domingo, 31 de julho de 2011

Um amor assim - Inês Pedrosa

Não conheci Maria José Nogueira Pinto, mas admirava-a pela frontalidade, pela dedicação às causas em que acreditava, pela coragem. Deu testemunho de alegria e entrega, com uma elegância absolutamente invulgar, até ao último dia da sua vida. As últimas palavras da sua derradeira crónica para o Diário de Notícias, publicada já depois da sua morte, foram estas: «o Senhor é meu pastor, nada me faltará».

Creio que as terá escrito sobretudo para consolar aqueles que mais amava e que mais a amavam – para os certificar de que ficaria bem e para os animar a viverem com a veemência com que ela mesma viveu. O dom da fé não nos é dado a todos do mesmo modo nem se esgota no formato de um Deus mais ou menos escanhoado; cada um de nós tem a possibilidade de escolher entre o amor que acende o mundo e o ódio que o apaga.

Dir-me-ão que nada é tão simples – e não é, de facto, porque escolher o amor significa perder o direito ao conforto da cobardia, prescindir da segurança dos caminhos previamente traçados, estar disponível para merecer a felicidade, isto é, enfrentar de olhos abertos os obstáculos, a dor, a mudança. O texto de Jaime Nogueira Pinto sobre a mulher da sua vida, publicado no Sol da passada semana explica exactamente de que é feito o amor autêntico – e faz desabar as teorias pseudo-científicas sobre a duração da paixão (dois anos, dizem os sábios infelizes), responsáveis pela grande catástrofe do século XXI, que é a da descrença na perenidade do enamoramento. Os divórcios são apenas um iceberg de valentes – quantos casamentos não conhecemos feitos de mentiras consensuais e contabilidades amparadas, tristemente sustentados por crianças que, por isso mesmo, crescem desiludidas quanto à graça do amor?

Jaime Nogueira Pinto recorda o livro único do escritor francês Jean René Huguenin, com um título belíssimo (La Côte Sauvage), para citar uma frase que ambos amavam desde a adolescência, e que definia o amor como «uma extrema atenção». Num mundo que celebra e louva a desatenção, a corrida bárbara para lugar nenhum, eles souberam sempre cultivar essa atenção extrema – extremosa, extremista, radical, absoluta. Porque tiveram a sorte de se encontrar cedo e de cedo compreender, para lá da química e da física (que são essenciais, mas nunca bastam) , que pertenciam um ao outro – que podiam rever-se nos olhos um do outro como em espelhos límpidos. Porque liam os mesmos livros e conversavam sobre eles, porque tinham os mesmos ideais e lutavam por eles, porque atravessaram tempestades e não se deixaram levar pela ventania, porque nunca amputaram os sonhos um do outro nem perderam de vista o sonho maior que queriam construir juntos, porque souberam ser a casa um do outro quando a vida os empurrou para longe da casa e do país que tinham.

Assim viveram um amor intenso durante mais de quarenta anos. Assim, Maria José morreu sem medo. Escreve Jaime Nogueira Pinto: «Foi estóica e heróica, mas a sorrir, lúcida, sem ressentimento nem revolta, aceitando o que achava que agora lhe era exigido». Aceitação é outra palavra caída em desuso, porque na voragem em que escolhemos des-existir a confundimos com resignação ou desistência – e é rigorosamente o seu contrário: só pode aceitar o que a vida lhe apresenta quem sabe quem é e o que quer.

Graças a Maria José Nogueira Pinto, que nunca cheguei a conhecer, acordarei feliz nas mais árduas manhãs, dizendo: o amor é meu pastor, nada me faltará.


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sábado, 30 de julho de 2011

Livre-arbítrio...está sempre connosco




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O problema do mal - D. Murilo Krieger

“Você acredita em Deus?” Com essa pergunta, a jornalista terminava uma longa entrevista com um conhecido desportista nacional. A resposta que ele lhe deu chamou a minha atenção, porque expressa o que muita gente pensa a respeito do problema do mal. O drama e a angústia do desportista são a angústia e o drama de inúmeras pessoas, em situações, épocas e lugares diferentes: “É difícil dizer que acredito em Deus. Quanto mais desgraças vejo na vida, menos acredito em Deus. É uma confusão na minha cabeça; não encontro explicação para o que acontece. Por que é que o meu filho nasce num berço de ouro, enquanto outro, infeliz, nasce para sofrer, morrer de doença, e há tudo isso de triste que a gente vê na vida? É uma coisa que não entendo e, como não tenho explicação, é difícil de acreditar num Ser superior.”

O mal, o sofrimento e a doença fazem parte de nosso quotidiano. As injustiças, a fome e a dor são tão frequentes no nosso mundo, que parecem ser normais e obrigatórias. Fôssemos colocar numa biblioteca todos os livros já escritos para tentar explicar o porquê dessa realidade, e ficaríamos surpresos com a quantidade.

Para o cristão, mais do que um culpado, o mal tem uma causa: a liberdade. Fomos criados livres, com a possibilidade de escolher nossos caminhos. Podemos, pois, fazer tanto o bem quanto o mal. Se não tivéssemos inteligência e vontade, não existiria o mal no mundo; se fossemos meros robôs, também não. Por outro lado, sem liberdade não haveria o bem e nem saberíamos o que é um gesto de amor. Também não conheceríamos o sentido de palavras como gratidão, amizade, solidariedade e lealdade.

O mal nasce do abuso da liberdade ou da falta de amor. Nem sempre ele é feito consciente ou voluntariamente. Quanto sofrimento acontece por imprudência! Poderíamos recordar os motoristas que abusam da velocidade ou que dirigem embriagados, e acabam mutilando e matando pessoas inocentes. Não é da vontade de Deus que isso aconteça. Mas Ele não vai corrigir cada um de nossos erros e descuidos. Não impedirá, por exemplo, que o gás que ficou ligado na casa fechada asfixie o idoso que ali dorme. Repito: Deus não intervém a todo momento para modificar as leis da natureza ou para corrigir os erros humanos.

O que mais nos angustia, talvez pela gravidade das consequências, é o mal causado pela violência, pelo ódio e egoísmo. Os assassinatos e roubos, os sequestros e acidentes, as guerras e destruições são como que pegadas da passagem do homem pelo mundo. O mal acontece porque usamos de forma errada a nossa liberdade ou não aceitamos o plano de Deus, expresso nos mandamentos. Quando nos deixamos levar pelo egoísmo e seguimos nossas próprias ideias, construímos o nosso mundo, não o mundo desejado por Deus para nós.

Outro imenso campo de sofrimento é o das injustiças. Quantos se aproveitam de sua posição e de seu poder para se enriquecer sempre mais, à custa da miséria dos fracos e do sofrimento dos indefesos! Terrível poder o nosso: podemos fechar-nos em nosso próprio mundo e contemplar, indiferentes, a desgraça dos outros.

Não se pode, também, esquecer o mal causado pela natureza, quando suas leis não são respeitadas. Com muita propriedade, o povo diz: “Deus perdoa sempre; o homem, nem sempre; a natureza, nunca!” A devastação das florestas e a contaminação das águas fluviais trazem consequências inevitáveis, permanentes e dolorosas para a vida da humanidade. Culpa de Deus?...

Diante do mal, não podemos ter uma atitude de mera resignação. Cristo ensina-nos a lutar, combatendo o mal nas suas causas. O bom uso da liberdade e a prática do bem nos ajudarão a construir o mundo que o Pai sonhou para nós. Descobriremos, então, que somos muito mais responsáveis por nossos actos do que imaginamos. Fugir dessa responsabilidade, procurando fora de nós a culpa de nossos erros é uma atitude cômoda, ineficiente e incoerente. Assumirmos a própria história, colocando nossas capacidades a serviço dos outros, é uma tarefa exigente, sim, mas que nos dignifica e nos realiza como seres humanos e filhos de Deus.


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sexta-feira, 29 de julho de 2011

"O semeador saiu para semear" - São João Maria Vianney

Se me interrogais acerca do que Jesus Cristo quis dizer com este semeador que saiu de madrugada para ir espalhar a semente no seu campo, meus irmãos, o semeador é o próprio Deus, que começou a trabalhar pela nossa salvação desde o início do mundo, enviando-nos os Seus profetas antes da vinda do Messias, para nos ensinar o que era necessário para sermos salvos; e não Se contentou em enviar os Seus servos, veio Ele mesmo traçar-nos o caminho que devemos tomar, veio anunciar-nos a palavra santa.

