segunda-feira, 18 de março de 2024

É agora o tempo da confissão - São Cirilo de Jerusalém

É agora o tempo da confissão. Confessa os teus pecados de palavra e de acção, os da noite e os do dia. Confessa-os neste «tempo favorável» e, no «dia da salvação» (Is 49,8; 2Co 6,2), recebe o tesouro celeste. Deixa o presente e crê no futuro. 

Andaste tantos anos sem parares os teus trabalhos vãos aqui da terra, e não podes parar quarenta dias para te ocupares do teu próprio fim? «Parai! Reconhecei que Eu sou Deus», diz a Escritura (Sl 46,11). Renuncia ao chorrilho de palavras inúteis, não digas mal nem escutes o maldizente, mas dispõe-te desde já a rezar. 

Mostra, na ascese, o fervor do teu coração; purifica esse receptáculo, para receberes uma graça mais abundante. Porque a remissão dos pecados é dada de modo igual a todos, mas a participação no Espírito Santo é concedida segundo a medida da fé de cada um. Se não te esforçares, recolhes pouco; se te esforçares muito, grande será a tua recompensa. És tu próprio que estás em jogo; vela pelos teus interesses.

Se tens um agravo contra alguém, perdoa-lhe. Acabas de receber o perdão dos teus pecados; impõe-se, portanto, que também perdoes o pecador, senão como dirás ao Senhor: «perdoa-me os meus muitos pecados», se tu próprio não perdoares ao teu companheiro de trabalho algumas faltas que tenha cometido contra ti?

in 'Catequese para o baptismo', nº 1, §5


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Rezar, Rezar Continuamente

Em todas as coisas, reza continuamente, pois nada podes fazer sem a ajuda de Deus. Nada é tão poderoso como a oração para nos dar a energia divina. E nada é tão útil como ela para nos obter a benevolência de Deus. A prática dos mandamentos está toda contida na oração. Pois não há nada mais elevado que o amor de Deus.
 
A oração sem distrações é um sinal de amor a Deus naquele que persevera. A negligência e a distração quando se reza denunciam amor ao prazer. Aquele que, sem dificuldade, vela, perserva e reza recebe visivelmente o Espírito Santo. Mas aquele que faz tudo isso com dificuldade e mantém a sua resolução também é atendido sem demora. 
 
Se queres fazer um favor a alguém que gosta de aprender, mostra-lhe a oração, a fé reta e a paciência na provação. É com estas três virtudes que se obtêm os restantes bens. Foge à tentação pela paciência e a oração. Se pensares em combatê-la sem estas virtudes, voltarás a ser atacado por ela. Tudo o que possamos dizer ou fazer sem a oração torna-se perigoso ou inútil.

Temos de procurar a morada interior de Cristo, dado que somos morada de Deus, e, pela oração, perseverar em bater à sua porta (cf Mt 7,7), a fim de que, agora ou na hora da nossa morte, o Senhor nos abra e não nos diga como a homens negligentes: «Não sei de onde sois» (Lc 13,25). E temos, não somente de pedir e receber, mas de guardar aquilo que nos foi dado. Pois há quem perca depois de ter recebido.

Marcos o Asceta, hegúmeno na Ásia Menor in 'Sobre os que se julgam justificados pelas suas obras'


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domingo, 17 de março de 2024

4 consequências gravíssimas da comunhão na mão - D. Athanasius Schneider



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Imagens e Crucifixos cobertos a partir deste Domingo da Paixão

Por que razão se tapam as imagens desde o Domingo da Paixão (quinto Domingo da Quaresma)? 

Tradicionalmente, as duas semanas do tempo "da Paixão" começam no quinto Domingo da Quaresma. A primeira semana é a Semana da Paixão e a segunda semana é a Semana Santa.

A leitura tradicional do Evangelho para este Domingo foca-se no ódio crescente das autoridades judaicas contra Cristo. Acusam-nO de ser um samaritano, de fazer feitiços, de blasfémia e de estar possuído por Satanás. Não pensam em Cristo como "um bom mestre". Julgam que é um agente demoníaco.

A antiga leitura do Evangelho no Primeiro Domingo da Paixão (o quinto Domingo da Quaresma) do capítulo oitavo do Evangelho de S. João acaba com estas palavras “Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou". (Jo 8, 59)

De acordo com Santo Agostinho, neste momento quando "Jesus se ocultou", Cristo ficou de facto invisível devido à Sua natureza divina. Santo Agostinho escreve:

"Ele não se esconde a Si mesmo num canto do templo, como se tivesse medo, ou a correr para uma casa, ou desviando-se para trás de uma parede ou coluna: mas pelo Seu Poder Divino, fazendo-se a Si mesmo invisível, passa pelo meio deles."

Para ajudar a exprimir este mistério, as estátuas e imagens Católicas são tapadas com véus roxos desde as Vésperas do fim de tarde antes do Domingo da Paixão. Jesus "esconde-Se a Si mesmo".

As estátuas permanecem cobertas até ao Glória de Sábado Santo. Este é o momento em que acaba o jejum da Quaresma e começa a glória da Páscoa. Este desvelar revela Cristo que se revelou a si mesmo como ressuscitado e vitorioso.

Também é um costume piedoso para os leigos Católicos cobrirem com véus roxos as imagens e estátuas de casa durante a época da Paixão.

A nossa Fé Católica é tão rica! Assegurem-se que ensinam aos vossos filhos e netos estas tradições antigas e bonitas!

Taylor Marshall


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sábado, 16 de março de 2024

O Islão na Europa

Qual é a raiz ideológica da atitude que hoje (na Europa) temos em relação ao Islão? É a ideia de que não existe um dualismo lógico entre verdade e erro nem um dualismo moral entre bem e mal, mas que tudo é relativo às necessidades e interesses do indivíduo no momento presente.

Relativismo moral e pragmatismo político são duas faces desta abordagem à realidade que não se alimenta da realidade mas da utopia, porque crê num mundo fictício e irreal que o desejo de poder, mascarado de debilidade, do indivíduo pós-moderno é incapaz de conquistar.

