sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Tertuliano escreve à sua mulher sobre o casamento cristão

Onde encontrar palavras para exprimir toda a excelência e felicidade do matrimónio cristão? A Igreja redige o contracto, a oferta eucarística confirma-o, a bênção coloca-lhe o selo, os anjos que são dele testemunha registam-no, e o Pai dos céus ratifica-o. Que aliança doce e santa a de dois fiéis que carregam o mesmo jugo (cf Mt 11,29), reunidos na mesma esperança, no mesmo desejo, na mesma disciplina, no mesmo serviço!

Ambos são filhos do mesmo Pai, servos do mesmo Senhor, formando uma só carne (cf Mt 19,5), um só espírito. Oram juntos, adoram juntos, jejuam juntos, ensinam-se um ao outro, encorajam-se um ao outro, apoiam-se um ao outro. 

Encontramo-los juntos na igreja, juntos no banquete divino. Partilham por igual a pobreza e a abundância, as perseguições e as consolações. Não há segredos entre eles, nenhuma falsidade: confiança inviolável, solicitude recíproca, nenhum motivo de tristeza. Não têm de se esconder um do outro para visitar os doentes, para dar assistência aos indigentes; a sua esmola não é motivo de disputa, os seus sacrifícios não conhecem escrúpulos, a observância dos seus deveres quotidianos é sem entraves. 

Entre eles não há sinais da cruz furtivos, nem saudações inquietas, nem acções de graças mudas. Da sua boca, livre como o seu coração, elevam-se hinos e cânticos; a sua única rivalidade é a de ver quem celebra melhor os louvores do Senhor. Cristo alegra-Se com tal união; a tais esposos Ele envia a sua paz. «Onde dois estiverem reunidos», Ele também está presente (cf Mt 18,20); e onde Ele está presente, o inimigo da nossa salvação não tem lugar.


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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Monte São Miguel

Construído na Normandia, após várias aparições de São Miguel Arcanjo naquele local. 


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São Miguel Arcanjo, defendei-nos neste combate

Português:

São Miguel Arcanjo, defendei-nos neste combate, sede o nosso auxílio contra as maldades e as ciladas do demónio. Instante e humildemente vos pedimos que Deus sobre ele impere. E vós, Príncipe da Milícia Celeste, com esse poder divino, precipitai no inferno a satanás e aos outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perdição das almas. Ámen.

Latim: 

Sancte Michael Archangele, defende nos in praelio, contra nequitias et insidias diaboli esto praesidium: Imperet illi Deus, supplices deprecamur, tuque, Princeps militiae caelestis, satanam aliosque spiritus malignos, qui ad perditionem animarum pervagantur in mundo, divina virtute in infernum detrude. Amen.


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domingo, 25 de setembro de 2022

13 frases que demonstram o tremendo valor da Santa Missa

1- Na hora da morte, as Santas Missas que tivermos ouvido devotamente serão a nossa maior consolação.

2- Na Santa Missa, Deus perdoa todos os pecados veniais que estamos determinados a evitar.

3- Na Santa Missa, Deus perdoa os nossos pecados desconhecidos (esquecidos) que jamais confessámos.

4- O poder de Satanás sobre nós é diminuído.

5- Cada Missa irá connosco ao Julgamento e implorará por perdão para nós.

6- A cada Missa temos diminuída a punição temporal devida aos nossos pecados, mais ou menos, de acordo com o nosso fervor.

7- Assistindo devotamente à Santa Missa rendemos a maior homenagem possível à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor.

8- Através do Santo Sacrifício, Nosso Senhor Jesus Cristo repara por muitas das nossas negligências e omissões.

9- Ouvindo piedosamente a Santa Missa, oferecemos às Almas do Purgatório o maior alívio possível.

10- Uma Missa ouvida durante a nossa vida será de maior benefício do que muitas ouvidas por nós depois da nossa morte.

11- Através da Santa Missa, somos preservados de muitos perigos e infortúnios, que de outra forma cairiam sobre nós.

12- Encurtamos o nosso Purgatório a cada Missa.

13- Durante a Santa Missa, ajoelhamo-nos entre uma multidão de santos Anjos, que estão presentes no Adorável Sacrifício com reverente temor.

São Leonardo de Porto Maurício in 'The Hidden Treasure: Holy Mass', Edit. TAN Books, 1952


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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Dia de São Pio de Pietrelcina, mais conhecido por Padre Pio

As tentações não te devem assustar; por elas Deus quer testar e fortificar a tua alma e ao mesmo tempo dá-te a força de as vencer. Até aqui, a tua vida foi como a de uma criança; a partir de agora, o Senhor quer tratar-te como adulto. Ora, as provações de um adulto são muito superiores às duma criança, e é por isso que, a princípio, te sentes tão perturbado. Mas a vida da tua alma encontrará rapidamente a sua calma. Tem um pouco de paciência e tudo correrá pelo melhor. 

Deixa, pois, de lado essas vãs preocupações. Lembra-te de que não é a sugestão do maligno que faz o mal, mas o consentimento dado às suas sugestões. Só uma vontade livre é capaz da fazer o bem ou o mal. Mas, quando a vontade geme sob a provação infligida pelo Tentador, se não quer o que lhe é proposto, isso não é falta mas virtude. 

Guarda-te de cair na agitação ao lutar contra as tentações, pois isso só as fortalecerá. É preciso tratá-las com desprezo e não lhes ligar. Volta o teu pensamento para Jesus crucificado, para o seu corpo deposto nos teus braços e diz: «Eis a minha esperança, a fonte da minha alegria! Ligo-me a Ti com todo o meu ser, e não Te deixarei enquanto não me colocares em segurança.»


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quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O Cristianismo libertou o Homem do medo dos Demónios

Apesar do que dizem certos teólogos superficiais, o Demónio é, para a fé cristã, uma presença misteriosa, mas real, pessoal, não-simbólica.
    