Sabeis o que é uma pessoa que não se alimenta desta palavra santa ou a recebe sem a devida reverência? É semelhante a um paciente sem médico, a um viajante perdido e sem guia, a um pobre sem recursos; digamos melhor, meus irmãos, que é completamente impossível amar a Deus e agradar-Lhe sem ser alimentado por esta palavra divina. O que é que nos pode levar a unirmo-nos a Ele, a não ser conhecê-Lo? E quem nos dá a conhecê-Lo com todas as Suas perfeições, as Suas belezas e o Seu amor por nós, se não a palavra de Deus, que nos ensina tudo o que Ele fez por nós e os bens que nos prepara na outra vida, se procurarmos agradar-Lhe?


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Fotógrafo passa 36 anos a fotografar as irmãs



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Tia-Avó Naninha!

Eu sou a maior fã da minha sobrinha-neta.

Viva a mini-Bi!!!


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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Frase do dia

"Cada vez que participamos da Eucaristia, ela produz em nós efeitos maravilhosos e graças que nem podemos imaginar!" 

S. Pio de Pietrelcina


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Zé Pedro, guitarrista dos Xutos e Pontapés, no Parlamento?




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Papa Bento XVI sobre as férias

O tempo das férias torna-se para muitos
ocasião proveitosa para encontros culturais,
para momentos prolongados de oração
e de contemplação em contacto com a natureza
ou em mosteiros e estruturas religiosas.

Dispondo de mais tempo livre podemos
dedicar-nos com mais facilidade
ao diálogo com Deus,
à meditação da Sagrada Escritura
e à leitura de algum livro formativo.

Quem faz a experiência deste repouso do espírito,
sabe como ele é útil
para não reduzir as férias simplesmente a
distracções e divertimentos.

A participação fiel na celebração eucarística
dominical ajuda a sentir-se parte viva
da comunidade eclesial também
quando se está fora da própria paróquia.

Onde quer que nos encontremos,
temos sempre necessidade de nos
alimentarmos da Eucaristia.

13 de Agosto de 2006


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quarta-feira, 27 de julho de 2011

As dez leis mais estranhas do mundo (sem contar com o aborto)

Singapura: nesta super-cidade é, desde 1992, proibido mascar pastilha elástica na rua.

Eraclea, em Itália: muitas pessoas fogem da confusão de Veneza e refugiam-se nesta cidade localizada nas margens do Mar Adriático. Não é recomendada para quem gosta de passar o tempo na praia a construir castelos na areia, pois tais obras de engenharia são proibidas.

Amesterdão, Holanda: enquanto fumar cannabis numa coffee shop não só é permitido, como perfeitamente natural, fumar tabaco está completamente banido.

Florida: as mulheres solteiras que saltam de pára-quedas aos domingos podem ser presas.

Suíça: puxar o autoclismo num apartamento suíço a partir das 22 horas é ilegal.

Eboli, Itália: o casal que troque um beijo dentro dum veiculo em andamento incorre numa multa de mais de 500 euros.

Capri , Itália: depois de um casal ter sido preso por fazer demasiado barulho enquanto passeava de chinelos demasiado barulhentos, foi introduzida uma lei que proíbe ‘calçado barulhento’.

Alabama, EUA: é ilegal estar vendado enquanto se conduz um veículo.

Dubai, Emiratos Árabes Unidos: beijar em público é proibido. Nos últimos anos vários turistas menos conhecedores dos costumes e leis do país foram multados por causa desta lei.

Brunei, Indonésia e Malásia: o durian, um fruto nativo destes países, tem um cheiro tão incrivelmente forte que está proibido de entrar em muitos locais públicos. in Sol


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Aplicar-se no estudo mas também na oração - S. Boaventura

Pela sua aplicação constante à oração e pela prática das virtudes, o homem de Deus Francisco chegou a uma tal limpidez de alma que, sem ter adquirido o conhecimento dos santos Livros através do estudo, era, no entanto, esclarecido pelos raios da Luz eterna e penetrava, com uma acuidade espantosa, no mais profundo das Escrituras. O seu espírito, purificado de toda a mancha, conseguia aceder aos mistérios escondidos e o seu amor impetuoso abria as portas diante das quais escorrega a ciência dos mestres. [...]

Uns irmãos pediram-lhe um dia, para aqueles que tinham estudado, a permissão de se entregarem ao estudo da Sagrada Escritura. Respondeu: «Permito-o na condição de eles não se esquecerem de se aplicar também na oração, como Cristo, que orou, segundo lemos, mais do que estudou (Lc 11,1; 2,46); e na condição de não estudarem unicamente para saberem como devemos falar mas, principalmente, para porem em prática o que tiverem aprendido e, depois de o terem posto em prática, para ensinarem aos outros o que devem fazer. Quero, acrescentou, que os meus irmãos sejam discípulos do Evangelho e que os seus progressos no conhecimento da verdade acompanhem os seus avanços na pureza e na simplicidade, de forma a não separarem aquilo que o Mestre uniu com uma palavra da Sua bendita boca: 'a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes'».


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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um tempo de suspeita - João César das Neves

A base da sociedade actual é a desconfiança. Os cidadãos não acreditam uns nos outros. Todos dizem haver uma crise de valores e coleccionam-se histórias de fraudes, abusos e ameaças. Vivemos um tempo de suspeita.

Atribuímos isso à sociedade aberta, heterogénea, para mais em crise, mas a explicação não colhe. Primeiro, porque crises sempre houve. Além disso, as tradições permanecem, a religião é tão influente como sempre foi e as pessoas não são mais ou menos egoístas que antes. O problema não está nos valores, mas nos critérios.

A dúvida colectiva nasce não de pessoas concretas, mas da atitude de fundo. Cada um acha-se honesto, e aqueles que conhece são pessoas de bem. Apesar disso, garante que ninguém respeita os valores. Suspeitamos não dos próximos, mas dos outros em geral.

A origem da atitude está no preconceito, que tem a vantagem de nos evitar de pensar. Durante séculos, sempre se soube que em todos os grupos e condições havia pessoas boas e más. Era preciso julgar com cuidado. Mas nós fomos educados na convicção pseudocientífica da "luta de classes", forma operacional de xenofobia. Este tempo da técnica acredita que mecanismos e estruturas se sobrepõem a pessoas e comportamentos, fazendo tudo mau.

Repudiamos não a mentira de alguns políticos, mas a classe política mentirosa. O problema está menos nos banqueiros desonestos do que no sistema bancário que elimina a honestidade. Não criticamos os erros das agências de rating, mas a sua existência, mesmo sem saber bem o que fazem; os juízos são automáticos.

Esta atitude justifica os preconceitos mais boçais. Todos sabem que os maridos enganam as mulheres, os comerciantes empolam os preços, os professores tomam alunos de ponta. Antes de sabermos os pormenores de qualquer história dessas, já pronunciámos o veredicto. Só notamos a terrível injustiça quando somos vítimas do raciocínio.

Aliás, já vamos na segunda geração de preconceitos. Acreditamos no mito de que os antigos achavam as mulheres inferiores. Nós, sendo igualitários, discriminamos não as mulheres, mas os homens acusados automaticamente de discriminação que não cometeram. E ninguém se dá ao trabalho de considerar a realidade, onde há mulheres inferiores e homens machistas, mas poucos.

No meio da suspeita e do preconceito, o elemento que desaparece é a honra. Ninguém confia na honestidade alheia e espera-se sempre o pior. Todos se consideram pessoalmente honrados numa sociedade de bandidos. Para a dominar, a solução técnica tinha de ser um mecanismo: a regulação.

Na falta da honorabilidade, brama-se pela lei. Trocamos o juízo moral pela ponderação da legalidade. Normas e estatutos, fracos substitutos da suspeita virtude alheia, penetram nos campos mais íntimos e insólitos. A consequência é a inflação desenfreada de leis e regulamentos, que estrangula a vida social e atinge paroxismos de ridículo.

