quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Casamento - Pe. Rodrigo Lynce de Faria

«Era embaixador em São Petersburgo. Certo dia, teve necessidade de fazer uma viagem urgente. Ela, ao contrário do habitual, não o pôde acompanhar. Ficou inquieta. Sabia que tinham casado para permanecerem um ao lado do outro. O dia do compromisso, já longínquo, continuava a ter uma grandíssima influência na sua vida. Recordava as palavras como se as tivesse pronunciado na véspera: «Recebo-te por meu esposo e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida».

Era lógico que nas entrelinhas do solene compromisso estava a “promessa” de viajar com ele, sobretudo se essa viagem fosse mais demorada. Afinal, para ela, o casamento era exactamente isso: a maior e mais definitiva viagem que tinha decidido realizar com ele até ao fim da sua vida.

Ficou inquieta ao pensar na intensa vida social do marido. Arrependeu-se de não o ter acompanhado. Resolveu escrever-lhe. Era o único modo que tinha de fazer-se presente estando ausente. «Temo que o convívio com princesas e embaixatrizes te faça esquecer-te de mim, que sou uma mulher simples e sem títulos, excepto o maravilhoso de ser só tua». Ele não tardou em responder-lhe: «Esqueces, minha amada, que casei contigo não só porque te amava, mas porque tinha e tenho o propósito firme de te amar sempre, cada dia mais, aconteça o que acontecer». Esta resposta é atribuída a Otto von Bismarck (1815 – 1898), estadista prussiano e unificador da Alemanha.

Bismarck não tinha casado somente porque a amava, mas com o compromisso de amá-la cada dia mais, em todas as circunstâncias, até ao fim. “Casar com a promessa de amar até ao fim” é uma expressão comprometedora. Manifesta um amor genuíno, um amor que possui o desejo de ser eterno. Só esse amor é verdadeiro. Só esse amor pode gerar um casamento forte diante das dificuldades.

Casar-se é exactamente isso. É estar disposto a prometer a alguém: “Tu, só tu, para sempre, aconteça o que acontecer”. Somente este tipo de casamentos é que a Igreja admite. Se alguém quer uma união a prazo, solúvel, à experiência, deve procurá-la noutro sítio. Casar-se na Igreja é casar-se como Deus quer. O casamento é uma ideia Sua. Só funciona de verdade se for vivido de acordo com a Sua Lei. Por isso, os noivos manifestam o seu desejo de se casarem na Igreja, porque desejam comprometer-se diante de Deus. São conscientes da fragilidade do seu amor e do perigo sempre presente do egoísmo e do orgulho. Pedem a Deus que os ajude a serem fiéis ao seu compromisso.

Casar-se na Igreja deveria ser sempre uma opção de fé, e não somente a procura de um lugar mais romântico e solene que a conservatória do registo civil. Casar-se na Igreja significa casar-se como cristãos. Significa reconhecer que a Igreja é parte essencial da nossa vida. Significa reconhecer que “a Igreja é nossa Mãe e uma Mãe deve ser amada” (João Paulo II).


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1 comentário:

Una Voce Portugal disse...

João,

Este artigo vai ser publicado no blog da Una Voce Portugal!

Quem dera que todos os casais se consciencializassem da grandeza a que são chamados na sua vida matrimonial e do que a Igreja, e o mundo, deles espera: que sejam, verdadeiramente, testemunhas do Amor eterno e perfeito de Deus.

Pax et Bonum!