Se a Europa quer sobreviver deve modificar esta atitude psicológica e cultural. Mas como é que podemos contribuir para esta mudança? Começando por reavivar a ideia de que existe o bem e o mal, em sentido objectivo e absoluto, e que a verdade e os princípios, sobre os quais está fundada a nossa civilização, não são para arquivar como ideias do passado ou preconceitos ideológicos.

Roberto di Mattei (historiador) in Corrispondenza Romana


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Conferência Episcopal do Gabão visita Seminário Tradicional








No dia 10 de Março, a Conferência Episcopal do Gabão visitou o Seminário do Instituto de Cristo Rei em Gricigliano, perto de Florença, Itália.

Os bispos viajaram de África para a visita ad limina, tendo reunido com o Papa Francisco, dois dias antes, no Vaticano.

A Missa Pontifical do Domingo Laetare foi celebrada por Mons. Matthieu Madega, Bispo de Mouila. Os missionários do Instituto trabalham no Gabão há quase 35 anos, tendo várias igrejas e escolas.

in gloria.tv


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sexta-feira, 15 de março de 2024

Leão XIII e a condenação da Maçonaria

O Papa Pecci escreveu quatro encíclicas contra a Maçonaria. Há uma ligação estreita entre esta condenação e o nascimento da Doutrina Social da Igreja (DSI). E compreende-se que, abandonando a DSI, os erros dos maçons sejam "esquecidos".

Nos últimos dias, todos nós ficámos impressionados com a conferência realizada em Milão entre os principais expoentes da Maçonaria italiana e eclesiásticos de alto nível. Tudo está a mudar na Igreja, infelizmente, e até este "baluarte" está a ser abalado e corre o risco de ser destruído. Todos nós vemos que a onda de confusão parece imparável e incontrolável. Francisco acaba de reiterar a incompatibilidade entre ser maçon e ser católico, e agora o Cardeal Coccopalmerio e o Bispo Staglianò estão a abrir uma mesa de diálogo permanente com a Maçonaria italiana, certamente não sem o seu conhecimento.

Aqueles que se interessam pela Doutrina Social da Igreja não podem deixar de se lembrar de Leão XIII, com quem a Doutrina Social da Igreja nasceu na era moderna, mas contra a modernidade. Leão XIII escreveu quatro encíclicas contra a Maçonaria: Humanum genus de 1884, Dall'alto dell'apostolico seggio de 1890, Inimica vis e Custodi di quella fede, ambas de 8 de Dezembro de 1892. 

Podemos dizer que a condenação da Maçonaria se insere plenamente no quadro das exigências e dos conteúdos da Doutrina Social da Igreja. Na construção deste quadro, o Papa Leão tinha considerado urgente e necessário tomar posição também sobre a Maçonaria. Ele próprio afirma na Humanum genus que formulou o seu próprio ensinamento sobre certas doutrinas sociais e políticas precisamente para contestar os erros da Maçonaria, ao ponto de "atingir directamente a própria sociedade maçónica". 

Existe, portanto, uma estreita ligação entre o nascimento da Doutrina Social da Igreja no pontificado de Leão XIII e uma avaliação negativa da Maçonaria. Segue-se que se a relação da Igreja com a Maçonaria mudasse - como parece estar a acontecer no nosso tempo - o quadro da Doutrina Social também mudaria.

O objectivo da Maçonaria, escreve ele, é "destruir de alto a baixo toda a ordem religiosa e social tal como foi criada pelo Cristianismo e, tomando fundamentos e normas do 'naturalismo', refazê-la a partir do zero". Segundo Leão XIII, a Maçonaria assume e encarna o princípio do naturalismo, que em duas outras encíclicas, a Immortale Dei e a Sapientiae Christianae, ele tinha definido como "o princípio da independência do homem em relação a Deus" e como o dever de "procurar na natureza o princípio e a norma de toda a verdade". 

Daí a lista de erros dos maçons: desautorização dos dogmas, autonomia da consciência, separação da Igreja e do Estado, perseguição das instituições eclesiásticas, luta contra a instituição do papado, promoção do indiferentismo religioso, negação da criação e da providência, desvalorização da ética natural, rejeição da doutrina sobre o pecado original, natureza vista como única norma de justiça, redução do casamento a um contrato civil, promoção do divórcio, laicização do ensino, ateísmo de Estado, soberania popular, exagero da igualdade entre os homens.

Se considerarmos a posição da Igreja hoje sobre todas estas questões, depois da viragem antropológica de Karl Rahner que deu substância sistemática ao naturalismo temido por Leão XIII, percebemos como a Igreja está agora preparada para abrir mesas de trabalho permanentes com as principais lojas maçónicas em Itália. Ao mesmo tempo, compreendemos como apenas chegou a este ponto depois de ter posto de lado a Doutrina Social da Igreja.

Stefano Fontana in lanuovabq.it


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Crucifixo feito à imagem do Santo Sudário



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quinta-feira, 14 de março de 2024

Virtudes e dons de São José - Réginald Garrigou-Lagrange, O.P.

Brilham nele, sobretudo, as virtudes da vida oculta, em grau proporcionado ao da graça santificante: a virgindade, a humildade, a pobreza, a paciência, a prudência, a fidelidade ― que não pode ser quebrantada por nenhum perigo ― a simplicidade, a fé esclarecida pelos dons do Espírito Santo, a confiança em Deus e a mais perfeita caridade. Guardou o depósito que lhe foi confiado com uma fidelidade proporcionada ao preço desse tesouro inestimável. Cumpriu o preceito: Depositum custodi, guarda o que te foi confiado.

Sobre essas virtudes da vida oculta, Bossuet faz estas considerações gerais (30): 

“É um vício comum nos homens entregar-se inteiramente às coisas exteriores e desprezar o interior; trabalhar para as aparências e adornos e menosprezar o efectivo e o sólido; preocupar-se com fazer parecer e não com o que deve realmente ser. Por isso são estimadas as virtudes que envolvem negócios e ocupações e exigem o trato com a sociedade; ao contrário, as virtudes ocultas e interiores, que não levam em conta o público, onde tudo se passa entre Deus e a alma, não só não são praticadas, mas não são sequer compreendidas. E, não obstante, nesse segredo reside todo o mistério da virtude verdadeira... É preciso formar um homem em seu verdadeiro sentido antes de pensar que lugar ocupará entre os outros; e se não se trabalhar sobre essa base, todas as outras virtudes, por mais brilhantes que possam ser, não serão mais que virtudes de vã ostentação... elas não formam o homem segundo o coração de Deus. Ao contrário, José, homem simples, buscou a Deus; José, homem desprendido, encontrou a Deus; José, homem reservado, desfrutou de Deus”.

