O Pe. Samir Khalil Samir SJ é um sacerdote jesuíta e um dos maiores estudiosos do Islão. Tornou-se famoso quando veio a público esclarecer alguns pontos da Evangelii Gaudium onde o Papa Francisco falou do Islão.
Depois do ataque ao jornal Charlie Hebdo deu uma entrevista à Asia News, na qual se encontra esta reflexão sobre a Europa e o Islão:
Então e o Ocidente? A relação com os muçulmanos é um problema, visto que muitos deles não se querem integrar, porque o Islão é um sistema, não apenas uma religião. Muitos, a maioria, tenta integrar-se, mas fazem-no lentamente. Em França, os algerianos integravam-se melhor há 50 anos do que agora.
Agora, em França, a maior parte dos supermercados do país vendem produtos halal (alimentos preparados segundo as regras islâmicas). Agora as escolas e supermercados muitas vezes vendem apenas produtos halal, que até não-muçulmanos podem comprar.
Isto leva a que os muçulmanos sejam vistos como uma ameaça que pode ameaçar os valores do Ocidente (incluindo o direito a comer carne de porco). Ver os muçulmanos organizados em grupos activistas faz com os que ocidentais se organizem em grupos anti-islâmicos.
Ao mesmo tempo, os politicos europeus nunca lidaram com este problema. Eles devia dizer aos imigrantes: Vocês são bem-vindos. Nós recebemo-vos como irmãos e irmãs porque isso faz parte da nossa tradição Cristã. Se quiserem pode ficar aqui, mas vão ter que se integrar. Podem praticar a religião que escolherem ou até serem ateus, mas terão que fazer parte do nosso sistema, integrar-se a nível económico, político e social.
Infelizmente os políticos preferem não meter o nariz. Preferem proclamar uma vaga ideia de aceitação, empurrando a cultura europeia para a esfera privada.
Em geral, o que vejo em muitas parte da Europa é que os imigrantes são recebidos com grande abertura. Os muçulmanos também. Mas há um núcleo de muçulmanos que recusa a integração e luta contra ela.
De modo a dominar a situação, as mesquitas devem ser controladas. À primeira vista, isto é contrário ao nosso espírito europeu, onde existe uma distinção entre Estado e religião. No entanto, no Islão as mesquitas não são apenas um local de culto. São também locais de endoutrinação e formação política, por vezes de modo prejudicial para a comunidade. É por esta razão que os Estados europeu deveriam controlar as mesquitas, tal como acontece em todos os países muçulmanos. No mundo islâmico, as mesquitas são os primeiros locais a serem controlados.
Infelizmente, este exemplo mostra que as certezas afirmadas pelos grupos islâmicos organizados entram em confronto com um Ocidente cheio de incertezas.
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