Muitas vezes ouvimos dizer que vivemos tempos maravilhosos, tempos de grandes homens. [...] É compreensível que haja quem deseje que se erga um chefe forte e capaz. [...] Essa espécie de neo-paganismo [o nazismo] considera toda a natureza como uma emanação do divino [...]; acredita que há raças mais puras e mais nobres que outras. [...] Daí vem o culto da raça e do sangue, o culto dos heróis do próprio povo.
Partindo de uma ideia tão errónea, essa maneira de ver pode conduzir a erros capitais. É triste ver quanto entusiasmo e quantos esforços são postos ao serviço dum tal ideal, falso e sem fundamento! Contudo, podemos aprender com o nosso inimigo. Com a sua filosofia mentirosa, podemos aprender a purificar o nosso próprio ideal e a melhorá-lo; podemos aprender a desenvolver um grande amor por esse ideal, a suscitar um imenso entusiasmo e mesmo a disponibilidade para viver e morrer por ele; a fortalecer a coragem para o incarnar, em nós próprios e nos outros.
Quando falamos da vinda do Reino e quando rezamos para que ele venha, nunca pensamos numa discriminação com base na raça ou no sangue, mas na fraternidade de todos os homens, uma vez que todos os homens são nossos irmãos — sem excluir mesmo aqueles que nos odeiam e nos atacam —, em ligação estreita com Aquele que faz nascer o sol sobre os bons e sobre os maus (cf Mt 5,45).
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