quinta-feira, 15 de abril de 2021

Chesterton, o sexo e a família

Frances Chesterton, mulher de G.K. Chesterton
Sexo é um instinto que produz uma instituição; e é positivo e não negativo, nobre e não básico, criativo e não destrutivo, precisamente porque produz esta instituição. 

Esta instituição é a família; um pequeno estado ou associação de bem comum que tem centenas de aspectos, logo que se inicia, que não são de todo sexuais. Incluem estima, justiça, festa, decoração, instrução, camaradagem, confiança. 

Sexo é a fechadura desta casa; e as pessoas românticas e imaginativas gostam de espreitar pela fechadura. Mas a casa é muito maior do que a fechadura. Porém, há gente que gosta de ficar à volta da fechadura sem nunca entrar na casa.

G.K. Chesterton in G.K.'s Weekly, 29 January 1928


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9 comentários:

Anónimo disse...

O acto sexual tem uma função essencialmente reprodutiva e para perpetuar a espécie. Claro que pode e dá origem a um novo núcleo familiar mais alargado - não no caso dos Chestertons, que tinham problemas de fertilidade, creio - e isso é louvável, se as pessoas envolvidas na concepção gostarem uma da outra. Caso contrário, vai ser o cabo dos trabalhos para as crianças. É assim que se cria um mercado para os mais diversos terapeutas. A questão é que esta decisão sexual nem sempre é racional porque o estímulo é, por vezes, demasiado forte para uma pessoa se abster. Na realidade, a questão sexual no nosso tempo tornou-se muito próxima da busca de Deus. É a procura permanente do prazer, ora terreno, ora espiritual. Não há muita diferença entre ambos.

Maria José Martins disse...


Mas, o que sempre ouvi da boca de grandes Pregadores é que o Homem de hoje, como está cada vez mais longe de Deus, tenta compensar essa NECESSIDADE--que lhe é intrínseca-- refugiando-se em "prazeres mundanos", de toda a espécie--entre eles o Sexo-- mas de forma desequilibrada, e que acabam por destruí-Lo porque, em vez da CURA, trazem a RESSACA, aumentando o fosso ao VAZIO que procuram preencher, podendo levá-Lo à depressão ou ao suicídio.
Daí, nós ouvirmos testemunhos de pessoas que afirmam, que somente conseguiram vencer "o vício", quando encontraram o VERDADEIRO SENTIDO da Vida: DEUS!
Logo, penso que tudo passa pela falta de vida Espiritual e pela cultura dos Verdadeiros Valores; sobretudo, a falta da prática dos Sacramentos, porque é n/Eles que Deus Se Revela e nos Cura; claro, não dispensando outras ajudas especializadas, mas dentro do mesmo espírito...
Porém, para que isso possa ter sucesso, é preciso haver VONTADE e RECONHECIMENTO do erro, porque, infelizmente, o mundo, HOJE, raciocina ao contrário, e quem assim pensa é um "coitadinho", para não dizer pior!
Enfim...mais uma prova de que TUDO o que Deus Criou é BOM, mas, segundo as Suas REGRAS; caso contrário, pode transformar-se num presente envenenado, mas somente, por culpa do SER HUMANO!!

Anónimo disse...

Sim, creio que o que diz faz bastante sentido. É o exagero do prazer que leva à tal ressaca. Se eu vir um filme uma vez por mês / for a um concerto com a mesma frequência ou fizer um pouco de desporto, isso não tem mal nenhum. Traz até algum bem-estar. O problema é quando o fazemos diariamente. Isso torna-se violentíssimo para o corpo. Curiosamente, algumas pessoas muito devotas com quem falei, experienciam 'a posteriori' essa mesma sensação de vazio aquando de grandes festividades religiosas. Parece que Mörike não estava afinal tão errado quando disse que 'no meio termo é que se encontra a abençoada moderação'.

Maria José Martins disse...

Humanamente falando, talvez esteja certo. Mas, segundo o que tenho lido, principalmente, na vida de grandes Místicos, quanto mais se mergulha em Deus---mas depois de O ENCONTRAR VERDADEIRAMENTE-- mais a parte sensorial fica para segundo plano. E isso não quer dizer que se tornem Frustrados ou insensíveis...pelo contrário, simplesmente, a Ordem de Valores vai-se invertendo--pois tudo isto é um processo- valorizando-se mais as COISAS do ALTO, Espirituais, pois Deus concede-lhes um maior ENTENDIMENTO para Elas, ao mesmo tempo que lhes dá a Graça de se tornarem um canal de Bênçãos e, principalmente de Amor, para os outros, com uma Paz e Alegria diferentes de TUDO aquilo que o mundo lhes possa dar, mesmo no meio de todas as tribulações; e só isso acaba por compensá-los! Assim, TUDO o que é FISIOLÓGICO se RELATIVIZA e, somente tem sentido, segundo o FIM PARA QUE FOI CRIADO: O AMOR A DEUS SUPERA TUDO!
E, sem querer ser "chata", vou transcrever, mais uma vez, uma Passagem de "O Evangelho como me foi revelado" de Maria Valtorta:"...ficai sabendo, que a vossa verdadeira glândula, a que faz de vós verdadeiros possuidores eternos é o vosso espírito: quanto mais se desenvolver o espírito, mais possuireis as Luzes Divinas, e vos transformareis de homens em deuses: deuses imortais. Obtereis assim, SEM IRDES CONTRA O PLANO DE DEUS, mas obedecendo às Suas Ordens a respeito da Árvore da Vida, esta vida exatamente como Deus Quer que a possuais, pois foi ELE que a Criou, para vós, ETERNA e BRILHANTE, num abraço feliz com a Eternidade, que vos absorve em Si, e vos comunica as Suas Propriedades.
Quanto mais o ESPÍRITO estiver Evoluído, segundo os Planos de Deus, tanto mais CONHECEREIS A DEUS. Conhecer a Deus quer dizer, AMÁ-LO e SERVI-LO e, por isso, serdes capazes de INVOCÁ-LO em favor de vós mesmos e dos outros..."

