terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Os números da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X em 2025

Número total de membros: 1482
- Bispos: 2
- Sacerdotes: 733
- Seminaristas: 265
- Irmãos: 145
- Oblatos: 88
- Irmãs: 250

Idade média dos membros: 47 anos
Membros falecidos: 99
Nacionalidades: 50
Países onde a FSSPX está presente: 77
Distritos e Casas Autónomas: 17

Lugares de culto:
- FSSPX: 798
- Comunidades aliadas: 79

Seminários: 5

Número de casas:
- FSSPX: 184
- Comunidades aliadas: 19

Colégios:
- FSSPX: 94
- Comunidades aliadas: 46


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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

Puer Natus in Bethlehem

Hino de Natal em latim e português
Legendas: Iniciativa Condor


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'O Deus Na Caverna' de Cherterton: uma descrição magnífica do Natal

Este esboço da história humana começou numa caverna: a ciência popular associou o conceito de caverna ao de cavernícola. Nas cavernas descobriram-se desenhos arcaicos de animais. A segunda metade da História humana, que equivale a uma nova criação do mundo, começa, também, numa caverna.

E para que a semelhança seja maior, também existem animais nesta caverna. Porque se trata de uma cova usada como estábulo pelos montanheses que habitavam as terras altas dos arredores de Belém e que, ainda hoje, recolhem, ao cair da noite, os seus gados a esses lugares. A ela chegou, uma noite, um casal sem lar, que teve de compartilhar, com as bestas, daquele refugio subterrâneo, depois de todas as portas das casas da povoação se lhes terem fechado, surdas às suas súplicas.

Foi aí, debaixo da terra pisada pelos indiferentes, que nasceu Jesus Cristo. Mas, nesta segunda Criação havia, sem dúvida, alguma coisa de simbólico como nas rochas primitivas. Deus foi, também, um cavernícola; também Ele desenhou figuras estranhas de criaturas, de caprichoso colorido sobre os muros do mundo, porém, a estas figuras lhe deu Ele vida desde logo.

A lenda e a literatura, inesgotáveis, repetem, à saciedade, as variantes deste paradoxo: que as mãos que fizeram as estrelas e o sol foram tão pequenas que não alcançaram, sequer, à cabeça das bestas que cercavam o seu berço. Sobre este paradoxo, sobre esta pilhéria, diríamos melhor, se funda toda a literatura da nossa Fé. O gracejo escapa à toda a crítica científica, tem todas as virtudes da verdade, salvo a de não ser verdade.

O contraste entre a criação cósmica e o nascimento infantil e minúsculo foi repetido, reiterado, sublinhado, cantado e salmodeado em centenas de milhares de hinos, de ritos, de cânticos, de poemas, de descrições e de pinturas. Por ele, necessita-se de um espírito crítico muito superior para emancipar-se da sugestão constante da associação de ideias. 

Os críticos modernos dão uma grande importância à educação na vida e à psicologia na educação. Estão fartos de dizer-nos que as primeiras impressões são as que fixam o caráter, assinalando, como exemplos angustiosos o do rapaz que perturba seu sentido visual com as cores falsas de um prisma, ou cujos nervos são prematuramente sacudidos por um exterior cacofônico. Nós fundamos, precisamente nisto, a nossa afirmação de que há uma diferença entre o nascer cristão e o nascer judeu, muçulmano ou ateu.

As crianças católicas, em vez disso, aprenderam tudo nos cadernos e nas estampas. As protestantes nas narrativas, e uma das primeiras impressões recebidas pela sua imaginação foi esta combinação terrível de ideias em contraste. Não se trata simplesmente de uma diferença teológica, mas sim de uma diferença psicológica. 

Os agnósticos e os ateus, que na sua juventude conheceram o Nascimento, que assistiram a esta festa cristã, não poderão nunca impedir, por maiores esforços que façam, que na sua mente se opere esta associação de ideias: a ideia de um menino e a ideia de uma força desconhecida capaz de sustentar as estrelas. O seu instinto fará, imediatamente, esta associação de ideias, por mais que a sua razão procure convencer-se de que não há necessidade de realizar-la. 

Mais ainda: a simples visão de um quadro que representa uma mãe com um filho terá para ele como que um sabor de religião, e, da mesma maneira, experimentará uma sensação de piedade e de ternura com a tão só menção do nome de Deus. Ainda que ambas estas ideias não necessitem estar combinadas. Naturalmente que não seriam associadas para a imaginação de um grego ou de um chinês antigos, fossem eles Aristóteles ou Confúcio.

Não obstante se hão arraigado em nossa mente, porque somos cristãos, e em consequência da Natividade. Quer isso dizer que psicologicamente somos cristãos, ainda que teologicamente não queiramos sê-lo. Há uma grande diferença entre o homem que sabe e o que não sabe. É indispensável que esta diferença exista entre o muçulmano, o judeu e nós mesmos, para que no nosso horóscopo particular se verifique essa cruz de duas luzes particulares, essa conjunção de duas estrelas. Omnipotência e impotência, ou divindade e infância, formam, definitivamente, uma espécie de epigrama que não se pode apagar nem desfigurar por milhões e milhões de vezes que se repita. Belém é, enfaticamente, o lugar onde os extremos se tocam.

Aqui começa — não é necessário dizê-lo — uma nova influência para a humanização do Cristianismo.
Se o mundo necessitasse tomar um aspecto do Cristianismo que não desse lugar a controvérsias, seguramente escolheria o Natal. E não é necessário falar do que se poderia estimar um aspecto controvertível (não quero em um só instante de meu raciocínio imaginar porque): o respeito unânime à Santíssima Virgem. Quando eu era pequeno, uma geração mais puritana opôs-se à colocação de uma estátua, numa igreja paroquial, representando a Virgem e o Menino Jesus. Depois de muitas discussões, transigiu-se em que se suprimisse o Menino. Acreditava-se que a Mãe tornava-se menos perigosa despojando-a do que lhe era uma espécie de defesa.

Tudo inútil. Não se pode arrancar dos braços da estátua de uma Mãe a figura do seu recém-nascido. Não se pode separar dela. Da mesma maneira, não se pode suspender no ar a ideia de um recém-nascido, isola-la, esmiúça-la. A ideia da Mãe vai, forçosamente, unida, associada. Não se pode chegar ao filho senão através da Mãe. Se pensamos em Cristo, neste aspecto, a ideia segue, como segue a história. Não se pode separar a ideia de Cristo da ideia da Natividade, e, como nos quadros antigos, compreender que estas duas sagradas cabeças estão demasiado juntas, demasiado unidas, para que seja possível estabelecer uma separação entre os halos luminosos que as circundam.

O Universo reencontra-se. No meu entender, todos os olhares de poderio e de esforço esparramados por fora, pelas coisas grandes, voltam-se, agora, para dentro, para as coisas menores. As imagens multiplicam ante esta maravilha de múltiplos olhares convergentes que dão às imagens católicas tantas cores como as que tem a cauda do pavão real. Deus, que fora, sempre, uma circunferência, é considerado como um centro, e um centro é infinitamente pequeno. A espiral espiritual vem de fora para dentro não de dentro para fora. É, neste sentido, centrípeta, não centrífuga. A fé se converte, em muitíssimos aspectos, numa religião de coisas pequenas. Mas, as suas tradições, consagradas na arte, na literatura e nas lendas populares, justificam, suficientemente, esse maravilhoso paradoxo que significa a Divindade no berço. Talvez não se tenha concebido, ainda, com tanta clareza, a significação da Divindade na Caverna.