É uma realidade poderosa, 'o Príncipe deste mundo', como lhe chama o Novo Testamento, que por mais de uma vez recorda a sua existência; é uma liberdade maléfica e sobre-humana, oposta à de Deus, como mostra uma leitura realista da história, com o seu abismo de atrocidades sempre renovadas e não explicáveis apenas pelo homem.
    
O homem, sozinho, não tem força para se opor a Satanás, que não é um outro deus. Unidos a Jesus, temos a certeza de vencê-lo. Cristo é o  'Deus próximo' que tem força e vontade de nos libertar: por isso o Evangelho é realmente 'boa nova'. E por isso devemos continuar a anunciá-lo àqueles regimes de terror    que são, muitas vezes, as religiões não-cristãs.

Direi mais: a cultura ateia do Ocidente moderno sobrevive graças à libertação do medo dos demónios trazida pelo cristianismo. Mas, se esta luz redentora do Cristo se extinguisse, embora com toda a sua sabedoria e com toda a sua tecnologia, o mundo recairia no terror e no desespero.

Já existem sinais desse retorno às forças obscuras, enquanto crescem no mundo secularizado os cultos satânicos. 

Cardeal Joseph Ratzinger in Diálogos sobre a fé (1985)


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terça-feira, 20 de setembro de 2022

A coragem de assumir a Fé cristã diante dos carrascos

Aqueles homens santos foram presos e levados ao prefeito de Roma, chamado Rústico. Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: «Que doutrina professas?» Justino disse: «Procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a doutrina verdadeira dos cristãos».

O prefeito Rústico inquiriu: «Que verdade é essa?» Justino explicou: «Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como o único Criador, desde o princípio, e autor de toda a Criação, das coisas visíveis e invisíveis, e o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, de Quem foi anunciado pelos profetas que viria ao género humano como mensageiro da Salvação e Mestre da boa doutrina. E eu, porque sou homem e nada mais, considero insignificante tudo o que digo para exprimir a Sua divindade infinita, mas reconheço o valor das profecias e sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a Sua vinda ao meio dos homens». Rústico perguntou: «Onde vos reunis? Diz-me em que lugar juntas os teus discípulos». 

Justino respondeu: «Eu vivo em casa de um certo Martinho, nos banhos de Timiotino. Ali, se alguém queria ir ver-me, comunicava as palavras da verdade». Rústico perguntou: «Portanto, tu és cristão?» Justino confirmou: «Sim, sou cristão». O prefeito Rústico perguntou a Caritão: «Diz-me tu agora, Caritão, também és cristão?» Caritão respondeu: «Sou cristão por graça de Deus». Rústico perguntou a Evelpisto: «E tu, de quem és, Evelpisto?» Evelpisto, escravo de César, respondeu: «Também sou cristão, libertado por Cristo, e por graça de Cristo participo da mesma esperança que estes». 

O prefeito Rústico perguntou: «Foi Justino que vos fez cristãos?» Hierax respondeu: «Eu sou cristão há muito tempo e cristão continuarei a ser». E Peão, pondo-se de pé, disse: «Também eu sou cristão». Evelpisto disse: «Eu gostava de ouvir os discursos de Justino, mas a ser cristão aprendi-o de meus pais». O prefeito Rústico disse a Liberiano: «E tu, que dizes? Também és cristão? Também tu não tens religião?» 

Liberiano respondeu: «Também eu sou cristão e, quanto à minha religião, só adoro o Deus verdadeiro». O prefeito disse a Justino: «Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao Céu?» Justino respondeu: «Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes, pois sei que a todos os que viverem santamente lhes está reservada a recompensa de Deus até ao fim dos séculos». O prefeito Rústico perguntou: «Então tu supões que hás-de subir ao Céu para receber algum prémio em retribuição?» Justino disse: «Não suponho, sei-o com toda a certeza.»

Actas do martírio de São Justino e companheiros (163 d.C.) in Antologia Litúrgica do Primeiro Milénio


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sábado, 17 de setembro de 2022

Quando São Francisco de Assis recebeu os estigmas

Francisco e um jovem companheiro, nas suas andanças costumeiras, passaram por um grande castelo todo iluminado devido às comemorações relativas à honra de cavaleiro atribuída a um filho da casa. Eles entraram nessa mansão aristocrática, que tomou seu nome do monte Feltro, à sua maneira bela e casual, e começaram a dar o seu próprio tipo de boa-nova. 

Ao menos algumas pessoas ouviram o santo “como se fosse um anjo de Deus”; entre elas estava um cavalheiro chamado Orlando de Chiusi, proprietário de muitas terras na Toscana, que decidiu brindar São Francisco com uma singular e pitoresca cortesia. Ele deu ao santo uma montanha, uma dádiva um tanto fora do comum entre as muitas possíveis.

Pode-se supor que a regra franciscana, que proibia aceitar dinheiro, não previra detalhadamente como agir com respeito à aceitação de montanhas. E é claro que São Francisco só a aceitou como aceitava tudo: como uma conveniência temporária, e não como uma posse pessoal. Então, transformou-a numa espécie de refúgio para a vida eremítica, não para a vida monástica, e se recolhia lá quando desejava uma vida de oração e de jejum, que não pedia nem aos amigos íntimos. Era o Monte Alverno, parte dos Montes Apeninos, monte encimado sempre por uma nuvem escura dotada de uma extremidade ou halo de glória.

Talvez nunca se possa saber o que de facto aconteceu ali. Imagino que a questão tenha sido objeto de controvérsias entre os mais devotos estudiosos da vida santa e entre estes e os estudiosos mais seculares. Talvez São Francisco nunca tenha falado com ninguém sobre o assunto, o que seria bem típico dele. Seja como for, o certo é que, de todo modo, ele falou muito pouco a esse respeito; acho que, pelo que dizem, ele só tratou disso com um único homem. Embora sujeito a essas dúvidas verdadeiramente sagradas, confesso que, para mim, esse relato solitário e indireto que chegou até nós parece bem com um relato de algo real, de algo mais real do que as chamadas realidades quotidianas. 

