terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Sobre o novo documento do Papa Francisco: leitoras e acólitas

Com o seu último motu proprio, Spiritus Domini, o Papa Francisco abriu os ministérios laicais às mulheres. O Cân. 230 do Código de Direito Canónico, que dizia:

"Os leigos do sexo masculino, possuidores da idade e das qualidades determinadas por decreto da Conferência episcopal, podem, mediante o rito litúrgico, ser assumidos de modo estável para desempenharem os ministérios de leitor e de acólito; porém, a colação destes ministérios não lhes confere o direito à sustentação ou remuneração por parte da Igreja."

Passou a dizer:

"Os leigos que tiverem a idade e as aptidões determinadas com decreto pela Conferência Episcopal..."

Os ministérios laicais foram introduzidos na Igreja pelo Papa Paulo VI, em 1972, com o motu proprio proprio Ministeria quædam. Com este documento, Paulo VI acabou, pura e simplesmente, com as 4 ordens menores que existiam na Igreja desde os primeiros séculos: Ostiário, Leitor, Exorcista e Acólito. Acabou também com a primeira das ordens maiores - Subdiaconado - mantendo apenas as ordens maiores do Diaconado e Presbiteriado (Sacerdócio). 

A entrada na vida clerical - que acontecia com a tonsura, seguida das 4 ordens menores e 3 maiores para quem tivesse vocação sacerdotal - passou, assim, a acontecer apenas quando se é ordenado diácono. Antes disso apenas existem os tais ministérios laicais, que são formas estáveis de servir na liturgia, seja como leitor ou acólito.

Desde que foram criados, estes ministérios tinham sido apenas acessíveis aos homens, porque implicam o serviço dentro do presbitério (a parte que rodeia o altar). Aconteceu que por abuso, como é tão usual nos últimos 60 anos da Igreja, as mulheres começaram também a desempenhar essas funções. Depois de anos e anos de abuso, este motu proprio veio permitir que essas funções fossem realizadas de modo estável, segundo a lei.

Uma situação análoga aconteceu com a possibilidade de receber a Sagrada Comunhão na mão. Os ensinamentos da Igreja eram muito claros e bem-justificados, em relação à obrigação de receber a Comunhão na boca. Acontece que décadas de abusos nos países do centro da Europa, nomeadamente: Holanda, Bélgica e Alemanha, fizeram com o Papa Paulo VI escrevesse um documento (Memoriale Domini em 1969) a recomendar a comunhão na boca mas a tolerar a comunhão na mão, onde já estivesse a acontecer de facto e onde as Conferências Episcopais o permitissem. 

Resultado: 50 anos depois a comunhão na mão é praticamente obrigatória e a comunhão na boca praticamente proibida. 

Está visto que, hoje em dia, a desobediência, não só às autoridades eclesiais actuais mas ao que a Igreja fez durante séculos e séculos, compensa. O motu proprio Spiritus Domini é mais uma prova disso.

João Silveira


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2 comentários:

Maria José Martins disse...

Em primeiro lugar, muito obrigada por todos estes textos que nos elucidam tanta coisa, da qual a minha Geração já foi vítima e que, por ignorância, bateu palmas a muita coisa que, hoje sabemos, foi o PRINCÍPIO DO FIM...E agora, que vou entendendo cada sinal, posso concluir, que a Igreja, dita Conservadora, é realmente muito mais PROFUNDA, pois, EM TUDO, REVELA UM SIGNIFICADO profundamente Sobrenatural.
E aí se entende, como o TAL SECULARISMO A CONTAMINOU e, aos poucos A DEIXOU VAZIA, como Jesus TANTO nos avisou:"...E ai duma Religião, quando ELA morre e, de POTÊNCIA REAL, vira VAZIA E SE TRANSFORMA NUMA PANTOMINA CLAMOROSA EXTERIOR...PENSAI BEM! Era menos perigoso, para os Povos, a queda dos Astros--porque Deus tudo pode repor-- do que a DESVENTURA DE PERMANECER SEM UMA RELIGIÃO VERDADEIRA..."
Meu Deus, e pelo que vamos constatando-- e que me perdoem os Sacerdotes que ainda se esforçam por SEGUIR REALMENTE Jesus Cristo--será que a IGREJA VERDADEIRA está mesmo OFUSCADA por outra, que todos sabemos, pela Palavra de Deus, é MESMO a do Anti Cristo?!

Anónimo disse...

Como causa uma imensa indignação esses revolucionários querer destruir a bela Tradição da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana!