Ah, se todos os homens amassem a cruz de Cristo! Se o mundo soubesse o que é
abraçar plenamente, verdadeiramente, sem reservas, em loucura de amor, a cruz
de Cristo! Tanto tempo perdido em conversas, devoções e exercícios que
são santos e bons, mas que não são a cruz de Jesus, não são o que há de
melhor.
Pobre homem que não prestas para nada, que não serves para nada, que
arrastas a tua vida, seguindo como podes as austeridades da regra,
contentando-te em esconder no silêncio os teus ardores: ama até à loucura o
que o mundo despreza por não conhecer, adora em silêncio essa cruz, que é o
teu tesouro, sem que ninguém se aperceba. Medita em silêncio diante dela nas
grandezas de Deus, nas maravilhas de Maria, nas misérias do homem. Prossegue a tua vida sempre em silêncio, amando, adorando e unindo-te à cruz.
Que queres mais? Saboreia a cruz.
Saborear a cruz!
S. Rafael Arnaiz Baron (monge trapista) in Escritos espirituais, 03/IV/1938
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