Megan Hodder é inglesa, tem 21 anos e é uma leitora voraz. Desde o Pentecostes de 2013 também é católica, recém-baptizada.
Há cerca de dois ou três anos ninguém poderia prever isto, porque Megan não recebeu absolutamente nenhuma educação cristã e lia com assiduidade e gosto autores do “novo ateísmo”: Dawkins, Harris, Hitchens…
Mas tudo mudou quando decidiu que para poder zoar da Igreja Católica, grande símbolo da irracionalidade, deveria ler o que escrevia Bento XVI. E foi aí que começou uma conversão marcada pela lógica, razão e pensamento.
Crescer depois do 11 de Setembro
“Fui educada sem religião, e tinha 8 anos quando sucedeu o atentado das Torres Gémeas no dia 11 de Setembro de 2001. A religião era irrelevante na minha vida pessoal, e durante os meus anos de estudo a religião só proporcionava um fundo de notícias sobre violência e extremismo”, assinala no seu testemunho no “The Catholic Herald”.
Megan é representante de uma geração jovem que cresceu lendo autores como Dawkins, Harris e Hitchens, que com um estilo informativo afirmam que a religião é a causa de quase todos os males do mundo, que o terrorismo islâmico é a prova e que o cristianismo é quase a mesma coisa.
Mas desde a adolescência, Megan entendeu que tinha que ler algo mais do que apenas os polémicos autores do novo ateísmo. Decidiu instruir-se sobre “os mais distintos inimigos da razão, os católicos”, para refutá-los na sua ignorância.
Uma fé compatível com a razão
A primeira coisa que fez foi ler o famoso discurso em Ratisbona de Bento XVI, que defendia a razão frente à fé cega. A maneira com a qual a BBC em línguas asiáticas difundiu este discurso nos países islâmicos causou grandes manifestações anticristãs, com violência e vítimas fatais.
Também leu o livro mais curto que pôde encontrar de Bento XVI: “Sobre a consciência” (tradução livre da obra).
“Esperava e desejava mostrar a irracionalidade e preconceitos deles, para justificar o meu ateísmo. Mas em contrapartida, apresentou-se um Deus que era o Logos; não um ditador sobrenatural que esmaga a razão humana; mas a fonte da bondade e verdade objectivas, que expressa a Si mesmo, para a qual se orienta a nossa razão, e onde alcança a sua plenitude; uma entidade que não controla a nossa moral de maneira robótica, mas que é a fonte da nossa percepção moral…”.
O facto é que aquilo que Megan encontrava não era o que os autores do “novo ateísmo” diziam. “Era uma percepção da fé mais humana, subtil e, sim, credível, do que esperava. Não me conduziu a uma epifania espiritual dramática, mas animou-me a procurar mais o catolicismo, a reexaminar com um olhar mais crítico alguns problemas que tinha com o ateísmo”.
Os problemas da moral sem Deus
Megan entendia que uma moralidade sem Deus tem duas tendências problemáticas, ou é tão subjectiva que chega a ser absurda, ou tenta seguir uma suposta lógica estreita que leva a resultados tão desumanizantes que causa repugnância.
As teorias éticas que melhor superavam estes problemas, entendeu, eram teístas, e depois de ler Bento XVI o teísmo não parecia assim tão absurdo.
Dawkins não entendeu Tomás de Aquino
Outro problema presente no “novo ateísmo” é a metafísica. “Percebi logo que confiar nos novos ateus para ter argumentos contra a existência de Deus foi um erro, porque Dawkins, por exemplo, trata de maneira desdenhosa Santo Tomás de Aquino em “Deus, um delírio”, Dawkins só aborda um resumo das Cinco Vias e sem entender aquilo que apresentam. Foquei-me nas ideias tomistas e aristotélicas, e vi que apresentavam uma explicação válida do mundo natural, uma explicação que os filósofos ateus não souberam atacar de maneira coerente”, escreve Megan.
Megan procurou incoerências e inconsistências na fé católica, mas teve que admitir que uma vez aceitando a sua estrutura e conceitos básicos, tudo se encaixa “com uma velocidade impressionante”.
O grande obstáculo: a moral sexual
A exigente moral sexual católica começava a ter sentido quando era abordada a partir dos textos da “Teologia do Corpo” de João Paulo II. George Weigel deu a ideia fundamental em “Cartas a um jovem católico”, quando disse: “as coisas importam”. No catolicismo o sexo importa, o corpo importa, a vida e a fertilidade importam, o que se faz é importante, tem consequências e expressa algo.
