sábado, 13 de abril de 2019

Por que razão é importante a intervenção de Bento XVI sobre os abusos sexuais?

O que está na raiz da crise que afecta tanto a credibilidade da Fé? Estávamos todos à espera de uma resposta a esta pergunta. E eis que surge uma carta escrita por um bispo velhinho, que durante alguns anos se sentou na cadeira de Pedro. Mesmo oculto aos nossos olhos, a sua voz é inconfundível. É a voz de um pai. Bento XVI escreveu sobre a pergunta que fazíamos.

A sua resposta mais fundamental é tão simples que é desarmante: o Homem afastou-se de Deus.

No entanto, Bento XVI trata o modo como o Homem se afastou de Deus em detalhes morais, sexuais e culturais. Ele concentra-se principalmente no período em que os casos de abuso sexual atingiram o seu apogeu: nos “20 anos, de 1960 a 1980”, pois foi também durante o período mais intenso de abuso que “os padrões até então vinculantes da sexualidade entraram em colapso total e surgiu uma falta de normas."

A revolução cultural de 1968, ao contrário das revoluções anteriores a ela, introduziu uma nova permissividade sexual que desequilibrou o Mundo. Como uma ruptura maníaca pós-traumática da realidade, o colapso cultural teve como repercussões inovações destrutivas na teologia moral, tornando os seminários ainda mais mal preparados para enfrentar o desafio.

Os teólogos morais estavam numa longa missão exploratória para desestabilizar o lugar da lei natural e divina, e para “actualizar” a moralidade de maneiras mais adaptáveis ​​à revolução. Bento admite que esses teólogos eram sofisticados nos seus empreendimentos, mas o objectivo era simples: os inovadores ensinavam que todo acto moral era justificado se o agente tivesse as melhores intenções. Foi uma versão inicial do argumento: "amor é amor". 

Na visão de Bento XVI, a resposta fundamental veio, em 1993, com a Veritatis Splendor, que refutou decisivamente essa forma sofisticada de "ética da situação", também conhecida por “proporcionalismo”. O Papa João Paulo II interveio autoritariamente ensinando o realismo moral: “que há acções que devem ser, sempre e em todas as circunstâncias, classificadas como um mal”.

No que seguramente será uma das linhas mais citadas da carta de Bento XVI, ele observa como essa revolução moral e sexual infestou os seminários: “Em vários seminários foram criados clubes homossexuais, que agiram de forma mais ou menos pública e mudaram bastante o ambiente nos seminários”.

C C Pecknold in 'Catolic Herald'


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