A lei não pode funcionar sem honra porque, em si, é romba e míope. Só vê branco e preto. Não pode fechar os olhos, dar o desconto, ter benevolência. Ou se comete o crime ou não se comete, tendo como única gradação a severidade da pena. Até castiga quando quer ajudar, ao multar a falta de cinto de segurança.

Assim o totalitarismo do mundo quadriculado do direito aumenta ainda mais a suspeita social. Surge então um dos debates mais estúpidos da história, entre neoliberais e intervencionistas, que se acusam mutuamente de todos os males sociais, num suposto confronto entre Estado e mercado, como se qualquer deles sobrevivesse sem o outro.

Uma sociedade civilizada é o equilíbrio entre honra, lei e liberdade. Na falta de uma, as outras não funcionam. O tempo da suspeita esqueceu a primeira e tenta viver com as outras duas em confronto, onde o propósito da lei não é defender a liberdade, mas restringi-la; a finalidade da liberdade não é respeitar a lei, mas desafiá-la. Esta é a verdadeira crise actual, manifestada nos múltiplos problemas da Justiça, Educação, Saúde, etc.. O nosso real problema não é político, financeiro ou económico. É a desconfiança.


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Dia de S. Tiago

Também a nós nos chama e nos pergunta como a Tiago e João: Potestis bibere calicem quem ego bibiturus sum?; estais dispostos a beber o cálice (este cálice da completa entrega ao cumprimento da vontade do Pai) que eu vou beber? "Possumus"!. Sim, estamos dispostos! – é a resposta de João e Tiago... Vós e eu, estamos dispostos seriamente a cumprir, em tudo, a vontade do nosso Pai, Deus? Demos ao Senhor o nosso coração inteiro ou continuamos apegados a nós mesmos, aos nossos interesses, à nossa comodidade, ao nosso amor-próprio? Há em nós alguma coisa que não corresponda à nossa condição de cristãos e que nos impeça de nos purificarmos? Hoje apresenta-se-nos a ocasião de rectificar.

É necessário que nos convençamos de que Jesus nos dirige pessoalmente estas perguntas. É Ele que as faz, não eu. Eu não me atreveria a fazê-las a mim próprio. Eu vou continuando a minha oração em voz alta e vós, cada um de vós, por dentro, está confessando ao Senhor: Senhor, que pouco valho! Que cobarde tenho sido tantas vezes! Quantos erros! Nesta ocasião e naquela... nisto e naquilo... E podemos exclamar também: ainda bem, Senhor, que me tens sustentado com a tua mão, porque eu sinto-me capaz de todas as infâmias... Não me largues, não me deixes; trata-me sempre como um menino. Que eu seja forte, valente, íntegro. Mas ajuda-me, como a uma criatura inexperiente. Leva-me pela tua mão, Senhor, e faz com que tua Mãe esteja também a meu lado e me proteja. E assim, possumus!, poderemos, seremos capazes de ter-Te por modelo!

Cristo que passa, 15


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Missa com o Papa Bento em San Marino: todos comungaram na boca

Cerca de dois terços da população de San Marino assistiu a Santa Missa celebrada pelo Papa Bento XVI. A Missa celebrada com as já conhecidas práticas do actual cerimonial pontifício: amplo uso do latim, canto gregoriano, cânon romano, etc. Foi anunciado logo no início da celebração:

“Queremos viver este momento em comunhão com a Igreja universal, presidida na caridade por Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Por esta razão, chamamos a atenção agora sobre o modo de receber a Sagrada Comunhão. (…) Os fiéis que, depois de ter confessado, se encontram actualmente em estado de graça e que, então, apenas eles, podem receber o Santíssimo Corpo do Senhor, se aproximarão do ministro que lhes estiver mais próximo. A Comunhão, segundo as disposições universais vigentes, será distribuída exclusivamente na língüa, a fim de evitar profanações mas sobretudo de educar a se ter uma sempre maior e mais alta consideração para com o Santo Mistério que é a Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não será permitido a ninguém receber a Comunhão em suas próprias mãos. Após ter feito a devida reverência, adoremos a Hóstia que então é apoiada sobre a língua. Aos que não estão impedidos por motivos de espaço ou de saúde, a Comunhão pode ser recebida também de joelhos“. in fratres in unum


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domingo, 24 de julho de 2011

Relativismo, Palpite e Desorientação

Também na Igreja há um pluralismo teológico; mas também nela existem o certo e o errado, a verdade e o seu avesso. Daí a necessária fidelidade às três vertentes da doutrina católica: a Revelação, o Magistério e a Tradição.

Vivemos numa época em que a negação de verdades é vista como um serviço à liberdade e evidência de sensatez; afirmá-las, ao contrário, é dar sinais de prepotência intelectual. “Tudo é relativo”, proclama-se, enquanto se anuncia que a experiência individual (individualismo) ou comunitária (coletivismo) são as únicas (e portanto variáveis) fontes do conhecimento. Com isso, valoriza-se o palpite: “Aqui, você, ou vocês, decidem (legitimamente) sobre tudo!”.

Vamos por partes. Quem diz que tudo é relativo afirma o relativismo como uma verdade; ora, se tudo for relativo também essa “verdade” será relativa e a própria frase destrói o que pretende ensinar, a menos que admitamos o relativismo como a única verdade não-relativa (coisa que a vida se encarrega de desmentir). Por outro lado, na ausência da verdade tudo se desorienta porque ela é o norte em relação ao qual a liberdade se exerce. A crise dos valores morais, o mau uso dos valores materiais e a decadência ética são sintomas desse mesmo engano.

A própria Igreja não está isenta à influência do relativismo e não são poucos os que dão mais valor ao que as pessoas acham do que ao Espírito Santo. Aqui é preciso distinguir algumas coisas e penso que a analogia com certas áreas de conhecimento revela-se útil para a compreensão. Verificam-se diferentes entendimentos, por exemplo, entre correntes médicas ou de engenharia, e há adeptos para todas as tendências que se possa conceber. Mas existe o erro objetivo: a receita errada, a fórmula errada, o cálculo errado.

Também na Igreja há um pluralismo teológico; mas também nela existem o certo e o errado, a verdade e o seu avesso. Daí a necessária fidelidade às três vertentes da doutrina católica: a Revelação, o Magistério e a Tradição. Como ouvi certa vez, Revelação nada tem a ver com fotografia, Magistério nada a ver com Cpers e Tradição nada a ver com CTG. As três legítimas e sagradas fontes - Revelação, Magistério e Tradição - são complementares entre si e situam-se fora do alcance dos palpiteiros de toda ordem.

Assim como Deus ao entregar as tábuas da Lei a Moisés não pediu lhe a opinião nem lhe recomendou que a submetesse a uma assembleia do povo para colher palpites e emendas, assim também a sã doutrina, religiosa, moral e social, não se legitima fora de suas adequadas origens.

Percival Puggina


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sábado, 23 de julho de 2011

Oração para alcançar a salvação - Santo Agostinho

Socorrei-me, Senhor e vida minha,
a fim de que não venha a morrer na minha maldade.
Se não me criásseis, não existiria;
criastes-me, passei a existir;
se não me dirigirdes, cessarei de existir.

Não foram encantos ou méritos meus
que vos compeliram a dar-me o ser,
senão a vossa infinita munificência.
Suplico-Vos, pois,
que aquele mesmo amor
que Vos compeliu à minha criação,
possa igualmente compelir-Vos a reger-me;
porquanto, que aproveita haver-Vos
o vosso amor compelido a criar-me,
se eu morrer na minha miséria,
privado da direcção de vossa destra?

Obrigue-Vos, Senhor,
a salvar-me essa mesma clemência
que Vos levou a tirar do nada
o que jazia no nada;
vença-Vos em libertar-me a caridade
que Vos venceu em criar-me,
pois não é hoje menor este vosso atributo
do que era então.

A caridade sois Vós mesmos,
que sempre sois e não mudais.
Não se Vos encurtou a mão,
que não possais salvar-me;
nem se Vos endureceu o ouvido,
que não mais Vos seja dado ouvir-me. Amén.