“A moral sexual católica não é uma lista de proibições, como pintam por aí”, escreve Megan em seu blog. “É o reconhecimento de que existe uma harmonia entre Deus e a humanidade que está incrustada no mundo material, que se manifesta de uma forma assombrosa e aguda na complementaridade entre o homem e a mulher e o seu chamamento a ser uma só carne”.
Megan, que cresceu numa Inglaterra de liberalismo sexual absoluto, assinala “o facto de que os métodos contraceptivos são responsáveis por quase dois terços dos abortos do Reino Unido, e as doenças sexualmente transmissíveis alcançam níveis altos, históricos”, para indicar o fracasso do “sexo-sem-consequências”.
Sobre o feminismo, constata que a cultura pansexual converteu a mulher num mero objecto, não num ser humano com igual dignidade, e que desconhece a realidade da fertilidade feminina e os seus ritmos naturais.
A “Teologia do Corpo” e a moral sexual católica oferecem assim “um modelo de relações humanas que é seguro, duradouro e comprometido, com bases sólidas, ordenado para a unidade e a vida. O ideal católico das relações humanas é um desafio exigente, mas um desafio rumo à excelência, para ser fiéis às nossas necessidades reais.”
É a vontade, não o intelecto
Megan deu-se conta de que os livros a levavam à fé, mas que, apesar disso,“a fé não é um exercício intelectual, um assentir a certas proposições, mas um acto radical da vontade, que gera uma mudança total na pessoa”. Percebeu como eram os católicos que conhecia, gostou e deu o passo.
No Domingo de Pentecostes de 2013, Megan foi baptizada e ingressou, assim, na Igreja Católica.
Hoje defende que “para cada ateu confesso e embasado, existe outro sem nenhuma experiência pessoal com a religião, nem interesse no debate, que simplesmente se deixa levar pela corrente cultural. Espero ser um exemplo, ainda que seja pequeno, da actuação do catolicismo, numa era em que quase sempre lhe parece tão oposta”.
in Religión em Libertad (Tradução: Reparatori)
Há cerca de dois ou três anos ninguém poderia prever isto, porque Megan não recebeu absolutamente nenhuma educação cristã e lia com assiduidade e gosto autores do “novo ateísmo”: Dawkins, Harris, Hitchens…
Mas tudo mudou quando decidiu que para poder zoar da Igreja Católica, grande símbolo da irracionalidade, deveria ler o que escrevia Bento XVI. E foi aí que começou uma conversão marcada pela lógica, razão e pensamento.
Crescer depois do 11 de Setembro
“Fui educada sem religião, e tinha 8 anos quando sucedeu o atentado das Torres Gémeas no dia 11 de Setembro de 2001. A religião era irrelevante na minha vida pessoal, e durante os meus anos de estudo a religião só proporcionava um fundo de notícias sobre violência e extremismo”, assinala no seu testemunho no “The Catholic Herald”.
Megan é representante de uma geração jovem que cresceu lendo autores como Dawkins, Harris e Hitchens, que com um estilo informativo afirmam que a religião é a causa de quase todos os males do mundo, que o terrorismo islâmico é a prova e que o cristianismo é quase a mesma coisa.
Mas desde a adolescência, Megan entendeu que tinha que ler algo mais do que apenas os polémicos autores do novo ateísmo. Decidiu instruir-se sobre “os mais distintos inimigos da razão, os católicos”, para refutá-los na sua ignorância.
Uma fé compatível com a razão
A primeira coisa que fez foi ler o famoso discurso em Ratisbona de Bento XVI, que defendia a razão frente à fé cega. A maneira com a qual a BBC em línguas asiáticas difundiu este discurso nos países islâmicos causou grandes manifestações anticristãs, com violência e vítimas fatais.
Também leu o livro mais curto que pôde encontrar de Bento XVI: “Sobre a consciência” (tradução livre da obra).
“Esperava e desejava mostrar a irracionalidade e preconceitos deles, para justificar o meu ateísmo. Mas em contrapartida, apresentou-se um Deus que era o Logos; não um ditador sobrenatural que esmaga a razão humana; mas a fonte da bondade e verdade objectivas, que expressa a Si mesmo, para a qual se orienta a nossa razão, e onde alcança a sua plenitude; uma entidade que não controla a nossa moral de maneira robótica, mas que é a fonte da nossa percepção moral…”.