Tem se procurado reproduzir a cena de Belém com a maior pontualidade de tempo e de espaço, de paisagem e de arquitetura. Mas, enquanto todos coincidem em que se trata de um estábulo, poucos sabem que se trata, também, de uma caverna. Alguns críticos têm querido encontrar uma contradição entre estas duas coisas, de forma que demonstram saber muito pouco dos costumes da Palestina. E, como tenham visto diferenças em onde não as há, bom será assinalar essas diferenças onde elas existem. 

Porque um crítico bem conhecido disse, por exemplo, que Cristo, nascido numa caverna rochosa, é como Mitra, saindo de uma rocha. Fez, assim, uma paródia de religião comparativa, comparando uma mentira com uma história. Isto, à parte da ideia de Palas saindo amadurecido do cérebro de Zeus, é o que mais se pode opor à ideia de um Deus nascido como um menino qualquer e em situação de dependência absoluta da sua mãe. É estúpido procurar equipará-las apenas pela repetição do conceito pedra. Tão estúpido como comparar o castigo do Dilúvio com o baptismo no Jordão, porque em ambos os acontecimentos intervém a substância água.

O evidente é, como dizia antes, que a caverna não foi interpretada tão comum e claramente como um símbolo, como as demais realidades que cercam a primeira Natividade. A explicação pode ser encontrada na dificuldade que apresenta o achado de uma nova dimensão. Cristo nasceu não só na superfície do mundo, mas, dentro do mundo. O primeiro acto do drama divino desenvolveu-se não no cenário superficial, à vista dos que o olhavam, senão num cenário escondido e escuro, distante da luz; e é esta uma ideia muito difícil de expressar-se de uma maneira artística. Os artistas de todos os tempos, quanto mais sabiam de realismo e de perspectiva, menos podiam pintar, ao mesmo tempo, os Anjos no Céu e os rebanhos nas colinas, e a glória da obscuridade, debaixo e dentro dessas colinas.

Seria inútil procurar dizer nada de original, nada de novo, acerca da concepção de uma divindade nascida como um Jesus Cristo, como um caído sem lar e sem lei, e, precisamente, com os atributos da máxima lei e do máximo dever para os pobres e para os sem lei. Naquele momento é quando adquire profunda e verdadeira significação a verdade de que já não há mais escravos. Haverá, não obstante, gente que carregue com este título legal, enquanto a Igreja não tiver poder suficiente para extirpá-lo; mas, já não existirá o estado de servilismo dos pagãos. O indivíduo adquire uma importância nova. Um homem não pode já ser um simples meio para um fim. De nenhuma maneira, o meio para o fim de outro semelhante. 

Este facto popular e fraternal tem sua analogia com a história dos Pastores que se encontraram, tête-a-tête, um dia, falando com o Rei dos Céus. Os homens do povo, os homens humildes, como os pastores, foram, em todas as partes, os criadores dos mitos. Foram eles os criadores das ideias venturosas, da mitologia, que foi bem como um afã de investigação. Souberam decifrar que a alma de uma paisagem é uma história e a alma de uma história é uma personalidade.

O racionalismo destroçara já estes tesouros de imaginação, realmente irracionais, do homem rústico, ao qual se arrancava do lar com um procedimento sistemático de escravidão. Sobre todas estas ingenuidades caiu um crepúsculo de desilusão. As Arcádias desaparecem ao tirarem-nas do bosque. Pan morreu, e os pastores esparramaram-se com as suas ovelhas. E, no entanto, a hora estava próxima em que tudo ia mudar. Ainda que ninguém o ouvisse, estava próxima a hora em que das montanhas partiria um grito de libertação, numa língua desconhecida. 

Os pastores encontravam, afinal, o seu pastor. O que encontravam, então, estava de acordo com as coisas que viam todos os dias. O populacho equivocou-se em muitas coisas, mas não se equivocou crendo que as coisas sagradas teriam uma habitação, e que a Divindade não necessita desdenhar dos limites do tempo e do espaço. Os bárbaros que conceberam a fantástica ideia do sol captado e encerrado numa caixa, ou o mito selvagem daquele deus que era resgatado com a pedra com que abatia a seu inimigo, estavam mais aproximados do sublime segredo da caverna e sabiam mais das vicissitudes do mundo que todos os habitantes das cidades que circundavam o Mediterrâneo e que se contentaram com frias abstrações ou com generalizações cosmopolitas; mais que todos os que fiavam delgadíssimo o pensamento na troca do transcendentalismo de Plauto ou do orientalismo de Pitágoras.

Todos sabemos que na representação da história popular dos pastores, em autos e comédias, atribui-se a eles o vestido, o idioma e a paisagem, separadamente das comarcas de Europa e da Inglaterra. Sabemos, também, que, desses pastores, uns falam o dialeto de Somerset, e outros nos dizem que levam o seu gado de Conway para Clyde. Muitos sabemos, não obstante, quanta verdade encerra este erro, quão sábio, quão artístico, quão intensamente cristão e católico é este anacronismo. Por isso é lamentável que alguns críticos modernos vejam só um classicismo forçado no facto de que homens como Crashaw e Herrick concebessem os pastores de Belém sob a forma dos pastores virgilianos. E, não obstante, eles estão certos, e, convertendo sua comédia de Belém em uma égloga latina, não fizeram mais do que unir os dos mais importantes degraus da história humana. Virgílio, como já vimos, representa o paganismo sensato, enfrentando o paganismo insensato que sacrifica o homem; mas, as virtudes virgilianas e o seu paganismo sensato estavam em incurável decadência, delineando um problema cuja solução não chegou a revelar-se aos Pastores.

Se o mundo houvesse feito uma escolha, ao cansar-se de ser demoníaco, se teria curado, simplesmente, com o ser sensato. Mas, também, se tivesse se cansado de ser sensato, o que teria acontecido? O sucesso esperado é o que alegra aos pastores da égloga arcadiana. Uma das églogas é considerada uma profecia do que ia acontecer. Mas onde encontramos maior identificação com o grande acontecimento é no tom e na dicção acidental do grande poeta, e, mais ainda, nas próprias frases humanas dos pastores virgilianos: incipe, parve puer, risu cognoscere matrem… Nele encontram o melhor que existe nas remotas tradições dos latinos. Alguma coisa mais que um ídolo de madeira presidindo para sempre a família humana: um Deus e um Lar. A mitologia tem muitos erros, porém não andou muito mal em ser tão carnal como a Encarnação. Com voz parecida à que se supõe ressoou nas grutas, pode gritar outra vez: “Vimos, Ele nos viu, um Deus visível!”, a cuja voz os pastores dançam alegremente nos cimos sobre a frieza dos filósofos. Mas os filósofos também ouviram o grito.