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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dia de Santa Maria Madalena

Natural de Magdala, na Galileia, Maria Madalena foi contemporânea de Jesus Cristo, tendo vivido no Século I. O testemunho de Maria Madalena é encontrado nos quatro Evangelhos:

"Os doze estavam com ele, e também mulheres que tinham sido curadas de espíritos maus e de doenças. Maria, dita de Magdala, da qual haviam saído sete demónios..." (Lc 8,1-2). 

Após ter sido curada por Jesus, Maria Madalena coloca-se a serviço do Reino de Deus, fazendo um caminho de discipulado, de seguimento a Nosso Senhor no amor e no serviço. E este amor maduro de Maria Madalena levou-a até ao momento mais difícil da vida e da missão de Nosso Senhor, permanecendo ao lado d'Ele:

"Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena" (Jo 19,25). 

Maria Madalena foi a primeira testemunha da Ressurreição de Jesus:

"Então, Jesus falou: 'Maria!' Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: 'Rabûni!' (que quer dizer: Mestre)" (Jo 20,16).

A partir deste encontro com o Ressuscitado, Maria Madalena, discípula fiel, viveu uma vida de testemunho e de luta pela santidade.Existe também uma tradição de que Maria Madalena, juntamente com a Virgem Maria e o Apóstolo João, foi evangelizar em Éfeso, onde depois veio a falecer nesta cidade.

O culto à Santa Maria Madalena no Ocidente propagou-se a partir do Século XII.

Santa Maria Madalena, rogai por nós!


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Pré-escola sueca proíbe que as crianças sejam meninos ou meninas

Em conformidade com um currículo escolar nacional que busca combater a “estereotipação” dos papéis sexuais, uma pré-escola do distrito de Sodermalm da cidade de Estocolmo incorporou uma pedagogia sexualmente neutra que elimina completamente todas as referências ao sexo masculino e feminino.

Os professores e funcionários da pré-escola “Egalia” evitam usar palavras como “ele” ou “ela” e em vez disso se dirigem aos mais de 30 meninos e meninas, de idades variando entre 1 e 6 anos, como “amigos”.

“A sociedade espera que as meninas sejam garotinhas gentis e elegantes, e que os meninos sejam viris, duros e expansivos”, Jenny Johnsson, uma professora de 31 anos na escola que é sustentada por impostos dos trabalhadores suecos, disse para o jornal Daily Mail. “Egalia lhes dá uma oportunidade fantástica de ser quem quer que eles queiram ser”.

A diretora Lotta Rajalin disse para a Associated Press que a escola contratou um “pedagogo de diversidade sexual” para ajudar os professores e funcionários a remover as referências masculinas e femininas na linguagem e conduta, indo ao ponto de garantir que os jogos infantis de blocos Lego e outros brinquedos de montagem sejam mantidos próximos aos brinquedos de utensílios de cozinha a fim de evitar que algum papel sexual tenha preferência.

Os pronomes suecos “han” e “hon” (ele e ela), por exemplo, foram substituídos na escola pela palavra sexualmente neutra “hen”, um termo inventado que não existe em sueco, mas é amplamente usado pelas feministas e homossexuais. “Nós usamos a palavra ‘Hen’ por exemplo, quando um médico, policial, eletricista ou encanador, etc., está vindo à pré-escola”, disse Rajalin. “Nós não sabemos se é ele ou ela. Por isso, dizemos: ‘Hen está vindo aqui lá pelas 14h’. Então as crianças poderão imaginar tanto um homem quanto uma mulher. Isso amplia a perspectiva delas”.

Além disso, não há livros infantis tradicionais como Branca de Neve, Cinderela ou os contos de fadas clássicos, disse Rajalin. Em vez disso, as prateleiras têm livros que lidam com duplas homossexuais, mães solteiras, filhos adotados e obras sobre “maneiras modernas de brincar”.
“Um exemplo concreto poderia ser quando as meninas estão brincando de casinha e o papel de mãe já foi pego por uma e elas começam a disputar”, disse Rajalin. “Então sugerimos duas ou três mães e assim por diante”.

Contudo, nem todos os pais suecos estão apoiando a agenda de seu país que está eliminando os papéis sexuais.“Diferentes papéis sexuais não são problemáticos enquanto têm valor igual”, Tanja Bergkvist disse para a Associated Press, denunciando o que ela chamou de “loucura da diversidade sexual” na Suécia.

Bergkvist comentou que aqueles que estão promovendo a igualdade entre os sexos com iniciativas que demolem os papéis sexuais “dizem que há uma hierarquia onde tudo o que os meninos fazem recebe importância mais elevada, mas fico pensando: quem é que decide o que é que tem valor mais elevado? Por que há um valor mais elevado em brincar com carros?”

Bergkvist, que é uma crítica eloquente da promoção que o Estado faz de uma estrutura sexualmente neutra nas escolas e de ambientes acadêmicos focados em estudos de diversidade sexual, comentou em seu blog como exemplo da “loucura da diversidade sexual” no país que o Conselho de Ciências da Suécia, que é sustentado pelo governo, deu uma verba de 80 mil dólares para bolsas de estudos de pós-doutorado para pesquisas no “trompete como símbolo de diversidade sexual”. in notícias pro-família


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O relativismo e a decadência - Adriano Moreira

No centro do relativismo em que se vai deteriorando a identidade e capacidade dos ocidentais para sustentarem uma posição igual na coexistência em liberdade com as áreas culturais que antes dominaram em regime imperial, parece estar a questão da relação entre valor e preço, em que este serviu de eixo a um credo de mercado que conduziu à crise financeira e económica actual. Os valores são correntemente definidos como instrumentais ou fundamentais, e expressaram-se frequentemente nas coisas, incluindo as pessoas no que toca às funções que desempenham, em qualquer área de actividade, incluindo a económica. Mas não pode, ou não deve, ainda neste último caso, aceitar-se que os valores humanos podem ser secundarizados pelos instrumentais, o que significa sempre que o preço das coisas superou o valor das coisas, que, por isso, o salário não tem que ter em conta a dignidade de quem trabalha, que a medida monetária, isto é, a viabilidade da compra e venda supera todas as restantes exigências. Os países, ou alguns responsáveis, ainda antes de o credo do mercado ser assumido, também viveram como regra nessa condição quando, por exemplo, a escravatura e o transporte de escravos eram um regime legal consentido.

Foram necessárias muitas lutas, sacrifícios, pregações, e possivelmente iluminações das consciências, para entender que o dinheiro é a unidade que mede os valores instrumentais, mas não os valores morais, especialmente os que se aglutinam no conceito de dignidade humana. Da sentença de Kant segundo a qual a pessoa tem dignidade, e não preço, porque este último apenas respeita às coisas intercambiáveis, decorre que a dignidade humana evidencia-se pelo facto de que cada ser é um fenómeno que não se repete na história da humanidade. Escreveu algures Oscar Wilde que "um cínico é um homem que sabe o preço de todas as coisas mas não sabe o valor de nada". A esta percepção responde, em parte, o estado social, já que sem um poder governativo humanista a comunidade não pode funcionar com justiça. Nessa formulação cabe necessariamente o reconhecimento de que, não obstante, no que respeita às pessoas, a convergência de valores humanos e dos valores instrumentais é uma regra frequente. É notado que, se a saúde é suporte do valor essencial da vida, os cuidados médicos e medicamentos são coisas com valor monetário. O mesmo se diga do ensino, da qualificação técnica, e assim por diante. Esta realidade faz com que o Estado social seja composto, ao longo dos tempos, de uma principiologia que aponta para a possibilidade, variável com as épocas, de apoiar com valores monetários a dignidade humana, mantendo sempre a principiologia.

Existem outras formas de apoiar aquela dignidade sem valores monetários que porventura escasseiam, como o serviço ao próximo, a solidariedade, a caridade, o amor oferecido com a gratuidade da doação. Mas o que não é admissível, em face do património imaterial que deu sentido à identidade ocidental, deu fundamento à Declaração Universal dos Direitos Humanos, e espera a consagração da Declaração de Deveres que circula em busca de adesão da ONU, é que a principiologia desapareça dos textos constitucionais, à sombra de uma semântica variável, mas que lhe nega o carácter directivo e a imposição ética. Não é a pobreza que o dispensa, como está demonstrado ao longo dos tempos pelas sociedades pobres, é o facto de colocar o preço das coisas acima do valor das coisas. A decadência ocidental, e não apenas europeia, tem outras causas, designadamente a frequência com que sofreu as guerras internas e que chamou mundiais. Mas, nesta entrada do milénio, é o relativismo que a faz regredir, que divide a Europa entre países ricos e pobres, e que afecta a definição de um futuro possível. Não tem sentido propor e adoptar a responsabilidade pelas gerações futuras, e ignorar o paradigma que antecede a formulação da principiologia do Estado social, que se torna mais exigente à medida que a fronteira da pobreza avança.


