Santa Praxedes era uma dama romana cujo pai, São Pudêncio, convertido por São Paulo Apóstolo, era um amigo dos Apóstolos. Ela era irmã de Santa Pudenciana (ou Prudência).
No tempo em que o imperador Marco Aurélio perseguia os cristãos, Praxedes, dama romana, irmã de Prudenciana, ajudava aos fiéis com os seus recursos financeiros e seus cuidados, consolava-os e prestava-lhes todos os serviços que podia dispensar com a sua caridade. Escondia-os em sua casa, exortava-os a perseverar na fé, enterrava cristãmente os cadáveres. Ela não deixava que nada faltasse aos que eram aprisionados nas masmorras ou àqueles que eram tratados como escravos.
As duas irmãs mandaram construir um baptistério dentro da sua própria casa, onde já havia uma capela, para que ali os catecúmenos fossem baptizados. Foram ajudadas nas suas obras pelo Papa Pio I (140-154 d.C.) e pelo sacerdote Pastor. Prudenciana morreu martirizada aos 16 anos de idade e foi enterrada nas catacumbas de Santa Priscila, perto do seu pai, na Via Salária. Após a morte da sua irmã Prudenciana, Praxedes, oriunda de uma família nobre e tradicional, transformou os seus palácios em igrejas para onde, dia e noite, os pagãos acorriam aos milhares pedindo o Baptismo.
A polícia imperial respeitava a residência de uma descendente dos Cornelii. Mas, livre da tutela de Antonino, seu pai adoptivo, Marco Aurélio não demorou muito a ultrapassar esse obstáculo. Deu-se uma execução em massa, na qual inúmeros cristãos foram presos e massacrados.
A dama romana viu tudo desmoronar ao seu redor sem que ela própria fosse atingida. Magoada, Praxedes voltou-se para Deus e pediu-Lhe para morrer, se isso lhe fosse vantajoso. Foi chamada, no décimo segundo dia das *calendas de Agosto, a receber no Céu a recompensa pela sua piedade. O seu corpo foi depositado, pelo padre Pastor, na sepultura do seu pai e da sua irmã Prudenciana, nas catacumbas de Santa Priscila.
Praxedes é celebrada pela Igreja no dia 21 de Julho, dia da sua morte, após ter prestado assistência durante um longo tempo aos primeiros cristãos perseguidos. No ano 822 foi-lhe consagrada uma igreja reconstruída pelo Papa Pascal I. Segundo a tradição, nesta Basílica é conservado um pedaço da coluna na qual teria ocorrido a flagelação de Cristo.
Basílica de Santa Praxedes
Santa Praxedes ou Santa Passos é uma bela igreja dedicada à santa no século V e sob o papa Pascoal I cujo pontificado ocorreu de 817 a 824 foi aumentada para formar uma basílica com nave central e duas naves laterais.
Tornou-se propriedade dos beneditinos em 1198. Nos séculos seguintes foi sendo aumentada e restaurada, sem perder o seu caráter basilical. No interior há duas colunas de granito que sustentam uma arquitrave horizontal e alternam com pilares maciços, dividindo a ampla nave das naves laterais.
Acrescentaram-se arcos no século XIII, que atravessam a igreja de lado a lado. Como outras igrejas contemporâneas, foi ornamentada com ricos mosaicos. A Cidade Celeste de Jerusalém aparece acima do arco triunfal, e o Cordeiro do Apocalipse, o Livro dos Sete Selos, os Sete Candelabros, os Quatro Arcanjos e os símbolos dos quatro Evangelistas aparecem no arco da ábside.
De ambos os lados do arco, os velhos do Apocalipse trazem coroas douradas ao Cordeiro de Deus, e na cúpula da ábside aparecem as irmãs Pudenciana e Praxedes, conduzidas ao Céu. O objectivo era duplo: glorificar Deus e os santos, e ao mesmo tempo instruir os fiéis na doutrina cristã.
O mosaico da ábside é a maravilha da igreja: é carolíngio, data do século IX. Narra a história das duas santas irmãs que teriam acolhido São Pedro em sua casa. Gratos, São Pedro e São Paulo acolhem-nas no Céu e apresentam-nas a Cristo. As duas têm coroas da vida eterna, que carregam maravilhadas nas suas mãos veladas. Á esquerda surge o construtor da basílica, Pascoal I, com o modelo arquitectónico da igreja nas mãos, que estende para Cristo.
Do outro lado, São Zeno, em cuja honra Pascoal mandou construir uma capela perto da nave lateral direita. O recebimento das irmãs nos Céus tem lugar sobre um campo verde semeado de flores, onde corre o rio Jordão, tendo de cada lado Jerusalém e Belém. Isto prolonga-se no friso inferior, que mostra o Cordeiro de Deus e doze ovelhas, símbolo dos Apóstolos.
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*As calendas, no antigo calendário romano, eram o primeiro dia de cada mês quando ocorria a Lua nova. Havia três dias fixos: as calendas, as nonas (quinto ou sétimo dia, de acordo com o mês) e idos (13º ou 15º dia, conforme o mês). Dos idos é que provém a expressão "nos idos de Setembro" para expressar uma data para a segunda metade do mês.
É desta palavra que se originou o termo calendário e a expressão calendas gregas, representando um dia que jamais chegará, pois era inexistente no calendário grego.
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