Entretanto, fica, ainda, outra história estranha e bela. Os filósofos chegaram às terras do Oriente, coroados com a majestade de reis e vestidos com o mistério dos magos. Seu mistério é tão melodioso como seus nomes: Melchor, Gaspar, Baltasar. Acompanha-os toda a sabedoria que tem olhado as estrelas da Caldeia e o sol da Pérsia. Nele vemos a mesma curiosidade que impulsiona a todos os sábios. Anima-os o mesmo ideal humano, como se fossem seus nomes Confúcio, Pitágoras ou Platão.

Eram dos que indagavam, não a lenda, mas a verdade das coisas. A sua sede de verdade, era sede de Deus, e tiveram a sua recompensa. O prémio foi ver completo o que estava incompleto. Nas suas próprias traduções e nos seus próprios raciocínios encontravam confirmado que aquilo era a Verdade. Confúcio teria encontrado uma nova fundação da família na Sagrada Família. Buda veria novas renúncias: de estrelas mais que de jóias, de divindade melhor do que realezas. Buda desceria do seu paraíso impessoal para adorar a uma pessoa. Confúcio deixaria os seus templos de adoração ao passado para vir adorar a uma criança, a um Menino.

O novo cosmos era mais amplo que o velho, porque o Cristianismo é maior que a Criação, tal e como era antes de Cristo, porque nele se incluem as coisas que eram e as que não eram. Vale a pena insistir neste ponto, estabelecendo uma comparação com a crença piedosa dos chineses, que é semelhante à virtude de outras crenças pagãs. Ninguém ignora que forma parte das nossas doutrinas um razoável respeito aos pais, do qual Deus mesmo participou, durante a sua meninice, com respeito aos seus pais da terra. Mas, no respeitante ao amor dos pais, para Ele, a ideia é completamente distinta à da crença confuciana. O menino Cristo nunca é semelhante ao menino Confúcio; o nosso misticismo concebe-o numa eterna infância. A Confúcio não se lhe aparecera nunca o Menino como chegou aos braços de S. Francisco.

A Igreja contém o que o mundo não contém. A própria vida não atende tão bem como a Igreja a todas as necessidades de viver. A Igreja pode orgulhar-se da sua superioridade sobre todas as religiões e sobre todas as filosofias.

Onde têm os estóicos e os adoradores do passado um Menino Jesus? Onde está a Nossa Senhora dos muçulmanos, a mulher que não foi feita para nenhum homem e que está sentada por cima de todos os anjos? Qual é o S. Miguel dos monges de Buda, cavaleiro e clarim que guarda para cada soldado a honra da espada? Quem poderia representar S. Tomás de Aquino na mitologia do bramanismo, ele que restabeleceu a ciência e o raciocínio da Cristandade?

E o mesmo nas filosofias ou heresias modernas. Como passaria Francisco, o Trovador, entre os calvinistas e, ainda, entre os utilitaristas da escola de Manchester? Como passaria Joana d’Arc, uma mulher, esgrimindo a espada que conduzia os homens à guerra, entre os Quakers ou a seita toltoiana dos pacifistas? E, entretanto, homens como Bossuet e Pascal são tão lógicos e tão analistas como qualquer calvinista ou utilitarista, e inumeráveis santos católicos passaram suas vidas predicando a paz e evitando as guerras. Outro tanto sucede com as ultra-modernas tentativas de novas religiões. Nenhuma foi capaz de fazer uma coisa que, ainda em sendo maior que o Credo, não deixasse algo de fora.

Os teosofistas edificam um panteon, mas um panteon só para panteístas. Chamam, ostensivamente, Parlamento de Religiões ao que não é mais do que um parlamento de pedantes. Elevou-se um panteon fazem dois mil anos nas margens do Mediterrâneo e convidou-se os cristãos a colocarem a imagem de Cristo ao lado das de Júpiter, de Mitra, de Osíris, de Átis e de Amon. A negação dos cristãos foi o que mudou o curso da História. Se os cristãos tivessem aceitado, eles e o mundo inteiro, teriam caído — se nos permite a grotesca metáfora — no grande caldeirão onde se liquidavam já, em cosmopolita corrupção, todos os outros mitos e mistérios.

Há a registrar o importante facto de que os Magos, que representam no Nascimento o mistério e a filosofia, foram levados pelo desejo de indagar alguma coisa nova, e encontraram, realmente, alguma coisa inesperada. Porque, nesta ideia de investigação e de descobrimento que inspira a Natividade, chega-se, com efeito, à descoberta de uma verdade científica.

Nas outras figuras místicas da milagrosa comédia — no Anjo e na Mãe, nos pastores e nos soldados de Herodes — poderão ver-se os aspectos, às vezes, mais simples e mais sobrenaturais, porém, elementares ou mais emocionantes. Mas, aos Reis do Oriente há que considerá-los no seu desejo de sabedoria; a luz que vão receber dirige-se, directamente, ao intelecto. E a luz é esta: que o credo católico é o único católico e nada mais que católico. A filosofia da Igreja é universal. A filosofia dos filósofos não o é. 

Se Platão ou Pitágoras ou Aristóteles houvessem podido receber por um instante a luz saída da pequena cova, se convenceriam, eles mesmos, de que sua própria luz não era universal. O descobrimento desta grande verdade é o que dá a sua tradicional majestade e mistério às figuras dos três Reis; o descobrimento de que a religião abarca mais do que a filosofia, e que esta Religião é a que mais abarca de todas as religiões. O grande paradoxo do grupo que contemplamos na caverna é que, enquanto a nossa emoção tem uma simplicidade infantil, nossos pensamentos enlaçam-se com uma complexidade infinita. Contentemo-nos em dizer que a mitologia apareceu com os pastores, e a filosofia, com os Magos, e que ambas se fundaram no reconhecimento da religião.

Houve um terceiro elemento que não deve ser ignorado. Esteve presente, com efeito, desde as primeiras cenas do drama aquele Inimigo que sujou as legendas com o pecado e congelou as teorias do ateísmo. Este Inimigo não tardou em ter uma intervenção imediata. Herodes, alarmado com os rumores de que surgira um misterioso rival, revive o gesto selvagem dos caprichosos déspotas da Ásia, e ordena o assassinato da nova geração popular. Toda a gente conhece a história, mas nem todos perceberam o seu significado, nem, ainda, o flagrante contraste em que está com as colunas corintias e com as calçadas romanas daquele mundo superficialmente civilizado. Quando o tenebroso plano começou a fazer brilhar os olhos de Herodes, pode-se ele aperceber de que uma sombra pardacenta se lhe projectava por detrás, olhando por cima dos seus ombros. A mirada era a do Moloch dos cartagineses. Era a do demónio que, neste primeiro festival da Natividade queria celebrar, também, a sua própria festa.

Se não compreendemos bem a presença do Inimigo, estamos expostos a falsear a significação da Natividade. A Natividade para nós, no Cristianismo, chegou a ser uma coisa doce, aprazível, singela, quando, na realidade é uma coisa muito complexa. Não é uma nota única, senão o som resultante e simultâneo de muitas notas juntas: a humildade, a alegria, a gratidão, o medo místico; mas, ao mesmo tempo, o alarma e o drama. Não é só uma comemoração para os pacifistas e para os romeiros; não é só uma conferência da paz entre judeus, nem só uma festa de inverno escandinavo. 

