A Mãe tem um cargo directivo de grande responsabilidade e intensidade. O Pai tem um trabalho que, com frequência, invade fins-de-semana e férias. A filha tem sete anos. São os Avós que a vão buscar à escola porque a Mãe trabalha até tarde. E o Pai também.
Este é o filme da vida de uma boa parte das famílias portuguesas. Dá pano para mangas para conversas sobre conciliação entre o trabalho e a família. E dá também sustento a muitos psicólogos e outros profissionais da saúde mental das pessoas.
Mas na casa desta família nada disto é dramático. Os Pais espalham alegria, vitalidade e disponibilidade para os outros. A filha, além de alegre, é duma esperteza e duma perspicácia que impressionam e fazem sorrir. Qual é o segredo?
Aqui há tempos a Mãe contava-me, divertida, uns palpites que a filha tinha dado sobre a equipa que a Mãe dirige e como aproveitá-la melhor. E o mais engraçado é que as observações eram pertinentes! Semanas depois, a Mãe tinha que preparar uma apresentação pública no seu trabalho. Falou disso em casa. Estava à procura de uma maneira criativa de ilustrar uma determinada ideia. De repente, ouve-se a voz da filha: “podia ser ‘As Crónicas de Narnia’, ficava mesmo bem!” Era o livro preferido dela, lido e relido em família. A Mãe olhou-a espantada. É que a ideia era mesmo boa. Pegou nela, tratou-a, usou-a e foi um sucesso!
Fiquei a pensar nesta história e em tudo o que ela tem dentro. Primeiro, uma Mãe que fala do seu trabalho em casa, como uma coisa boa e interessante. Sobretudo como uma coisa real, que não se deixa à porta porque faz parte da vida. Não só da sua, mas da dos seus.
Depois um Pai que está sempre pronto a ajudar toda a gente, para quem os problemas dos outros não são um peso, mas sim uma provocação. Lembrei-me das crianças e jovens em dificuldades graves que esta família já acolheu no seu pequeno apartamento. E também das Avós e Tias velhinhas que nesta casa têm sempre lugar e carinho.
Uma criança, que cresce assim, vê o trabalho da Mãe como parte da sua vida e aprende com o Pai a tomar cada dificuldade alheia como um desafio a encontrar uma solução. Nada é estranho, nada é inimigo, nada é inconciliável. Além disso conhece C. S. Lewis pela voz dos Pais, ainda antes de saber ler. Porque lá em casa contar histórias não é um soporífero, é um acontecimento. E por isso não serve qualquer uma, tem que ser bonita e ter dentro um mistério.
Enfrento esta semana desejando para mim esta unidade de vida, em que cada parte não brigue com as outras como uma guerra civil, que destrói e enfraquece. Desejo o mesmo para a família de cada um dos meus alunos. E tomo como desafio ajudar a construir uma escola, onde se aprenda a viver assim.
Madalena Fontoura in fundacaomariaulrich.blogspot.pt
4 comentários:
Faz-me lembrar algumas mães que eu conheço...
Que harmonizando o carinho com a transmissão da fé embalava os seus filhos pequeninos dizendo-lhes "sonhos lindos, com Jesus e Nossa Senhora"...
Faz-me lembrar algumas mães que eu conheço...
Que harmonizando o carinho com a transmissão da fé embalava os seus filhos pequeninos dizendo-lhes "Sonhos lindos, com Jesus e Nossa Senhora"...
Ir. Benedita asm
Obrigado Irmã Benedita, pelo que nos vai dizendo aqui nos comentários do blog!
É um óptimo apoio.
Caro Nuno
Confesso que este comentário foi propositadamente "provocador"... pois bem sabia que imediatamente reconheceria o que escrevi e saberia a quem me referia...
Tenho efetivamente uma grande estima pela pessoa a quem me referi (e continuo a referir) veladamente...
Aproveito para lhe desejar muitas felicidades para o próximo dia 12... Pedirei a Nossa Senhora de Guadalupe por si e pela Leonor...
Com os melhores cumprimentos,
Ir. Benedita asm
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