Mons. Joseph Strickland, Bispo da Diocese de Tyler (Texas, EUA), volta a representar a ala "rebelde" do episcopado americano ao recordar que a razão de ser da hierarquia eclesiástica é a salvação das almas.
"Tudo o que se falou neste Verão foi: 'Temos de nos preocupar com o aquecimento global'. Mas esse não é o nosso trabalho", afirma o Bispo de Tyler numa entrevista concedida à Catholic News Agency. "Creio que percebemos tudo mal. Como Bispos a nossa prioridade é a santidade do povo de Deus, a salvação das almas."
É como se a ordem do Vaticano de proibir que os Bispos Norte-Americanos, reunidos em Baltimore, votassem medidas para combater a crise dos abusos sexuais tivesse sido a gota de água que fez transbordar o copo, e entre os bispos mais determinados a travar o processo de transformação da Igreja americana em mais uma ONG está o Bispo Strickland.
Strickland que, após a divulgação do testemunho de Viganò no passado Verão, foi o primeiro a pedir que se investigassem as acusações feitas pelo ex-núncio, cuja integridade fez questão de enfatizar, referiu-se de forma indirecta, com este primeiro comentário, aos comentários do Cardeal Blaze Cupich, Arcebispo de Chicago, quando referiu publicamente que o Papa não podia perder tempo respondendo a Viganò porque tinha "outros assuntos na agenda".
Não foi a única referência indirecta a clérigos famosos. Na sua intervenção diante dos seus pares, referiu: "Há um sacerdote que agora anda por aí a dizer basicamente que não crê nos ensinamentos da Igreja", numa clara alusão ao mediático Padre Jesuíta James Martin, assessor do Vaticano para a Comunicação, autor e autodenominado "Apóstolo dos LGBT". "Temos de nos questionar e perguntar se deve ter presença nas nossas dioceses". Um grupo de Bispos aplaudiu a declaração.
Strickland pronunciou inclusivamente a palavra proibida, aquela da qual Roma e os Bispos tão habilmente fugiram desde o início da crise ao dizer: "Temos que nos perguntar como pôde acontecer o escândalo McCarrick. Temos que nos confrontar seriamente com a questão da homossexualidade no Clero. É parte do depósito da nossa fé crer que a actividade homossexual é imoral. Cremos ou não na doutrina da Igreja?"
Na entrevista à CNA, Strickland mostrou-se impaciente face à lentidão da investigação ao caso McCarrick que "está a levar demasiado tempo" e defende que a Igreja americana leve a cabo a sua própria investigação em simultâneo com a que supostamente está a ser conduzida por Roma: "Tem de existir arquivos", insiste Strickland. "Ele é americano, todo o seu sacerdócio foi exercido nos Estados Unidos. Certamente que o podemos fazer."
Voltou a referir-se ao testemunho de Viganò que, disse, "veio trazer à luz, de certa forma, questões de fundo dentro da Igreja, questões relativas à decadência moral no conjunto do Clero."
O Bispo de Tyler insistiu em que "a questão central" está em procurar a salvação das almas "das vítimas dos perpetradores. Como Bispos temos de nos preocupar com a salvação da alma de Theodote McCarrick."
"Sou um pastor, tenho o meu rebanho", concluiu Strickland. "E as ovelhas estão a sangrar, estão a ser massacradas, estão a ser atacadas pelos lobos. Não podemos estar preocupados com a cor com que vamos pintar o redil."
in Infovaticana
Tradução: Senza Pagare
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