A humildade de José consolidou-se ao considerar a gratuidade de sua vocação excepcional. Ele deve ter dito a si mesmo muitas vezes: por que razão o Altíssimo me deu o Seu Filho Unigénito para custodiá-Lo, a mim, José, antes que a este ou àquele outro homem da Judeia, da Galileia, ou de outra região e de outro século? Foi unicamente o beneplácito de Deus, beneplácito que é por si mesmo a razão e o motivo pelo qual José foi livremente preferido, escolhido e predestinado desde toda a eternidade, antes deste ou daquele outro homem, a quem o Senhor poderia ter concedido os mesmos dons e a mesma fidelidade para prepará-lo para essa excepcional missão. Vemos nessa predestinação um reflexo fiel da gratuidade da predestinação de Cristo e de Maria.

O conhecimento do valor dessa graça e da sua gratuidade absoluta, longe de prejudicar a humildade de José, confirmou-a. Ele pensava no seu coração: “O que tens que não recebeste?”.

José aparece como o mais humilde de todos os santos depois de Maria; mais humilde que qualquer um dos anjos; e se é o mais humilde, é por isso mesmo o maior de todos, porque todas as virtudes estando conexas, a profundeza da humildade é proporcionada à elevação da sua caridade, como a raiz da árvore é tanto mais profunda quanto mais alta ela é: “Aquele dentre vós todos que é o menor”, disse Jesus, “este será o maior” (31).

Como nota ainda Bossuet: “Possuindo o maior dos tesouros por uma graça extraordinária do Pai Eterno, José, longe de vangloriar-se desses dons ou de revelar as suas vantagens, oculta-se o quanto pode dos olhos dos mortais, desfrutando pacificamente com Deus do mistério que lhe é revelado e das riquezas infinitas que o Altíssimo colocou a seu encargo” (32). “José tem em sua casa motivos para atrair todos os olhares da Terra, e o mundo não o conhece; possui um Deus Homem, e não diz nenhuma palavra; é testemunho de um mistério tão extraordinário, e o aprecia em segredo, sem o divulgar” (33).

A sua fé é inquebrantável, apesar da obscuridade do mistério inesperado. A palavra de Deus transmitida pelo anjo esclarece-lhe a concepção virginal do Salvador: José poderia ter hesitado em acreditar em algo tão extraordinário, mas acreditou firmemente com a simplicidade do seu coração. Por sua simplicidade e humildade, ele ascende às alturas de Deus.

A obscuridade não tarda em reaparecer: José era pobre antes de ter recebido o segredo do Altíssimo, mas tornou-se ainda mais pobre ― observa Bossuet ― quando Jesus veio ao mundo, porque Ele veio com Sua abnegação e desprendimento de tudo para unir-Se a Deus. Não há lugar para o Salvador no último dos albergues de Belém. José deve ter sofrido ao ver que não tinha nada para oferecer a Maria e a seu Filho.

A sua confiança em Deus manifestou-se nas provações, pois a perseguição começou logo após o nascimento de Jesus. Herodes pretendia matá-Lo. O chefe da Sagrada Família devia esconder Nosso Senhor, partir para um país distante, onde ninguém o conhecia e onde não sabia como poderia ganhar a vida. Partiu, colocando toda a sua confiança na Providência.

O seu amor a Deus e às almas não cessa de crescer na vida oculta de Nazaré, pela influência constante do Verbo feito carne, o foco de graças sempre novas e sempre mais elevadas para as almas dóceis, que colocam toda a sua confiança em Deus e não põem nenhum obstáculo às graças que Ele lhes quer dar. 

Dissemos antes, a propósito do progresso espiritual em Maria, que a ascensão dessas almas é uniformemente acelerada, quer dizer, que se dirigem tanto mais rapidamente para Deus quanto mais se aproximam d’Ele e Deus as atrai mais a Si. Essa lei da gravitação espiritual das almas realizou-se exactamente em José; a caridade não parou de aumentar nele, sempre mais prontamente até à sua morte; o progresso de seus últimos anos foi mais acelerado que o dos primeiros anos, porque encontrando-se mais perto de Deus, era mais fortemente atraído por Ele.

Com as virtudes teologais, cresceram também incessantemente nele os sete dons do Espírito Santo, que são conexos com a caridade. Os dons de inteligência e de sabedoria tornavam a sua fé viva cada vez mais penetrante e deleitável. Com fórmulas extremamente simples, mas muito elevadas, a sua contemplação dirigia-se à infinita bondade do Altíssimo. Essa foi, na sua simplicidade, a contemplação sobrenatural mais sublime depois da de Maria.

Essa contemplação amorosa lhe era muito doce, mas exigia a mais perfeita abnegação e o mais doloroso dos sacrifícios, quando recordava as palavras do velho Simeão: “Este menino será um sinal de contradição”, e as dirigidas a Maria: “Uma espada de dor transpassará a tua alma”. A aceitação do mistério da Redenção por meio do sofrimento apareceu para José como a consumação dolorosa do mistério da Encarnação, e ele necessitava de toda a generosidade do seu amor para oferecer a Deus, no sacrifício supremo, o Menino Jesus e a sua Santíssima Mãe, a quem amava infinitamente mais do que a sua própria vida.

