No dia 2 de Setembro, um tribunal boliviano condenou dois padres jesuítas espanhóis idosos, Marcos Recolons, de 81 anos, e Ramón Alaix, de 83, a um ano de prisão cada, por terem encoberto décadas de abusos sexuais de menores cometidos pelo seu confrade, o padre Alfonso Pedrajas (+2009). A maior parte das vítimas eram rapazes indígenas – bolseiros em colégios dirigidos pelos Jesuítas.
O caso veio a público em 2023 após a divulgação do diário de Pedrajas, no qual este confessava ter abusado de pelo menos 85 menores entre 1972 e 2000. Nele mencionava que os seus superiores jesuítas "sabiam", mas nada fizeram, chegando até a encobri-lo.
Numa audiência em Julho relativa ao processo, o presidente de uma associação de vítimas de abusos declarou que, depois da publicação do diário, encontraram vítimas de diferentes gerações. "Percebemos que tínhamos sido vítimas não só dos agressores, mas também de toda uma estrutura: a Companhia de Jesus (Jesuítas), que transferia os abusadores."
Acrescentou ainda: "Quando um abusador tem mais de dez vítimas, falamos de um violador em série."
Outras vítimas relataram como o padre Pedrajas se aproveitou da sua confiança, muitas vezes sob o pretexto de orientação ou direcção espiritual.
O tribunal concluiu que ambos, tendo exercido funções de provinciais jesuítas na Bolívia durante os anos em questão, tinham conhecimento das acusações contra Pedrajas, mas optaram por transferi-lo para locais onde continuava a ter contacto com crianças. O juiz apelou ao Ministério Público para investigar outros responsáveis jesuítas.
Na sala de audiências encontrava-se Erika Montaño, cujo irmão foi vítima de abusos homossexuais e entrou também na Companhia de Jesus, acabando por suicidar-se.
in gloria.tv
1 comentário:
Transferir os pedófilos ou abusadores era prática corrente.
E, olhando para a idade desses dois sacerdotes, ditos encobridores, não se pode julgá- los à luz dos argumentos, hoje, conhecidos. Quero acreditar, que fizeram o melhor que sabiam e podiam...até penso que, perante um crime tão horrível, nem tivessem plena consciência do quanto é um vício compulsivo e diabólico ...E, daí, talvez acreditassem, como outros na mesma situação, que mudando de lugar, a tentação desaparecesse...
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