segunda-feira, 18 de junho de 2012

A família americana e o Papa - Encontro das Famílias

JAY: Vivemos perto de Nova York. Meu nome é Jay Rerrie, sou de origem jamaicana e trabalho em contabilidade. Esta é a minha esposa Ana e é professora de apoio. E estes são os nossos seis filhos, cujas idades variam de 2 a 12 anos. A partir disto, bem pode imaginar, Santo Padre, como a nossa vida é feita de incessantes corridas contra o tempo, de ânsias, de arranjos muito complicados...Também lá, nos Estados Unidos, uma das prioridades absolutas é manter o emprego e, para o conseguir, é preciso não olhar a horários… E muitas vezes quem padece são precisamente as relações familiares.

ANA: É verdade! Nem sempre é fácil... Santidade, tem-se a impressão de que as instituições e as empresas não facilitam a conciliação dos tempos de trabalho com os tempos da família. Imaginamos que também não seja fácil, para Vossa Santidade, conciliar os seus compromissos sem fim com o repouso. Pode dar-nos qualquer conselho para nos ajudar a encontrar esta harmonia tão necessária? No turbilhão de tantos estímulos impostos pela sociedade actual, como ajudar as famílias a viverem a festa segundo o coração de Deus?

SANTO PADRE: Óptima pergunta, e acho que entendo este dilema entre duas prioridades: a prioridade do emprego, que é crucial, e a prioridade da família; mas como conciliar as duas prioridades? Posso somente tentar dar algum conselho. Primeiro ponto: há empresas que de certo modo permitem qualquer extra para a família – o dia do aniversário, etc. –, tendo concluído que dar um pouco de liberdade, no fim de contas, favorece a própria empresa, porque reforça o amor ao trabalho, ao emprego. Por isso, gostava de convidar os empregadores a pensarem na família, a darem uma mão também para que se possam conciliar as duas prioridades. 

Segundo ponto: parece-me que é preciso, naturalmente, cultivar uma certa criatividade – o que nem sempre é fácil! Mas pelo menos tentemos, em cada dia, trazer qualquer elemento de alegria à família, uma atençãozinha, alguma renúncia à vontade própria para estar com a família, e aceitar e superar as noites, as trevas de que já falámos antes, e pensar a este grande bem que é a família e assim, na grande solicitude de dar algo de bom cada dia, encontrar também uma conciliação das duas prioridades E, finalmente, temos o domingo, a festa! Espero que se respeite, na América, o domingo. É que me parece muito importante o domingo, dia do Senhor e, precisamente como tal, também «dia do homem», para que sejamos livres. Segundo a narração da criação, a intenção originária do Criador era esta: um dia em que todos sejam livres. Nesta possibilidade de um ser livre para o outro, para si mesmo, é-se livre para Deus. E assim penso que defendemos a liberdade do homem, defendendo o domingo e os dias festivos como dias de Deus e, deste modo, dias para o homem. Muitas felicidades para vós todos! Obrigado!


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