quinta-feira, 11 de junho de 2015

Como é frágil o nosso coração

Como é frágil o nosso coração 
que mesmo quando procura ser humilde 


corre o risco de esperar reconhecimento.

Quando penso em humildade,
fixo a minha atenção quase sempre em gestos e palavras
e procuro a contenção, a discrição e não poucas vezes o silêncio,
isto é, não dar nas vistas.

Embora nem sempre me seja fácil
é um caminho razoavelmente viável
e, quando assim faço, vivo por momentos a ilusão da humildade.

Mas um exame de consciência sério que me leve mais fundo

até aos claros-escuros da minha consciência
depressa me desfaz aquele conforto passageiro.

A raiz do problema não está na discrição da aparência.

Onde tropeço mesmo, é na atitude do meu coração
que se arroga presumir certezas e verdades
que se apressa a julgar e a condenar
que resiste ao conselho e à obediência.

A humildade quando aí acontece
não há olhos do mundo que a exaltem.

E por ser tão funda e íntima,
protege-me de reconhecimentos e vanglorias.

Mas ainda assim, permanece o risco de fazer de mim
autor de pretensos passos de perfeição
e juiz de mim próprio,
acabando peregrino solitário de um mundo adverso.

Não foi em vão que o Senhor me quis membro de um Povo
onde encontro quem me corrige e me conduz,
quem me perdoa e estende o braço.

A Igreja é esse lugar concreto onde, assim se aprende
o significado verdadeiro do que é ser amado.

Rui Corrêa d'Oliveira


blogger

Sem comentários: