Quando o humilde monge e futuro santo, Pedro Damião, apresentou a sua carta 31 - o Livro de Gomorra - ao Papa Leão IX, no ano 1049, deixou claro que a sua preocupação primeira e primordial era a salvação das almas. Embora o trabalho fosse dedicado especificamente ao Santo Padre, a sua distribuição foi destinada à Igreja Universal, especialmente aos Bispos do clero secular e aos superiores das ordens religiosas.
Na introdução, o santo escritor deixa claro que a vocação divina da Sé Apostólica faz com que a sua consideração principal seja “o bem das almas”. Portanto, ele exorta o Santo Padre a tomar medidas contra “um certo vício abominável e assaz vergonhoso”, o qual identifica abertamente como “o cancro corruptor da sodomia”, que assola tanto as almas do clero e o rebanho de Cristo na sua região, antes que Deus descarregue a Sua justa ira contra o povo.
Reconhecendo o quão nauseante a própria menção da palavra sodomia deve ser ao Papa, ele no entanto pergunta com franqueza brusca: “...se um médico ficar horrorizado com o contágio da praga, quem é que vai manejar o cautério? Se ele fica enjoado quando está prestes a aplicar o remédio, quem vai restaurar a saúde aos corações feridos?”
Evitando qualquer dubiedade, Damião distingue entre as várias formas de sodomia e as fases de corrupção sodomita, começando pela masturbação solitária e mútua e terminando na estimulação interfemoral (entre as coxas) e coito anal. Destaca que há uma tendência entre os prelados de tratar os primeiros três graus do vício com uma “leniência imprópria”, preferindo reservar a expulsão do estado clerical somente àqueles homens que comprovadamente se envolveram com penetração anal.
O resultado, diz Damião, é que um homem, culpado do vício em graus “menores”, aceita as suas penitências mais suaves, mas permanece livre para poluir outros sem o menor receio de perder a sua posição. O resultado previsível da leniência do superior, diz Damião, é que o vício se espalha. O culpado fica mais ousado em seus actos ilícitos pois sabe que não irá sofrer qualquer perda do seu estado clerical, perde todo o temor a Deus e o seu último estado é pior do que o primeiro.
O resultado, diz Damião, é que um homem, culpado do vício em graus “menores”, aceita as suas penitências mais suaves, mas permanece livre para poluir outros sem o menor receio de perder a sua posição. O resultado previsível da leniência do superior, diz Damião, é que o vício se espalha. O culpado fica mais ousado em seus actos ilícitos pois sabe que não irá sofrer qualquer perda do seu estado clerical, perde todo o temor a Deus e o seu último estado é pior do que o primeiro.
Damião condena a audácia de homens que estão “habituados à porcaria desta doença purulenta”, e ainda assim ousam apresentar-se para o sacerdócio ou, se já ordenados, permanecer em seus cargos. Não foi em razão de tais crimes que Deus Todo-Poderoso destruiu Sodoma e Gomorra, e matou Onan por deliberadamente derramar a sua semente no chão?, pergunta. Citando a epístola de São Paulo aos Efésios (Ef 5, 5), ele continua, “...se um homem impuro não tem absolutamente nenhuma herança no Céu, como pode ser ele tão arrogante de assumir uma posição de honra na Igreja, que é certamente o reino de Deus?”
O santo monge assemelha os sodomitas que buscam o sacerdócio aos cidadãos de Sodoma que ameaçaram “usar de violência contra o justo Lot” e estavam já quase arrombando a porta quando foram feridos com cegueira por dois anjos e não conseguiram mais encontrá-la. Tais homens, ele diz, foram feridos com uma cegueira semelhante, e “pela justa decisão de Deus caíram em treva interior.” Se fossem humildes seriam capazes de achar a porta que é Cristo, mas estão cegos por sua “arrogância e vaidade”, e “perdem Cristo por causa do seu apego ao pecado”, nunca encontrando, lamenta Damião, “o portão que leva à habitação celeste dos santos”.
