domingo, 9 de junho de 2013

A liturgia, o fresco que foi descoberto - Cardeal Ratzinger

Podia dizer-se que, em 1918, a liturgia se assemelhava em muito a um fresco que, apesar de intacto, estava coberto por reboco. No missal, segundo o qual o Padre celebrava a Liturgia, a sua forma nascida das raízes era de forte presença: para os fieis, contudo, ela estava oculta sob formas e instruções de oração privadas. Através do movimento litúrgico e, definitivamente, após o Concílio Vaticano II, o fresco foi posto a descoberto e, por um instante, ficámos fascinados pela sua beleza, pelas suas cores e formas. 

Porém, entretanto, na sequência de reconstruções e restaurações falhadas e devido a vagas de multidões afluentes, o fresco encontra-se em grande perigo, ameaçado de ser destruído se rapidamente não se diligenciar o necessário para pôr termo a essas influências nocivas. Obviamente não se pode voltar a cobri-lo; recomenda-se porém, um novo respeito ao lidar com ele, uma nova compreensão do seu testemunho e da sua realidade, para que a nova descoberta não se torne o primeiro degrau da definitiva perda. 

in Introdução ao Espírito da Liturgia


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