A Martinha é a princesa do pai. Sabe-o e di-lo várias vezes. Às vezes inclui essa frase em músicas que aprende na escola. A melodia do "Joana come a papa" fica muito melhor com "a Martinha é a princesa do pai…". Basta trautear que se vê logo; e metricamente encaixa! Lindo! E é assim... por minha culpa - porque a mimo, e para meu consolo, é muito agarrada ao pai. Magoa-se, PAI! Tem um pesadelo, PAI! A mãe zanga-se, PAI! O pai zanga-se… PAI!
O Zé Maria é o campeão do pai. Mas não só não faz ideia disso, como quando eu o digo, não lhe interessa especialmente. Mas ri-se; é um simpático! Ri-se comigo e ri-se com quase tudo e com quase todos. Gosta muito de mim. Mas há um sorriso exclusivo… já lá vamos.
Quanto à Martinha, é tudo verdade: muito ligada ao pai, doida com(o) o pai. Pai… pai… pai. Mas eu que não me iluda. Entre outras coisas, quando toca a tomar banho, vestir, pentear, pôr perfume: "Quero a mãe!" Às vezes tenho de ser eu. E faço-o, claro. Mas o resultado final - uma má conjugação entre roupas que não condizem, um despenteado esquisito e um evitável berro, não me permitem competir com a minha mulher pelo gozo do programa. Mas também não quero. Ela é melhor. Além de muito mais jeito, ela tem para tudo isto a paciência que eu não tenho: a paciência de mãe.
Eu tenho para outras coisas (jeito e paciência). Para umas ela também tem. Para outras não: ainda que eles acabem sempre por cair, sou melhor a fazer cavalinho com a perna quando estou sentado no sofá. Até porque tem de se fazer bastante força, algo que os pais, naturalmente, têm mais que as mães. O nosso caso não é excepção.
É assim lá em casa: no quarto que têm para os dois, o esforço que eu tento fazer quando brinco às bonecas com a Martinha (quando chega à parte de lhes vestir a roupa dela, sou eu que chamo a mãe!), é o esforço que a minha mulher faz quando joga à bola com o Zé Maria. Os legos agradam aos 2… aos 4, na verdade! Aí o nosso esforço não é um, são dois: tentar de cada vez educá-los para que aprendam que têm de arrumar e depois de desistirmos, arrumar-mo-los nós.
Quanto ao sorriso... felizmente, nunca tive direito ao sorriso que o Zé Maria faz à mãe, e só à mãe, quando a vê pela primeira vez em cada manhã. Registe-se que gosta de ver o pai, mas a mãe...
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