Não poupando os eclesiásticos que conscientemente permitem que sodomitas ingressem no sacerdócio ou permaneçam em posições clericais maculando o seu cargo, o santo monge ataca os “superiores de clérigos e padres que nada fazem”, lembrando-os de que eles deveriam tremer por eles mesmos se terem tornado “parceiros na culpa de outros”, ao permitirem que “a praga destruidora” da sodomia continuasse nas suas fileiras.”
Randy Engel in 'St. Peter Damian's Book of Gomorrah: A Moral Blueprint for Our Times'
9 comentários:
Que medidas foram tomadas, na altura, para acabar com semelhante flagelo e tentar salvar as almas em perdição destes pobres pecadores (como a Nossa Senhora do Rosário os denomina quando pede aos pastorinhos que façam penitência e rezem por estas almas condenadas (os pecadores) ao suplicio eterno, caso não se arrependam)?
Como a salvação é individual, o certo mesmo é rezar e fazer penitência pelos pecadores, principalmente o clero sem distinção. Que Deus e Nossa Senhora ilumine àqueles que amam a Igreja e desejam o seu bem.
Num passado relativamente recente (sec.xvi) o santo Papa Pio v quando se apercebeu que esta epidemia espiritual(sodomia) se propagara entre os padres, ordenou que qualquer eclesiástico (padre, bispo ou cardeal) reconhecido como culpado desse crime fosse demitido de toda a função eclesiástica e entregue à justiça secular que o punia com a pena de morte. Em Portugal, no Título xii do Livro v das Ordenações Manuelinas lê-se assim: " Qualquer pessoa de qualquer qualidade que seja, que pecado de sodomia por qualquer guisa fizer, seja queimado..."
Eduardo, "ninguém tem o direito de matar", como sabemos! Porém, S. Tomás de Aquino diz isso mesmo: "é mais criminoso aquele que mata a alma, do que aquele que mata o corpo"...e, por isso, dado existir a pena de morte, na época, um pecador dessa estirpe devesse ser entregue ao Tribunal Civil e expulso, de vez, da Igreja... Assim como Jesus afirma, em "O Evangelho como me foi revelado", que o mesmo pecado cometido por um Sacerdote é dez vezes maior do que quando é cometido por qualquer outro pecador.
Logo, o mal da atual Igreja foi e continua a ser, fechar os olhos, em nome não sei de quê!
E, para além de não atacar--Conversão-- o vício, deixa que ele se propague, contaminado-A, completamente, ao ponto de o banalizar.
Ó Maria José! Na sociedade há direitos e deveres, há guerra justas e injustas e, por conseguinte, é um pouco confusa a sua observação. Quanto ao resto, tudo bem!
O livro foi publicado em português recentemente: https://amzn.to/49oo4UV
Realmente, esse cancro sempre existiu, só que cada vez mais assumido, quando deveria ser o contrário, com a "evolução dos tempos."
Pelo menos, na Igreja, é inconcebível, dado que existe uma Doutrina, a Palavra de Deus, que bem o denuncia e condena.
Ora, se estamos como estamos, somente se pode concluir, que a Igreja está cada vez mais longe daquilo para que foi instituída e Daquele que deu a Vida por Ela, Jesus Cristo!
Que o mundo defenda os seus valores e vá pelo mais fácil...agora, que os Escolhidos, para transformar consciências e defender a Verdade, se deixem manipular com falsas misericórdias, não entendo...porque a verdadeira Misericórdia é a que nos Salva das garras do Maligno, e nos conduz a Deus e à Salvação Eterna, e não a que nos conduz ao INFERNO!
Porém, quantos desses Escolhidos ainda acreditam nisto?
Se já nem a palavra "pecado" pode ser pronunciada, numa CAMINHADA de CONVERSÃO!...
Jesus alerta para que não tenhamos medo daqueles que têm poder para matar o corpo, mas sim, dos que nos podem matar a alma...e neste caso, o que é que Ele mais denunciou, senão o PECADO? Se não houver referências que o condene, como pode alguém saber se está errado?