A morte de São José foi uma morte privilegiada; assim como a da Santíssima Virgem, foi ― disse São Francisco de Sales ― uma morte de amor (34). O santo admite também, com Suárez, que José estava entre os santos que, segundo São Mateus (35), ressuscitaram após a Ressurreição de Nosso Senhor e manifestaram-se na cidade de Jerusalém; ele argumenta que essas ressurreições foram definitivas e que José entrou no Céu em corpo e alma. Santo Tomás é muito mais reservado sobre esse ponto: depois de ter admitido que as ressurreições que se seguiram à de Jesus foram definitivas (36), mais tarde, examinando as razões contrárias aduzidas por Santo Agostinho, concluiu que estas são muito mais sólidas (37).

Padre Réginald Garrigou-Lagrange, O.P. in 'A predestinação de São José e sua eminente santidade'

Notas:
30. Segundo panegírico de São José, exórdio.
31. Lc 9, 48.
32. Primeiro panegírico de São José, exórdio.
33. Segundo panegírico de São José, ponto terceiro.
34. Tratado do Amor de Deus, 1. VII, c. XIII.
35. Mt 27, 52 ss.
36. IV Sent. 1. IV, dist 42, q. 1, a. 3
37. Cf. IIIª, q. 53, a. 3, ad 2.


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A Confissão prepara-nos para a Páscoa

Porque foi, meus irmãos, que a Igreja estabeleceu o tempo santo da Quaresma? Dir-me-eis que foi para nos preparar para celebrar com dignidade o tempo santo da Páscoa, que é o tempo em que Deus parece redobrar as suas graças e excita o remorso da nossa consciência para nos arrancar do pecado.

Examinemos a questão de mais perto. Para fazermos uma boa confissão, que nos reconcilie com Deus, temos de detestar de todo o coração os nossos pecados, não porque queiramos escondê-los de nós mesmos; mas temos de nos arrepender de ter ofendido um Deus tão bom, de ter permanecido tanto tempo no pecado, de ter desprezado todas as suas graças, com as quais nos incitava a sair dele. É isto, meus irmãos, que nos deve trazer lágrimas aos olhos e partir-nos o coração. 

Diz-me, meu amigo, se tivesses esta dor verdadeira, não te apressarias a reparar o mal que a causou e a voltar rapidamente à graça de Deus? Que dirias de um homem que se desentendeu com um amigo, mas que, reconhecendo a sua falta, se arrepende imediatamente: não tentará encontrar maneira de se reconciliar com ele? Se o amigo o abordar para esse efeito, não aproveitará a oportunidade? E se, pelo contrário, ele desprezasse tudo isso, não terias razão em dizer que não se importa de estar de bem ou de mal com essa pessoa? A comparação é sensata. 

Poderá uma pessoa que teve a infelicidade de cair em pecado, seja por fraqueza ou por surpresa, ou mesmo por malícia, se realmente se arrependeu, permanecer nesse estado por muito tempo? Não recorrerá imediatamente ao sacramento da Penitência?

Suspiremos sem cessar pela nossa verdadeira pátria, que é o céu, nossa glória, nossa recompensa e nossa felicidade. É isto que vos desejo...

São João-Maria Vianney (Cura de Ars) in 'Sermão para o segundo Domingo de Páscoa'


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quarta-feira, 13 de março de 2024

Sodoma Supplicans põe fim ao diálogo com a Igreja Copta

Na sua sessão plenária, a Igreja Ortodoxa Copta decidiu suspender o diálogo com a Igreja Católica. Os coptas são a principal igreja ortodoxa do Egipto. Historicamente, o cisma veio da negação da natureza humana de Cristo.

A reunião contou com a participação de 110 dos seus 133 bispos. Foi liderada pelo Papa Tawadros II, a quem foi permitido celebrar uma liturgia na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, no ano de 2018.

Citando as Escrituras, os coptas reafirmam a sua firme oposição à homossexualidade. Explicam que "qualquer bênção de tais relações, seja de que tipo for" é "uma bênção para o pecado" e "isto é inaceitável".

Frase-chave: "Foi decidido suspender o diálogo teológico com a Igreja Católica, reavaliar os resultados do diálogo alcançado desde o seu início, há vinte anos, e estabelecer novas normas e mecanismos para a continuação do diálogo".

adaptado de gloria.tv


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terça-feira, 12 de março de 2024

A Missa Tridentina não é Tridentina

O Missal de São Pio V (N.T.: por vezes chamada Missa Tridentina) é essencialmente o Sacramentário Gregoriano (N.T.: do Papa São Gregório Magno +604 d.C.), que tomou como modelo o livro gelasiano (N.T.: do Papa Gelásio +496 d.C.), que por sua vez depende da colecção leonina (N.T.: do Papa São Leão Magno +461 d.C.).

Podemos encontrar as orações do nosso Cânone (Romano) no tratado 'De Sacramentis' e referências ao mesmo Cânone no séc. IV. Sendo assim, a nossa Missa remonta, sem mudanças essenciais, à epoca na qual se desenvolveu a Liturgia mais antiga de todas.

Padre Adrien Fortescue in 'The Mass: A study of the roman liturgy' 


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São Gregório Magno, Papa

Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, nasceu em Roma, no ano 540. O pai, Gordiano, era Senador e, como a mãe, Sílvia, era uma pessoa muito religiosa. De mútuo acordo, Gordiano e Sílvia dedicaram-se ao serviço de Deus, ele abraçando o estado eclesiástico e ela, retirando-se à solidão, para servir unicamente a Deus. Gordiano recebeu o diaconato e prestou grandes serviços como Cardeal-Diácono.

Gregório recebeu uma educação esmerada e distinguia-se entre os companheiros pelo seu saber e pela virtude. Aos 34 anos de idade, o Imperador Justino II nomeou-o Pretor (Primeiro Ministro) de Roma. Nesta elevada posição, deu altas provas de amor à justiça, de humildade e de piedade.

Depois da morte do pai, renunciou o cargo e fundou sete conventos: seis na Sicília e um em Roma. O seu palácio no Monte Célio foi transformado num mosteiro beneditino. Em 575 tomou o hábito da mesma Ordem.

Como religioso, foi modelo para todos nas virtudes da vida monástica. Em certa ocasião, viu Gregório alguns escravos que tinham vindo da Inglaterra. A triste sorte desses infelizes o comoveu profundamente e, sabendo que a Inglaterra estava ainda mergulhada nas trevas do Paganismo, pediu e obteve licença para dedicar-se à obra da missão na Inglaterra.

