terça-feira, 13 de outubro de 2015

A profundidade do Milagre do Sol (e o Sínodo pela Família)

Quando aconteceu o Milagre do Sol, também os pastorinhos para lá se voltaram: porque foi junto do sol que viram o que se seguiu: primeiro, a Família de Nazaré completa: "S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul. S. José com o Menino pareciam abençoar o mundo com uns gestos que faziam com a mão, em forma de cruz." 

Terminada esta aparição, viram Nosso Senhor e Nossa Senhora: E apareceu-lhes Nossa Senhora das Dores; Ele fazia uns gestos como os de S. José, parecendo abençoar o mundo. Por último, voltaram a ver a Nossa Senhora e ficaram com a impressão de ser sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo.

Terminava assim o ciclo das Aparições da Cova da Iria, terminavam os encontros com Nossa Senhora, vividos em conjunto pelos três primos. A partir daquele momento, a história de cada um deles começaria a tomar um caminho próprio. E cada um sabia bem o que lhe era pedido.

Ela era a Senhora do Rosário. Não poderia ter-Se apresentado com outro nome, depois de repetidamente lhes pedir: "Rezem o terço todos os dias." 

O pedido que lhes fazia tornava-os missionários, porque era ao mundo inteiro, mais do que aos seus três pastorinhos, que Ela o dirigia. Pedia conversão, naquele momento derradeiro, pedia mudança, pedia regresso. E pedia-o com o semblante de uma Mãe aflita.

Só eles o tinham ouvido. Mas, sobretudo, só eles Lhe tinham visto aquela tristeza presente no olhar, que falava mais do que as Suas próprias palavras. Não se tratava simplesmente da reposição formal de uma disciplina perdida. Era um olhar amargurado pelo engano com que os homens traíam e esqueciam a sua Origem e o seu Destino, à custa da sua própria felicidade e da realização da sua humanidade, indelevelmente marcada por uma atracção pelo infinito.

Antes de partir definitivamente, Nossa Senhora mostrava-Se-lhes e mostrava o seu Filho, em facetas bem significativas.

Primeiro, a Família de Nazaré. Impressiona pensar que, logo a seguir ao "Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido", a Família de Nazaré faz-Se ver no céu da Cova da Iria. Como a lembrar que tudo parte da família, e que é ferindo a família que se torna quase inevitável ofender cada vez mais "a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido."

Depois, Nosso Senhor a abençoar o mundo, tendo a Seu lado Nossa Senhora das Dores: a certeza de que nunca nos faltará a presença e a benção de Cristo, Senhor da História, mas que não O encontraremos sem passar pela Cruz.

Por fim, Nossa Senhora do Carmo, uma das mais antigas devoções a Nossa Senhora, como a confirmar que agora, como em toda a História, quem vai por Ela não se engana.

Madalena Fontoura in Bem-Aventurados (2000)


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