quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

São João da Mata, libertador dos cristãos prisioneiros dos Mouros

São João da Mata nasceu na Provence (França), a 23 de Junho de 1160, de nobre família. As armas da casa de Mata, representavam um cativo carregado de correntes com estas palavras como divisa: ‘Senhor, livrai-me destas correntes’.

Enquanto a sua mãe aguardava o seu nascimento, um dia em que se recomendava particularmente à Santíssima Virgem, Nossa Senhora apareceu-lhe dizendo: ‘Não temas, tu darás ao mundo um filho que será santo e o redentor dos escravos cristãos. Será pai de um grande número de filhos que cumprirão o mesmo ministério para a salvação das almas’.

Os seus pais educaram-no no amor de Deus e da Virgem, e desde cedo o menino correspondeu aos seus cuidados. Fez os estudos na Universidade de Aix e ao voltar para casa decidiu retirar-se para o deserto, escolhendo a região de Beaune, onde Santa Madalena vivera em penitência. O demónio assaltou-o rudemente, mas foi vencido por uma coragem semelhante a de Santo Antão e de outros solitários.

Após um ano de solidão, Nosso Senhor recomendou-lhe que fosse acabar os seus estudos porque queria servir-Se dele. João foi para a Universidade de Paris cursar teologia. Um dia em que rezava ante um crucifixo no convento de São Vítor, ouviu uma voz que lhe disse por três vezes: ‘Procura a sabedoria, ó Meu filho, e alegra o Meu coração’. Ele voltou aos estudos com novo vigor e tornou-se tão versado, que os mestres da universidade lhe ofereceram o chapéu de doutor. Ele ao princípio recusou. Mas São Pedro apareceu ordenando-lhe que o aceitasse em nome do Senhor. Enquanto lecionava teologia, S. João da Mata foi ordenado sacerdote.

Quando o Bispo lhe impôs as mãos dizendo: ‘Aceita o Espírito Santo’, uma bola de fogo apareceu sobre a sua cabeça. No dia da sua primeira Missa, no momento da Elevação, a assistência admirada viu surgir sobre o altar um Anjo vestido de branco, trazendo no peito uma cruz vermelha. Ele estendia as suas mãos cruzadas sobre dois cativos dos quais um era cristão e o outro mouro. São João explicou então que Deus o chamara a fundar uma Ordem para a redenção dos cativos. Para isto, então, dirigiu-se ao Papa Celestino III.

Nesse tempo, São Domingos de Gusmão estudava em Palência. Um dia, uma pobre mulher veio pedir-lhe uma esmola para ajudá-la a resgatar um dos seus irmãos que era escravo dos mouros. O santo, que nada tinha para dar, ofereceu-se ele mesmo. E como a mulher não quisesse vendê-lo, São Domingos lançou-se aos pés de um crucifixo implorando a Deus que viesse em socorro do cativo e dos outros escravos cristãos. Então, o Crucifixo respondeu-lhe em alta voz: ‘Meu filho, não é a ti que quero encarregar desta obra, mas a João, doutor em Paris. Eu reservo-te outro ministério, que exercerás entre os cristãos’.

Mais tarde São João e São Domingos encontraram-se em França, quando aí estabeleceram as suas ordens. São João partira de Roma. Em Focon, encontrou São Felix de Valois, que a ele se associou para a consagração dos seus desígnios.

No dia da Purificação da Virgem, 2 de Fevereiro de 1198, Inocêncio III em pessoa deu-lhes o hábito da nova ordem. Ao vesti-los, disse-lhes que as três cores que o compunham eram o símbolo da Santíssima Trindade. O branco representando o Pai; o azul, o Filho; e o vermelho, o Espírito Santo. E acrescentou as palavras: ‘Haec est ordo aprobata, non a sanctis fabricata, sed a Deus solo - Esta é uma Ordem aprovada, feita não por santos, mas exclusivamente por Deus’.

Os dois santos retiraram-se para França onde fundaram o mosteiro de Cerfroid e entregaram-se ao seu trabalho. As suas lutas foram inenarráveis, sendo acompanhadas de numerosos milagres. É conhecido aquele em que os mouros de Túnis retiraram as velas do navio que levaria São João a Roma. Este fez do seu manto uma vela; o barco foi conduzido em seis horas às costas da Itália.

Fundou ainda este santo numerosos conventos e pregou a Cruzada contra os albigenses.

Tendo Inocêncio III convocado um concílio em Latrão, o rei Filipe Augusto escolheu São João da Mata para seu teólogo. Mas Deus já o queria no Céu, pois o santo caiu doente, vindo a falecer a 17 de dezembro de 1213. Foi canonizado por Urbano IV em 1262.

Texto extraído de uma biografia de Darras, da 'Vida dos Santos'


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