Não chegara ao termo da viagem, quando uma ordem do Papa Pelágio II o chamou para Roma, onde foi incorporado ao Colégio dos Sete Diáconos da Igreja. Pouco tempo depois, em missão extraordinária, foi mandado a Constantinopla, de onde voltou para atender à vontade dos companheiros de Ordem que o tinham eleito Abade.

Deus, porém, tinha-lhe reservado dignidade maior, Pelágio II morreu em 590. A voz unânime do povo e do clero, na eleição de um sucessor, indicou Gregório; eleição que foi confirmada pelo império. Se bem que tudo fizesse para fugir da grande responsabilidade de Supremo Pastor, Gregório, vendo a inutilidade dos seus esforços, afinal aceitou a nova dignidade, curvando-se perante a evidência da vontade divina.

O pontificado de Gregório traz o estigma da caridade. Caridoso para com todos, era amado como um pai. Ao lado de uma caridade sem par, vemos no caráter deste grande Papa uma firmeza admirável, na defesa da Fé e dos bons costumes cristãos. Assim se opôs energicamente às indevidas imposições do Patriarca de Constantinopla; conseguiu do imperador a revogação de um decreto que excluía funcionários públicos do estado eclesiástico e proibia aos soldados a entrada em uma Ordem religiosa.

Embora de atividade pouco comum, no meio dos negócios da Igreja não perdia de vista a santificação de sua alma.

“Eu estou pronto – assim se exprimia numa carta – para ouvir todos aqueles que me quiserem fazer a caridade de uma repreensão salutar; considero como amigos só aqueles que possuírem a generosidade de indicar-me os meios de purificar minha alma das manchas que possui”.

Amigo das ciências, procurou despertar, principalmente entre o clero, interesse pelo estudo das mesmas. Na ignorância reconhecia a fonte de muitas desordens. O nome de Gregório está intimamente ligado à reforma do Cantochão(1), a música litúrgica da Igreja, que é conhecida também sob o nome de Canto Gregoriano.

A situação geral da Igreja não era lisonjeira e requeria um papa da têmpera de Gregório. Quando tomou as rédeas do governo, a Igreja Oriental estava dividida pelos erros de Nestório e de Eutiques. Gregório reconduziu muitos hereges à Igreja-mãe. A Inglaterra estava nas trevas do Paganismo; Gregório para lá enviou os primeiros missionários. Em Espanha, o Arianismo conseguia implantar-se na alma da nação, graças ao governo dos Visigodos; Gregório restabeleceu lá a Fé Católica em toda a sua pureza. A Igreja da África foi libertada do mal dos Donatistas, e a França deve a Gregório Magno a extirpação do grande pecado da simonia.

Gregório Magno teve ainda tempo para escrever numerosos livros, cheios de sabedoria e santidade. Após um pontificado abençoado de 13 anos, Gregório morreu em 604, aos 64 anos. É um dos quatro doutores latinos, juntamente com Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerónimo.

O Diácono Pedro, em quem São Gregório tinha total confiança, afirma ter visto muitas vezes o divino Espírito Santo, em forma de uma pomba branca, descer sobre o Santo Papa. É por este motivo que a arte cristã apresenta São Gregório Magno com uma pomba branca, pairando sobre a sua cabeça.

REFLEXÕES

1. De todos os cargos, os mais penosos são os de superior. O superior que possui, como São Gregório, humildade e caridade, considera-se o último de todos. Não tem orgulho que se impõe imperiosamente, extorquindo o tributo da obediência. Um bom superior prefere pedir a mandar; se o dever lhe impõe usar da autoridade, é com prudência que a ela recorre. Dos seus direitos só faz uso quando o requer a glória de Deus e o bem das almas. Se for necessário infligir castigo a um súdito, humilha-se em espírito, tomando o último lugar entre os seus semelhantes, imitando o exemplo dos Apóstolos, na direção daqueles que lhe são confiados. Se lhe dão o direito de mandar, com São Paulo prefere dizer: “Pela amizade que me tens, pelo coração e a mansidão de Jesus Cristo, eu te peço e conjuro, se me tens amor, que faças isso”. 

Se as circunstâncias exigirem uma repreensão ou um castigo, o superior nada fará sem meditar as palavras do Apóstolo: “Se alguém cair em erro, vós que estais iluminados, procurai instruí-lo no espírito de mansidão; levai antes de tudo em consideração vossa própria fraqueza, para que não vos venham tentações”. Superiores, pais e mães de família, que procederem sempre assim, deixando-se guiar pelo espírito de humildade e caridade, conquistarão os corações, destruirão o pecado e confirmarão a virtude. Os superiores, pais e mães de família que se queixam de desobediência, de falta de respeito e desregramentos dos súditos, devem antes levantar acusações contra si mesmos e examinar a si próprios. 

Quem não aprendeu a ganhar os corações, como Jesus Cristo os ganhava, pela bondade e caridade, e pelo contrário os repele pelo modo áspero com os trata, não deve acusar se não a si próprio. A caridade concilia, agrada, cativa; o rigor, a aspereza e arrogância vexam e irritam, indispõem. “É este o meu mandamento, diz Nosso Senhor, que vos amei”. A caridade de Cristo tinha três qualidades preciosíssimas: era meiga, benevolente e universal.

2. O nome de Gregório Magno se acha intimamente ligado ao canto sacro. Nada nos obriga a ver nele um grande compositor de músicas litúrgicas; certo é, porém, que pôs em ordem os numerosos cânticos litúrgicos então existentes: antífonas, responsórios, ofertórios, aleluias, tractus etc. É bem possível, senão muito provável, que tenha enriquecido com composições de sua lavra o grande tesouro musical que encontrara. Ao canto litúrgico foi dado subsequentemente a denominação de Canto Gregoriano, nome que lhe ficou, sendo-lhe próprio até os nossos dias.

