sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Papa em Nova Iorque - Apostolado só é possível com Sacrifício

Esta bela Catedral de Saint Patrick, construída há muitos anos através dos sacrifícios de muitos homens e mulheres, pode servir de símbolo do trabalho de gerações de sacerdotes e religiosos americanos e fiéis leigos que ajudaram a construir a Igreja nos Estados Unidos. Só no campo da edução, quantos padres e religiosos neste país tiveram um papel central, ajudando os pais ao dar aos seus filhos a comida que os fortalecerá para a vida! Muitos fizeram-nos com um extraordinário sacrifício e uma caridade heróica. (...)

Esta noite, meus irmão e irmãs, junto-me a vós - sacerdotes e homens e mulheres de vida consagrada - a rezar para que as nossas vocações continuem a construir o grande edifício do Reino de Deus neste país. (...) Esperando ajudar-vos a perseverar no caminho de fidelidade a Jesus Cristo, gostava de oferecer-vos duas breves reflexões.
(...)
Um segundo tema é o espírito de trabalho árduo. Um coração agradecido é espontaneamente impelido a servir o Senhor e a encontrar expressão numa vida dedicada ao nosso trabalho. Assim que nos apercebemos o quanto Deus nos deu, uma vida de sacrifício, de trabalhar para Ele e para os outros, torna-se uma forma priveligiada de responder ao seu amor enorme.

No entanto, se formos honestos, sabemos quão facilmente o generoso espírito de sacrifício se pode esvaziar. Há muitas maneiras de isto poder acontecer; ambas são exemplos daquela "mundanidade espiritual" que enfraquece o nosso compromisso de homens e mulheres de vida consagrada para servir e diminui o espanto, a maravilha, do nosso primeiro encontro com Cristo.

Podemos dar por nós a medir o valor dos nosso trabalhos apostólicos com os padrões de eficiência, boa gestão e sucesso exterior que controlam o mundo dos negócios. Não que essas coisas não sejam importantes! Foi-nos confiada uma grande responsabildiade e o povo Deus espera de nós com razão uma responsabilização. Mas o verdadeiro valor do nosso apostolado é a medida do valor que tem aos olhos de Deus. Para ver e avaliar as coisas pela perspectiva de Deus é nos exigida uma conversão constante nos primeiros dias e anos da nossa vocação e, escuso de dizer, é nos pedida uma grande humildade. A cruz mostra-nos uma forma diferente de medir o sucesso. O nosso trabalho é semar: Deus encarrega-se dos frutos dos nossos esforços. E se às vezes os nossos esforços e trabalhos parecem falhar e não produzir fruto, temos que nos lembrar que seguimos Jesus... e a sua vida, humanamente falando, fracassou, no fracasso da cruz.
O outro perigo surge quando nos tornamos invejosos do tempo livre, quando pensamos que rodear-nos dos confortos do mundo nos vai ajudar a servir melhor. O problema disto é que bloqueia o poder da chamada diária de Deus à conversão, ao encontro com ele. Lentamente, mas sem dúvida, diminui o nosso espírito de sacrifício, o nosso espírito de renúncia e de trabalho árduo. Também escandaliza as pessoas que sofrem de pobreza material e são obrigadas a fazer maiores sacrifícios que nós, sem serem consagradas. Precisamos do descanso, como os momentos de lazer e de enriquecimento próprio, mas temos que aprender a descansar de uma forma que aprofunde o nosso desejo de servir com generosidade. A proximidade ao pobre, ao refugiado, ao imigrante, ao doente, ao explorado, ao idoso que vive sozinhos, aos prisioneiros e a todos os outros pobres de Deus ensinar-nos-à uma maneira diferente de descansar, que é mais Cristã e generosa.
(...)

Queridos irmãos e irmãs, daqui a nada, em uns minutos, vamos cantar o Magnificat. Peçamos a Nossa Senhora pelo trabalho que nos foi confiado; juntemo-nos a ela a agradecer a Deus pelas maravilhas que operou e pelas grandes coisas que continuará a fazer em nós e naqueles que temos o privilégio de servir. Amen.

Papa Francisco, Vésperas com os sacerdotes e religiosos, 24.Set.2015


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