Anónimo disse...

Sim, claro. Só para quem vive uma vida terrena faz sentido invocar mais esta questão do prazer, se bem que Deus possa também ser tratado por muita gente como tal, creio. Na prática, talvez venha de Deus e da biologia / meio de formação de cada um a inclinação para uma vida mais devota ou mais terrena. E há também várias fases ao longo da vida. O que diz está muito certo: se a pessoa percebe que não existe um objectivo a alcançar, que está ligado à tal questão da satisfação sensorial, talvez tenha então encontrado Deus, pois estará plenamente presente na sua vida. Isto é um pouco o que acontece com a criança antes da puberdade. Mas o destino de cada um está nas mãos de Deus. Tudo tem que se cumprir dessa maneira, que não é, creio, separável da vontade do próprio ser humano.

Maria José Martins disse...

Acho que este é um tema muito controverso para nós humanos, o discutirmos, e, muito mais, numa Época, totalmente contaminada e voltada para o hedonismo imediato. Daí, eu acreditar que, somente uma CONFINÇA inabalável em Deus pode conduzir-nos a algum lugar. E é por isso, que devemos tentar aprender com a Sua Palavra, pois Ele, se a nossa intenção for reta, acaba SEMPRE, por nos enviar a Luz do Seu Espírito Santo; e segundo Jesus aos Apóstolos: "Está para vir o Espírito Santo, o Santificador e vós estareis cheios d/Ele. Procurai ser Puros como todos aqueles que se aproximarem do Senhor. Também Eu era como Ele, o Senhor, antes de ter vestido o véu da carne, sobre a Minha Divindade, para redimir-vos e levar o Santo dos Santos por entre os homens, mesmo aos impuros...Mas o Espírito Santo virá sem "esse véu da carne", e pousará sobre vós com os Seus sete Dons e vos aconselhará. Mas, o Conselho de Deus é Sublime e, por isso, exige preparação para O receber, com uma vontade heroica e uma PERFEIÇÂO tal, que vos possa tornar semelhantes ao vosso Pai, ao vosso Jesus e ao Espírito Santo.
Perdei-vos no redemoinho da Contemplação. Esforçai-vos POR ESQUECERDES DE QUE SOIS HOMENS, para tornar-vos SERAFINS! A Contemplação de Deus é semelhante a uma centelha que escapa de onde nasce o fogo, e vai consumir as matérias opacas, sempre impuras, e as transforma em chamas luminosas.
O Reino de Deus é o Amor, que se instala nos vossos corações e transforma e afasta todas as ignorâncias, dando a Sabedoria! Esta devora o Homem e Cria o deus, o Meu irmão, o rei do trono, que Deus preparou para aqueles que se entregam a Ele para O terem, somente a Ele! Portanto, sede PUROS e SANTOS pela ORAÇÃO ARDENTE, que Santifica o Homem, porque O imerge no FOGO DE DEUS QUE É A CARIDADE: Vós deveis ser Santos! Não apenas no sentido relativo, mas ABSOLUTO..."--De " O Evangelho como me foi revelado"--Maria Valtorta
Ora, da leitura destas Passagens, podemos depreender, que o Homem foi Criado para se INDENTIFICAR CADA VEZ MAIS com DEUS--que é ESPÍRITO-- através de Jesus Cristo que, além da Palavra, nos deixou os SACRAMENTOS, para serem vividos como devem ser, e, assim, nos nos DIVINIZAREM, transformando-nos "em deuses, mas em DEUS", como Jesus afirma.
Só é pena, que, POR CULPA SUA, o Homem não tenha absorvido esta Promessa, literalmente, e com altos e baixos, se tenha afastado, cada vez mais do FIM para que foi Criado, sucumbindo à tentações da CARNE--somente por instinto-- obedecendo ao Maligno, que sempre esteve e está, na retaguarda, a destruir o que Deus Criou e, somente por inveja, como nos diz Jesus.
Assim, acredito que TUDO o que Deus Criou é BOM, só que, tem que ser bem gerido pelo Homem, segundo a Sua Lei, como Ele afirma, porque só Deus é PERFEITO e CONHECE todas as regras.
E a grande diferença entre o PRAZER do mundo e o que vem de Deus é que, o primeiro é fruto do EGOISMO e, normalmente, USA, DESTROI, CORROMPE ou FAZ SOFRER os OUTROS, sendo, PASSAGEIRO, ao mesmo tempo que EMBRUTECE o Ser Humano.
O segundo, que vem de Deus, é constante: liberta, dá Paz e Esperança na Vida Eterna, aumentando a sensibilidade para o Amor, para a Caridade e para o Respeito pelos outros, tornando-nos incapazes de os humilhar. E, se algo correr mal, porque somos imperfeitos, a nossa consciência acusa-nos, obrigando-nos a pedir PERDÃO, ou a Perdoar, procurando reparar o erro, em vez de nos SENTIRMOS UNS "super homens", acima de toda a gente: uns verdadeiros PSICOPATAS, sem qualquer empatia pelos que SOFREM, chegando a fazer "galhardete" da nossa estupidez e "chico espertismo!"

