Pintar a Igreja Católica como "fora de moda" é a coisa mais fácil do mundo. E nada o torna mais fácil do que a posição da Igreja sobre a contracepção.
Muitas pessoas, (incluido o nosso editor) estão a pensar porque é que a Igreja Católica simplesmente não abandona esta obrigação. Reparam que a maior parte dos Católicos limitam-se a ignorá-la e quase toda a gente a vê como causa de divisões e "desactualizada". Vá lá! É o século XXI, dizem! Eles não VÊEM que é ESTÚPIDO, dizem eles.
No entanto, eis a questão: a Igreja Católica é a maior e mais antiga organização do mundo. Enterrou todos os grandes impérios conhecidos do homem, dos Romanos aos Sovietes. Tem instituições literalmente por todo o mundo, relacionados com cada área do comportamento humano. Deu-nos alguns dos maiores pensadores do mundo, deste Santo Agostinho a René Girard. Quando ela faz as coisas, normalmente tem uma boa razão. Todos têm direito a discordar, mas não vale dizer que eles são uma cambada de velhos loucos e brancos que ficaram presos na Idade Média.
Na prática, o que é que se está a passar?
A Igreja ensina que o amor, o casamento, o sexo e a procriação são todas coisas que deviam estar juntas. É isso. Mas é muito importante. E apesar da Igreja ensinar isto há 2,000 anos, provavelmente nunca saltou tanto á vista como hoje.
As normas contra o controlo da natalidade foram reafirmadas num documento de 1968 pelo Papa Paulo VI chamado Humanae Vitae. Ele avisou-nos sobre quatro consequências da divulgação do uso de contraceptivos por todo o mundo:
- Redução geral dos padrões morais
- Um crescimento da infidelidade e da ilegitimidade
- A redução das mulheres a objectos usados para satisfazer os homens.
- Coerção do governo em assuntos de reprodução.
Soa-vos familiar?
É que parece mesmo aquilo que se anda a passar desde os últimos 40 anos.
Como George Akerloff escreveu na Slate há mais de uma década,
Ao tornar o nascimento de uma criança numa escolha física da mãe, a revolução sexual tornou o casamento e a ajuda às crianças numa escolha social do pai.
Em vez dos dois pais serem responsáveis pelos filhos que concebem, uma ideia que as normas sociais e a lei tomavam como verdadeira, temos agora como certo que nenhum pai é necessariamente responsável pelos seus filhos. Os homens agora ganham nível ao cumprir os meros deveres de se limitar a pagar o apoio-à-criança-obrigado-por- tribunal. Eis uma redução dramática dos padrões da "paternidade".
People.com, o ídolo moral dos dias de hoje |
E se não pensam que as mulheres estão a ser reduzidas a objectos para satisfazer os homens, bem-vindos à internet, há quanto tempo é que cá estão? Coerção governamental: basta olharem para a China (ou para a América, onde uma lei do governo sobre a cobertura a contraceptivos é a razão pela qual estamos agora a falar disto).
Será que tudo isto se deve à pílula? Claro que não. Mas a ideia de que a enorme disponibilidade e divulgação da contracepção não levou a uma mudança social dramática ou de que esta mudança foi exclusivamente boa, é uma noção muito mais naíve do que qualquer coisa que a Igreja Católica ensine.
Assim como também é a noção de que é simplesmente e OBVIAMENTE INGÉNUO ir buscar as vossas opiniões morais a uma fé venerável (em oposição a quê? À Britney Spears?).
Mas voltemo-nos para outro aspecto. A razão pela qual o nosso editor pensa que os Católicos não deviam ser férteis e multiplicar-se também não é válida. A população do mundo, diz ele, está num caminho de crescimento "insustentável".
O Gabinete de População do Departamento de Casos Económicos e Sociais das Nações Unidas vê (PDF, cortesia de Pax Dickinson) a taxa de crescimento populacional a diminuir nas próximas décadas e a estabilizar num valor à volta dos 9 mil milhões em 2050... e a manter-se aí até 2300. (E notem que a ONU, que promove o controlo da natalidade e abortos pelo mundo fora, não é exactamente do lado do sejam-férteis-e-multipliquem- se.)
Mais abrangente ainda, a visão maltusiana do crescimento populacional ainda resiste apesar de se ter provado que é errada vezes e vezes sem conta e está a causar uma enorme quantidade desnecessária de sofrimento humano. Por exemplo, a China está a ser conduzida a uma crise demográfica e de deslocação social devido à sua política enganada de apenas uma criança.
O progresso humano são as pessoas. Tudo o que torna a vida melhor, desde a democracia à economia, da internet à penicilina foi ou descoberto ou construído por pessoas. Mais pessoas significa mais progresso. O inventor da cura do cancro podia ter sido a quarta criança de alguém que a decidiu não ter.
Portanto, só para resumir:
- É uma boa ideia as pessoas serem férteis e multiplicar-se e
- independentemente de como se sentirem em relação à posição da Igreja sobre o controlo da natalidade, ela mostrou-se verdadeiramente profética.
Michael Brendan Dougherty and Pascal-Emmanuel Gobry in Business Insider
4 comentários:
Simplesmente genial esse post, gostaria de publicá-lo no meu blog utilizando as devidas referencias, claro, com a vossa autorização, obrigada!
Taiana, força!
quem fala assim não é gago!!
Ah pois não!
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