Há nela, também, algo de luta e de desafio. Alguma coisa que faz com que quando os sinos tangem, à meia-noite, o seu tangido seja horrível como o troar do canhão numa batalha, numa batalha que se acaba de ganhar. A atmosfera de festa que respiramos nas Natividades, como uma reminiscência da festa daquele sagrado dia, não nos pode fazer esquecer que a festa do Nascimento celebrou-se numa masmorra, numa como fortaleza subterrânea adiantada no campo inimigo, cujas hordas pisavam por cima. Herodes, inquieto, sentia que o ataque vinha de baixo da terra e se desmoronava como se desmoronava um palácio. O significado é bem clara: de baixo viria a força que sacudiria e abateria o orgulho das torres e dos palácios.

Os homens, que, até então, tinham dirigido as suas vistas para o alto, hão de olhar para baixo, agora, se quiserem descobrir o Céu. O Olimpo permanecia suspenso no firmamento como uma nuvem branca e quieta de formas suntuosas. A filosofia estava, ainda, encimada mais alto, nos tronos reais, enquanto Cristo nascia numa cova e a cristandade nas catacumbas. A realeza, a majestade hão de ser recuperadas pelo seu verdadeiro possuidor, por alguma coisa que indubitavelmente é uma revolução.

O grande paradoxo da caverna é esse: por um lado, é um buraco, um recanto desprezível onde os sem-pátria se amontoam como escórias; por outro, é como um palácio encantado, algo mui valioso que os tiranos procuram como um tesouro. Os falsos reis mandam para esse recanto os párias, porque não querem recordá-los; mas, também, porque, com pesar seu, querem tê-los sempre presentes. Este paradoxo é a iniciação da vida da Igreja. Era importante ao mesmo tempo que insignificante e impotente. E era importante porque era intolerável, e justo é dizer que era intolerável porque, por sua vez, era intolerante.

Herodes tem o seu papel na comédia milagrosa de Belém, porque significa a ameaça à Igreja militante e no-la apresenta, desde o princípio, perseguida e obrigada a lutar por sua vida. E isto é o que nos propúnhamos neste lugar. Reunir a combinação de ideias que edificam a ideia cristã e católica, e fazer notar que todas elas cristalizaram na bela história da Natividade. Há duas coisas distintas que formam, entretanto, uma só coisa. A primeira é a intenção humana de que um céu há de ser, assim, alguma coisa tão local e tão retraída como um lar. É a ideia que perseguem todos os poetas e todos os mitos pagãos: que uma paragem qualquer pode ser o altar de um deus ou a habitação dum bem-aventurado. Eu não compreendo por que razão o racionalismo se nega a satisfazer esta necessidade. O paganismo é, neste ponto, menos absurdo, pois o caso de Belém e de Jesus está na história de Delos e Delfi, e não está em todo o universo de Lucrécio, nem em todo o universo de Spencer.

O segundo elemento deste estudo é a realização de uma filosofia mais vasta que as outras filosofias: mais vasta que a de Lucrécio e infinitamente mais vasta que a de Spencer. Por ela observamos o mundo através de mil janelas, enquanto que os antigos estóicos e os modernos agnósticos não dispunham senão de uma. Olha a vida com milhares de olhos, correspondentes às mil e mil classes de gente, ali onde os estóicos e os agnósticos não têm mais que um ponto de vista individual. Esta filosofia tem alguma coisa para cada categoria de homem; interpreta os segredos de cada psicologia; é cauta ante as tentações do Demónio; é capaz de distinguir entre as maravilhas autênticas e falsas e resolve os casos mais árduos e mais diversos, tudo com uma multiplicidade e um subjetivismo e uma compreensão de todas as variedades da vida, que nenhuma das filosofias antigas nem modernas foram capazes de alcançar.

O terceiro ponto é que, ao mesmo tempo que reúne a localização da poesia e a maior amplitude da mais ampla filosofia, é, também uma luta e um repto. Porque se deliberadamente está disposta a abraçar qualquer aspecto da verdade, está inflexivelmente disposta a batalhar contra qualquer aspecto do erro. Requer de todo o homem que lute por ela, e toda a classe de armas para essa luta. Proclamava a paz na terra, porém, não esquece nunca porque houve guerra nos Céus. Essa é a trindade de verdades simbolizadas aqui por três personagens da velha história da Natividade: os pastores, os Reis e aquele outro rei que assassinou os meninos.

Não é verdade que as outras religiões sejam, neste aspecto, suas rivais. Não é verdade, tampouco, que qualquer delas reúna essa combinação de caracteres. O budismo jacta-se de ser místico em igual grau, porém, não aspira ser, em grau igual, militante. O islamismo também se jacta de ser em grau igual militante, porém, não quer aspirar a ser em igual grau metafísico e subtil. O confucionismo jacta-se de satisfazer a sede de ordem e de razão dos filósofos, mas não pode satisfazer a sede dos místicos de milagre e de sacramento e de consagração de coisas concretas. São muitas as seguranças da presença de um espírito ao mesmo tempo universal e único.

Resumindo o que é o símbolo e o tema deste capítulo: que não há nenhum motivo na lenda pagã, nem no anedotário filosófico, nem no acontecimento histórico, capaz de impressionar-nos tão profundamente como a palavra Belém; que nenhum nascimento ou infância de um deus ou de um sábio pôde emocionar-nos como a Natividade. Porque aqueles serão, sempre, ou demasiado frios e frívolos, ou demasiado formais e clássicos ou, ainda, demasiadamente simples e selvagens ou ocultos e complicados. Ninguém, quaisquer que sejam as suas ideias, pode ver esses factos como algo íntimo e próprio.

A verdade é esta: que neste episódio da natureza humana, que é o Nascimento, há um caráter individual e peculiarissímo, psicologicamente substancial que não se pode interpretar como uma mera lenda ou a simples história da vida de um grande homem. Porque não incluía as nossas mentes, sistematicamente, para a grandeza, para essa admiração empolada e exagerada dos reis e dos deuses a que, em todas as idades, encontrou propícia a mente humana, senão que é alguma coisa substancial em nós, que nos surpreende de dentro do nosso próprio ser, como se, explorando a nossa habitação espiritual, déramos, de pronto, com um aposento ignorado, até então, do qual saíra uma clara luminosidade. 

Alguma coisa que, ainda aos mais endurecidos corações, atraiçoa, com uma irresistível atração para o bem. Alguma coisa que não está feita com o que o mundo chamaria “matéria forte”. Alguma coisa que é tudo o que existe em nós de ternura eterna. Alguma coisa que é a palavra quebrada e a razão perdida, que se concretizam e se fazem positivas. Alguma coisa, por fim, pela qual os reis exóticos vieram de um país distante, os pastores deixaram as suas correrias na montanha e a noite e a caverna imperaram sós, recebendo algo que era mais humano do que a própria Humanidade.