Notas:
1. Cantochão é a denominação aplicada à prática monofônica de canto utilizada nas liturgias cristãs, originalmente desacompanhada. Historicamente, diversas formas de rito cristãos — como a Moçárabe; Ambrosiana ou Gregoriana – organizaram a música utilizada em repertórios, a partir daí intitulados a partir do rito do qual fizessem parte: Canto Gregoriano; Canto Moçárabe e Canto Ambrosiano, por exemplo. Formadas principalmente por intervalos próximos como segundas e terças, melodias do cantochão se desenvolvem suavemente, sendo o ritmo baseado na prosódia dos textos em latim. O cantochão é o principal fundamento da chamada música ocidental, sobre o qual toda a teoria posterior se desenvolve, ao contrário de outras artes que apontam para a época clássica da civilização greco-romana, ou até mesmo fontes anteriores. O cantochão é também a música mais antiga ainda utilizada, sendo cantada não só em Mosteiros mas também por coros de leigos no mundo inteiro.

in Página do Oriente


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Estas são palavras de Jesus, não de fariseus



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segunda-feira, 11 de março de 2024

Março é o mês dedicado a São José

O exemplo de Jesus Cristo, que nesta Terra quis honrar tão grandemente a São José, era bastante para inspirar a todos uma grande devoção a este preclaro Santo. Desde que o Pai Eterno designou São José para fazer as suas vezes juntos de Jesus, Jesus sempre o considerou e o respeitou como pai, obedecendo-lhe pelo espaço de vinte e cinco ou trinta anos: Et erat subditus illis(1) — E estava-lhes sujeito. O que quer dizer que em toda aquela série de anos a única ocupação do Redentor foi obedecer a Maria e a José.

A José competia em todo aquele tempo exercer o ofício de governar, como cabeça que era da pequena família; a Jesus, como súbdito, o ofício de obedecer. De sorte que Jesus não dava um passo, não praticava coisa alguma, não tomava alimento, não ia repousar, senão segundo as ordens de São José. Punha a mais atenciosa diligência em escutar e executar tudo o que lhe era imposto. — “O meu Filho”, assim revelou o Senhor a Santa Brígida, “era tão obediente, que quando José dizia: Faze isto, ou faze aquilo, logo o executava.” E acrescenta que em Nazaré “Jesus muitas vezes preparava a comida, buscava água, lavava as vasilhas e varria a casa”.

Esta humilde obediência de Jesus ensina-nos que a dignidade de São José é superior à de todos os Santos, excepção feita da divina Mãe. Pelo que um douto autor escreve com razão: “É justíssimo que seja muito honrado pelos homens aquele que de tal maneira foi elevado pelo Rei dos reis.” (2) — O próprio Jesus recomendou a Santa Margarida de Cortona que fosse particularmente devota de São José, por ser ele quem o alimentou durante a sua vida: “Eu quero”, disse-lhe (e imaginemos que nos diz o mesmo), “que cada dia pratiques algum obséquio especial a meu amantíssimo pai nutrício, São José.

Para compreendermos as grandes mercês que São José faz aos seus devotos, basta referir o que a este respeito diz Santa Teresa:

“Não me lembro (é a Santa quem fala) de lhe ter pedido alguma coisa sem que ma tenha obtido. Causaria assombro se eu enumerasse todas as graças que o Senhor me concedeu por intermédio deste Santo, e todos os perigos, tanto para o corpo como para a alma, dos quais me livrou. Aos demais Santos parece que o Senhor lhes deu o serem protectores numa só necessidade particular; a experiência, porém, faz ver que São José é protector universal. Parece que Jesus nos quer dar a entender que, assim como ele na Terra se submeteu voluntariamente a São José, também no Céu faz tudo que o Santo lhe pede. O mesmo experimentaram também outras pessoas, às quais aconselhei que se lhe recomendassem.

“Quisera persuadir a todos (continua a Santa) a serem devotos deste Santo, pela experiência adquirida dos grandes favores que ele obtém de Deus. Não conheço pessoa que honrando-o de uma maneira particular, não se visse progredir muito na virtude. Desde há muitos anos lhe peço, no dia da sua festa, uma graça especial e sempre a tenho conseguido. A quem não me quiser crer, peço pelo amor de Deus que faça a experiência.”

Tomemos São José por nosso especial protector e poderoso intercessor, e não deixemos de nos recomendar-lhe cada dia e várias vezes por dia. Multipliquemos as nossas orações nestes dias de sua festa, pratiquemos em sua honra alguma mortificação e digamos muitas vezes:

† “Lembrai-vos, ó puríssimo Esposo de Maria Virgem, ó doce Protector meu São José, que jamais se ouviu dizer que alguém tivesse invocado a vossa protecção, e implorado o vosso socorro, e não fosse por vós consolado. Com esta confiança, venho à vossa presença, a vós fervorosamente me recomendo. Ah! Não desprezeis a minha súplica, pai putativo do Redentor, mas dignai-vos de a acolher piedosamente. Assim seja.” (3) 

(1) Luc. 2, 51;
(2) Card. Camer;
(3) Indulgência de 300 dias.

Santo Afonso Maria de Ligório in 'Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano' - Tomo II


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domingo, 10 de março de 2024

Cardeal Burke fala sobre a importância da Família na Fé Católica



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O Domingo das Rosas

Na antiguidade Cristã, o dia de hoje era o “Dia das Rosas”, no qual os cristãos se presenteavam mutuamente com as primeiras rosas do Verão. Ainda hoje o Santo Padre benze, neste dia, uma rosa de ouro e a oferece a uma pessoa, ou instituição em sinal de particular atenção. 

A flôr doirada que brilha reflecte a majestade de Cristo, com uma simbologia muito apropriada porque os profetas O chamaram "flôr do campo e o lírio dos vales". A fragrância da rosa, de acordo com o Papa Leão XIII, "mostra o odor doce de Cristo que deve ser difundido extensamente pelos seus seguidores fiéis” (Acta, vol. VI, 104), e os espinhos e o matiz vermelho relembram a Sua paixão". 
A Santa Igreja, como o faz no Advento, interrompe também na Quaresma a sua penitência. Demonstra alegria pelo toque do órgão, pelo enfeite dos altares e pelo rosa dos paramentos. Esta alegria é expressa de igual modo pela própria denominação deste Domingo, chamado de 'Laetare', que significa 'Alegra-te', e que corresponde ao início da antífona deste IV Domingo da Quaresma:

"Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos todos os que amais; entregai-vos à alegria, vós que estivestes na tristeza para que exulteis e vos sacieis na abundância de vossa consolação. Ps. Alegrei-me com o que me foi dito: iremos à casa do Senhor."