Até mesmo algo de duplo sentido e de imagem surpreendente, por exemplo, pode dar a impressão de uma experiência capaz de abalar os sentidos – como é o caso da passagem do Apocalipse sobre as criaturas sobrenaturais cheias de olhos. Ao que parece, São Francisco viu o céu acima de si ocupado por um grande ser com asas, semelhante a um serafim, que formava a figura da cruz. Não se sabe ao certo se a figura estava crucificada ou na posição da crucificação, ou se simplesmente a estrutura das suas asas incluía um enorme crucifixo. 

Mas parece claro que havia dúvidas sobre a possibilidade da crucificação, porque São Boaventura diz com todas as letras que São Francisco duvidava que um serafim pudesse ser crucificado, visto que esses principados não estavam sujeitos a passar pela Paixão. São Boaventura sugere que a aparente contradição deve ter significado que São Francisco seria crucificado como espírito, dado que não seria crucificado como homem. 

Seja qual for o significado da visão, contudo, a sua ideia geral é bem vívida e bastante intensa. São Francisco viu acima de si, ocupando todo o espaço do céu, alguma força inconcebível imemorial, antiga como o Ancião dos Dias (cf. Dan 7), cuja calma os homens tinham concebido na forma de touros alados ou de querubins monstruosos, e todo esse prodígio alado estava sofrendo dores como um pássaro ferido. Esse serafim sofredor, afirma-se, perfurou o coração de São Francisco com uma espada de pesar e piedade; pode-se deduzir que uma espécie de crescente agonia acompanhou o êxtase. Por fim, de alguma maneira o Apocalipse desapareceu do céu e a agonia interior cessou; e o silêncio e o ar natural tomaram conta das primeiras luzes do dia e se assentaram lentamente nos precipícios e nas profundas fendas dos Apeninos.
 
A cabeça do solitário afundou, em meio a todo o relaxamento e tranquilidade em que o tempo pode fluir com a sensação de algo encerrado e completo; e, ao olhar para baixo, ele viu as marcas dos pregos nas suas próprias mãos.

Gilbert Keith Chesterton in Saint Francis of Assisi


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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Coroa de Nossa Senhora das Dores

A Coroa de Nossa Senhora das Dores teve início em Itália no ano de 1617, por iniciativa da Ordem dos Servos de Maria, assim como a Missa de Nossa Senhora das Dores, que hoje é celebrada em toda a Igreja no dia 15 de Setembro. A Coroa é um dos frutos do carisma mariano da Ordem, cultivado desde 1233, ano da sua fundação. A Coroa surgiu inicialmente como alimento da piedade mariana dos leigos reunidos em grupos chamados Ordem Terceira. A Coroa das Dores teve sempre a aprovação dos Papas.

1ª Dor - Profecia de Simeão

Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma (Lc 2, 34-35). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

2ª Dor - Fuga para o Egipto

O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: Levanta, toma o menino e a mãe, foge para o Egipto e fica lá até que te avise. Pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egipto (Mt 2, 13-14). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

3ª Dor - Maria procura Jesus em Jerusalém

Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem. Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia e procuraram entre parentes e conhecidos. E, não O achando, voltaram a Jerusalém à procura d'Ele (Lc 2,43b-45). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

4ª Dor - Jesus encontra a Sua Mãe no caminho do Calvário

Ao conduzir Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e encarregaram-no de levar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam (Lc 23, 26-27). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

5ª Dor - Maria ao pé da Cruz de Jesus

Junto à cruz de Jesus estavam de pé a sua Mãe, a irmã da sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a Mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis o teu filho! Depois disse para o discípulo: Eis a tua Mãe! (Jo 19, 15-27a). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

6ª Dor - Maria recebe Jesus descido da Cruz

Chegada a tarde, porque era o dia da Preparação, isto é, a véspera de Sábado, veio José de Arimateia, entrou decidido na casa de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a José, que retirou o corpo da cruz (Mc 15, 42). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

7ª Dor - Maria deposita Jesus no Sepulcro

Os discípulos tiraram o corpo de Jesus e envolveram em faixas de linho com aromas, conforme é costume de sepultar dos judeus. Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que puseram Jesus (Jo 19, 40-42a). 
1 Pai Nosso; 7 Avé Marias

in santissimavirgemaria.com.br


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As 7 dores de Maria

Hoje é dia de Nossa Senhora das Dores. É tradição rezar um Pai-Nosso e sete Avé-Marias por cada uma das 'dores' de Nossa Senhora:

1. A profecia de Simeão (Lc 2, 34-35)
2. A fuga para o Egipto (Mt 2, 13)
3. O Menino Jesus perdido e encontrado no Templo (Lc 2, 43-45)
4. Maria encontra Jesus a caminho do Calvário (Lc 23, 26)
5. Jesus morre na Cruz (Jo 19, 25)
6. Maria recebe o corpo de Jesus nos braços (Mt 27, 57-59)
7. O corpo de Jesus é colocado no Sepulcro (Jo 19, 40-42)


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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Quem são os Amigos da Cruz?

Um Amigo da Cruz é um homem escolhido por Deus, entre 10 mil que vivem segundo os sentidos e a razão para ser unicamente um homem todo divino e elevado acima da razão, e todo em oposição aos sentidos, por uma vida e uma luz de pura fé e por um amor ardente pela Cruz.

Um Amigo da Cruz é um rei todo-poderoso e um herói triunfante do demónio, do mundo e da carne em suas três concupiscências. Pelo amor às humilhações, esmaga o orgulho de Satanás; pelo amor à pobreza, triunfa da avareza do mundo; pelo amor à dor, amortece a sensualidade da carne.

Um Amigo da Cruz é um homem santo e separado de todo o visível, cujo coração está acima de tudo quanto é caduco e perecível, e cuja conversa está no Céu; que passa pela Terra como estrangeiro e peregrino; e que, sem lhe dar o coração, a contempla com o olho esquerdo e com indiferença, calcando-a com desprezo aos pés.