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Jovens participam em maratona de 24 horas a rezar

Cerca de 600 jovens católicos de todo o país vão reunir-se este sábado nas casas da comunidade 'Shalom' ou através na internet para participar numa maratona de 24 horas a rezar.

A maratona de 24 horas, que começa às 10 horas de sábado, está a cargo do Movimento Encontros de Jovens (MEJ) Shalom (que significa 'paz', em hebraico) e do Festival Mesh.com, que prometem a realização de uma transmissão online para todos os que não possam comparecer.

«Estamos a contar com a participação de cerca de 300 jovens nas casas da comunidade de Shalom e outros tantos ou até mais através das páginas na internet do MEJ ou do facebook», contou à lusa João Carita, da organização do evento.

Um dos principais objectivos desta iniciativa é «alertar os jovens para a importância da oração, fazendo-os despegarem-se das coisas que os prendem», pelo menos durante as 24 horas que estiverem a rezar.

Os encontros de oração terão lugar nas dioceses de Lisboa, Castelo Branco, Coimbra e Braga. A comunidade Shalom tem casas em Oeiras e em Braga e, de acordo com a organização, ainda não está decidida a localização do encontro em Castelo Branco nem em Coimbra.

João Carita sublinhou que todas as outras paróquias e igrejas do país podem associar-se ao evento e rezar através da internet, bastando apenas que reproduzam a emissão em directo. O mesmo acontece com os jovens que estejam longe destes pontos de encontro, que poderão juntar-se à oração recorrendo às novas tecnologias.

No final da maratona a rezar, segue-se a Eucaristia de encerramento, de acordo com o programa disponibilizado pelo movimento católico.

Em Setembro, os jovens podem ainda participar no Festival Mesh.com, que se realiza no Entroncamento, cidade que vai acolher actividades como torneios desportivos, workshops, um espectáculo musical e um fórum de debate. in Lusa/SOL


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Uma vida dedicada aos reclusos - Pe. Dâmaso Lambers



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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Publicidade ao aborto e eutanásia alimenta-se do medo

O jornal vaticano L’Osservatore Romano denuncia como a propaganda do aborto e da eutanásia manipula e alenta nas pessoas a ansiedade e o medo próprios da sociedade actual, para gerar uma mudança cultural que banalize a morte através de um processo de recomposição mental.

Num artigo escrito pelo especialista em bioética e em neonatologia, Dr. Carlo Bellieni, intitulado "Como se vende a morte", o perito adverte que "a comunicação intervém para influenciar o modo como percebemos a nossa saúde e julgamos complexos assuntos bioéticos como o aborto e a eutanásia".

Utilizando um recente artigo publicado no American Journal of Public Health, o perito explica o conceito do "mercado das doenças", bastante conhecido no campo da medicina:

"Para vender fármacos inventam-se do nada patologias ou tratam-se como tais características humanas como, por exemplo, a timidez ou a menopausa". Este objectivo segue ademais uma clara estratégia que tem início ao "ampliar os dados para logo criar um sentido de pânico".

"Passa-se logo aos testemunhos que são de dois tipos: primeiro os casos quase ‘milagrosos’ do fármaco em questão, e logo os peritos que juram sobre a bondade do fármaco. Este fenómeno está no auge, sobretudo nos países onde para comprar os fármacos nem sempre é necessária a receita médica, e isto é inquietante porque gera uma relação mercantilista entre o cidadão, a enfermidade e o médico".

Este procedimento publicitário, diz o Dr. Bellieni, aplica-se actualmente para introduzir novos critérios morais nas campanhas que promovem o aborto e a eutanásia.

Por exemplo, assegura, "o ingresso dos fármacos abortivos no mercado chega com uma propaganda incessante que os mostra como essenciais e condena aqueles que se opõem a eles como causadores dos sofrimentos das mulheres".

Entretanto, prossegue o perito médico italiano, vários estudos mostram que o aborto induzido por fármacos "é menos ‘aceite’ pelas mulheres e mais doloroso que o método cirúrgico. A isso também se somam vários casos de mortes como o da filha do Didier Sicard, então presidente do Comitê de bioética francês (em 2006)".

Sobre a campanha publicitária a favor da eutanásia, o Dr. Bellieni afirma que os seus promotores "buscam testemunhos famosos e casos lamentáveis, induzindo na população a ansiedade pela possibilidade de encontrar-se amanhã em coma, entubados, em vida contra os próprios interesses".

O perito precisa logo que as campanhas a favor da pílula abortiva e o suicídio assistido "na realidade procuram vender uma opção cultural sobre a morte. A primeira quer fazer ver a morte como algo banal, como tomar um copo de água (que efetivamente no imaginário acompanha o fato de tomar uma pílula), enquanto que a segunda busca ‘dirigi-la’, na ilusão de provocá-la subitamente cancelando assim o fato de ter que vê-la".

"Desta forma ambas escondem o engano de não ver a morte de frente e de chamá-la com outro nome, em uma operação psicologicamente perigosíssima de remoção mental", adverte o médico especialista.

Para o Dr Bellieni, aqueles que geram estas campanhas manipulam a ansiedade das pessoas e a alimentam, dado que esta é uma característica fundamental da sociedade pós-moderna onde acontecem "inumeráveis anúncios de improváveis catástrofes apocalípticas aonde o medo, o anseio de controle para não ir ao encontro de imprevistos superou o desejo de projetar o futuro".

"Tanto é certo que esta é a primeira geração que foi descrita como caracterizada pela perda de ideais, e na qual, como cantava Bob Dylan no Masters of Wars se produz ‘o pior de todos os medos, o de trazer filhos ao mundo’".

Com a publicidade e os meios exaltando a opção pela morte com o aborto e a eutanásia, afirma o perito, "querem fazer-nos esquecer que a depressão, a solidão e as dificuldades podem ser superadas e com freqüência vencidas. E nos fazem assimilar necessidades e comportamentos induzidos, bem distantes das necessidades reais e das respostas que as pessoas necessitam". No final de contas, conclui, criam-se "necessidades que nem nós mesmos compreendemos".


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quarta-feira, 20 de julho de 2011

300 padres católicos (?) declaram desobediência à Igreja

Mais de 300 dos 4.200 padres da Áustria pediram para tomar parte na Aufruf zum Ungehorsam (Conclamação à Desobediência), uma iniciativa lançada em Junho. A Conclamação à Desobediência cita “a recusa romana de uma reforma da Igreja que já deveria ser feita há muito tempo e a inação dos bispos”. Os padres que apóiam o documento pedem:

• oração pela reforma da Igreja em cada celebração litúrgica, uma vez que “na presença de Deus há liberdade de discurso”;
• que não se negue a Santa Eucaristia a “crentes de boa fé,” incluindo cristãos não católicos e àqueles que recasaram fora da Igreja;
• que se evite oferecer Missa mais de duas vezes no domingo e domingos e dias santos e que se evite fazer uso de visitas a padres – realizando em vez disso uma “auto-designada” Liturgia da Palavra;
• que se descreva a tal Liturgia da Palavra com a distribuição da Santa Comunhão como uma “celebração Eucarística sem Sacerdote”; “assim, cumprimos a obrigação dominical em tempos de escassez de sacerdotes” ;
• que se “ignore” as normas canônicas que restringem a pregação da homilia ao clero para opor-se a fusões de paróquias, insistindo, em vez disso, que cada paróquia tem o seu próprio líder individual, “seja homem ou mulher”;
• que se “use cada oportunidade de falar abertamente a favor da admissão dos casados e das mulheres ao sacerdócio”.

Para ter padres destes, mais vale ter menos ainda...


