segunda-feira, 22 de julho de 2019

Morreu o Bispo que sempre lutou contra a comunhão na mão

Morreu hoje Mons. Juan Rodolfo Laise, O.F.M. Cap., Bispo emérito de São Luís (Argentina). Mons. Laise tinha 93 anos, nasceu em 1926. Entrou bastante jovem nos franciscanos - ordem dos frades menores capuchinhos - e foi ordenado sacerdote em 1949. Foi feito Bispo pelo Papa Paulo VI em 1971. E foi Bispo titular de São Luís desde esse ano até 2001, quando cumpriu 75 anos de idade e resignou, segundo a obrigação canónica.

Mons. Laise foi um dos poucos Bispos que durante quase 50 anos recusou a possibilidade que os fiéis recebessem a Comunhão na mão e A levassem à boca, uma prática que nunca tinha acontecido na Igreja e foi introduzida nos anos 70, depois dos terríveis abusos que decorriam na Holanda. Apesar da maioria dos Bispos nessa época se ter mostrado contra e ter dito que os fiéis também eram contra, o Papa Paulo VI resolveu permitir esse modo de receber a Sagrada Comunhão sempre que uma diocese pedisse à Santa Sé esse indulto, que é uma permissão que vai contra a Lei.

A diocese de São Luís nunca pediu esse indulto, e por tal os fiéis católicos continuaram a comungar apenas na boca. Essa prática manteve-se mesmo depois de Mons. Laise ter deixado de ser Bispo titular e ainda hoje o indulto para comungar na mão não existe nessa diocese.

Este Bispo franciscano viveu os últimos anos da sua vida no convento franciscano em San Giovanni Rotondo, casa do Padre Pio. Foi um grande defensor da doutrina católica e um lutador incansável pela salvação das almas, sempre com grande humildade. Rezemos pelo seu descanso eterno. 

João Silveira


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9 comentários:

Anónimo disse...

Que bravíssimo Bispo!

DEUS o conforte por toda a eternidade.

Salve, Maria Puríssima!

Professor Wellington Nunes disse...

Qua são os abusos eucarísticos da Holanda aos quais o texto faz referência? Grato.

João Silveira disse...

Havia todo o tipo de abusos litúrgicos nesse tempo na Holanda, mas, mais concretamente, falamos da prática de distribuir a comunhão na mão quando era estritamente proibida pela Lei da Igreja.

Alexandre disse...

Este Bispo rezava Missa Nova ou Missa Tridentina?

Unknown disse...

Sr. Dom Juan Rodolfo Laise, rogai por nós!

Pedro Ribeiro disse...

No livro "A beleza da Liturgia", publicado pelo Secretariado Nacional de Liturgia, no capítulo que aborda o tema da "Comunhão na mão", são citados alguns textos [S. Cirilo de Jerusalém (+386), S. Cipriano de Cartago (+253), S. João Crisóstomo (+407)] que demonstram que esta prática era comum nas comunidades cristãs antigas. Refere ainda que "só a partir do século X se generaliza o costume de colocar a hóstia na boca daquele que comunga." Depois então fala na Notificação acerca da Comunhão na mão, da Congregação do Culto Divino na qual, a partir de 1969, a Santa Sé confere às Conferências Episcopais a faculdade de distribuir a Comunhão depondo a hóstia na mão dos fiéis.
Isto complementa ou está em contradição com o que escreveu? Um abraço.

João Silveira disse...

Pedro Ribeiro, com todo o respeito pelo que escreveu o Secretariado Nacional de Liturgia, muitas dessas informações não estão completas ou não são verdade. D. Athanasius Schneider é Professor de Patrística e um dos maiores investigadores sobre a questão da comunhão na mão:

Segundo D. Athanasius Schneider, o costume de comungar na mão é "completamente novo", posterior ao Concílio Vaticano II, e não tem raízes nos tempos dos primeiros cristãos, ao contrário do que se alega com frequência. Na Igreja primitiva era necessário purificar as mãos antes e depois do rito, e a mão estava coberta com um corporal, de onde se tomava a forma directamente com a língua: "Era mais uma comunhão na boca do que na mão", afirmou Schneider. De facto, depois de comungar a Sagrada Hóstia o fiel devia recolher da mão, com a língua, qualquer pequena partícula consagrada. Um diácono supervisionava esta operação. Nunca se tocava com os dedos: "O gesto da comunhão na mão tal como o conhecemos hoje era totalmente desconhecido" entre os primeiros cristãos.

Aquele gesto foi substituído pela administração directa do sacerdote na boca, uma mudança que teve lugar "instintiva e pacificamente" em toda a Igreja. A partir do século V, no Oriente, e no Ocidente um pouco mais tarde. O Papa S. Gregório Magno no século VII já o fazia assim, e os sínodos franceses e espanhóis dos séculos VIII e IX sancionavam quem tocasse na Sagrada Forma.

Afirma ainda D. Athanasius Schneider que a prática que hoje conhecemos da comunhão na mão nasceu no século XVII em meios calvinistas, onde não se acreditava na presença real de Jesus Cristo na eucaristia. "Nem Lutero", que acreditava nessa presença, embora não na transubstanciação, "o teria feito", disse o prelado. "De facto, até há relativamente pouco tempo os luteranos comungavam de joelhos e na boca, e ainda hoje alguns o fazem assim nos países escandinavos".

http://senzapagare.blogspot.com/2012/06/nao-havia-comunhao-na-mao-na-igreja-dos.html

Anónimo disse...

Mas o que é que as minhas mãos têm de mais profano do que a minha boca? Peso que mais importante que isso é discutirmos como fazer a catequese par que os cristãos cada vez mais acreditam na presença real de Jesus no pão consagrado.

João Silveira disse...

De que vale a catequese se o que as pessoas vêem é que se recebe a Sagrada Comunhão como se receberia um rebuçado e se as pessoas estão na fila da Comunhão com a mesma devoção com que estão na fila de um supermercado. A Comunhão de joelhos e na boca é a catequese.