quarta-feira, 15 de maio de 2024

As Regras de Cortesia e de Civilidade Cristã

Capítulo I. Do Porte e da Atitude de todo o corpo

No porte de uma pessoa é sempre necessário algo de ponderado e majestoso: mas deve evitar cuidadosamente tudo o que indica orgulho e altivez de espírito, pois isto desagrada extremamente a todas as pessoas. O que deve produzir essa ponderação é somente a modéstia e a sabedoria que um cristão deve manifestar em todo o seu comportamento. 

Como ele é de alto nascimento, porque pertence a Jesus Cristo e é Filho de Deus, que é o Ser supremo, não deve ter nem manifestar nada de vil no seu exterior, e tudo nele deve ter certo ar de elevação e de grandeza, que tenha alguma relação com o poder e a majestade do Deus a quem serve e que lhe deu o ser, mas que não venha de estima de si mesmo e de preferência aos outros. 

Qualquer cristãos se deve conduzir de acordo com as regras do Evangelho, por isso deve mostrar honra e respeito a todos os outros, considerando-os como filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo, e ao considerar-se como um homem carregado de pecados, deve humilhar-se continuamente, e colocar-se abaixo de todos. Ao estar em pé, deve-se manter o corpo erecto, sem o inclinar para um nem para outro lado, e não se curvar para frente como um ancião que não se consegue aguentar. 

Também é muito indecente endireitar-se com afectação, apoiar-se contra uma parede ou contra qualquer outra coisa, contorcer o corpo e alongar-se com indecência. Quando se está sentado, não se deve estender-se preguiçosamente, nem apoiar-se firmemente contra o encosto da cadeira. É indecente estar sentado baixo ou alto demais, a menos que não se possa fazer de outra maneira, em geral é melhor estar sentado mais alto do que baixo demais; mas quando se está em companhia, deve-se dar os assentos mais baixos e mais cómodos principalmente às mulheres. 

Nem o frio nem qualquer outro incómodo ou sofrimento devem fazer-nos tomar uma postura indecente, e é contra a cortesia manifestar no exterior que se tem algum incómodo, excepto se não se pode fazer de outra maneira. Também é sinal de demasiada sensibilidade e delicadeza quando não se consegue sofrer nada sem o manifestar no exterior.

São João Baptista de La Salle in 'As Regras de cortesia e Civilidade Cristã'


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1 comentário:

Maria José Martins disse...


E como tudo mudou!
Se, noutros tempos, talvez se exagerasse, em tudo o que se referia à compostura, não porque ela não fosse bonita e necessária, mas, como diz o texto, se não fosse natural, poderia tornar-se ridícula e afetada, hoje, assistimos com a maior das naturalidades, a tudo o que há de mais ABERRANTE, sem que isso afete a nossa sensibilidade; ou se isso acontece, em nome da "liberdade", TUDO é permitido! Desde o vocabulário vulgar ou brejeiro, desde as modas--na roupa--completamente desajustadas à idade, ao momento, ao LUGAR-- porque já, nem nas igrejas, se exige decência ou respeito pelo SAGRADO-- e, até, a falta de PUDOR, em tudo!
E já lá vão mais de cem anos, em que Nossa Senhora nos alertava para essas modas que " A iriam fazer sofrer MUITO, a Deus Pai e a Jesus!"
Realmente, bem precisamos de RENASCER das CINZAS, porque me parece, que doutra forma já não vamos lá...
Ser filhos de Deus, tem muito que se lhe diga, e, hoje, o Homem, como já não consegue reconhecer de onde veio e para onde vai, talvez por isso, se compreenda o porquê de estar cada vez mais cego e embrutecido, ao ponto de perder completamente a noção da sua VERDADEIRA DIGNIDADE, que em tudo deve refletir DEUS, porque fomos feitos à Sua Imagem e Semelhança.
Daí, eu achar muito a propósito todos esses Ensinamentos; não por FACHADA, mas porque espelham a nossa Verdadeira Essência.