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Frase do dia

"É necessário voltar ao confessionário, como lugar no qual celebrar o sacramento da reconciliação, mas também como lugar onde 'habitar' com mais frequência, para que o fiel possa encontrar misericórdia, conselho e conforto, sentir-se amado e compreendido por Deus e experimentar a presença da Misericórdia Divina, ao lado da Presença real na Eucaristia." 

Papa Bento XVI


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A Hungria tem o direito de defender a vida

Apesar da devastadora diminuição dos nascimentos que atinge a Europa, as instituições comunitárias continuam a professar e praticar uma ideologia contrária à vida nascente, até o ponto dos Estados que fazem parte da União Europeia (UE) não poderem utilizar fundos comunitários para realizar campanhas que tentem limitar os abortos.

O caso que se discute é o da Hungria, onde há cartazes pendurados com a imagem de uma criança ainda não-nascida acompanhada pelas palavras: “Entendo que você não esteja preparada para mim, mas lhe peço: dê-me em adoção. Deixe-me viver”. A iniciativa está cofinanciada pelo “Projeto Progress”, que faz parte da Agenda Social Europeia.

O que aconteceu é que a vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, declarou que “os Estados membros não podem usar fundos da UE para campanhas contra o aborto”, e acrescentou que a iniciativa não está em linha com o “Projeto Progress” e com a proposta de projeto apresentada aos serviços da Comissão pelas autoridades húngaras.

A Comissão pediu, portanto, que, “se a Hungria não quiser incorrer em sanções financeiras (…), deve frear esta parte da campanha imediatamente e retirar todos os cartazes”.

Para tentar entender o que está acontecendo em Bruxelas, ZENIT falou com Carlo Casini, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu.

Segundo Casini, “a resposta de Reding foi desestimulante e evasiva”, porque, “antes de recordar que o valor da dignidade humana, igual para todo ser humano, é a fundação da União Europeia, preferiu usar expressões 'interpretáveis', como se o aborto fosse um valor europeu”.

O verdadeiro problema, destacou o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu, é por que o “Projeto Progress” não pode “entender as iniciativas pró-vida”.

“Onde está a 'igualdade de oportunidades' em uma Europa que no passado não teve a coragem de rejeitar financiamentos a organizações que faziam propaganda do aborto no mundo inteiro?”, perguntou.

Além disso, revelou Casini, “o logotipo da Agenda Social, de onde nasce o programa de financiamento, utiliza o da União, mas substitui as doze estrelas sobre um campo azul por doze neonatos”.

No site da Agenda Social, de fato, está escrito, entre outras coisas, que entre os problemas a ser enfrentados está o envelhecimento da população e que a primeira iniciativa tem a ver com “a infância e a juventude”; Progress tem como objetivo “a solidariedade social”.

Quanto à adopção como meio para orientar uma mulher que sofre, para que prossiga com sua gravidez, Casini precisou que “este princípio já está consagrado no nosso ordenamento pela lei que consente o parto em anonimato” e, ainda que possa ser pouco eficaz e às vezes chocante, “é melhor que o abandono numa lixeira”. in Zenit


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terça-feira, 19 de julho de 2011

Os ‘católicos’ adversativos - P.Gonçalo Portocarrero de Almada

In memoriam de Maria José Nogueira Pinto, uma católica não adversativa.

A barca de Pedro é como a arca de Noé. Se esta providencial embarcação incluía toda a espécie de criaturas que havia à face da terra, também a Igreja congrega uma imensa variedade de almas. Todas as gentes, qualquer que seja a sua raça, a sua cultura, a sua língua ou os seus costumes, desde que legítimos, cabe na barca de Pedro. Por isso, graças a Deus, há católicos conservadores e progressistas, de direita e de esquerda, republicanos e monárquicos, regionalistas e centralistas, etc.

Se, em política, tudo o que parece é, o mesmo já não se pode dizer na Igreja. Tal é o caso dos ‘católicos’ adversativos. Muito embora a designação seja original, a realidade é, infelizmente, do mais prosaico e corrente: 

- Eu sou católico, mas...

E, claro, a seguir a esta proposição adversativa, seguem não poucos reparos à doutrina cristã. A saber: eu sou católico, mas creio na reencarnação; eu sou católico, mas defendo o aborto; eu sou católico mas, não acredito no inferno; eu sou católico, mas sou a favor da eutanásia; eu sou católico, mas concordo com o casamento entre pessoas do mesmo sexo; etc., etc., etc.

É verdade que a Igreja acolhe também aqueles que, por desconhecimento ou por debilidade, não conseguem ainda viver de acordo com todos os seus preceitos. Ao contrário do que pretendiam os cátaros, a Igreja não é só dos puros ou dos santos, os únicos que são, de facto, cem por cento católicos. Com efeito, a Igreja não exclui os néscios, nem os fracos que, na realidade, somos quase todos nós. Mas não aceita os nossos erros, nem os nossos pecados, antes impõe que, da parte do crente, haja uma firme decisão de conversão.

Esta é, afinal, a diferença entre o pecador e o fariseu: ambos pecam, mas enquanto aquele reconhece-o humildemente e procura emendar-se, este justifica-se e, em vez de mudar de conduta, desautoriza a doutrina em que, afinal, não crê. O pecador que é sincero no seu propósito de santificação, tem lugar na comunidade dos crentes, mas não quem intencionalmente nega os princípios da fé cristã.

Na comunidade cristã há certamente margem para a diversidade de pontos de vista, também em matérias doutrinais opináveis, mas não cabe divergência no que respeita aos princípios fundamentais. Um cristão que, consciente e voluntariamente, dissente de uma proposição de fé definida pela competente autoridade da Igreja, não é simplesmente um católico diferente ou divergente, mas um fiel infiel, ou seja, um não fiel.

Conta-se que o pai de uma rapariga algo leviana, sabendo do seu estado interessante, tentou desesperadamente conseguir-lhe um marido que estivesse pelos ajustes. Para este efeito, assim tentou aliciar um possível candidato:

- É verdade que a minha filha está grávida, mas é só um bocadinho...

Ser ou não ser, eis a questão. Pode-se ser católico sendo ignorante e até muito pecador, mas não se pode ser ‘católico’ adversativo, ou seja, negando convictamente a doutrina da Igreja.

A fé não se afere por uma auto-declaração abstracta, mas pela opção existencial de seguir Cristo, crendo e agindo de acordo com os princípios do Evangelho. Não é católico quem afirma que o é, mas quem pensa e quer viver como tal. «Tu crês que há um só Deus? Fazes bem, no entanto também os demónios crêem e tremem. O homem é justificado pelas obras e não apenas pela fé. Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (Tg 2, 19.24.26).


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Novas regras de indumentária na Universidade Católica



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Quis experimentar a fadiga e o cansaço - S. Josemaria Escrivá

Não sabes se será fraqueza física ou uma espécie de cansaço interior que se apoderou de ti, ou as duas coisas ao mesmo tempo... Lutas sem luta, sem o empenho de uma autêntica melhoria positiva, para pegar a alegria e o amor de Cristo às almas. Quero lembrar-te as palavras claras do Espírito Santo: só será coroado quem tiver lutado "legitime" – deveras! –, apesar dos pesares. (Sulco, 163)

A alegria, o optimismo sobrenatural e humano, são compatíveis com o cansaço físico, com a dor, com as lágrimas – porque temos coração –, com as dificuldades na nossa vida interior ou na tarefa apostólica.

Ele, "perfectus Deus, perfectus homo", perfeito Deus e perfeito homem, que tinha toda a felicidade do Céu, quis experimentar a fadiga e o cansaço, o pranto e a dor..., para que percebermos que para ser sobrenaturais temos de ser muito humanos. (Forja, 290)

Sempre que nos cansemos – no trabalho, no estudo, na tarefa apostólica – sempre que no horizonte haja trevas, então é preciso olhar Cristo: Jesus bom, Jesus cansado, Jesus faminto e sedento. Como te fazes compreender bem, Senhor! Como te fazes amar! Mostras-te igual a nós em tudo, excepto no pecado, para que sintamos que contigo poderemos vencer as nossas más inclinações e as nossas culpas. Efectivamente, não têm importância o cansaço, a fome, a sede, as lágrimas... Cristo cansou-se, passou fome, teve sede, chorou. O que importa é a luta – uma luta amável, porque o Senhor permanece sempre a nosso lado – para cumprir a vontade do Pai que está nos céus. (Amigos de Deus, 201)


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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Padre António Vieira

Faz hoje 314 anos que morreu o Pe. António Vieira.