G.K. Chesterton in 'The Everlasting Man'


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sábado, 27 de dezembro de 2025

Dia de São João, apóstolo e evangelista

João era o discípulo preferido de Nosso Senhor (no grupo dos apóstolos havia hierarquias, não era tudo igual). A preferência talvez recaísse sobre ele por ser o apóstolo virgem, menos "vivido" e mais puro do que os outros. Também por isso foi o único que ficou aos pés da Cruz.

Talvez também por isso, São João é o evangelista que escreve a teologia mais elevada (o seu símbolo é a águia). E é o que consegue adentrar mais profundamente no Sagrado Coração de Jesus, explicando realidades que os outros não conseguiam exprimir com clareza.

O início do seu evangelho, também chamado prólogo, é dos textos mais bonitos e profundos da História da Humanidade. Sendo uma catequese inequívoca sobre a divindade de Jesus Cristo, foi adicionado ao Rito Tradicional. É lido no final de todas as Missas:

«No princípio existia o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Este estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram por Ele criadas, e nada daquilo que foi criado teria sido criado sem Ele. N’Ele havia vida, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas a não receberam.
 
Apareceu um homem, mandado por Deus, e o seu nome era João, o qual veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que por ele todos acreditassem. Ele não era a luz, mas aquele que havia de dar testemunho da luz. Existia a luz verdadeira, a luz que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Ele estava no mundo, e o mundo, embora houvesse sido criado por Ele, O não conheceu.
 
Veio ao que era seu, e os seus O não receberam. Porém, Ele a todos quantos O receberam e aos que acreditaram no seu nome deu o poder de serem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem do desejo da carne, mas somente da vontade de Deus. E o Verbo fez-se carne (genuflecte-se) e habitou entre nós; e contemplamos a sua glória, como era própria do Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.»


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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Festa de Santo Estêvão, Protomártir

Santo Estêvão foi o primeiro que seguiu os passos de Cristo com o martírio; morreu, como o divino Mestre, perdoando e rezando pelos seus algozes (Act 7, 60). 

Nos primeiros quatro séculos do cristianismo, todos os santos venerados pela Igreja eram mártires. Trata-se de uma multidão inumerável, a que a liturgia chama «o cândido exército dos mártires». 

A sua morte não incutia receio nem tristeza, mas entusiasmo espiritual, que suscitava sempre novos cristãos. Para os crentes, o dia da morte, e ainda mais o dia do martírio, não é o fim de tudo, mas a «passagem» para a vida imortal, o dia do nascimento definitivo, em latim «dies natalis». 

Compreende-se então o vínculo que existe entre o «dies natalis» de Cristo e o «dies natalis» de Santo Estêvão. Se Jesus não tivesse nascido na terra, os homens não teriam podido nascer no Céu. Precisamente porque Cristo nasceu, nós podemos «renascer»! 

Papa Bento XVI, Angelus (26/XII/2006)


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quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

O Natal do Natal

Era o dia 25 de Março quando Deus humanado foi concebido, por virtude do Espírito Santo, no caminho para a Gruta Virginal da Imaculada Maria de Nazaré. No seu seio brilhou uma Luz fulgurante e imensa, que despedindo alegres luminosidades pelo mundo-universo as enviou a todos os recém gerados. A cada um deles apareceu uma multidão de Anjos jucundos e jubilosos entoando Glórias e Aleluias com exultações celebrativas. 

E de um modo só do Mistério conhecido anunciaram-lhes uma alegria desmedida, uma felicidade incomensurável: Foi concebido (nasceu no seio) o Salvador que o será para todos os concebidos, por nascer ou já nascidos. Ide depressa adorá-Lo; reconhecê-lo-eis porque sereis atraídos e o encontrareis na Gruta interior, a mais íntima e limpa de quantas houve ou haverá.

Uma multidão de miríades de miríades, de milhões de milhões, enfim, incontável, de recém concebidos viu-se num repente rodeando uma Santidade, coroada de estrêlas, revestida de Sol, tendo a Lua sob os pés, de cujo seio brotava uma Luz inefável, mais brilhante que o sol, puríssima, simplicíssima, claríssima, cristalina, suave, pacífica, castíssima Levantou-se então daquela multidão de congregados um alto clamor, um brado de grande dor: ai de nós que somos indignos de entrar na Gruta, fomos manchados da culpa de nossos primeiros pais. 

Então daquela Luz infinita esvoaçaram uns Serafins, a mais alta e nobre hierarquia angélica, duas asas alteavam-se sobre as suas cabeças, outras duas saíam das espáduas, e mais duas cobriam o resto de seus corpos celestes que aparentavam o Filho do Homem. De suas bocas sopraram um fogo poderoso e benigno que incendiou a todos os concebidos, sem os chamuscar nem consumir, antes purificandos, avivando-os e conduzindo-os, como faúlhas que não esmorecem, crepitando contentamentos e regozijos, à Presença da Luz minúscula-infinita. 

Ouviu-se então uma voz sonora – não para ouvidos já formados mas para organismos humanos, pessoais, já iniciados -, como a de um Homem já feito, brotando daquela Pesssoa miudinha, que assim Se apresentava e se punha, frágil, indefesa, vulnerável, ínfima, que dizia: Não tenham mêdo, meus filhos e irmãos mínimos, porque o Pai em Mim tem desígnios de Misericórdia sobre vós. A Misericórdia que nós somos cuidará de vós, de um modo que não é dado a conhecer às criaturas. Tende confiança, porque tanto a Justiça como a Misericórdia se cumprirão, pois são duas faces da mesma Realidade.

A inumerável multidão, depois de terem adorado o Infinito-ínfimo, regressou cheia de alegria, dividindo-se de modo a que cada um regressasse ao seu sítio. E foi nesse lugar: uns acolhidos com amor no ventre materno, outros congelados em laboratórios, aqueles despejados em sanitas, estes vítimas de experimentações letais, outros desfeitos, desmanchados, violentamente nessa habitação, que julgavam segura, outros ainda dela escorraçados, quimicamente, mecânicamente, por produtos que impedindo-os de se nutrir morriam à fome. 

Foi nesses lugares, dizia, que viram com os olhos de suas almas o Senhor da Glória, apresentar-se com todo o Seu poder e Majestade, colocando os pais destes concebidos, uns à Sua direita e outros à Sua esquerda; e olhando benignamente para os primeiros dizer-lhes: vinde benditos de Meu Pai porque o amor que destes ao mais pequenino e insignificante de todos, a Mim mesmo o destes; e de seguida com rosto severo e voz rigorosa dirá aos da sua esquerda: ide-vos malditos para o fogo do inferno, reservado para satanás e os seus anjos, porque todas as crueldades que praticastes com os mínimos entre todos, foram feitas a Mim mesmo.

Uma multidão jubilosa conclamou: Por fim, fez-se justiça! Essa mesma que nunca nos foi reconhecida na Terra, ser-nos-á concedida no Céu. Glória, honra e louvor ao Verdadeiro, o Amor imolado, a Misericórdia entregue em Sacrifício!! Amen. Amen. Pelos séculos dos séculos e eternamente. Amen.

