segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Papa reflete sobre a Parábola dos Talentos

A Palavra de Deus deste domingo - o penúltimo do ano litúrgico - nos adverte sobre a transitoriedade da existência terrena e convida-nos a vivê-la como uma peregrinação, mantendo os olhos fixos na meta, o Deus que nos criou, e porque nos fez para si (cf. Santo Agostinho, Conf 1.1), é o nosso destino último e o sentido do nosso viver. Passo necessário para alcançar tal realidade definitiva é a morte, seguida pelo Juízo Final. O apóstolo Paulo nos lembra que "o dia do Senhor virá como um ladrão de noite" (1 Ts 5,2), ou seja, sem aviso prévio. A consciência do retorno glorioso do Senhor Jesus nos encoraja a viver em uma atitude de vigilância, à espera da sua manifestação na constante memória da sua primeira vinda.

Na famosa parábola dos talentos - registrada pelo evangelista Mateus (cf. 25, 14-30) - Jesus conta a história de três servos que o patrão, ao sair para uma longa viagem, confia seus próprios bens. Dois deles se comportam bem, porque trazem o dobro dos bens recebidos. O terceiro, ao contrário, esconde o dinheiro recebido num buraco. Retornado à casa, o patrão pede contas aos servidores de quanto tinha confiado a eles e, enquanto se congratula com os dois primeiros, fica decepcionado com o terceiro. O servo, de fato, que tinha mantido escondido o talento sem valorizá-lo, calculou mal: agiu como se seu patrão não voltasse mais, como se não houvesse um dia em que iria pedir-lhe contas do seu trabalho. Com esta parábola, Jesus quer ensinar os discípulos a fazer bom uso de seus dons: Deus chama cada homem à vida e lhe dá certos talentos, dando-lhes ao mesmo tempo uma missão para realizar. Seria tolice pensar que estes dons nos são devidos, bem como abster-se de usá-los seria uma negligência com relação ao objetivo da própria existência.

Comentando esta página evangélica, São Gregório Magno nota que o Senhor não deixou ninguém sem o dom da sua caridade, do amor. Ele escreve: "É necessário, portanto, meus irmãos, que vocês coloquem todos os esforços na custodia da caridade, em toda ação que devam cumprir " (Homilias sobre os Evangelhos 9.6). E depois de afirmar que a verdadeira caridade consiste em amar tanto amigos, quanto inimigos, acrescenta: "Se alguém não tem essa virtude, perde tudo de bom que tenha, fica privado do talento recebido e é jogado fora, nas trevas" (ibid. ).

Queridos irmãos, acolhamos o convite à vigilância, à qual repetidamente nos lembra a Sagrada Escritura! Esssa é a atitude de quem sabe que o Senhor vai voltar e vai querer ver em nós os frutos do seu amor. O amor é o bem fundamental que ninguém pode deixar de fazer frutificar e sem o qual todo outro dom é vão (cf. 1 Cor 13,3). Se Jesus nos amou até o ponto de dar sua vida por nós (cf. 1 Jo 3,16), como podemos não amar a Deus com todo o nosso ser e amar-nos com verdadeiro coração uns aos outros? (Cf. 1 Jo 4,11) Somente praticando a caridade, também nós poderemos participar da alegria de nosso Senhor. A Virgem Maria nos seja a mestra de operosa e gozosa vigilância no caminho para o encontro com Deus.


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