Um Amigo da Cruz é uma ilustre conquista de Jesus Cristo crucificado no Calvário, em união com a sua Santa Mãe; é um Benoni ou um Benjamim, filho da dor e da dextra, gerado em seu dolorido coração, vindo ao mundo por seu lado direito atravessado e coberto da púrpura de seu sangue. Dada a sua extracção sangrenta, só respira cruz, sangue e morte ao mundo, à carne e ao pecado, para estar totalmente oculto, aqui na Terra, com Jesus Cristo em Deus.

Enfim, um perfeito Amigo da Cruz é um verdadeiro porta-Cristo, ou antes, um Jesus Cristo, de maneira que possa, em verdade, dizer: 'Vivo, mas não eu, é Jesus Cristo que vive em mim' (Gal 2, 20).

Sois, por vossas acções, meus queridos Amigos da Cruz, aquilo que vosso grande nome significa? Ou, pelo menos, tendes verdadeiro desejo e vontade verdadeira de assim vos tornardes, com a graça de Deus, à sombra da Cruz do Calvário e de Nossa Senhora da Piedade? Entrastes no verdadeiro caminho da vida, que é o caminho estreito e espinhoso do Calvário? Não estareis, sem o pensar, no caminho largo do mundo, que é o caminho da perdição? Sabeis bem que há um caminho que parece ao homem recto e seguro, e que conduz à morte?

São Luís Maria Grignion de Montfort in 'Carta-Circular aos Amigos da Cruz'


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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

O simbolismo do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

O quadro foi pintado no estilo bizantino da Igreja Oriental. O objectivo desse estilo de arte não é mostrar uma cena ou pessoas, mas transmitir uma mensagem espiritual.


1. Em grego as letras significam: Mãe de Deus.
2. O quadro original foi coroado em 1867.
3. A estrela significa que Maria nos guia até Jesus, guindo-nos no mar da vida até ao porto da salvação.
4. Abreviação do Arcanjo São Miguel.
5. O Arcanjo São Miguel apresenta a lança, a vara com a esponja e o cálice da amargura.
6. A boca de Maria guarda silêncio.
7. Túnica vermelha cor da realeza.
8. O Menino Jesus segura as mãos de Maria que não segura as mãos do Menino Deus, permanecendo aberta, como forma de convite para pormos as nossas mãos na sua, unindo-nos a Jesus; e os dedos que apontam para o Filho mostram que Ele é o caminho.
9. Abreviação do Arcanjo São Gabriel.
10. Maria olha directamente para nós, não para Jesus nem para o Céu nem para os anjos.
11. São Gabriel com a cruz e os cravos.
12. Abreviatura de Jesus Cristo em grego.
13. Jesus veste roupas da realeza. O halo ornado com uma cruz proclama que ele é Jesus Cristo.
14. A mãe esquerda de Maria sustenta Jesus: a mão do consolo que Maria estende a todos que a ela recorrem nas lutas da vida.
15. A sandália desatada, simboliza a humildade de Nosso Senhor Jesus Cristo e também a esperança de um pecador que, agarrando-se a Jesus, busque a Sua misericórdia. O Menino ainda levanta o pé, para não deixar a sandália cair, para salvar aquele pecador.
16. Manto azul, com o forro verde sobre a túnica vermelha são as cores da realeza. Apenas a Imperatriz podia usar estas combinações de cores. O Azul também era o emblema das mães da época.
Todo o fundo dourado mostra a importância de Maria; é o símbolo de poder e nobreza, da glória do Paraíso para onde iremos, levados pelo perpétuo socorro da Santíssima Mãe de Deus.

in espelhodejustica.blogspot.com


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sábado, 10 de setembro de 2022

Maxiliar e língua incorruptos de Santo António de Lisboa




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Oração a São Nicolau de Tolentino pelas almas

Oh glorioso Taumaturgo e Protector das almas do purgatório, São Nicolau de Tolentino! 

Com todo o afecto da minha alma te rogo que interponhas a tua poderosa intercessão em favor dessas almas benditas, conseguindo da divina clemência a remissão de todos os seus delitos e penas, para que, saindo daquele tenebroso cárcere de dores, possam a ter no Céu a visão beatífica de Deus. 

E a mim, teu devoto servo, alcançai-me, oh grande santo, a mais viva compaixão e a mais ardente caridade até aquelas almas queridas. Ámen

São Nicolau de Tolentino, rogai por nós.
São Nicolau de Tolentino, rogai, vos pedimos, pelas Santas Almas do purgatório. 


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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

São Pedro Claver: o "Escravos dos Escravos"

São Pedro Claver foi um sacerdote jesuíta catalão, e missionário, que nasceu em 1580 no seio de uma família de agricultores que era devotamente católica e próspera na aldeia de Verdú, Urgell, localizada na província de Lleida. 
Mais tarde, como estudante da Universidade de Barcelona, Claver ficou conhecido pela sua inteligência e piedade. Após dois anos de estudos, escreveu essas palavras no seu caderno, que guardou até o fim de sua vida: “Devo dedicar-me ao serviço de Deus até a morte, entendendo que sou como um escravo.”

Após a conclusão dos seus estudos, ingressou na Companhia de Jesus em Tarragona, aos 20 anos. Quando completou o seu noviciado, foi enviado para estudar filosofia em Palma. Lá conheceu o porteiro do Colégio, Santo Afonso Rodríguez, um irmão leigo que era conhecido pela sua santidade e dom de profecia. Rodríguez acreditava que Deus lhe dissera que Claver iria passar a vida a serviço nas colónias da Nova Espanha e pedia frequentemente para que o jovem estudante aceitasse esse chamamento.

Claver ofereceu-se para as colónias espanholas e foi enviado para o Reino de Nova Granada, onde chegou à cidade portuária de Cartagena em 1610. Foi necessário esperar seis anos para ser ordenado sacerdote. Enquanto fazia os seus estudos teológicos, morou em casas jesuítas em Tunja e Bogotá. Durante esses anos preparatórios, ficou profundamente perturbado com o tratamento severo e as condições de vida dos escravos negros trazidos de África.