Anónimo disse...

Nada do que escreveu me choca ou me causa sequer grandes inquietações. Concordo com muito do que diz. Se a pessoa 'escolhe' uma vida puramente devocional, como aquela que parece estar a sugerir - não uma vida mista, com prazeres escondidos à mistura ou até talvez pastoral -, a questão está então resolvida. A vida torna-se bastante pacífica e harmoniosa. É esse talvez um dos significados da intersecção da cruz: a plena presença na vida espiritual. Tudo isso está bem patente na vida de dezenas, centenas de místicos das mais diversas tradições religiosas.
O problema é que o homem / mulher quer o melhor dos dois mundos. Quer essa paz do momento presente e o prazer terreno também (em qualquer das suas variantes). São duas direcções opostas. É isso que causa o sofrimento humano. Mas nem toda a gente pode seguir essa via devocional. Se assim fosse, não haveria mais necessidade de haver uma igreja porque simplesmente não haveria pessoas que se reproduzissem para a integrar. É um pouco como diz: tudo tem que ser como tem que ser e tudo isso é, em última análise, 'bom' porque não poderia ser de outra maneira.

Maria José Martins disse...

Resumindo e concluindo, é como diz: A vida humana, depois do Pecado Original, transformou-se numa luta, entre o Bem e o Mal; ou melhor, entre o que DEVEMOS fazer e o que, muitas vezes, não queremos fazer, mas fazemos, tal como nos avisa S. Paulo. E isso faz parte do crescimento Espiritual de qualquer Cristão Batizado que, segundo palavras de Jesus, possui uma Dignidade quase tão grande, como a de um Sacerdote. Logo, a exigência é para todos, porque em qualquer estado, temos obrigação de Lhe prestar o devido Reconhecimento, fazendo o que Ele nos pede, porque Ele já Se imolou por nós. E é Ele que nos diz: "...Eu vim para anular os efeitos do pecado, com o Meu Sangue e a Minha dor, lavando as vossas partes físicas e morais neles, tornando-as fortes contra as tendências culpáveis..."
"...As minhas carnes foram maculadas, contundidas, laceradas, para PUNIR EM MIM, todo o CULTO EXAGERADO, a idolatria que vós dais à vossa carne, que amais por capricho sensorial e também de afeto, o que, em si, NÃO É REPROVÁVEL, mas que poderá ser, se o tornardes maior que O AMOR A DEUS..."--De "O Evangelho como me foi revelado"--Maria Valtorta
Eu acho que está aqui a resposta: mesmo sendo FRACOS, porque demorámos a ENTENDER esta VERDADE, temos OBRIGAÇÃO MORAL de ser diferentes dos que idolatram o mundo e os seus caprichos, e devemos colocar DEUS e a SUA VONTADE acima de TUDO, mesmo que estejamos constantemente a recomeçar, ajudados pela a Sua Graça. Ele vê o nosso esforço...Mas, vida dupla, hipocrisia, NUNCA!!

Anónimo disse...

Sim, tudo o que diz faz sentido. S. Paulo, pelo que me recordo da leitura de umas quantas cartas, parece ser um desses místicos que alcançou alguma dessa indivisibilidade divina na sua vida, o que terá tornado, quiçá, a sua existência um pouco mais fácil.
Quanto a hipocrisias e vida dupla, nem sempre é fácil evitá-las na prática. Falo por experiência própria. Nem sempre fazemos o que deveríamos fazer. A vida (e Deus talvez) são um movimento demasiado rápido e fugidio para sermos sempre consequentes nas nossas escolhas. O que faz sentido hoje, já não é bem assim amanhã. A própria vida de Jesus - e voltando à instituição 'família' que deu o mote a este post - carece ainda de muita investigação (por exemplo, que tipo de relação é que Jesus tinha verdadeiramente com Maria Madalena, etc). Cada um(a) tem que aceitar a sua cruz o melhor que pode, tal como os que vieram antes de nós também fizeram. Melhores cumprimentos.