segunda-feira, 26 de maio de 2008

Experiências que nos marcam (II)

Faz hoje uma semana, aconteceu-me uma coisa um pouco estranha. Estava a sair das amoreiras, quase há meia-noite. Em frente à porta da capela, estava uma rapariga de 16 anos, soube depois (soube depois a idade porque reparei logo que era rapariga), deitada no chão e um rapaz ao lado dela a gritar por ajuda, porque ela estava a morrer. Ora eu não estudo medicina, nunca fiz nenhum curso de socorrismo, o máximo que fiz foi ver uns episódios das marés-vivas sei lá ajudar pessoas nestas situações. Mas como mais ninguém se mexia, lá fui eu “ajudar”.

A miúda estava a ter um ataque epiléptico, e fiz o que o amigo dela me disse que era agarrar na boca dela, para poder respirar. Bem, lá estávamos os dois, eu a ver pela primeira vez algo que só sabia por alto o que era, e sem saber se realmente estava a ajudar, mas lá que estava a segurar na boca dela, estava. Entretanto ela estava em convulsões, e revirava os olhos, qual pessoa possessa, presumo eu. É fácil de perceber que os “antigos” chamassem endemoinhados a quem sofria ataques de epilepsia.

Eis senão quando a jovem começa a ficar roxa, e sem se mexer, ou seja, tinha deixado de respirar. Aí foi o choque total, o amigo dela aos berros, eu a pensar que ia ver o meu primeiro cadáver ao “vivo”, enfim tudo corria mal, porque não tinhamos nada para lhe “desenrolar” a língua. Mas nesse momento chegou um segurança com uma chave, e com o mínimo de cerimónias lá lhe enfiamos aquilo pela goela abaixo, para que respirasse. E resultou, lá voltou a ganhar uma corzinha, mas sempre inanimada. E assim ficou durante alguns minutos, mas nesta altura já lá estavam mil ajudantes, e o INEM estava a caminho. Foi aí que decidi ir embora, sem saber se realmente tinha ajudado nalguma coisa ou não. Ah, e lá para o meio da coisa rezei uma Avé-Maria (baixinho).

João Silveira


blogger

4 comentários:

Senzhugo disse...

Nunca me deparei com uma situação dessas. Deviam ensinar primeiros socorros nas escolas. Tenho ideia que se tem de meter a mão na boca para baixar a língua de modo a que o ar entre, mesmo sabendo que há risco de ficares com dedos trincados. Em suma, valeu a Avé Maria e o homem da chave.

Duarte 16 disse...

Que impressão! Eu acho que ouvi que meter a mão é perigoso porque nesses ataques a pessoa tem muita força e pode cortar-te um dedo ou assim. Deve pôr-se um objecto qualquer entre os dentes, penso...
Mas quer dizer, em ultimo caso lá terá que ir a mão... ou a chave!!

João Silveira disse...

Foi muito impressionante. Depois disto acontecer falei com uma amiga minha que é enfermeira, e ela disse que não vale a pena evitar que a lingua se enrole, porque nunca acontece, e tudo passa numa questão de tempo. Mas lá que a situação ali estava a ficar negra, estava!

Anónimo disse...

estou impressionada, João és tipo anjo da guarda que aparece e ajuda e depois desaparece -