O Pe. Alonso de Sandoval foi o seu mentor e inspiração, por ter se dedicado a servir os escravos durante 40 anos antes que Claver chegasse para dar continuidade ao trabalho. Sandoval achou Claver apto e, quando ele professou solenemente os seus votos, em 1622, assinou o seu documento final com os dizeres em latim: Petrus Claver, aethiopum semper servus (Pedro Claver, servo dos etíopes para sempre).

Claver dirigiu-se ao cais assim que um navio negreiro entrou no porto. Embarcando no navio, entrou nos porões para tratar e ministrar a carga humana terrivelmente maltratada, que havia suportado uma viagem de vários meses sob condições difíceis. Depois, enquanto os escravos foram arrebanhados do navio e redigidos nos quintais próximos para serem examinados por uma multidão de compradores, Claver juntou-se a eles com remédios, comida, pão, brandy, limões e tabaco. Com a ajuda de intérpretes deu instruções básicas.

Claver viu os escravos como companheiros cristãos, encorajando-os a fazê-lo também. Durante a temporada em que os traficantes não aportavam, Claver atravessou o país visitando plantações atrás de plantações para dar consolo espiritual aos escravos. Durante os 40 anos de ministério, estima-se que ele tenha catequizado e baptizado mais de 300 mil escravos.

O trabalho de Claver em favor dos escravos não o impediu de ministrar às almas de membros prósperos da sociedade, comerciantes e visitantes de Cartagena (incluindo muçulmanos e protestantes ingleses), tendo também feito o mesmo a criminosos condenados, muitos dos quais preparou espiritualmente para a morte. Também era um visitante frequente nos hospitais da cidade.

Nos últimos anos da sua vida estava doente demais para deixar o seu quarto e permaneceu negligenciado, esquecido, fisicamente abusado e privado de comida durante quatro anos, por um ex-escravo que havia sido contratado pelo superior da casa para cuidar dele. Nunca reclamou do modo como foi maltratado, aceitando-o como punição justa pelos seus pecados. Veio a falecer no dia 8 de Setembro de 1654.

Quando as pessoas da cidade souberam da sua morte, muitos forçaram-se a entrar no seu quarto para prestar homenagem. Tal era a sua reputação de santidade que as pessoas se apoderaram de todas as suas roupas para servir como uma relíquia do santo.

Ficou conhecido como "Escravo dos Escravos e “Apóstolo dos Negros”.

adaptado de salvemaria.com.br


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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Onde nasceu Nossa Senhora?

Para entender a escassez de informações nos primeiros séculos da Igreja, sobre a vida de Nossa Senhora, convém levar em conta as particularidades daquela época.

O mundo pagão, por efeito da decadência em que se encontrava, era politeísta, ou seja, os homens adoravam simultaneamente vários deuses. Os pagãos não achavam ilógico nem absurdo que existissem várias divindades, ou que elas não fossem perfeitas. Pior ainda. Consideravam normal que os deuses dessem exemplo de devassidão moral, sendo, por exemplo, adúlteros, ladrões ou bêbados. Obviamente, nem todos os deuses eram apresentados como subjugados por esses vícios, mas o facto de haver vários deles nessas condições dificultava que os pagãos entendessem a noção católica do verdadeiro e único Deus, de perfeição infinita.

Por isso a primitiva Igreja teve muito cuidado ao apresentar Nossa Senhora como Mãe de Deus, pois aqueles povos, com forte influência do paganismo, rapidamente tenderiam a transformá-la numa deusa. Apenas após a queda do Império Romano do Ocidente e a sucessiva cristianização dos povos começou a Igreja – que nunca negou a importância fundamental da Virgem Santíssima na história da salvação – a colocar Nossa Senhora na evidência que lhe compete e a exaltar as suas maravilhas. E com isso, a fazer um bem indescritível às almas dos fiéis.

É fácil compreender por que nesse longo período, cerca de 400 anos, muitas informações a respeito da Santíssima Virgem se tenham perdido e outras se encontrem em fontes não inteiramente confiáveis. Não obstante, a Tradição da Igreja conservou fielmente aqueles atributos d’Ela que eram necessários para a integridade da fé dos católicos. O essencial foi transmitido, e, para um filho que ama a sua Mãe, qualquer dado a respeito d’Ela é importante.

Entre esses dados, sobre os quais um véu de mistério permaneceu, está o local em que nasceu Nossa Senhora.

Belém, Seforis, ou Jerusalém

Três cidades disputam a honra de ter sido o local de nascimento da Mãe de Deus.(1)

A primeira é Belém. Deve-se essa tradição ao facto de Nossa Senhora ser de estirpe real, da casa de David. Sendo Belém a cidade de David, foi essa a razão pela qual São José e a Virgem Santíssima – ambos descendentes do Profeta-Rei – dirigiram-se àquela localidade, por ocasião do censo romano que ordenava que todos se registrassem no lugar originário das suas famílias. Por isso, o Menino Jesus nasceu em Belém, e é aclamado, no Evangelho, como Filho de David. O principal argumento dos que sustentam a tese de que Nossa Senhora nasceu em Belém encontra-se num documento intitulado 'De Nativitate S. Mariae', incluído na continuação das obras de São Jerónimo.

Outra tradição assinala a pequena localidade de Seforis, poucos quilómetros ao norte de Belém, como o local do nascimento da Virgem. Tal opinião tem como base que já na época do Imperador Constantino, no início do século IV, foi construída uma igreja nessa localidade para celebrar o facto de ali terem residido São Joaquim e Santa Ana, pais de Nossa Senhora. Santo Epifânio menciona tal santuário. Os defensores de outras hipóteses assinalam que o facto de os genitores da Virgem Santíssima terem morado lá não indica necessariamente que Nossa Senhora tenha nascido naquela localidade.

A hipótese que congrega maior número de adeptos é a de que Ela nasceu em Jerusalém. São Sofrónio, Patriarca de Jerusalém (634-638), escrevendo no ano 603, afirma claramente ser aquela a cidade natal de Maria Santíssima.(2) São João Damasceno defende a mesma posição.

