sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O mal do orgulho - Doroteu de Gaza (monge na Palestina)

A bondade de Deus, como refiro frequentemente, não abandonou os que Ele criou, mas continua a voltar-se para eles e a lembrar-lhes: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei» (Mt 11,28). Isso é: estais cansados, estais infelizes, tivestes a experiência do mal da vossa desobediência. Vinde, convertei-vos; vivei pela humildade, vós que estáveis mortos devido ao orgulho.

Oh, meus irmãos, o que não faz o orgulho, e que poder é o da humildade! Que necessidade havia de todos esses desvios? Se desde o início o homem tivesse permanecido humilde e tivesse obedecido a Deus [...], não teria caído. Mesmo após a queda, Deus ofereceu-lhe uma ocasião de se arrepender e de obter misericórdia; mas ele manteve-se orgulhoso. Com efeito, Deus veio dizer-lhe: «Adão, onde estás» (Gn 3,9), ou seja: «De que glória caíste?» [...] Depois perguntou-lhe: «Porque pecaste? Porque desobedeceste?», querendo com isto que ele respondesse: «Perdoa-me». 

Mas [...] não encontrou nem humildade nem arrependimento, mas sim o contrário. O homem respondeu: «A mulher que me deste escarneceu de mim» (v. 12); não disse «a minha mulher» mas «a mulher que me deste», como quem diz: «o fardo que colocaste sobre a minha cabeça». E é assim, meus irmãos: quando um homem não aceita reconhecer que pecou, não receia acusar o próprio Deus.

Deus dirige-se em seguida à mulher e pergunta-lhe: «Porque foi que, também tu, desobedeceste ao mandamento?», como se dissesse: «Tu, pelo menos, diz: Desculpa-me, para que a tua alma se humilhe e obtenha misericórdia». Mas [...] a mulher responde: «A serpente enganou-me» (v. 13), como que a dizer: «Se ele pecou, que culpa tenho eu?» Que dizeis, infelizes? [...] Reconhecei o vosso erro; tende piedade da vossa nudez! Mas nem um nem outro se dignou reconhecer que pecara.


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