D. B. Keckeisen, OSB in Missal Quotidiano, 1947



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sábado, 9 de março de 2024

Nossa Senhora, Medianeira de todas as Graças




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Bispo Strickland pede ao Papa que não deixe os 'homossexuais' vaguear pelo pecado

O Bispo confessor Joseph Strickland escreveu uma carta dirigida a todos os bispos, "incluindo o Papa Francisco, bispo de Roma", exortando-os a regressar a Cristo: "Irmãos, sejamos fortes e claros em todos os ensinamentos da nossa fé Católica".

Monsenhor Strickland proclama a verdade de que Deus nos criou homem e mulher, e que o casamento é um vínculo sagrado entre um homem e uma mulher, comprometidos para a vida e abertos a filhos.

"Comprometamo-nos a nunca deixar aqueles que foram apanhados em pecado sexual de qualquer tipo a vaguear na escuridão de um estilo de vida pecaminoso".

"Sejamos a Igreja que acolhe todos, mas que não abandona ninguém ao pecado e aos caminhos obscuros do mundo".

O Bispo reconhece que "estamos à beira de uma devastação como o mundo nunca viu".

Ele abre os olhos para as forças do mal que pretendem oferecer um novo caminho para a humanidade, que procuram destronar Deus e instalar um governo global no Seu lugar.

A conclusão de Mons. Strickland: "Não é demasiado tarde, mas o tempo é curto para fazermos o nosso trabalho".

in gloria.tv


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sexta-feira, 8 de março de 2024

A separação dos escolhidos dos réprobos no Juízo Final

Exibunt angeli, et separabunt malos de medio iustorum — “Sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos.” (Mat 13, 49)

Sumário. Quando todos os homens estiverem reunidos no vale de Josafá, virão os anjos separar os réprobos dos escolhidos. Estes ficarão à direita e aqueles serão, para sua confusão, impelidos para a esquerda. Oh, que triste separação! Meu irmão, de que lado nos acharemos nesse dia? À direita com os escolhidos, ou à esquerda com os condenados? Se quisermos estar à direita, deixemos o caminho que conduz à esquerda.

Assim que os homens tiverem ressuscitado, ser-lhes-á intimado que se dirijam todos ao vale de Josafá, para serem julgados. Quando todos estiverem ali reunidos, virão os anjos e separarão os réprobos dos escolhidos: Exibunt angeli, et separabunt malos de medio iustorum. Os justos ficarão à direita, e os condenados serão impelidos para a esquerda. — Que mágoa não sentiria quem fosse banido da sociedade ou da Igreja! Mas que dor muito maior não sentirá, quando se vir expulso da companhia dos Santos! Unus assumetur, et alter relinquetur (1) — “Um será tomado, e outro será desprezado”. Diz São Crisóstomo que, se os réprobos não tivessem outra pena a sofrer, esta confusão já seria para eles um suplício infernal.

Actualmente no mundo são julgados felizes os príncipes e os ricos; e são desprezados os santos que vivem na pobreza e humildade. Ó cristãos fiéis, vós que amais a Deus, não vos aflijais porque neste mundo viveis desprezados e em tribulações: Tristitia vestra vertetur in gaudium (2) “A vossa tristeza se há de converter em alegria”. Então se dirá que vós sois os verdadeiros felizes, e tereis a honra de ser proclamados os cortesãos da corte de Jesus Cristo.

Que brilhante figura não fará então um São Pedro de Alcântara, que foi vilipendiado como apóstata! Um São João de Deus, que foi tratado como insensato! Um São Pedro Celestino, que morreu numa prisão depois de ter abdicado o papado! Que honra receberão então tantos mártires, cruciados aqui pelos algozes! Tunc laus erit unicuique a Deo (3) — “Então cada um terá de Deus o louvor”. Que horrível figura, pelo contrário, não fará um Herodes, um Pilatos, um Nero, e tantos outros grandes da terra, agora condenados! — Ó partidários do mundo, espero-vos no vale de Josafá. Aí mudareis sem dúvida de sentimentos; aí deplorareis a vossa loucura. Infelizes! Por uma curta aparição no teatro deste mundo, tendes de fazer depois o papel de condenados na tragédia do juízo final.

Os escolhidos serão colocados à direita, ou antes, segundo o que diz o Apóstolo, para sua maior glória, serão elevados aos ares sobre as nuvens, para irem com os anjos ao encontro de Jesus Cristo, que deve vir do céu: Rapiemur cum illis in nubibus, obviam Christo in aera (4) — “Seremos arrebatados com eles nas nuvens ao encontro de Cristo”. E os condenados, como um rebanho de cabritos destinados ao matadouro, serão impelidos para a esquerda, esperando pelo Juiz, que virá pronunciar publicamente a condenação de todos os seus inimigos. — Meu irmão, de que lado nos acharemos nós nesse dia? À direita com os escolhidos, ou à esquerda com os réprobos?

Ó meu amado Redentor, ó Cordeiro de Deus, que viestes ao mundo, não para castigar, mas para perdoar os pecados: ah! Perdoai-me sem demora, antes que chegue o dia em que deveis ser meu Juiz. Se eu então viesse a perder-me, à vossa vista, ó doce Cordeiro, que me tendes aturado com tanta paciência, a vossa vista seria o inferno do meu inferno. Ah! Perdoai-me, repito, sem demora. Com o socorro da vossa mão misericordiosa, fazei-me sair do precipício onde me fizeram cair os meus pecados. Arrependo-me, ó soberano Bem, de Vos ter ofendido tantas vezes. Amo-Vos, ó meu Juiz, que tanto me haveis amado.

