Quem cultiva uma teologia incerta e uma moral relaxada, sem freios; quem
pratica, a seu capricho, uma liturgia duvidosa, com uma disciplina de hippies e
um governo irresponsável, não é de admirar que propague contra os que só
falam de Jesus Cristo invejas, suspeitas, acusações falsas, ofensas,
maus tratos, humilhações, intrigas e vexames de todo o género.
Quando admiramos e amamos deveras a Santíssima Humanidade de Jesus,
descobrimos, uma a uma, as suas Chagas. E nesses tempos de expiação
passiva, penosos, fortes, de lágrimas doces e amargas que procuramos
esconder, sentiremos necessidade de nos meter dentro de cada uma
daquelas Feridas Santíssimas: para nos purificarmos, para nos enchermos
de alegria com esse Sangue redentor, para nos fortalecermos.
Recorreremos a elas como as pombas que, no dizer da Escritura, se
escondem nos buracos das rochas na hora da tempestade. Escondemo-nos
nesse refúgio, para encontrar a intimidade de Cristo: e veremos que o
seu modo de conversar é aprazível e o seu rosto formoso, porque os que sabem que a sua voz é suave e grata, são os que receberam a graça do Evangelho, que os faz dizer: Tu tens palavras de vida eterna.
Não pensemos que, nesta senda da contemplação, as paixões se calam
definitivamente. Enganar-nos-íamos se supuséssemos que a ânsia de
procurar Cristo, a realidade do seu encontro e do seu convívio e a
doçura do seu amor nos tornavam pessoas impecáveis. Embora não lhes
falte experiência disso, deixem-me, no entanto, recordá-lo. O inimigo de
Deus e do homem, Satanás, não se dá por vencido, não descansa. E
assedia-nos, mesmo quando a alma arde inflamada no amor de Deus. Sabe
que nessa altura a queda é mais difícil, mas que – se conseguir que a
criatura ofenda o seu Senhor, ainda que seja em pouco – poderá lançar
naquela consciência a grave tentação do desespero. (Amigos de Deus, nn.
301–303)
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