A festa da Natividade

Na Igreja católica celebramos numerosas festas de santos. Havendo, felizmente, milhares de santos, comemoram-se milhares de festas. Ocorre que não se celebra a data de nascimento do santo, mas sim a da sua morte — correspondendo ao dia da entrada dele na vida eterna. Apenas em três casos comemoram-se as festas no dia do nascimento: Nosso Senhor Jesus Cristo (Natal); o nascimento de São João Baptista; e a natividade da Santíssima Virgem.

A festa da Natividade era celebrada no Oriente católico muito antes de ser instituída no Ocidente. Segundo uma bela tradição, tal festa teve início quando São Maurílio a introduziu na diocese de Angers, na França, em consequência de uma revelação, no ano 430. Um senhor de Angers encontrava-se na pradaria de Marillais, na noite de 8 de Setembro daquele ano, quando ouviu os anjos cantando no Céu. Perguntou-lhes qual o motivo do cântico. Responderam-lhe que cantavam em razão da sua alegria pelo nascimento de Nossa Senhora durante a noite daquele dia.(3)

Em Roma, já no século VII, encontra-se o registro da comemoração de tal festa. O Papa Sérgio tornou-a solene, mediante uma grande procissão.

Posteriormente, Fulberto, Bispo de Chartres, muito contribuiu para a difusão dessa data em toda a França. Finalmente, o Papa Inocêncio IV, em 1245, durante o Concilio de Lyon, estendeu a festividade a toda a Igreja.

Comemoração na actualidade

Por uma série de motivos curiosos, a festa da Natividade é celebrada muito especialmente em Itália e em Malta. Sendo o povo italiano muito vivo e propenso a celebrações familiares, isso não surpreende.

Em Malta, a principal comemoração da festa consiste numa solene procissão na localidade de Xaghra.(4)

Na cidade de Florença, no dia da festa, numerosas crianças dirigem-se ao rio Arno levando pequenas lanternas, que são colocadas na água e lentamente vão atravessando a cidade.

Na Sicília, na localidade de Mistretta, a população celebra a festa representando um baile entre dois gigantes. À primeira vista, pareceria que isto nada tem a ver com a natividade. Mas corresponde a uma tradição: foi encontrada uma imagem de Santa Ana com Nossa Senhora ainda menina. Levada à cidade, a imagem misteriosamente retornou ao local onde havia sido achada, e os habitantes julgaram que só poderia ter sido levada por gigantes. Proveio daí esse costume.

Em Moliterno, ao contrário, existe o lindo e pitoresco costume de as meninas da localidade fixarem pequenas candeias nos chapéus de seus trajes típicos. Em determinado momento desaparecem as outras luzes e só permanecem as das meninas, que executam uma dança regional.

Curiosamente, em muitas localidades as luzes desempenham papel determinante na festa. Podemos conjecturar uma razão: a Natividade de Nossa Senhora representou o prenúncio da chegada ao mundo da Luz de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Valdis Grinsteins in catolicismo.com.br

Notas:

2. Nuevo Diccionario de Mariologia, Ediciones Paulinas.
3. La fête angevine N.D. de France, IV, Paris, 1864, 188.


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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Papa Bento XVI sobre a ordenação de mulheres sacerdotes

Isso é um absurdo, pois nessa altura o mundo estava cheio de sacerdotisas. Todas as religiões tinham as suas sacerdotisas, e o mais surpreendente foi o facto de não as haver na Igreja de Jesus Cristo, o que, por sua vez, está em continuidade com a fé de Israel.

A formulação por João Paulo II é muito importante: a Igreja não tem «absolutamente a faculdade» de ordenar mulheres. Não é o mesmo que dizer que não gostamos; o que se diz é que não podemos. O Senhor deu à Igreja uma configuração com os Doze – e, na sua sucessão, com os bispos e os presbíteros e os padres. Essa configuração da Igreja não foi feita por nós, mas sim constituída por Ele. 

Segui-lo é um acto de obediência, talvez de difícil obediência na situação actual. Mas é exactamente isso que é importante que a Igreja demonstre: nós não somos um regime despótico. Não podemos fazer o que queremos. Há uma vontade do Senhor em relação a nós à qual nos mantemos fiéis, mesmo quando isso se revela difícil e trabalhoso nesta cultura e nesta civilização.

Além disso, há tantas e tão importantes funções das mulheres na Igreja que não se pode falar em discriminação. Seria esse o caso se o sacerdócio fosse uma espécie de soberania, enquanto se supõe que ele é inteiramente serviço. Olhando para a história da Igreja, vemos que a importância das mulheres – desde Maria, passando por Mónica, até à Madre Teresa – é tão eminente que, em muitos aspectos, as mulheres moldam muito mais a Igreja do que os homens. 

Pensemos por um instante nos grandes feriados católicos, como o Corpo de Deus e o do Domingo da Divina Misericórdia, que remontam a mulheres. Há em Roma, por exemplo, uma igreja na qual não aparece nenhum homem em todas as pinturas do altar.

Papa Bento XVI in Luz do Mundo (págs 146/147)


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terça-feira, 6 de setembro de 2022

A liberdade de um monge trapista

Também eu, quando estava no mundo, corria muitas vezes pelas estradas de Espanha, encantado por ver o velocímetro do meu carro marcar 90 km à hora! Que disparate! Quando me apercebi de que não tinha mais horizontes, sofri a decepção típica daquele que tem a liberdade deste mundo, pois a terra é pequena e depressa lhe damos a volta. O homem está rodeado de horizontes pequenos e limitados. 

Para quem tem a alma sedenta de horizontes infinitos, os da terra não bastam: abafam-no, não há mundo que lhe chegue e só encontra o que procura na grandeza e imensidão de Deus. Homens livres que percorreis o planeta, não tenho inveja da vossa vida neste mundo; fechado num convento e aos pés do crucifixo, tenho uma liberdade infinita, tenho um céu, tenho Deus. Que sorte tão grande ter um coração apaixonado por Ele!

