terça-feira, 19 de julho de 2016

Os missionários cristãos de Ibiza

Charlie, acompanhado pela sua mulher, Abby, e um grupo de voluntários, é o responsável de 24/7 Ibiza, um colectivo de jovens, cristãos, vestidos com t-shirts pretas, que actuam na zona este de San Antonio. Todas as noites, entre as 23h e as 7h da manhã, dedicam-se a recolher as baixas, na batalha perdida da guerra contra as drogas. No meio desta árdua tarefa ainda conseguem arranjar tempo para dirigir as almas destes desgraçados até ao Senhor.
Olá, Charlie! Estiveste a trabalhar hoje à noite? Suponho que tenham o vosso próprio veículo. Como é que se chama? 

Charlie Clayton: Talvez a melhor forma de o definir seja "assistência nocturna". Funciona assim: metade da equipa está na sala de oração, a rezar, e a outra metade anda pelas ruas. Trocamos de hora em hora. Por isso, se alguém bebeu demasiado ou tomou demasiada droga, acompanhamo-lo até casa, às vezes numa cadeira de rodas.

Quantas pessoas encontram por noite?

Charlie Clayton: Na temporada passada ajudámos mais de mil pessoas.

E depois entram logo com o tema Jesus?

Charlie Clayton: Se virmos que estão muito bêbedos, não é o momento para falar com eles sobre fé. Mas quando não estamos a ajudar pessoas a voltar para casa, perguntamos nas ruas: "Gostavas que rezássemos por algo?", e, surpreendentemente, muitas vezes, a resposta é sim.

A sério? Por que coisas pedem para rezarem?

Charlie Clayton: Pelas suas famílias, os seus trabalhos ou o futuro, quando estão doentes ou a atravessar uma fase má. Às vezes fazem pedidos um bocado parvos, mas não faz mal. Não estamos à procura de orações perfeitamente estruturadas.

Encontram algum tipo de resistência mais violenta?

Charlie Clayton: Raramente. Mesmo que muita gente não entenda muito bem o que ali estamos a fazer, são bastante tolerantes. Respeitam-nos. Ao fim e ao cabo, estão aqui de férias.

Já alguém se virou contra vocês enquanto ajudavam?

Charlie Clayton: Não de forma intencionada. Às vezes é porque se sentem confusos, mas estão acompanhados pelos amigos, o que ajuda muito.

Deves ver coisas muita malucas nesta zona. Não te deprime ver todos esses narcisistas drogados, perdidos?

Charlie Clayton: Não. Preferimos encará-lo como se Jesus tivesse entrado nas suas desastrosas vidas para purificá-los e ajudá-los a chegar a casa.

Dirias que têm tido sucesso? Há quem tenha vindo a Ibiza passar umas férias loucas e tenha regressado totalmente devoto a Jesus?

Charlie Clayton: Sim, já houve gente que veio a Ibiza e depois tornou-se cristã. Ajudamos muita gente à qual nunca mais voltamos a ver. Mas não é assim que medimos os nossos êxitos.

Achas que meter cinco pastilhas e dançar ao ritmo de uma música chamada "Hallelujah" pode ser considerado uma forma legítima de manifestar uma epifania religiosa similar ao cristianismo?

Não consigo estabelecer nenhuma relação entre alguém que mete cinco pastilhas e dança numa discoteca com algum tipo de confissão.

Por outro lado, muitas pessoas se sentem mais positivas quando tomam pastilhas, mais conscientes do seu lugar na ordem mística das coisas e, regra geral, melhores pessoas. Nunca te sentiste tentado por estes argumentos?

Charlie Clayton: É uma pergunta difícil. Não se podem apoiar as drogas ilegais precisamente porque são ilegais. Sim, claro que as pessoas que tomam pastilhas parecem muito felizes. Vemos imensos casos assim, e cria-se uma atmosfera que pode ser... interessante. Mas não acho que uma droga possa tornar-te numa pessoa melhor. A maior parte das vezes, a malta que levamos a casa tomou demasiado ecstasy e isso não é nada benéfico para o seu corpo, mesmo que a sua mente esteja a mil à hora.

