Não só não devemos nos envergonhar da morte de nosso Deus e Senhor, como temos que confiar nela com todas as nossas forças e nos gloriarmos nela por cima de tudo: pois ao tirar de nós a morte, que em nós encontrou, prometeu-nos com toda a fidelidade que nos daria em Si mesmo a vida que nós não podemos chegar a possuir por nós mesmos.
E se aquele que não tem pecado nos amou a tal ponto que por nós, pecadores, sofreu o que tinham merecido os nossos pecados, como é que depois de nos haver justificado deixaria de nos dar o que é justo? Ele, que promete com verdade, não nos daria os prémios dos santos, se suportou, sem cometer iniquidade, o castigo que os iníquos lhe infligiram?
Confessemos, portanto, intrepidamente, irmãos, e declaremos bem às claras que Cristo foi crucificado por nós: e façamo-lo não com medo, mas com júbilo, não com vergonha, mas sim com orgulho.
O apóstolo Paulo, que se deu conta deste mistério, proclamou-o como um título de glória. E embora pudesse recordar muitos aspectos grandiosos e divinos de Cristo, não disse que se gloriava destas maravilhas – que tivesse criado o Mundo, quando, como Deus que era, achava-se junto do Pai, e que tivesse imperado sobre o Mundo, quando era homem como nós – mas sim: "Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo."
Santo Agostinho in Sermão Güelferbitano 3
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