Temos de examinar de perto o que torna um homem surdo. Por ter escutado as
insinuações do inimigo, por ter ouvido as suas palavras, o primeiro casal dos
nossos antepassados foi o primeiro a ficar surdo. E nós também, a seguir a
eles, de modo que já não conseguimos ouvir ou compreender as inspirações
amorosas do Verbo Eterno. E, no entanto, sabemos bem que o Verbo Eterno está
no fundo do nosso ser, mais inefavelmente perto de nós e em nós do que o nosso
próprio ser, na nossa própria natureza, nos nossos pensamentos; nada do que
podemos nomear, dizer ou compreender está tão perto de nós e nos está tão
intimamente presente como o Verbo Eterno. E o Verbo fala sem cessar no homem.
Mas o homem não consegue ouvir, devido à grande surdez que o aflige.
Do mesmo modo, foi de tal maneira atingido nas suas outras faculdades que também se tornou mudo e já não se conhece a si próprio. Se quisesse falar do seu interior, não conseguiria fazê-lo, pois não sabe qual é a sua situação e não reconhece o seu próprio modo de ser.
O que é então esse murmurar incomodativo do inimigo? É toda a desordem cujo reflexo ele te mostra e te persuade a aceitar, servindo-se do amor ou da procura das coisas criadas, deste mundo e de tudo o que lhe está ligado: bens, honrarias, até mesmo amigos e pais, até a tua própria natureza, resumindo, tudo o que te traz o gosto dos bens deste mundo decaído. É disso tudo que é composto o seu murmurar.
Então vem Nosso Senhor: mete o Seu dedo sagrado no ouvido do homem, aplica-lhe saliva na língua, permitindo-lhe recuperar a palavra.
Do mesmo modo, foi de tal maneira atingido nas suas outras faculdades que também se tornou mudo e já não se conhece a si próprio. Se quisesse falar do seu interior, não conseguiria fazê-lo, pois não sabe qual é a sua situação e não reconhece o seu próprio modo de ser.
O que é então esse murmurar incomodativo do inimigo? É toda a desordem cujo reflexo ele te mostra e te persuade a aceitar, servindo-se do amor ou da procura das coisas criadas, deste mundo e de tudo o que lhe está ligado: bens, honrarias, até mesmo amigos e pais, até a tua própria natureza, resumindo, tudo o que te traz o gosto dos bens deste mundo decaído. É disso tudo que é composto o seu murmurar.
Então vem Nosso Senhor: mete o Seu dedo sagrado no ouvido do homem, aplica-lhe saliva na língua, permitindo-lhe recuperar a palavra.
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