"Para nascer, Portugal: para morrer, o mundo."

A 6 de Fevereiro de 1608 nasce António Vieira, na freguesia da Sé, em Lisboa. (...) António é baptizado na Sé, segundo parece na mesma pia baptismal em que o fora Fernando Bulhões, o famoso Santo António de Lisboa, por quem o futuro pregador jesuíta sempre manifestará grande admiração e devoção.

http://www.vidaslusofonas.pt/p​adre_antonio_vieira.htm


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Uma proposta - Beata Teresa de Calcutá



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Hoje acontece pela última vez o cortejo fúnebre dos Habsburgos

Existe uma tensão no interior do Cristianismo entre a simplicidade e a pompa e cerimónia nos ritos fúnebres. É uma tensão que nasce, certamente, de dois princípios fundamentais. Por um lado a humildade de cada fiel, seja Rei, Papa, ou plebeu, todos pecadores e todos unidos na inevitabilidade da morte; por outro, a crença na ressurreição da carne conduz facilmente a um cerimonial que o realce, dando importância ao cadáver que aí vai, dignificando-o e deixando um marco em sua memória, muitas vezes na forma de um sepulcro engalanado.

Poucas instituições terão lidado tão bem com esta tensão como a família imperial da Áustria, os Habsburgos. Ainda hoje os seus membros são enterrados na Cripta Imperial da Igreja dos Capuchinhos, em Viena. O cortejo fúnebre é da complexidade e riqueza que se esperaria de uma família coroada, mas à chegada à Igreja, o tom muda.

Encontrando as portas fechadas um dos presentes pede que estas sejam abertas. De dentro um capuchinho pergunta quem vem lá. O mesmo elemento do cortejo fúnebre elenca então todos os nomes e títulos do falecido. Do lado de dentro a voz sentencia, “Não conheço”. A cerimónia repete-se, sendo que da segunda vez a lista dos títulos é encurtada, mencionando-se apenas os mais importantes, a resposta é a mesma.

À terceira vez que o monge pergunta quem vem lá a resposta é curta e incisiva. O nome do falecido seguido dos únicos títulos que interessam naquela circunstância: “nosso irmão e um pecador como nós”. Só então se abrem as portas, e o magnífico cortejo pode aceder à cripta onde o caixão será deixado. (video aqui)
Filipe d'Avillez


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Hoje na caderneta de cromos do Nuno Markl

Festival RTP 1985 - Jorge Fernando - Umbadá


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domingo, 17 de julho de 2011

O ditador e a perspectiva da morte (sobre Hugo Chávez)

Alguém dizia recentemente que não existem ateus em aviões atravessando uma turbulência. Eu até concedo que, talvez, haja algum ateu fanático particularmente fundamentalista a ponto de sufocar a voz da própria consciência até mesmo em situações extremas como diante da morte; mas aposto que a maior parte dos ateus renegaria rapidamente a sua fé quando se visse na iminência de deixar o único mundo que ele se permite acreditar.

Porque a morte é um mistério que sempre provocou – e sempre há de provocar – espanto nos seres humanos. A possibilidade de deixar de existir repugna à inteligência humana. Pelo fato de ser racional, o homem sabe que é superior à matéria, mesmo à orgânica, uma vez que inteligência não escorre de pedras nem se sintetiza em laboratório. O homem almeja continuar existindo, ainda que insista em dizer a si próprio que isto são fábulas de gente ignorante. Na iminência da morte, penso que o desejo natural há de falar mais alto (pelo menos na maioria das vezes) do que a mentira artificial auto-contada nos momentos de prazer – quando o futuro (aparentemente) longínquo é fácil de ser ignorado.

Pensava nisso quando via o Chávez recebendo a Extrema-Unção. O ditador comunista perseguidor da Igreja descobre não apenas que não é imortal (isto, afinal de contas, é fácil), mas que pode morrer em muito breve. Esta característica profundamente cristã da brevidade da vida, onde não somos capazes de adicionar um côvado sequer aos nossos dias sobre a terra, é um poderoso fator de aperfeiçoamento próprio. Quem toma consciência de que pode morrer hoje mesmo vai procurar ser hoje mesmo alguém melhor. Ao contrário, quem não pensa nunca na morte e passa a vida empregando esforços para se convencer de que o poeta mentiu ao dizer que a mágoa acompanha o homem ainda “quando esse homem se transforma em verme”… tem muito mais facilidade em deixar “para depois”.

Claro, é perfeitamente possível que o Chávez esteja somente fazendo uma jogada de marketing hipócrita. Isto, aliás, é até bastante provável. Mas eu gosto de pensar que ele – que enfrentou recentemente um cancro, segundo a notícia – tenha talvez se dado conta de que é tempo (ou já passou há muito do tempo) de fazer conta. Porque, diante da perspectiva da morte, todas as vaidades da vida perdem o sentido; e, se não provocaram a conversão, talvez tenham provocado ao menos a tomada de consciência da necessidade da conversão. Diante da morte, talvez Chávez tenha tremido e temido. Talvez este Sacramento lhe possa fornecer as graças necessárias à redenção. in Deus lo vult


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Agências de adopção da Igreja ameaçadas nos EUA

Quase duas mil crianças afectadas pela decisão do Estado de Illinois de não renovar o contrato com agências de adopção da Igreja. Várias agências de adopção católicas nos EUA já fecharam, ou estão em risco de fechar, as suas portas por incompatibilidade com leis de adopção por casais homossexuais. O mais recente caso vem do Estado de Illinois, onde quatro dioceses receberam uma carta do Departamento estadual que lida com assuntos de família e crianças a informar que os seus contratos em matéria de adopção não vão ser renovados.

As cartas, datadas de 8 de Julho, informam que os contratos não vão ser renovados “uma vez que a vossa agência tornou claro que não pretende cumprir” as novas regras do Estado, que obrigam as organizações a considerar casais homossexuais para adopção. A nova lei data de 1 de Julho e estipula que os casais homossexuais devem ter os mesmos direitos e benefícios que os casais casados, incluindo direitos parentais e de adopção. A prática anterior, em que as agências reencaminhavam esses casais para outras agências, não poderá ser continuada, explicou o Estado. Esta medida afectará 1,997 crianças que estão ao cuidado de instituições católicas.

A crescente legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo e/ou direito à adopção por parte de casais homossexuais tem levado a conflitos entre agências católicas que trabalham nestas áreas, em parceria com o Estado. No Reino Unido todas as agências católicas de adopção fecharam as portas desde a legalização da adopção por homossexuais. in RR


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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Prova de vida - Vasco Graça Moura

"Terminal", dizia-me alguém há cerca de dois meses, "- Ela está em estado terminal". Vi-a chegar com o marido a esse almoço de amigos, em que participou discreta e aparentemente bem disposta, na sóbria gravidade da sua postura algo emaciada, conversando sem aludir à doença, nem à inquietação ou ao sofrimento por que passava. Era assim que aliava estoicismo e bom gosto. Tinha uma maneira directa e inteligente de abordar as questões, encarando as coisas de frente, dizendo o que pensava, apresentando os seus argumentos com total clareza. Era uma mulher sem ambiguidades nem falhas de coragem e todos os que a leram regularmente nesta página podem testemunhá-lo.

A sua vida familiar, a sua carreira profissional, o seu percurso político, as qualidades de que deu provas, a sua energia, a sua capacidade de análise e de decisão, os êxitos do seu trajecto, as suas posições no tocante à sociedade e ao mundo, tudo isso já veio referido em comentários dos mais diversos quadrantes.

A sua autobiografia sumária, num texto concluído e aqui publicado, no DN, no próprio dia da sua morte, é um dos documentos humanos mais belos e pungentes que me tem sido dado ler nos últimos tempos. Pensando bem, creio mesmo nunca ter lido nada assim: alguém escreve na primeira pessoa do singular na iminência da sua própria morte, quase em tempo real, com uma autenticidade, uma serenidade e uma coragem excepcionais e desarmantes!

