sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Jovem religiosa defende o uso público do hábito

A Irmã Ana Verónica, oblata de São Francisco de Sales em Paris, foi convocada juntamente com vários outros professores de Filosofia ao Liceu Carnot, da capital francesa. O objectivo da reunião era combinar a corrceção de muitas provas da matéria que tinham ficado sem corrigir no fim do ano escolar. Ela apresentou-se como de costume: com o hábito completo do instituto religioso a que pertence. A sua presença foi pretexto para um rebuliço. Professores laicistas e socialistas exigiram das autoridades do Liceu a expulsão da religiosa. Pretextavam que ela ofendia a laicidade e, de forma caricata e ofensiva, compararam o seu hábito com o véu islâmico. As autoridades nada fizeram, pois sabiam que o procedimento da religiosa era irrepreensível do ponto de vista legal.

Os professores laicistas exigiram que ela tirasse o hábito. “V. poderia ser mais discreta!”, desabafou uma professora laicista. “Eu não posso fazer melhor nem pior. Eu devo levá-lo”, respondeu a jovem religiosa.

Os jornais fizeram estardalhaço com o facto e o secretariado geral do ensino católico exigiu que a irmã Ana Verônica desse prova de “juízo” e comparecesse usando roupas civis. Com tom sereno e respeitoso, mas firme, a freira respondeu a seus detratores em carta publicada pelo jornal parisiense “La Croix”, de 13-07-2011:

“Nós repetimos claramente que jamais tiraremos o nosso hábito."
“Um hábito religioso é o sinal da resposta a um chamado para se consagrar a Deus, que nem todos os baptizados recebem."
“Desde 8 de setembro de 2004, data de minha entrada na vida religiosa, minha vida mudou muito e o hábito não é mais que a expressão visível disso."
“Comparecer agora de outra maneira, sem o hábito religioso, é uma coisa impossível para mim, pois eu não uso mais outros vestidos que não sejam os de minha consagração religiosa."
“Eu não sou religiosa por horas."
“Fazemos a profissão para viver seguindo Cristo até a morte."
“Esta consagração religiosa inclui todas as dimensões de nosso ser: corpo, coração, alma e espírito."
“O jovem homem rico do Evangelho recuou diante do apelo de Jesus para segui-Lo, quando Ele posou o seu olhar sobre ele."
“Isso significa que a decisão de se consagrar a Deus não é fácil de tomar. Ela pressupõe certas renúncias."
“O hábito religioso é sinal desse facto. Ele pode, portanto, ser um sinal de contradição. Nós sabemos que nosso hábito não deixa indiferentes as pessoas. Ele é um testemunho da presença de Deus."
“Por meio dele nós relembramos, de modo silencioso mas eloquente, que Deus existe neste mundo que se obstina a não querer pensar nem sequer na possibilidade da transcendência divina."
“Mas, Jesus nós diz no Evangelho que o servidor não é maior que seu mestre. Vós conheceis a continuação? “Se eles me perseguiram, eles vos perseguirão também” (Jn 15, 20)."
“E Jesus acrescentou: “As pessoas vos tratarão assim por causa de Mim, porque eles não conhecem Aquele que me enviou” (Jn 15, 21)." in lumenrationis


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3 comentários:

Tiago Lucio disse...

Grandíssima Mulher!!

Anónimo disse...

Aceito que uma freira vista o hábito, porém, será que, sem o hábito, uma freira deixa de o ser? Freira será sempre freira, mesmo que vista um fato de banho, na praia... Ou terá que levar o hábito quando quiser tomar banho no mar?
Por outro lado, numa escola pública, os professores apresentam-se sem uniforme... Porque há-de uma freira-professora levar o seu hábito? As atitudes e a forma de estar na vida é que fazem a pessoa, por isso, esta freira, que respeito, claro, poderia perfeitamente trajar-se laicamente... e não deixaria de ser freira.

João Silveira disse...

Percebo o que diz, mas parece-me uma falsa questão. Um polícia sem farda é menos polícia? Um médico sem farda é menos médico? Um homem sem fato e gravata é pior trabalhador? Porque é que aceitamos que toda uma panóplia de pessoas use “uniforme”, mas faz-nos confusão que os religiosos também o façam? Porque estamos influenciados pelo fundamentalismo secularista, por uma falsa laicidade, que quer empurar a religiosidade para a casa de cada um, retirando-a das ruas.

A objecção ao que diz está nas próprias palavras desta corajosa irmã, e dou graças a Deus por este grande exemplo.