O facto é que aquilo que Megan encontrava não era o que os autores do “novo ateísmo” diziam. “Era uma percepção da fé mais humana, subtil e, sim, credível, do que esperava. Não me conduziu a uma epifania espiritual dramática, mas animou-me a procurar mais o catolicismo, a reexaminar com um olhar mais crítico alguns problemas que tinha com o ateísmo”.
Os problemas da moral sem Deus
Megan entendia que uma moralidade sem Deus tem duas tendências problemáticas, ou é tão subjectiva que chega a ser absurda, ou tenta seguir uma suposta lógica estreita que leva a resultados tão desumanizantes que causa repugnância.
As teorias éticas que melhor superavam estes problemas, entendeu, eram teístas, e depois de ler Bento XVI o teísmo não parecia assim tão absurdo.
Dawkins não entendeu Tomás de Aquino
Outro problema presente no “novo ateísmo” é a metafísica. “Percebi logo que confiar nos novos ateus para ter argumentos contra a existência de Deus foi um erro, porque Dawkins, por exemplo, trata de maneira desdenhosa Santo Tomás de Aquino em “Deus, um delírio”, Dawkins só aborda um resumo das Cinco Vias e sem entender aquilo que apresentam. Foquei-me nas ideias tomistas e aristotélicas, e vi que apresentavam uma explicação válida do mundo natural, uma explicação que os filósofos ateus não souberam atacar de maneira coerente”, escreve Megan.
Megan procurou incoerências e inconsistências na fé católica, mas teve que admitir que uma vez aceitando a sua estrutura e conceitos básicos, tudo se encaixa “com uma velocidade impressionante”.
O grande obstáculo: a moral sexual
A exigente moral sexual católica começava a ter sentido quando era abordada a partir dos textos da “Teologia do Corpo” de João Paulo II. George Weigel deu a ideia fundamental em “Cartas a um jovem católico”, quando disse: “as coisas importam”. No catolicismo o sexo importa, o corpo importa, a vida e a fertilidade importam, o que se faz é importante, tem consequências e expressa algo.
“A moral sexual católica não é uma lista de proibições, como pintam por aí”, escreve Megan em seu blog. “É o reconhecimento de que existe uma harmonia entre Deus e a humanidade que está incrustada no mundo material, que se manifesta de uma forma assombrosa e aguda na complementaridade entre o homem e a mulher e o seu chamamento a ser uma só carne”.
Megan, que cresceu numa Inglaterra de liberalismo sexual absoluto, assinala “o facto de que os métodos contraceptivos são responsáveis por quase dois terços dos abortos do Reino Unido, e as doenças sexualmente transmissíveis alcançam níveis altos, históricos”, para indicar o fracasso do “sexo-sem-consequências”.
Sobre o feminismo, constata que a cultura pansexual converteu a mulher num mero objecto, não num ser humano com igual dignidade, e que desconhece a realidade da fertilidade feminina e os seus ritmos naturais.
A “Teologia do Corpo” e a moral sexual católica oferecem assim “um modelo de relações humanas que é seguro, duradouro e comprometido, com bases sólidas, ordenado para a unidade e a vida. O ideal católico das relações humanas é um desafio exigente, mas um desafio rumo à excelência, para ser fiéis às nossas necessidades reais.”
É a vontade, não o intelecto
Megan deu-se conta de que os livros a levavam à fé, mas que, apesar disso,“a fé não é um exercício intelectual, um assentir a certas proposições, mas um acto radical da vontade, que gera uma mudança total na pessoa”. Percebeu como eram os católicos que conhecia, gostou e deu o passo.
No Domingo de Pentecostes de 2013, Megan foi baptizada e ingressou, assim, na Igreja Católica.
Hoje defende que “para cada ateu confesso e embasado, existe outro sem nenhuma experiência pessoal com a religião, nem interesse no debate, que simplesmente se deixa levar pela corrente cultural. Espero ser um exemplo, ainda que seja pequeno, da actuação do catolicismo, numa era em que quase sempre lhe parece tão oposta”.
in Religión em Libertad (Tradução: Reparatori)
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