segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Eu era ateu sem esperança na vida mas arrisquei: resolvi rezar

No meio da escuridão dos ataques de pânico, da depressão e da ansiedade, Deus trouxe-me a cura e a fé através da Igreja católica. Os cristãos de longa data têm dificuldades para imaginar como deve ser a cabeça de um ateu. E os ateus de longa data ficam igualmente perplexos pensando o quão ingénuo deve ser alguém que acredita em Jesus. Eu vivi os dois lados e contei a minha história em “The Journey Home” [A Viagem para Casa].

Uma prece desesperada

Eu tinha sido ateu durante a minha vida toda, mas guardava um segredo terrível: todos os dias era atormentado por um medo paralisante e uma ansiedade insofrível. Eu tinha medo de ser humilhado na frente dos outros. E esse mesmo medo manifestava-se de formas humilhantes, criando uma profecia auto-realizada que eu não conseguia impedir de acontecer.

Tive que enfrentar o mais tenebroso dos desesperos: a ausência da esperança. Passei a perceber por que há pessoas que se suicidam. Quando não se tem esperança e se vive num constante sofrimento, a pessoa quer que a sua vida acabe de uma vez. Eu queria. Mas ainda não estava pronto para desistir.

Um dia resolvi pegar na Bíblia e começar a ler. Eu fiz apenas uma oração: "Deus! Eu não acredito em Ti! Mas preciso de ajuda. Se existes mesmo, por favor, ajuda-me!".

Um rebento que nasce

Comecei a ler a bíblia, mas, verdade seja dita, aquilo não fazia muito sentido. Se eu fosse Deus, teria colocado algumas explicações adicionais e, talvez, um esboço mais detalhado, para que as pessoas interessadas pudessem ter uma visão geral mais clara...

Mesmo assim, alguma coisa estava a acontecer dentro de mim. Pouco a pouco, fui sentindo a fagulha de um início da fé. Eu não tinha fé nenhuma, mas comecei a pensar que talvez Deus pudesse existir. A minha ansiedade diminuiu um pouco. Eu nem teria percebido, se não fosse pelo facto de, ao longo dos quatro anos anteriores, a ansiedade ter aumentado de modo constante. Ela nunca tinha diminuído até então, nem sequer durante curtos períodos. Aquela mudança incentivou-me a continuar lendo e orando, sem me importar com o quanto a Bíblia me parecia ininteligível.

Eu procurava proteger a pequena fé que estava tentando brotar, porque eu precisava dela! Todas as minhas dúvidas ateístas queriam destruí-la. Mas o ateísmo já tinha tido a oportunidade dele. Agora era hora de tentar algo que me trouxesse esperança e verdade.

Abrem-se as comportas

Eu não sei como (só posso repetir o cliché que afirma que “foi Deus”), mas, depois de meses de leitura da Bíblia e de oração, a fé explodiu no meu coração e Deus entrou feito um furacão! Eu superei o ateísmo e voltei a minha fé para Cristo, arrependido dos meus pecados. Este é um mistério perpétuo: esta forma como Deus transforma uma pessoa, especialmente uma pessoa que não acreditava n'Ele.

Entrei para a Igreja baptista. Passava quatro horas na igreja todos os Domingo, participava dos estudos bíblicos, servia os pobres.

Senti o chamamento a ser baptizado e, certa manhã, subi ao altar dos chamados. Todos aplaudiram. Eu estava muito nervoso. Foi no segundo andar do auditório, com uma placa de vidro transparente na lateral do tanque de água. Toda a congregação de mil pessoas poderia ver-me quando eu submergisse. O pastor disse-me baixinho quando eu estava prestes a ser baptizado: "Só temos uma regra: dobre os joelhos quando eu o submergir e assim eu consigo levantá-lo de volta. Não dobre os joelhos e não sobe mais de volta".

Fui baptizado. A minha fé foi crescendo aos trancos e barrancos. Tornar-me cristão foi a coisa mais importante que aconteceu comigo. Obrigado, Jesus!

À procura de certezas

Mas eu logo percebi que havia alguma coisa errada. Jesus disse, em João 17, que nós, os seus seguidores, deveríamos ser uma unidade perfeita. Mas não éramos. Os cristãos estavam horrivelmente divididos, e em torno de questões muito importantes. Quem estava certo? Quem estava errado? Ou estávamos todos errados? Talvez Deus tivesse deixado a Igreja e todos os cristãos acreditarem numa série de erros e ninguém mais pudesse conhecer a verdade plena...

Se fosse este o caso, como é que poderíamos cumprir a directriz de Jesus de adorar a Deus em espírito e em verdade (João 4)? Por que Ele disse que o Espírito Santo levaria os apóstolos ao conhecimento de toda a verdade? Se Ele disse isto, só pode ter sido a sério. E Ele deve ter feito com que isto fosse possível.

Mas quem, então, estaria protegido por Deus contra o erro? Os baptistas não reivindicavam essa certeza, nem qualquer outro dos protestantes. Só os mórmons, os católicos e os ortodoxos orientais afirmavam com alguma credibilidade possuir a plenitude da verdade.

Comecei a estudar, pensar e orar. O meu pavor era a Igreja Católica. Eu temia-a como temia poucas coisas na vida. Ela tinha que estar errada em muitas questões: contracepção, Maria, o Papa, os santos, o purgatório...Como é que esse tipo de coisas poderia ser defendido por alguém?

Eu pretendia manter a minha firme rejeição ao catolicismo quando comecei a ler sobre esses temas. Para mim, bastaria apenas ver o quanto os argumentos católicos eram frágeis e fim.

Só que...os argumentos católicos não eram frágeis. Eram muito bons! E os contra-argumentos apresentados pelo catolicismo a quem o atacava também eram fortes. Como é que eu saberia que livros da Bíblia eram inspirados por Deus? Hmm, boa pergunta. Comecei a explorar o assunto. Dei um nó na minha mente ao tentar descobrir como o protestantismo poderia reconstituir com clareza o seu próprio caminho rumo à “Sola Scriptura”.

Eu lia cada vez mais. Algum protestante tinha que ter achado uma férrea linha de raciocínio sobre isso. Mas eu procurei, procurei e não encontrei nada que me convencesse. Li muitas teorias e explicações de como um protestante podia conhecer com certeza o cânon das Escrituras, mas, mesmo sendo um protestante que queria continuar a ser protestante, eu via a fraqueza dos argumentos que estava lendo.

A caminho da verdade

Havia poucas coisas que eu desejava menos do me tornar católico. Até a palavra "católico" me dava repulsa. Mas Deus tinha me trazido do ateísmo à fé e não iria me enganar justo agora. Eu pedi-Lhe, com toda a confiança, que, caso eu fosse fazer algo de errado, Ele gentilmente me matasse ou me mostrasse que aquilo estava errado. E Ele não fez nenhuma das duas coisas.

Tornei-me católico

Treze anos depois, eu continuo católico e nunca me arrependi. Não que a Igreja não tenha problemas, porque tem muitos, mas, pela graça de Deus, o que ensina é verdadeiro. A Igreja é o único refúgio seguro contra a confusão do mundo. Deus protege-a. E eu sou e serei eternamente grato a Deus pela Sua grande misericórdia para comigo.

Devin Rose in Aleteia


blogger

Sem comentários: