Durante vários anos como padre, insisti terminantemente que as pessoas comungassem na mão, porque, devido aos meus estudos, eu havia aprendido que para comungar colocamos uma mão em cima da outra fazendo uma cruz e, depois, fazemos uma concha.
Assim, fazemos, ao mesmo tempo, um “berço” (a manjedoura onde Jesus nasceu) e uma cruz (onde Jesus morreu). Sempre recordando que a mão esquerda tem de ficar em cima da mão direita, porque a mão direita tem de estar livre para se pegar na hóstia e colocá-la na boca. A mão deve estar à altura do peito, estendida na direcção do padre.
Por muito tempo fiquei incomodado ao ver os seminaristas a comungar na boca, mas sabia que eles tinham o direito de fazer isso. No entanto, sempre tentava fazê-los receber a Eucaristia na mão. Tudo isso era o que eu lutava e cria até há pouco tempo atrás. Mas o papa Bento XVI deu-me uma “rasteira”.
O Papa começou a dar a comunhão, na liturgia papal, aos fiéis, de joelhos e na boca. Confesso que fiquei chocado com aquilo. Então, fui estudar, porque quando vemos o Papa tomar uma atitude, alguma razão ele deve ter.
Foi aí que descobri que a comunhão na mão (algo permitido canonicamente) é uma excepção, ou seja, para a lei canônica a forma comum de se comungar é na boca. Então, há que ficar com essa verdade. Estudando, descobri que não existe nenhuma referência de comunhão na mão, isto porque, nos países do Norte da Europa, as pessoas começaram a receber a comunhão na mão por desobediência, por rebeldia. O Vaticano tentou corrigi-las, mas não conseguiu e autorizou as conferências episcopais a, se acharem oportuno, pedir autorizacção para comungar na mão.
Mas por que é que Bento XVI está agora a dar a comunhão na boca e de joelhos? O Papa está a fazer isso porque acredita que nós estamos a correr um risco muito grande de perder a devoção e a fé na Eucaristia, pois, infelizmente, em algumas igrejas a presença de Jesus Eucarístico está a tornar-se uma piada.
Padres estão a cometer atos indignos e irreverentes com a Eucaristia, é o caso de passarmos a noite a adorar em desagravo Jesus Eucarístico. Um exemplo é a situação de um sacerdote que, a conduzir, tinha umas hóstias colocadas no banco de trás do carro. Questionado por alguém que ele levava consigo no carro do porquê daquilo, o padre argumentou que aquilo era circunstancial, pois, segundo ele, Jesus só estava presente na Eucaristia durante a celebracção da Missa; depois, já não está lá. Isso é um sacrilégio que não tem nome.
Diante disso, entendemos por que é que as pessoas vão perdendo a devoção na Eucaristia. Aos poucos a presença de Jesus Eucarístico está a ser perdida.
Portanto, eu Padre Paulo, durante muito tempo, não gostei dessa história de comunhão na boca por causa de um arqueologismo. Porém, o Papa está a dar um exemplo. Mas ele não quer que todos, assim de repente, comecem a comungar de joelhos e na boca. Ele quer pôr um movimento em acção, quer dar o exemplo para que, sem decretar nenhuma lei ou sem enfrentar divisões, comecemos a comungar naturalmente na boca e de joelhos.
Essa atitude é o fiel quem vai analisar, ter a prudência de ver qual é a situacção da sua paróquia, do seu padre e do seu bispo, pois pode ser que eles ainda não saibam disso. Eu mesmo levei tempo para descobrir que comunhão na boca é o normal. Levei tempo para achar normal um fiel comungar de joelhos. Então, meus irmãos, com muito amor a Cristo e à Sua Igreja, vamos olhar para o exemplo do Papa e fazer um exame de consciência para saber como está o nosso respeito por Cristo presente na Eucaristia.
2 comentários:
Onde arranjaste este texto? Está muito interessante. Aqui na Polónia em algumas paróquias as pessoas comungam de joelhos e na boca. Ajoelham-se ao longo da zona dos pés do altar, ao estilo como se faz na Capelinha de Fátima, mas de joelhos. Acho que era a forma tradicional de se comungar aqui, mas agora já se começa a generalizar a comuhão "em fila" como se faz em quase toda a parte. Mesmo assim já vi pessoas à minha frente na fila que se ajoelham e recebem a comunhão de joelhos e na boca.
Esta entrevista recebi por mail, mas está espalhada por imensos blogs.
Hoje em dia, e muito graças ao Papa, as pessoas vão redescobrindo a reverência ao Santíssimo Sacramento, mas vai demorar muito tempo a reconstruir o que décadas de relativismo quase destruiram.
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