sábado, 7 de julho de 2012

O pecado contra o Espírito Santo - Beato João Paulo II

Por que razão é a «blasfémia» contra o Espírito Santo imperdoável? Em que sentido devemos entender esta «blasfémia»? São Tomás de Aquino responde que se trata de um pecado «imperdoável pela sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos graças aos quais é concedida a remissão dos pecados». Segundo tal exegese, a «blasfémia» não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem mediante o mesmo Espírito Santo, que age em virtude do sacrifício da Cruz. 

Se o homem rejeita este deixar-se «convencer quanto ao pecado», que provém do Espírito Santo e tem carácter salvífico, rejeita contemporaneamente a «vinda» do Consolador: aquela «vinda» que se efectuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de Cristo, o Sangue que «purifica a consciência das obras mortas». Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados. Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas «obras mortas», no pecado. E a «blasfémia contra o Espírito Santo» consiste exactamente na recusa radical desta remissão de que Ele é o dispensador íntimo, e que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado, nem nesta vida nem na futura, é porque esta «não-remissão» está ligada, como à sua causa, à «não-penitência», isto é, à recusa radical da conversão. 

A blasfémia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso «direito» de perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfémia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou. 

in Encíclica "Dominum et vivificantem", § 46


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