Suplico-Vos pelos méritos da vossa morte, que me deis uma graça tão eficaz, que me torne de pecador em santo. Prometestes atender a quem Vos roga: Clama ad me et exaudiam te (5) — “Clama por mim e Eu te atenderei”. Não Vos peço bens terrenos; peço-Vos a vossa graça, o vosso amor e nada mais. Atendei-me, ó meu Jesus, pelo amor que me dedicastes morrendo por mim na cruz. Meu amado Juiz, sou um culpado, mas um culpado que Vos ama mais que a si próprio. Tende piedade de mim! — Maria, minha Mãe, vinde depressa em meu auxílio, agora que me podeis ainda socorrer. Não me abandonastes quando vivia esquecendo-me de vós e de Deus. Socorrei-me, já que estou resolvido a servir-vos sempre e a nunca mais ofender a meu Senhor. Ó Maria, vós sois a minha esperança. (II 114) 

Santo Afonso in Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano (Tomo I)

1. Mat 24, 40
2. Jo 16, 20
3. 1Cor 4, 5
4. 1Tes 4, 17
5. Jer 33, 3


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Renega-te a ti próprio, toma a tua cruz e segue Jesus

A muitos parece dura esta palavra : «Renega-te a ti próprio, toma a tua cruz e segue Jesus.» 

Por que temes levar a cruz, pela qual se vai ao Reino? Na cruz está a salvação; na cruz, a vida; na cruz, a protecção dos inimigos; na cruz se derrama toda a suavidade do alto; na cruz, a força do espírito; na cruz, a alegria da alma; na cruz, a suprema virtude; na cruz, a perfeição da santidade. Não há salvação da alma nem esperança da vida eterna senão na cruz. Pega, pois, na tua cruz e segue-O: caminharás para a vida eterna. Se morreres com Ele, também com Ele viverás (cf Rom 6,8). E, se fores seu companheiro no sofrimento, também o serás na glória.

Eis que tudo consiste na cruz; não há outro caminho para a vida e para a verdadeira paz interior. Anda por onde quiseres, procura o que desejares, não encontrarás mais elevado caminho no alto, nem mais seguro cá em baixo, do que o caminho da santa cruz.

Dispõe e ordena tudo segundo o que queres e vês; não encontrarás nada onde não haja que sofrer, voluntária ou necessariamente, e assim sempre encontrarás a cruz. Ou sofrerás dores no corpo, ou encontrarás tribulações na alma. Umas vezes serás abandonado por Deus, outras serás afligido pelo próximo e, pior ainda, muitas vezes pesar-te-ás a ti mesmo; e não poderás ser libertado ou aliviado com qualquer remédio ou consolação. Deus quer que aprendas a suportar o sofrimento sem consolações, que te submetas a Ele totalmente e te tornes mais humilde pela tribulação. 

E é necessário que tenhas paciência, se queres possuir a paz interior e merecer a coroa imortal.

in Imitação de Cristo, Livro II, capítulo 12


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quinta-feira, 7 de março de 2024

As minhas 3 histórias preferidas da vida de São Tomás de Aquino

S. Tomás de Aquino é um gigante teológico. As suas obras são imensas. O seu intelecto é incomparável. Era um filósofo profundo. Foi dos maiores exegetas bíblicos da Igreja. É raro o dia que passa em que eu não me refira às suas obras. No entanto, devemos lembrar que S. Tomás de Aquino foi um homem de enorme santidade. Tomás era um frade dedicado a santificar o seu trabalho diário. Para vos dar uma visão da sua vida santa, permitam-me partilhar três episódios que se destacam a este respeito.

Primeiro Episódio: O cinto angélico

Como sabem, a família de S. Tomás fechou-o na torre da família para o "dissuadir" de se tornar um frade dominicano. Eles queriam que ele se tornasse um Abade Beneditino. Deram entrada no seu quarto a uma prostituta e ele perseguiu-a com um tronco a arder (ver figura acima). O que se passou a seguir é impressionante. Com o tronco queimado ele desenhou uma cruz na parede do quarto e ajoelhou-se em veneração. Imediatamente dois anjos da pureza apareceram e colocaram um cinto angélico à volta da sua cintura. A partir deste dia ele nunca mais sofreu um pensamento ou acção de luxúria em toda a sua vida. Esta santa pureza é a chave para o enorme intelecto de S. Tomás.

Eu uso o cinto de São Tomás de Aquino. É um sacramental em que um sacerdote dominicano vos pode enrolar. É um sinal e uma oração pela santa pureza.

Segundo episódio preferido: Conversas com S. Pedro e S. Paulo

Os comentários de S. Tomás às Epístolas de S. Paulo são, provavelmente, os melhores de todos os tempos. Os seus comentários da Carta aos Romanos e Hebreus são do outro mundo. Poucos percebiam como é que S. Tomás podia ter esta visão das Epístolas.

O secretário de S. Tomás, Frei Reginaldo, ouvia-o às vezes a conversar com homens na sua cela. Quem eram estes homens misteriosos? Isto foi contado ao prior que ordenou sob santa obediência que S. Tomás revelasse a natureza destas conversas.

Muito relutantemente, S. Tomás revelou que S. Pedro e S. Paulo o visitavam na sua cela e explicavam-lhe o significado das suas palavras nas Epístolas! Não admira que S. Tomás escrevesse comentários tão brilhantes! Ele estava a ser ensinado pelos próprios santos Apóstolos em relação ao seu significado.

Terceiro Episódio Preferido: A visão do dia de S. Nicolau

Na festa de São Nicolau (6 de Dezembro) do ano antes de morrer, São Tomás teve uma visão enquanto celebrava o Santo Sacrifício da Missa. De seguida, contou a Frei Reginald que não ia continuar a escrever a sua Summa Theologiae, visto que tudo o que ele tinha escrito "parecia palha" comparado com o que tinha visto. O que é que ele viu naquele dia? Ninguém sabe. No entanto este episódio revela que São Tomás era um grande místico. Não se deixava levar pelo orgulho intelectual. Tinha um amor enorme e apaixonado por Cristo. Este tornava-se real no contexto da Sagrada Eucaristia.

Estes são apenas três dos muitos grandes episódios da vida de S. Tomás de Aquino.

Taylor Marshall


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