O encontro do Papa Francisco com os párocos de Roma na semana passada, que já foi posto aqui no Senza, tem imenso potencial para cada um crescer na vida interior. Um potencial que se aplica não só aos padres, mas a todos os cristãos.
De facto, para crescer em santidade, é bom que os leigos aproveitem muito daquilo que os padres costumam fazer: rezar, preocupar-se em levar almas para o Céu, viver a castidade, etc... e ao mesmo tempo manter-se na sua vida profissional e familiar normal.
É a isso que o Concílio Vaticano II se refere quando fala da santidade dos leigos. É por isso que este discurso do Papa (completo aqui) é de muito proveito para todos.
Este tempo da Quaresma é, além disso, muito bom para meditarmos sobre o que significa cada pecado, cada ofensa a Deus e ao próximo. Estas são coisas sempre muito mais graves do que pensamos e que acabaram por levar o próprio Deus a ser flagelado e pregado na cruz. O Papa, no seu discurso aos párocos de Roma, fala precisamente em chorar por isso:
"Diz-me: tu choras? Ou perdemos as lágrimas? Lembro-me que nos Missais antigos, aqueles de um outro tempo, há uma oração lindíssima para pedir o dom das lágrimas. Começava assim, a oração: "Senhor, Tu que deste a Moisés o mandato de bater na pedra para que viesse a água, bate na pedra do meu coração para que as lágrimas...": era assim, mais ou menos, a oração. Era belíssima. Mas quantos de nós choramos diante do sofrimento de uma criança, diante da destruição de uma família, diante de tantas pessoas que não encontram o caminho?... O choro dos padres... Tu choras?"
Outro aspecto muito interessante aqui é o conhecimento que o Santo Padre tem das orações do Missal antigo, aquele que se usa hoje para celebrar a Santa Missa na Forma Extraordinária do Rito Romano.
De facto, o Papa Francisco citou uma oração (belíssima, como diz o Santo Padre) que se encontra mesmo no final do Missal tradicional, num cantinho dos cantinhos, numa secção chamada "Orações Diversas".
Omnipotens et mitíssime Deus, qui sitiénti pópulo fontem vivéntis aquae de petra produxísti: educ de cordis nostri durítia lácrimas compunctiónis; ut peccáta nostra plángere valeámus, remissionémque eórum, te miseránte, mereámur accípere. Per Dóminum nostrum Jesum Christum.
Ó Deus bondossíssimo e omnipotente, que saciastes a sede ao povo com a fonte de água viva que produziste do rochedo, fazei rebentar da dureza do nosso coração lágrimas de compunção, para que possamos chorar os nossos pecados e merecer o perdão deles por Vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Vale a pena folhear esta secção do missal, porque tem orações lindíssimas para todo o tipo de necessidades como rezar por uma comunidade ou família, pelo papa ou pelo rei, contra os perseguidores da Igreja, para pedir bom tempo, em ocasião de terramoto, em ocasião de peste nos animais, para obter o perdão dos pecados, contra os maus pensamentos, para pedir a caridade, pelos amigos, pelos inimigos, etc... São muitas!
Há muitas riquezas nos missais e nos livros antigos. S. Josemaria, por exemplo, dizia: "A Igreja de Deus e os sacerdotes de Deus, desde há vinte séculos, pregam o mesmo (…). Porque – gosto muito de dizê-lo – a religião não foi feita pelos homens de braço erguido, por votação… Pegai nos velhos catecismos! Filhas minhas, filhos meus: são tesouros maravilhosos! Não os deiteis fora!, lede-os (…) e lede-os com calma para conservar a fé dos vossos filhos."
Nuno CB
Nuno CB
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