quarta-feira, 1 de abril de 2015

Os estranhos cristãos e a Via-Sacra de Sexta-Feira Santa

Na Sexta-Feira passada, a última da Quaresma, aconteceu a última Via-Sacra à noite pelas ruas da Baixa de Lisboa.

Éramos muitos mas poucos. Muitos para uma actividade tão “radical”. Poucos para quantos deveríamos ser. Fomos olhados com estranheza. As pessoas da rua não percebem. As pessoas da rua não nos percebem. O que fazem aqueles ali atrás duma cruz?

Também assim foi nos primeiros tempos. A sociedade pagã não percebia os cristãos. Eram vistos como gente estranha que seguia um tal que diziam ter regressado dos mortos. Reuniam-se em casa uns dos outros para comer a carne desse tal…eram canibais! Ajudavam órfãos e viúvas e os que mais precisavam. Recusavam oferecer sacrifícios aos deuses pagãos, diziam que seria idolatria. Estavam dispostos a pagar esta recusa com a própria vida, por amor ao seu Deus.

Os pagãos não os compreendiam...mas também não os conheciam. Alguns dos que arriscaram conhecê-los passaram a ser como eles. Era como uma doença infecciosa, quem ousava aproximar-se ficava contagiado.

Perante os cristãos, que arriscam assumir-se hoje em dia, existe também essa perplexidade. Como é possível que se continue a acreditar nessas “coisas medievais"? Esses cristãos voltaram a ser olhados com estranheza. Mas desta vez pelos que crêem saber tudo sobre o cristianismo, quando na realidade os seus conhecimentos se resumem a uma caricatura do mesmo. 

Isto faz com que estejam fechados ao Mistério. Não vale a pena tentar qualquer aproximação àqueles loucos que andam pela rua seguindo uma cruz porque já se conhecem as suas ideias. No máximo arrisca-se tirar uma fotografia para mostrar aos amigos. E rir.

A ideia de Deus que morreu na cruz para os salvar não lhes interessa tanto como o que naquela noite vão jantar. Salvar? De quê? A vida já é tão complicada, não precisamos de mais chatices. 

Mas Quem os salvou não desiste deles. E qualquer um que arrisque aproximar-se d’Ele, que arrisque aproximar-se deles, será tão contagiado como os dos primeiros tempos. 



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1 comentário:

Vasco Conde disse...

Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos andam em busca da sabedoria, nós pregamos um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é poder e sabedoria de Deus.
(1Cor 1,22:24)