Pobre irmão Rafael! Continua a aguardar, continua a esperar com essa doce serenidade que a esperança certa proporciona; permanece imóvel, pregado, prisioneiro do teu Deus, ao pé do Seu tabernáculo. Escuta ao longe o ruído que fazem os homens que desfrutam dos breves dias da sua liberdade no mundo; escuta ao longe as suas vozes, os seus risos, os seus choros, as suas guerras. Escuta e medita um momento; medita sobre um Deus infinito, o Deus que fez o céu e a terra e os homens, o Senhor absoluto dos céus e da terra, dos rios e dos mares; Aquele que, num instante, só por assim o querer, fez sair do nada tudo aquilo que existe.

Medita por momentos na vida de Cristo e verás que não há nela, nem liberdades, nem barulho, nem burburinho de vozes; verás o Filho de Deus submetido ao homem; verás Jesus obediente, submisso e numa paz serena, tendo como única regra de vida fazer a vontade de Seu Pai. E, finalmente, contempla Cristo pregado na cruz. De que serve então falar de liberdades?
 

São Rafael Arnaiz Baron in 'Escritos espirituais' (15/12/1936)


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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Recomendações da Sagrada Escritura sobre a amizade

Palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas respostas agradáveis.
Procura estar de bem com muitos, mas escolhe para conselheiro um entre mil.
Se queres ter um amigo, põe-no primeiro à prova, não confies nele muito depressa.
Com efeito, há amigos de ocasião, que não são fiéis no dia da tribulação.

Há amigo que se torna inimigo, que desvendará as tuas fraquezas, para tua vergonha.
Há amigo que só o é para a mesa, e que deixará de o ser no dia da desgraça;
na tua prosperidade mostra-se igual a ti, dirigindo-se com à vontade aos teus servos;
mas, se te colhe o infortúnio, volta-se contra ti, e oculta-se da tua presença.
Afasta-te daqueles que são teus inimigos, e está alerta com os teus amigos.

Um amigo fiel é uma poderosa protecção; quem o encontrou, descobriu um tesouro.
Nada se pode comparar a um amigo fiel, e nada se iguala ao seu valor.
Um amigo fiel é um bálsamo de vida; os que temem o Senhor acharão tal amigo.
O que teme o Senhor terá também boas amizades, porque o seu amigo será semelhante a ele.

in Livro de Eclesiástico 6,5-17


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domingo, 4 de setembro de 2022

Santuário de Nossa Senhora da Peneda (Arcos de Valdevez)

No distrito de Viana do Castelo, existe um recôndito lugar onde foi erecto um dos mais importantes e concorridos santuários do Norte de Portugal, sob a invocação de Nossa Senhora da Peneda. Ter-se-á verificado uma aparição da Virgem, em 5 de Agosto de 1220, a uma pequena pastora. Uns séculos antes, por volta dos anos 716 ou 717 os cristãos, fugidos ante a invasão dos sarracenos, terão deixado uma imagem entre as enormes fragas da Serra da Peneda.

Implantada uma ermida no século XIII, o culto de Nossa Senhora da Peneda aumentou gradualmente em Portugal e na Galiza (Espanha), afluindo largos milhares de romeiros ao longo do ano, mas muito especialmente na primeira semana de Setembro.

O Templo enquadra-se harmoniosamente em majestoso trecho da serrania, tendo ao longo do pictórico vale vinte capelas onde se evocam as cenas bíblicas de major intensidade, precedida de um átrio com as imagens do quatro evangelistas. Culmina, este invulgar santuário, por um condigno pórtico e escadaria com patamar onde se ergue imponente coluna encimada pele imagem de S. Miguel Arcanjo.

Foi nos últimos três séculos que o Santuário beneficiou de maior impulso, sob os pontos de vista espiritual e materialmente. A igreja foi terminada em 1875.

Texto original de Antonio Afonso Do Paço


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sábado, 3 de setembro de 2022

Gregoriano é a referência para a música sacra

"Uma composição religiosa será tanto mais sacra e litúrgica quanto mais se aproxima no andamento, inspiração e sabor da melodia gregoriana, e será tanto menos digna do templo quanto mais se afastar daquele modelo."

São Pio X in Motu Próprio 'Tra le solicitudine - sobre música Sacra'


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São Pio X: um Papa incompreendido

O Papa Pio X (1835-1914) foi um verdadeiro reformador da Igreja, mas os seus esforços têm sido muitas vezes mal interpretados: esta é a opinião do padre Bernard Ardura, presidente do Pontifício Comité de Ciências Históricas.

Poderia explicar-nos o seu papel no Comité e como surgiu a ideia de um estudo dedicado a Pio X?

Padre Bernard: Eu sou o presidente do Pontifício Comité de Ciências Históricas. Tomamos o cuidado de tratar todos os aspectos históricos que têm a ver com a história da Igreja. Este ano é o centenário da morte do Papa Pio X; ele morreu durante a noite de 21 de Agosto de 1914, três semanas após o início da Primeira Guerra Mundial e depois de onze anos de papado. Como pontífice, foi um reformador importantíssimo, mas, dentre as suas actividades reformadoras, também teve de intervir em assuntos relacionados à doutrina religiosa, porque naquela época a Igreja enfrentava um movimento difícil chamado modernismo. A sua condenação do modernismo ofuscou as partes positivas de seu papado: é lembrado como um Papa de condenação, mas a verdade é que foi um grande reformador, um grande inovador. Embora tendo condenado o modernismo, Pio X foi muito moderno, como evidenciado pelas suas reformas.

Poderia citar-nos algum exemplo de reforma de São Pio X?

Padre Bernard: Ele reformou a Cúria Romana, a mesma Cúria criada em 1538 e que ainda hoje existe. Pio X foi mais consciente do que os seus antecessores de que o pontificado tinha que seguir em frente e não podia andar pra trás. Então, teve no seu ministério esta ideia chave de que a missão da Igreja é espiritual e que deve inspirar a vida do mundo, também renovando o mundo. Portanto, todas as actividades de Pio X foram reformadoras, dado que ele se esforçou para promover uma vida cristã baseada na paz.

