Chega-se cansado a casa. O cansaço é legítimo. O mau humor, não.
Convém lembrar que o homem cansado é propenso ao mau génio, já que tem
as defesas baixas e os nervos destemperados.
O cansado tende ao hermetismo. Não é comunicativo.
É preciso dar ao cansado um tempo para decantar as fadigas e
preocupações de um dia de trabalho. Deve-se permitir ao guerreiro
deixar suas armas, desmontar e recompor-se.
Procura desfazer-se quanto antes de sua mercadoria. Interrompe quando
não deve, tem mais pressa quanto mais deve esperar. É a hora heróica
dos pais.
O carinho dos filhos vale mais que o esgotamento.
Ao chegar a casa, nenhum pai pode abrir a porta e dizer: “Missão cumprida”.
Se ele acha que a casa é o lugar das compensações egoístas, um pai de
família perdeu-se. A recompensa verdadeira é a de ver-se rodeado por
afecto.
O carinho dos filhos não é um carinho abstracto, teórico. É tangível.
Percebe-se. Toca-se.
Os olhos das crianças estão a dizer: “Seja meu pai. Tu és forte, mais
forte que o cansaço”.
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