Ora, por essa ordem de ideias, é melhor preservar o corpo com os seus apetites...para não TRAUMTIZAR o pecador com a Verdade!
Jesus não obrigou ninguém a segui-Lo ou a escolhê-Lo, mas sempre foi direto, frontal, exigente e determinado, no que pretendia, embora com Caridade!
E se ainda o mundo desse sinais de melhoria...até podíamos acreditar, em que algo está a resultar. Contudo, é só ver as notícias e quais os valores que continuam a avançar. E nem assim abrimos os olhos e paramos para pensar.
Que Deus tenha Misericórdia!
No livro " O santo de cada dia" de Edelvives escreve-se assim: "...o mundo cristão via-se submergido num abismo de corrupção. Duas pragas terríveis afligiam cruelmente o corpo místico de Cristo, a saber: a simonia e a incontinência do clero. Desde 1033 a 1045, a Cátedra de Pedro esteve ocupada por um Pontífice indigno, Bento XI, cujo pai o tinha feito eleger Papa com a tenra idade de 12 anos. Através de um incrível abuso de poder, os príncipes distribuíam abadias e bispados por favoritos infames, sem ciência nem virtude. Na maior parte das dioceses eram poucos os sacerdotes que tinham ingressado no ministério apostólico pela porta verdadeira e que tivessem permanecido fiéis aos deveres do seu estado. O sacerdócio assim relaxado não gozava de influência social e sofria, continuamente, ataques do desprezo. Tal era esse século XI, contra o qual São Pedro Damião iria combater de frente e que iria vencer tão completamente. Em 1045 Gregório VI subia à Cadeira apostólica e já tinha declarado que não toleraria semelhante estado de coisas. Pedro Damião, encantado por ver tanto valor e firmeza no Vicário de Cristo, escreveu-lhe felicitando-o. Mas o mal já tinha deixado raízes tão profundas que o novo Pontífice, sentindo-se impotente para triunfar, abdicou no dia 20 de Dezembro de 1046. Os seus sucessores Clemente II e Dâmaso II, mais não fizeram do que passar pela Cátedra de São Pedro. Era a Bruno, bispo de Toul,- elevado a Pontífice em 12 de Fevereiro de 1049, com onome de Leão IX e venerado como santo- que estava reservada a missão de aplicar o remédio...a atitude enérgica do Papa incitou Pedro Damião e redigir o seu Livro de Gomorra que dedicou a São Leão IX...". Segundo consta, o livro não foi completamente do agrado do Papa porque, no seu entender, teria faltado moderação a São Pedro Damião ao expor os vícios do clero como também a criticar S. Leão IX na desastrosa expedição que, em pessoa, empreendeu contra os normandos, tendo sido feito prisioneiro (1053-1054).
Passou-se isto há cerca de 1000 anos. Que período tão significativo e que deveria merecer estudo enorme considerando os tempos que vivemos...
Eduardo, o que eu tenho aprendido, nestes últimos tempos...e, por isso, lhe agradeço.
Depois de tanta desilusão, é caso para dizer: Mas que paciência a de Deus, nosso Pai, para nos suportar e tolerar tanta traição!
Sabemos que um ano para Deus é como um sopro, mas, Senhor, como aguentas, durante estes milénios todos, tanta ingratidão, mesmo depois de nos teres dado o Teu Único Filho, o Qual também foi morto e crucificado por nós?
Realmente, tanta perversidade é digna de reflexão! E àqueles, que ainda duvidam do Amor de Deus, peço que meditem o quanto Ele nos AMA, continuando a esperar-nos, apesar dessa sujeira toda, e na SUA IGREJA!
"Satanás abriu mesmo BRECHA na Igreja!"
Redobremos de oração pelos Sacerdotes, Consagrados e por todos os de Boa Vontade!
Vem Senhor Jesus!
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