É com alguma melancolia que me ponho a pensar nessa relação, afinal transparente, entre saber viver e saber morrer. Como quase toda a gente da minha geração em Portugal, eu tive uma educação católica, embora não seja crente desde a adolescência. Não sinto necessidades de nenhuma espécie de incursão na esfera do transcendente, limitando-me a integrar-me nos chamados valores da civilização cristã e a fruir o que deles possa ecoar nas grandes criações do espírito humano, em especial na literatura e nas artes.

Apesar desse laicismo, impressionou-me profundamente a maneira como ela transfigurou a sua educação católica numa experiência pessoal e muito intensa de intimidade com o sagrado e esta em código de conduta moral e norma de actuação prática na vida de todos os dias. Fiquei com a ideia de que a crença cristã foi por ela interiorizada de tal maneira que tornou cada acto da sua vida numa profissão de fé e num exercício de alegria íntima. Isto é muito raro num país em que a tradição religiosa dominante, a católica, se fica as mais das vezes por rituais esvaziados de sentido e pelo mero papaguear do que se aprendeu na catequese.


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Tanto tempo depois ainda não aprendemos



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Atacar a Igreja é rentável, mesmo sem fundamento

O anticatolicismo talvez seja o último preconceito aceitável na sociedade actual, mas o escritor e jornalista canadiano Michael Coren não acha que se deva aceitar este facto tão facilmente. No seu livro Why Catholics Are Right (Por que os católicos estão certos), analisa as críticas mais comuns contra a Igreja. Coren, de família laica e filho de pai judeu, tornou-se católico depois dos vinte anos de idade. Ser judeu ajudou-o na carreira, mas, como ele conta na introdução do livro, a fé católica causou-lhe a perda de dois postos de trabalho e muitas portas fechadas nos meios de comunicação. Ele encara depois um tema que preferiria não ter que abordar: o escândalo dos abusos do clero. Reconhece o imenso dano causado a muitas pessoas, mas também sustenta que algumas críticas foram além do que seria justificável.

“Os abusos não dizem nada sobre o catolicismo”, diz Coren. Os críticos ansiosos por demonstrar que os abusos são vinculados às estruturas ou aos ensinamentos da Igreja ignoram o facto de que também ocorrem abusos em outras igrejas e religiões com a mesma frequência ou até mais.

“Como resultado das lições do escândalo, a Igreja católica é agora um dos lugares mais seguros para os jovens”, afirma Coren. Esses factos deveriam levar a uma condenação dos abusos, mas não a uma condenação da Igreja, conclui o escritor.

Outro capítulo ocupa-se de acontecimentos históricos como as cruzadas e a inquisição. É verdade que a Igreja nem sempre agiu da melhor maneira, admite ele, mas, em geral, ela sempre esteve eticamente à frente do seu tempo e se manteve como uma força para o bem, argumenta.

As cruzadas - Coren afirma que a Terra Santa era cristã e, posteriormente, foi invadida pelos muçulmanos. Segundo ele, é um erro considerar as cruzadas como uma espécie de imperialismo ou colonialismo. Ao contrário, muitas famílias nobres foram à bancarrota com os gastos de armar um cavaleiro e mantê-lo com o seu séquito nas cruzadas. Estudos modernos desmentem que a maioria dos cruzados fossem filhos de famílias pobres em busca de butim. Pelo contrário, tratava-se normalmente da elite da cavalaria europeia, explica o autor. Nos territórios conquistados pelas cruzadas, a população muçulmana pôde seguir a vida normal e não houve nenhuma tentativa séria de convertê-la ao cristianismo.

"As cruzadas não foram o momento mais bonito da história cristã, é claro, mas também não foram as caricaturas infantis da consciência pesada ocidental moderna, nem a paranóia contemporânea muçulmana", responde.

Quanto à inquisição, ele afirma que a premissa subjacente é que os católicos são maus e que só a Igreja poderia organizar algo tão horrível como a inquisição. “Isto é simplesmente ridículo”, afirma Coren. Para começar, foram assassinados mais homens e mulheres em poucas semanas da ateia Revolução Francesa do que durante um século de inquisição. Também houve inquisições em vários países protestantes, voltadas principalmente contra os suspeitos de bruxaria.

Tortura - O objectivo da inquisição era combater os erros doutrinais e as heresias, explica Coren. Existia a tortura, mas aplicada quase sempre pelas autoridades laicas. A inquisição não a usava nem mais nem menos do que o resto dos órgãos judiciais da época, acrescenta. A maior parte das críticas concentra-se na inquisição espanhola. Coren pergunta-se por que se prestou tão pouca atenção aos massacres e à tortura realizados contra muitos católicos na Inglaterra de Henrique VIII e da Rainha Elisabete I. É verdade que os papas apoiaram inicialmente a inquisição espanhola, mas esta tornou-se rapidamente num órgão do estado e da monarquia. Depois da derrota final dos muçulmanos na Espanha, um grande número deles, e de judeus, converteu-se ao catolicismo. Muitas conversões foram genuínas, mas, sendo vantajoso política e economicamente dizer-se católico, outras muitas “conversões” não passaram de fachada. A inquisição, então, investigou a autenticidade dos convertidos. Houve abusos, afirma Coren, mas a Espanha não sofreu as sangrentas guerras de religião que afectaram muitos outros países europeus, por exemplo. Segundo ele, a Inquisição passou despercebida até meados do século XIX, quando escritores anticatólicos a utilizaram e distorceram para atacar a Igreja.

Riqueza - É verdade que existe uma grande quantidade de riquezas no Vaticano, nos seus museus abertos a todos. A Igreja preservou essas obras de arte durante séculos e as guarda como património da humanidade, observa o autor. A possibilidade da venda dessas obras de arte e de dar o dinheiro aos pobres seria apenas um acto isolado, cujos benefícios materiais acabariam rapidamente, sem resolver nada do problema da pobreza no mundo. Já a conservação dos tesouros artísticos para o futuro os mantém à disposição de todos, em vez de encerrá-los em coleções privadas. Além disso, prossegue Coren, a Igreja católica constrói e gere hospitais e escolas e toca um número imenso de obras de caridade no mundo inteiro.

Vida e sexualidade - Outro dos capítulos do livro explora os temas da vida e da sexualidade. A Igreja é objecto de ataques constantes por causa da sua postura em temas que vão do aborto aos preservativos e anticonceptivos. A postura da Igreja não se baseia apenas em crenças morais, mas também na ciência e nos direitos humanos, defende Coren. Ele assinala que a afirmação de que existe uma nova vida desde o momento da concepção tem um sólido fundamento biológico. O feto é uma vida humana diferente e como tal deveria ter o direito de existir. Apesar disso, nos últimos anos, os pró-vida foram tachados frequentemente de extremistas fanáticos.

Por outro lado, ainda que a sociedade contemporânea se considere mais progressista e tolerante que qualquer outra do passado, as pessoas com deficiência no ventre materno são assassinadas deliberadamente. Quando se trata da postura da Igreja a respeito da utilização para pesquisa de células-tronco embrionárias, isso é utilizado por seus oponentes para acusá-la de ser um obstáculo à cura de enfermidades que poderiam ser vencidas em um futuro próximo. A verdade é, no entanto, que não houve êxito algum com as células-tronco embrionárias, em contraste com os êxitos obtidos com células-tronco de adultos, algo que a Igreja não se opõe, aponta Coren.

Quanto ao tema dos preservativos e dos anticonceptivos, a Igreja adverte há décadas que sua disponibilidade seria prejudicial para a sociedade. De facto, Coren assinala que, desde a advertência, tem havido um aumento constante das enfermidades de transmissão sexual, do divórcio, das rupturas familiares, e a sexualidade passou a se converter em muitos casos de um acto de amor para uma mera troca de fluidos corporais. Difamar a Igreja e Bento XVI por se opor ao uso de preservativos no esforço por controlar a SIDA é outro caso mais de injustiça, afirma Coren. Confiar no uso de preservativos simplesmente não tem funcionado em África. Pelo contrário, os programas baseados na abstinência e na fidelidade têm tido grande êxito. in Zenit


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