E O Concebido apareceu irradiando lumes resplandecentes de Glória de dentro de Sua luminosa Mãe, que d’ Ele recebia todo o esplendor. E os concebidos impedidos de nascer, não osbtante a desmesurada felicidade de anteverem a Justiça realizada, uma vez que mantinham ainda réstias do fogo, em que foram abrasados para poder penetrar na Gruta Limpidíssima, perguntaram à Luz da Luz, com um ardor caritativo, se não seria possível, sem prejuízo da Justiça, resgatar e salvar os cabritos da esquerda. Ao que a Luz mostrou, em visão espiritual, que sim, que a Sua Misericórdia também era Infinita, ponto era que a quisessem receber e acolher, de modo que de cabritos, e mesmo lobos, se tornassem ovelhas. 

Ele, O Concebido, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, Consubstancial ao Pai, por Quem todas as coisas foram criadas, que morreu na Cruz para nos Salvar, só pede que cooperemos com a Sua Graça, arrependendo-nos, com verdadeira dor espiritual e detestação mal, por mais abominável que tenha sido, façamos um firme propósito de emenda de vida de vida, e recebamos o perdão no Sacramento da Confissão ou Reconciliação. Os que assim procederem serão inteiramente renovados, e uma vez transfigurados por aquela Graça que superabunda onde abundou o pecado entrarão na Glória do Seu Senhor, porque terão o Presépio no coração.

Padre Nuno Serras Pereira


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terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Papa Bento XVI: Jesus nasceu mesmo no dia 25 de Dezembro

No seu livro ‘Introdução ao Espírito da Liturgia’, o Cardeal Joseph Ratzinger menciona uma tradição judaica que apresenta 25 de Março como o dia em que Abraão quase sacrificou Isaac no Monte Moriá. O Monte Moriá é Jerusalém (ver 2Cro 34, 1) e 25 de Março foi o dia em que Cristo foi crucificado. Penso que conseguem ver que há aqui um paralelismo temporal e geográfico. Vemos que o Pai oferece voluntariamente o Seu Filho Unigénito.

Ratzinger escreve também que se pensa ter sido 25 de Março o primeiro dia da Criação. Assim sendo, este dia tem um significado cósmico. Resumindo: 25 de Março era a data apontada para a Criação do Mundo, para o sacrifício de Abraão e para o sacrifício do Filho de Deus.

No mesmo livro, o Cardeal Ratzinger observa também que o dia da morte de Cristo também era reconhecido como o dia em que ele foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da Santíssima Virgem Maria. 25 de Março teria sido, então, também o dia da anunciação do Arcanjo Gabriel. Acrescentem-lhe nove meses e chegam a 25 de Dezembro como o dia do Seu nascimento.

Depois, Joseph Ratzinger refuta aquilo a que ele chama “as velhas teorias” que ensinam que 25 de Dezembro foi escolhido para substituir os feriados pagãos. Pelo contrário, o Santo Padre reconhece 25 de Dezembro como o verdadeiro dia do nascimento de Cristo Senhor. Ele vai mais além ao dizer que este alinhamento de significados tem um significado litúrgico.

O Papa São Leão Magno falou do significado cósmico do nascimento de Cristo na profundidade do Inverno:

“Mas esta Natividade que deve ser adorada no Céu e na Terra é-nos sugerida por nenhum outro dia que não este quando, com a luz matinal ainda a derramar os seus raios na Natureza, nasce sobre os nossos sentidos o esplendor deste mistério maravilhoso.” (São Leão Magno, Sermão 26)

Para além disso, o Papa Bento XIV argumentou ainda que os padres da igreja deviam saber o dia certo do nascimento de Cristo pelos censos romanos.

Taylor Marshall


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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Católicos Franceses gostam da Missa Tradicional

Um relatório publicado a 14 de Dezembro pelo La-Croix.com descreve a ascensão, em França, de jovens católicos que assistem tanto ao Novus Ordo como à Missa em rito romano tradicional.

O artigo cita um inquérito Bayard–La Croix conduzido pelo Ifop:  
-  9% dos jovens que vão à Missa todos os Domingos dizem que preferem a Missa Tradicional;
-  25% apreciam-na tanto quanto a Missa nova em francês;  
-  67% dos que assistem semanalmente à Missa declaram não ter qualquer objeção ao rito tradicional.

O La Croix identifica uma geração de católicos que vão tanto à Missa Antiga como à Nova, na sua maioria com menos de 35 anos e residentes em grandes cidades. Rejeitam rótulos e não se consideram parte de uma “Igreja paralela” — expressão utilizada pelo Papa Francisco em 2021, ao restringir o rito romano tradicional.

Na paróquia de Saint-Georges, em Lyon, muitos jovens adultos e famílias assistem à Missa em latim. Grégoire, de 31 anos, diz que começou a frequentar há cinco anos com a esposa, já ligada à liturgia tradicional. Recorda ter tido “ideias preconcebidas sobre este mundo dos católicos tradicionais”, mas agora alterna facilmente entre os dois ritos. “Há o espaço do silêncio, que favorece a minha contemplação”, afirma, destacando também “a força do latim”.

O Padre Mathieu Grenier, capelão de Saint-Georges, observa que um número crescente de jovens adultos tem vindo a frequentar a paróquia.

Em Paris, Robin, 33 anos, convertida ao Catolicismo, assiste tanto à Missa Tradicional em Saint-Eugène–Sainte-Cécile como ao Novus Ordo em Saint-Roch, porque aprecia “a beleza da celebração”: “Precisamos de beleza, de latim, de música que toque a alma, e de estar de joelhos.”

Florence, de 27 anos, engenheira oriunda de uma família não praticante, descobriu o rito romano tradicional através da Internet. Ficou “interiormente comovida por uma versão do sagrado” centrada na oração.

O artigo aponta ainda para o crescimento da participação na peregrinação de Pentecostes a Chartres.

in gloria.tv


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domingo, 21 de dezembro de 2025

São Tomé, o Apóstolo que duvidou

Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Só este discípulo estava ausente; e, ao voltar e ouvir contar o que acontecera, negou-se a acreditar no que ouvia. Veio outra vez o Senhor e apresentou ao discípulo incrédulo o seu lado para que lhe pudesse tocar, mostrou-lhe as mãos e, mostrando-lhe também a cicatriz das suas chagas, curou a ferida daquela incredulidade. Que pensais, irmãos caríssimos, de tudo isto? Julgais porventura ter acontecido por acaso que aquele discípulo estivesse ausente naquela ocasião, que ao voltar ouvisse contar, que ao ouvir duvidasse, que ao duvidar tocasse e que ao tocar acreditasse?

Tudo isto não aconteceu por acaso, mas por disposição da providência divina. A bondade de Deus actuou de modo admirável, a fim de que aquele discípulo que duvidara, ao tocar as feridas do corpo do seu Mestre curasse as feridas da nossa incredulidade. Mais proveitosa foi para a nossa fé a incredulidade de Tomé do que a fé dos discípulos que não duvidaram; porque, enquanto ele é reconduzido à fé porque pôde tocar, a nossa alma põe de parte toda a dúvida e confirma-se na fé. Deste modo, o discípulo que duvidou e tocou, tornou-se testemunha da realidade da ressurreição. Tocou e exclamou: Meu Senhor e meu Deus. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, acreditaste. 