Se o ecstasy não é a resposta, poderias descrever que efeitos tem Jesus sobre o corpo humano?

O efeito de Jesus no coração é o que te faz acreditar que a Humanidade foi criada para relacionar-se com Deus. Isso satisfaz a alma. Aqui há muita gente que procura constantemente, que tenta preencher esse vazio com o álcool ou com as drogas. Apenas Jesus pode preenchê-lo.

in vice


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3 comentários:

Marco disse...

A atividade é bastante interessante, a entrevista está engraçada embora me parece em muitos pontos desadequada: “dirigir as almas destes desgraçados”… desgraçados?? … “Não te deprime ver todos esses narcisistas drogados, perdidos?” Esta pergunta é além de indelicada, pretensiosa e ignorante. “Achas que meter cinco pastilhas e dançar ao ritmo de uma música chamada "Hallelujah" pode ser considerado uma forma legítima de manifestar uma epifania religiosa similar ao cristianismo?” esta não deixa de levantar alguma estranheza… e esta é uma pergunta feita de forma imprópria, podendo deixar margem a motivação: “Por outro lado, muitas pessoas se sentem mais positivas quando tomam pastilhas, mais conscientes do seu lugar na ordem mística das coisas e, regra geral, melhores pessoas. Nunca te sentiste tentado por estes argumentos?

XPTO disse...

Este tema é deveras polémico.

A palavra fornicação vem à muito a ser manipulada pela igreja dizendo que se refere a um acto sexual fora do casamento, o que não é verdade, essa não está na origem do seu inicial significado, uma vez que se referia a prostituição e não a relações fora do casamento.

Então quem tem relações fora do casamento, o que se dirá ser na atualidade 99% das pessoas, praticam um acto pecaminoso, e pecam certamente porque com esse ato se afastam de Deus?! Não! É porque o amor fora do casamento reduz o corpo humano a uma coisa, mas depois do casamento o acto já não coisifica o corpo e nem a pessoa!
A doação total e incondicional pode ser expressa em qualquer altura da vida, e é na consciência humana que ela reside, há muitos maridos e esposas que instrumentalizam mais o seu par do que os que não contraíram matrimónio, logo o matrimónio não á garantia nenhuma nem de amor, nem de princípios, nem de honestidade nem mesmo de fidelidade…

É obvio que esta postura é profundamente irrealista na actualidade, sendo que jamais deveria ser imposta pela igreja, mas ser uma opção, tal como aliás o matrimónio dos senhores padres, para não andarem a fazer asneiras e pregar o que não fazem, em suma quero dizer que conheço dezenas, sim, que não praticam a castidade!

O que acontece com um filho que nasce é da responsabilidade de seus pais, e nem o homem nem a mulher precisa da igreja para a proteger ou proteger o seu filho, ambos se saberão proteger. O casamento mais uma vez não é garantia de segurança e bem estar de uma criança.

Quanto ào facto de dizer que “quem vive a castidade no namoro terá menos dificuldades de viver a fidelidade ao matrimónio” desconheço estudos científicos que o comprovem, no entanto é evidente que o problema não se resolve com “uma verdadeira educação à castidade, (que não é a proteção do amor autêntico! Nem nunca será…). Lembro-me de há uns anos um sacerdote comentar me contar o grande problema de infeção de HIV em África, sitio onde é médico. Isso levou a baixar a idade dos doadores de sangue devido à contaminação. Um bispo motivava na tv á castidade como solução do problema que atravessavam. Naturalmente o meu cometário foi de que jamais isso iria resultar. Admira-me como é que a igreja se recusa e perceber evidencias culturais e humanas, ela sim querendo instrumentalizar as pessoas… as pessoas não são coisas!

XPTO disse...

A mensagem anterior escrevi-a num post sobre a castidade e nem está a aparecer completa!... Creio que será melhor remove-lo até eventualmente estar no sitio certo...