Uma outra contribuição importante foi aquela relacionada com os sacramentos, especialmente a Comunhão. Avançou na ideia de que os menores de idade, já com sete anos, podiam receber a sua primeira Sagrada Comunhão, embora se, naquele momento das suas vidas, não estivessem plenamente conscientes da doutrina da Igreja. Foi adiante também na ideia de que os adultos deveriam comungar com mais frequência. Anteriormente, a opinião geral era de que um cristão deveria confessar-se antes de receber a comunhão, mas Pio X, sempre sugerindo a confissão regularmente, apresentou a ideia de comungar com mais frequência, até mesmo diariamente.

Até as suas reformas litúrgicas, como as relativas à música sacra, foram importantes. E pela primeira vez, pediu que fosse promulgado um claro código de Direito Canónico. Assim se fez e este código teve um efeito duradouro após a sua morte.

Portanto, hoje nós temos a oportunidade de estudar estas reformas e estes progressos, que foram importantes não só para renovar a Igreja, mas também pela capacidade da Igreja de inspirar a vida cristã.

Vê semelhanças entre Pio X e o Papa Francisco?

Padre Bernard: Definitivamente, existem semelhanças. Mas não podemos esquecer que há todo um século entre os dois. Portanto, os contextos são muito diferentes. No entanto, é verdade que tanto o Papa Pio X como o Papa Francisco prestam uma especial atenção à qualidade de vida dos cristãos - tanto leigos, quanto sacerdotes e bispos - porque essa qualidade de vida é necessária, a fim de dar testemunho do Evangelho. Por esta razão, estes dois papas compartilham a ideia de que, se algo pode ser reformado, então deve ser reformado.

Por que acha que Pio X poderá ter sido mal interpretado?

Padre Bernard: Ele foi mal interpretado, assim como quase todos os seus trabalhos e as suas reformas não receberam o devido crédito por causa da questão do modernismo. Assim, com a sua condenação do modernismo, ele foi considerado por muitos como o Papa que não entendia nada, mas isso não era verdade.

Para aqueles que não estão familiarizados com este conceito, poderia explicar-nos o que é o modernismo?

Padre Bernard: É um erro filosófico que relativiza um pouco de tudo e, do ponto de vista doutrinal, torna-se uma questão delicada. Por exemplo, ideias diferentes foram expressas por meio do contexto cultural daquele tempo. Mas hoje, não podemos relativizar a doutrina com essas ideias diferentes.

A Igreja em que acreditamos é inspirada pelo Espírito Santo, num contexto que não nos é dado por uma causa acidental, mas, num contexto que contém a essência dos ensinamentos que nos dá o Espírito Santo. Portanto, não temos que relativizar estas realidades que são fundamentais, caso contrário, corremos o risco de pôr em dúvida tudo aquilo em que acreditamos.

Que tipo de reforma, que Pio X tenha apoiado, acha que tenha sido a mais importante e a mais necessária para a Igreja de hoje?

Padre Bernard: A reforma da conversão do coração, uma reforma interior. Devemos lembrar o que Jesus disse: se o sal perde o seu sabor, então torna-se inútil. Como uma luz, somos testemunhas do Evangelho e, portanto, como evidenciado pelos esforços e mensagens de Pio X, temos constantemente a necessidade de reforma. 

in Zenit


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sexta-feira, 2 de setembro de 2022

A beleza da humildade de acordo com São Bento

Irmãos, a Escritura divina proclama-nos que «quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado» e com isso quer mostrar-nos que toda a exaltação é uma forma de orgulho. Assim prova o salmista, que dele se acautela quando diz: «Senhor, o meu coração não é orgulhoso, nem os meus olhos são altivos; não corro atrás de grandezas ou de coisas superiores a mim» (Sl 130,1). Daqui resulta, irmãos, que, se quisermos atingir o cume da suprema humildade e rapidamente chegar às alturas celestes aonde podemos subir pela humildade de vida terrena, temos de pôr de pé a escada que apareceu em sonhos a Jacob e trepar por ela com os nossos actos tal como ele viu «os anjos subir e descer» (Gn 28,12). 

Sem dúvida que este subir e este descer não têm para nós outro significado senão o de pela exaltação se descer e pela humildade se subir. Ora, aquela escada posta de pé mais não é do que a nossa vida neste mundo, que o Senhor levanta até ao céu sempre que se humilha o nosso coração.

O primeiro degrau da humildade consiste em ter sempre presente no pensamento o temor de Deus e em nunca o esquecer, esforçando-nos por relembrar sempre tudo aquilo a que Deus mandou obedecer. Para estar vigilante contra a malícia dos seus pensamentos, o irmão deveras humilde há-de repetir sem parar no seu coração: «Tenho sido sincero para com Deus e guardei-me do pecado» (Sl 17,24). 


E quanto a seguirmos a nossa vontade própria, a Escritura no-lo impede ao dizer-nos: «Refreia os teus apetites» (Sir 18,30). É por essa razão que, no Pai Nosso, pedimos a Deus que a Sua vontade se faça em nós. «Os olhos do Senhor observam maus e bons; do céu o Senhor olha para os seres humanos, a ver se há alguém sensato, alguém que ainda procure a Deus» (Pr 15,3; Sl 13,2).

Tendo subido todos os degraus da humildade, o monge depressa chegará ao amor de Deus, a esse amor que, tornado perfeito, afugenta todo o temor (1Jo 4,18); graças a ele, tudo aquilo que dantes cumpria a medo, agora levará a cabo sem custo algum, com toda a naturalidade e de modo habitual, por amor a Cristo, por hábito do bem e gosto da virtude. Tudo isso o Senhor de aí em diante Se dignará manifestar no Seu operário pelo Espírito Santo. 


in Regra monástica, cap. 7


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