Ora, como o apóstolo Paulo diz: A fé é o fundamento dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se vêem, torna-se claro que a fé é a prova da verdade daquelas coisas que não podemos ver. Pois aquilo que se vê já não é objecto de fé, mas de conhecimento directo. Então, se Tomé viu e tocou, porque é que lhe diz o Senhor: Porque me viste, acreditaste? É que ele viu uma coisa e acreditou noutra. A divindade não podia ser vista por um mortal. Ele viu a humanidade de Jesus e fez profissão de fé na sua divindade exclamando: Meu Senhor e meu Deus. Portanto, tendo visto acreditou, porque tendo à sua vista um homem verdadeiro, exclamou que era Deus, a quem não podia ver.

Muita alegria nos dá o que se segue: Felizes os que não viram e acreditaram. Por esta frase, não há dúvida que somos nós especialmente visados, pois não O vimos em sua carne, mas possuímo-l’O no nosso espírito. Somos nós visados, desde que as obras acompanhem a nossa fé. Na verdade só acredita verdadeiramente aquele que procede segundo a fé que professa. Pelo contrário, daqueles que têm fé apenas de palavras, diz São Paulo: Professam conhecer a Deus, mas negam-n’O por obras. A este respeito diz São Tiago: A fé sem obras é morta.

São Gregório Magno (Papa) in Hom. 26, 7-9: PL 76, 1201-1202 (Séc. VI)


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sábado, 20 de dezembro de 2025

O empobrecido ritual de baptismo das crianças

A reforma litúrgica que se seguiu ao Concílio Vaticano II revestiu-se duma dupla característica: a de ter aparecido como uma metamorfose extremamente profunda, o que explica as oposições imediatas com que se defrontou (por exemplo, as do Cardeal Ratzinger, desde 1966), e a de ter transformado o conjunto do culto católico –  missa, sacramentos, bênçãos – sem nada deixar intacto (quando aconteceu que restassem elementos da liturgia tradicional – como por exemplo, no caso de certas orações –, os reformadores não deixaram de os fazer passar a todos por uma qualquer transformação, ainda que pequena, como se se tratasse de uma questão de princípio).

Assim, se bem que a Paix Liturgique se interesse em particular pelo que foi mudado na e com a missa nova, uma vez que o seu projecto essencial consiste em fazer conhecer, amar e defender cada vez mais a missa tradicional, nem por isso deixa de considerar necessário que se tenha em conta o conjunto global dessa reforma que quis ser total. Os fiéis ligados à missa tradicional assim o merecem, pois a sua vida cristã leva-os a ter de participar noutras cerimónias além da missa: baptismos, crismas, exéquias, ordenações sacerdotais... E também aí, eles se ressentem de um grande mal-estar. Para que o possam expressar correctamente, estimámos ser oportuno fornecer-lhes alguns elementos de análise nesta carta e nas que se seguirão.
 
A nova cerimónia do baptismo das crianças: um ritual irénico

Concentraremos o nosso estudo no baptismo das crianças, a fim de comparar o respectivo ritual tradicional com aquele na forma nova (1). Nesta, o baptismo traduz-se numa cerimónia claramente mais longa do que a antiga, na qual o discurso ocupa um lugar de destaque, incluindo-se na cerimónia uma liturgia da palavra ao que se junta o que, para todos os efeitos, é uma homilia (2). Ao mesmo tempo, a mensagem transmitida é claramente mais débil, pelo menos num ponto: o aspecto do combate contra o demónio, que caracteriza fortemente a cerimónia antiga e que, na prática, resulta esbatido na nova cerimónia, o que se manifesta nomeadamente pelo desaparecimento de exorcismos propriamente ditos e de ritos com valor de exorcismo.

É como se os redactores do novo ritual do baptismo já não tivessem uma fé muito firme na doutrina do pecado original. O pecado original mais não seria então do que a contaminação das almas vindas de novo ao mundo por uma influência totalizada de todas as culpas passadas, presentes e vindouras. Os novos teólogos preferem falar de “pecado do mundo”, como é o caso do P. André-Marie Dubarle, OP (3), ou do P. Gustave Martelet, SJ, em Libre réponse à un scandale. La faute originelle, la souffrance et la mort (4), do P. Jean-Michel Maldamé, OP, etc.
  
Uma tonalidade menos sagrada

No ritual tradicional de Paulo V, as fórmulas são fixas, cerimoniais, e acompanhadas por gestos ritualizados: exsuflação (espírito do mal expulso, Espírito Santo infundido); repetidos sinais da cruz; gustação do sal (sal exorcizado e exorcizante, sal de sabedoria, anúncio do alimento eucarístico); dois exorcismos propriamente ditos; imposição da mão e imposições da estola (tomada de poder em nome de Cristo sobre a criança que estava retida pelo demónio); rito da Ephpheta (saliva sobre as narinas do baptizado e sobre as suas orelhas, para abrir os seus sentidos às coisas de Deus); unções obrigatórias com o óleo dos catecúmenos (óleo de salvação; o que corresponde, de facto, a um outro tipo de exorcismo); passagem da estola roxa de penitência, que se usa durante toda a cerimónia preparatória, à estola branca da alegria, para o baptismo propriamente dito.

Já o baptismo novo, é precedido por uma fórmula de acolhimento que evoca uma reunião profana: «O celebrante saúda os presentes, sobretudo os pais e os padrinhos». Duma análise de diversas versões nacionais resulta que chega a ser sugerido que se o sacerdote os conhece, pode chamá-los pelos seus nomes. Aqui, as variantes possíveis também são numerosas, com aquele efeito a-ritual a que já se fez referência em cartas anteriores. Por exemplo, as questões preliminares são estas: «Que nome dais ao vosso filho? - N. Que pedis à Igreja de Deus para os vossos filhos? - O baptismo.» Mas precisa-se que: «No diálogo, o celebrante pode usar outras palavras […] Na segunda resposta, os pais também podem usar outras palavras: por exemplo, A fé, ou A graça de Cristo, ou A entrada na Igreja, ou A vida eterna» (tratando-se de meros exemplos, tal equivale a dizer que o sacerdote “pode admitir por parte dos pais respostas espontâneas”). 

As leituras têm várias alternativas à escolha, a oração universal apresenta também várias alternativas e há monições que o sacerdote pode modificar segundo o seu critério. São ainda possíveis várias fórmulas de bênção da água, à escolha. Também à escolha do sacerdote, pode haver ou uma imposição da mão ou uma unção com o óleo dos catecúmenos. Os exorcismos foram reduzidos a uma oração, com duas fórmulas à escolha, cujo alcance é menor e de que voltaremos a falar.

O escamotear da batalha contra o demónio em favor da simples noção de acolhimento na comunidade

Na forma tradicional, o baptismo é apresentado como uma infusão da vida divina no âmbito de um dinamismo de explícito combate contra o poder exercido pelo demónio por causa do pecado original; no rito novo, esta perspectiva aparece muito pouco.

