reformada ou arruinada de cima para baixo. O carisma e a contribuição dos jesuítas foram, e são, tão importantes para a Igreja que não podem simplesmente desaparecer da História ou simplesmente serem reduzidos a uma comunidade afro-asiática.

8. O declínio desastroso do número de católicos e a expansão dos protestantes na América do Sul devem ser abordados. Isto foi muito pouco mencionado no Sínodo da Amazónia.

9. Obviamente, muito trabalho precisa ser feito nas reformas financeiras do Vaticano, mas este não deve ser o critério mais importante na escolha do próximo Papa.

O Vaticano não tem grandes dívidas, mas os déficits anuais contínuos acabarão por levá-lo à falência. É óbvio que serão tomadas medidas para remediar isso, para separar do Vaticano os cúmplices criminosos e equilibrar receitas e despesas. O Vaticano terá que demonstrar competência e integridade para atrair doações consistentes de modo a ajudar a resolver este problema.

Apesar de procedimentos aprimorados e maior transparência, as dificuldades financeiras contínuas são um grande desafio, mas são muito menos importantes do que os perigos espirituais e doutrinários que a Igreja deve enfrentar, especialmente no Primeiro Mundo.

Demos


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sábado, 3 de maio de 2025

Invenção da Santa Cruz

Hoje celebra-se a Festa da Invenção da Santa Cruz: o milagre que levou à descoberta da Cruz onde Jesus foi crucificado

No dia 3 de Maio do ano 326 d.C., Santa Helena, mãe do Imperador Constantino descobriu a Vera Cruz em Jerusalém e levou-a para Roma. É neste dia que a Igreja celebra a Invenção (descoberta) da Santa Cruz.

Após aquela insigne vitória que Constantino obteve sobre Maxêncio, quando recebeu de Deus o sinal da Cruz do Senhor [“in hoc signo vinces”], Santa Helena, mãe de Constantino, tendo recebido uma revelação num sonho, foi a Jerusalém para procurar zelosamente a Cruz; aí ela cuidou de destruir a imagem de Vénus de mármore, que os gentios colocaram no lugar da Cruz, para tirar a memória da paixão de Cristo Senhor, e que aí permaneceu por cerca de 180 anos. O mesmo ela fez no presépio do Salvador, onde fôra posto um simulacro de Adónis, e no lugar da ressurreição, onde o fôra um de Júpiter.

Purgado, assim, o local da Cruz, por meio de profundas escavações foram encontradas três cruzes, e, separado delas, a inscrição que fôra colocada sobre a Cruz do Senhor; como não se sabia sobre qual das três ele deveria ser afixado, um milagre sanou a dúvida. Eis que Macário, bispo de Jerusalém, tendo elevado preces a Deus, levou cada uma das cruzes a três mulheres que sofriam de uma grave enfermidade, e, enquanto as demais nada aproveitaram para as mulheres, a terceira Cruz, levada à terceira mulher, curou-a imediatamente.

Santa Helena, tendo encontrado a Cruz da salvação, construiu aí uma magnificentíssima igreja, na qual depositou parte da Cruz em urnas de prata, e outra parte entregou a seu filho, Constantino, que a levou a Roma, à igreja da santa Cruz de Jerusalém, edificada no palácio Sessoriano. Ela também entregou ao filho os cravos que trespassaram o santíssimo corpo de Jesus Cristo. Naquele tempo, Constantino sancionou uma lei para que, desde então, ninguém fosse condenado ao suplício da cruz, e aquilo que antes era castigo e maldição para os homens, passou a ser glória e objecto de veneração.

in Breviário Romano


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