No ritual de Paulo V, o sacerdote, envergando uma estola roxa, após ter procedido ao interrogatório sobre o pedido do baptismo e ter recordado o duplo mandamento da caridade enquanto fundamento da vida cristã, sopra três vezes sobre o rosto da criança e pronuncia estas palavras: «Retira-te dele, espírito imundo, e dá o lugar ao Espírito Santo Paráclito.» Depois, faz o sinal da cruz sobre a fronte e o coração da criança. Mais adiante, durante a cerimónia, após o primeiro exorcismo e a tríplice renúncia a Satanás, às suas obras e pompas, o sacerdote fará ainda o sinal da cruz com o óleo dos catecúmenos, o óleo do combate, sobre o peito e entre os ombros. A imposição da mão – sinal da autoridade que rompe «todas as correntes com que Satanás o havia prendido» – e o exorcismo sobre o sal, que se seguem, colocam-se no mesmo sentido do movimento iniciado pelo primeiro exorcismo.

No novo ritual, as cerimónias preparatórias são mais curtas, mas mais do que a brevidade das mesmas, é o significado que lhes é dado que, ao contrastar com o antigo ritual, nos chama a atenção. Após o interrogatório sobre o pedido do baptismo, o sacerdote, envergando desde o início uma estola branca (ou «de cor festiva»), faz um sinal da cruz sobre a fronte da criança e proclama: «é com muita alegria que a comunidade cristã vos recebe. Em seu nome, eu vos assinalo com o sinal da cruz, e, depois de mim, os vossos pais (e padrinhos) vão também assinalar-vos com o mesmo sinal de Cristo Salvador.» Segue-se a entrada e uma procissão enquanto se entoa um cântico à escolha; dá-se a sugestão do salmo 84 – na Vulgata, 83, mas mundo fora, também se sugere o salmo 100 (99) Iubilate Deo, omnis terra/Aclamai o Senhor terra inteira, um salmo de louvor por excelência, ou outro de tonalidade semelhante.

A impressão que fica é a de que o futuro baptizado entra já em pleno na Igreja e que, por isso, a alegria se impõe imediatamente, como se a marca de Satanás sobre a alma do futuro baptizado e o seu poder sobre ela fossem algo insignificante. O contraste é bem claro com a tonalidade dramática que caracteriza toda a primeira parte da celebração segundo o ritual tradicional, que nem por isso desconhece, também desde o começo, a alegria da nova vida inaugurada pelo baptismo (a oração que antecede a imposição do sal é disso exemplo: «a fim de que, marcado [o baptizado] pelo sinal da vossa sabedoria fique livre da infecção de todas as más paixões e animado pelo perfume dos vossos mandamentos, vos sirva em vossa Igreja alegremente»).

Por fim, a diferença entre os dois rituais vem a concentrar-se especialmente nos exorcismos. Aí, ela é considerável:

· No ritual tradicional, os dois exorcismos propriamente ditos são particularmente explícitos: «Exorcizo-te, espírito imundo, em nome do Pai † e do Filho † e do Espírito † Santo, vai-te, retira-te deste servo de Deus: é o mesmo Deus que te comanda, maldito, o mesmo cujos pés caminharam sobre o mar e cuja mão direita susteve Pedro que investia. Por isso, demónio maldito, aceita a tua sentença e dá honra ao Deus vivo e verdadeiro, dá honra a seu Filho Jesus Cristo e ao Espírito Santo, e deixa este servo de Deus...» O exorcismo conclui-se então com o traçar do sinal da Cruz: «E este sinal da Santa Cruz † que nós traçamos sobre a sua fronte, tu, demónio maldito, nunca ouses violar.» E o segundo exorcismo: «Exorcizo-te, espírito imundo, em nome de Deus † Pai todo-poderoso, e em nome do seu Filho Jesus † Cristo, Nosso Senhor e Juiz, e pela virtude do Espírito † Santo; vai-te desta criatura de Deus...»

·  No novo ritual, há lugar a uma oração que precede a celebração do sacramento. Não se trata de um exorcismo propriamente dito, pelo qual o ministro de Cristo, em seu nome, comanda a Satanás que se vá, mas antes de uma oração pela qual simplesmente se pede a Deus que se digne genericamente «expulsar de nós o poder de Satanás», e assim o baptizado venha a ser, em tom mais velado ou difuso, «arrebatado às trevas».

o   1ª fórmula (na versão portuguesa, já que pode sempre haver variações de texto e mesmo de sentido segundo as línguas): «Deus todo-poderoso e eterno, que enviastes ao mundo o vosso filho para expulsar de nós o poder de Satanás, espírito do mal, e transferir o homem, arrebatado às trevas, para o reino admirável da vossa luz, humildemente vos pedimos que esta criança, libertada da mancha original, se torne morada do Espírito Santo e templo da vossa glória.»

o   2ª fórmula: « Deus todo-poderoso, que enviastes o vosso Filho unigénito para dar ao homem, preso na escravidão do pecado, a liberdade dos vossos filhos, humildemente imploramos a vossa misericórdia para esta criança: pela morte e ressurreição de Cristo, libertai-a agora da mancha da culpa original, e, como há-de experimentar as seduções do mundo e lutar contra as ciladas do demónio, fortalecei-a com a graça do mesmo Cristo e guardai-a continuamente no caminho da sua vida.»

É certo que, assim como na missa, a consagração individualmente considerada contém em si a realidade do sacrifício que as outras orações, como as do ofertório da missa tradicional, mais não fazem do que explicitar, também no baptismo, a infusão de água acompanhada pelas palavras do baptismo contém toda a significação do sacramento, inclusive a expulsão do demónio, que os exorcismos do rito tradicional também pretendem explicitar. Isso não tolhe, contudo, que a supressão desta explicitação tenha forçosamente consequências sobre a fé dos fiéis.
  
… E não apenas em relação à fé. O P. Jean-Régis Fropo, que foi sacerdote da diocese de Fréjus-Toulon entre 2005 e 2014, chamou a atenção das autoridades da Igreja, em França e em Roma, para as deficiências presentes no ritual do baptismo de 15 de Maio de 1969, no que toca à luta contra o demónio. Segundo ele, há certos casos de possessão diabólica de crianças e de pessoas adultas baptizadas cuja explicação se pode encontrar na indigência deste novo ritual em matéria de exorcismo (5). Em todo o caso, são razões semelhantes às que levam a preferir a missa tradicional à missa nova – a saber, insuficiências presentes na nova liturgia quanto à expressão doutrinal – aquelas que também levam muitos pais, no momento em que devem baptizar os seus filhos, a optarem pela forma tradicional. Ora, desde 2007, isso é para eles um direito claramente reconhecido.
   
1. Ordo baptismi parvulorum – Celebração do Baptismo das Crianças, ritual publicado pela Conferência Episcopal Portuguesa, de acordo com a 2ª ed. típica, Gráfica de Coimbra (primeira edição típica, 1969; segunda, 1973).

2. Ordo, Preliminares, n. 17.

3. Le péché originel dans l’Écriture, Cerf, 1958.

4. Cerf, 1986.

5. Blog de L’Homme nouveau



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